Havia sussurros, eu não conseguia abrir os olhos, mas sabia quem eram as pessoas. — Estávamos conversando e... Reno se deteve, percebi que ele tinha certeza do que aconteceu. — Ela não devia vomitar sangue, e era muito sangue. — Eliza disse como se estivesse aterrorizada. — Mas foi isso. — Reno diz. — Quem é ela? — Eliza perguntou. — Não importa. — Está morrendo, e isso só de ser magia me diga quem é ela? — Ela é uma amiga. — Dessa vez foi Rafi que falou. — Isso é magia. — Não! — Rafi falou assustado. — Isso é magia, eu sei que é. — Ela não usa magia — Reno disse, mas parecia pensativo. — Isso é magia. — Ela repetia assustada. — Não deviam ter trazido ela para cá. — Ou ela está doente! — Disse Rafi, sem paciência. — Isso é magia com que vocês se meteram? — Eliza, Dominique não tem nada ver com magia, agora se acalme. — Rafi falou irritado, eu conseguia ouvi-los, mas não tinha forças para me mexer. — Ela é a escolhida. — Reno fala por fim. — Isso é verdade? — Ela me pe
RENO Quinze anos antesMeu estômago doía, mas neguei isso para minha mãe quando ela perguntou. Porque eu Rafi tínhamos um acordo de nunca dizer o quando estávamos com fome, e sempre comer o mínimo possível para que ela não quisesse nos dar o dela. A fome se arrastou durante todo o dia, pensei que devia existir algo que pudesse nos ajudar, mas não havia nada, eu era um péssimo caçador, Rafi ainda se dava bem, e de certa forma estava sustentado toda a casa, isso não ajudava o meu pai, que cada dia piorava, e todos podíamos ver que sentia envergonhado por está sendo sustentado por seus filhos.Rafi segurava o arco, ele apontava para um pássaro, porém o bicho sai voando antes que a flecha o atinja.— Acho que hoje não teremos pássaros. — Digo rindo.— Você poderia me ajudar a variar. — Ele diz zangado.— Os prefiro já morto. — Falei esticando as pernas, ficar em cima de uma árvore tem suas desvantagens.— Que pena que não tem ouro, porque poderia comprá-los. — Aquelas palavras fizeram eco
Quinze anos depois O homem que refletia no espelho era definitivamente atraente, não entendo por que Eliza se negava a me dar um beijo, sem dúvida sou o melhor que ela vai encontrar nesse lugar, claro que Rafi tem a minha cara, mas ainda consigo se mais bonito com esses olhos castanhos escuros com essa boca, que diz “você quer beijá-la" como pode Eliza me rejeitar? — Reno está se enamorando de novo? — Rafi diz jogando um pano em mim. — Que culpa tenho por ser um ser perfeito, e você não? — Reno, somos gêmeos. — Rafi revira os olhos, como se eu fosse um bobo, por não ver óbvio. — Mais eu sou encantador, o que me torna mais bonito. — Vai sonhando! — Rafi diz saindo. — Ei! — O que? — E como está a Domi?! — Eu sabia que a Domi estava passando por um momento turbulento, mas eu não conseguia encará-la, ela tinha mudado, e toda vez que a olhava, via como ela estava se afastando da menina que um dia conheci. — Ela está caçando. — Rafi respirou fundo, ele também não estava contente co
Alguns dias depois Eliza olhava pela janela, enquanto Rafi ensinava Dominique a se amarrar em uma árvore. — Não é coisa que uma donzela deva fazer. — Disse com olhos irritados. — Domi, não é uma donzela. — Falei dando de ombros. — Pode não considerá-la como uma, mas ela é. — Ele disse amassando o vestido azul claro. — Eu não me preocuparia com ela se fosse você, ele a vê como uma irmã. — O que mais me doía era saber, que ela o amava, Eliza era completamente apaixonada pelo meu irmão. — O que diz? — Ela fala ofendida. — Nada. — Eu me sentei no sofá, queria descansar o máximo que eu pudesse, logo teria que armar um plano, um que provavelmente me custaria à vida, porque matar a rainha de Tárcia exigiria muito de mim. — Ela é muito bonita. — Ela fala olhando novamente pela janela. — Você também! — Não consegui segurar, eu sou patético. — Ela é jovem. — Ela sussurrou. — Jovem demais. — Falei fechando os olhos, mas ela parecia incomodada demais e decidida a me incomodar. — Homens
O caos faz parte da minha vida, é desnecessário negar isso, há pouco tempo minha vida deu uma cambalhota, nada é com antes, agora sou inimiga de uma rainha e odiada por toda Tárcia, mas isso ainda não me descreve, eu não me sinto alguém forte o bastante para ter esse título, eu preciso me fortalecer, preciso sentir que tenho uma chance, uma pequena chance de vencer. — Precisamos de um plano. — Rafi fala enquanto guarda as espadas, ele tem sido gentil comigo, me ajudando a ficar mais forte, ele não me deu moleza, não facilitou, até mesmo Reno achou que estávamos indo longe demais, porém eu não terei oponentes gentis e sei que suportar a dor é o que me fará vencer Tárcia. — Sim, precisamos, mas por onde começar? — Eu precisava de um plano, Odin havia sumido novamente, mas ele voltaria, dizia me levar até o trono, mas não movia um dedo para me ajudar. — Devemos ir mais devagar com os treinamentos, focar em como faremos para chegar perto o bastante para que você a mate. — Não tenho ide
Havia se passado três dias, o sol queimava a minha pele, meu corpo estava dolorido, e a fome me matando, quando se sai fugido de um lugar, não se olha para trás, e com isso nos esquecemos de coisas, Reno está morto, não em corpo, mas morto em alma, algo nele tinha mudado, algo nele tinha sido destruído, não sei se foi ver Rafi com Eliza, ou se foi saber que seu irmão o traiu, mas alguma coisa o destruiu, seus olhos não brilhava como o de um menino, estava seco, ele não sorria, não fazia brincadeiras e mal falava. Era estranho, Reno parecia um adulto responsável e era estranho o ver assim, como se o menino alegre tivesse sido arrancado dele. — No que está pensando? — Ele disse me oferecendo um pouco de água. — De como não devíamos ter crescido. — Crescer é uma das consequências de estar vivo. — Ele disse se virando rapidamente com a espada em mãos. — O que foi?! — Digo pegando minha espada. — Rafi! — O que?! — O procurei, mas não havia ninguém. — Ele está vindo atrás de nós e est
Quando Reno tem uma ideia, não se deve pensar nela, pois se você pensa muito nela começa a ver como perfeita ela é e quando vê está deixando ele cortar seus cabelos, e isso não pode ser algo bom. Reno é mal é terrivelmente mal. E isso quer dizer que ele não irá só dizer quanto à ideia é brilhante, como apreciará quando você admitir isso para ele. — Sou brilhante, não sou?! — Ele disse, enquanto meus cabelos caiam no chão, eu me segurava para não chorar. — Termine logo. — Deixar Reno corta meu cabelo, com certeza era o meu maior ato de coragem, ele cortava com uma faca, eu sabia que não ia dar certo, mas ele disse que era o único jeito de dar certo, e o plano era bom, e mesmo que cada parte minha quisesse enfiar uma espada em meu próprio peito a deixá-lo corta meu cabelo, não pude negar que a ideia é brilhante, decidimos que já que a rainha e muitos dos soldados me reconheceram, mesmo com cabelo curto, decidimos que eu teria um olho só, a história era triste, Reno era bom em conta his
Ele levantou sua espada e começou a me atacar, ele tinha força, mas eu era mais rápida, me afastei, por um tempo apenas fizemos ataques leves, assim atiçavam ainda mais os bebuns que nos olhavam. Ele quase me acertou, tive que pular em cima de uma mesa, Reno seguia tudo atentamente, talvez não esteja pensando o mesmo que eu, devíamos ter feito isso lá fora. Senti quando a espada arranhou minha barriga os homens começaram a gritar, então era isso, eu precisava sair da defensiva e começar atacar. Meu corpo não era preparado para suportar o peso da armadura, mas fiquei feliz em saber que eu tinha conseguido com meu suor aquela armadura, não foi fácil tive que usar o peso dele ao meu favor, chegou um momento que estávamos perto demais, ele é bom muito bom, mas eu sou melhor. — Sempre achei esse garoto brilhante. — Olhei para Reno que dormia do outro lado da fogueira, Odin estava do lado dele. — Que ideia brilhante. — Como se não já se soube. — Ele sorriu. — Sei que ele é parte import