( Amber Petrova )
— Precisamos levá-la agora para o hospital, Oliver!
Eu estava no sofá, alguma coisa dentro de mim não funcionava como deveria.
— Por favor... por favor, não deixe meu bebê morrer... — Eu mal reconhecia minha voz choramingando. Aquele era um choro de medo.
Medo de perder meu filho.
— Se acalme, Amber. Seu bebê não vai morrer!
Há tanto tempo que eu não implorava assim. Última vez que supliquei daquela forma foi no dia em que minha mãe estava entre a vida e a morte, e no final eu ainda assim a perdi. A vida me endureceu depois daquilo, mas agora, com a vida do meu filho podendo se esvair de dentro de mim, eu era apenas uma alma despida se agarrando aos pés de Deus.
Espera. O que é isso? O que está acontecendo?
Eu apago de dor.
(...)
( Nicholas Cooper )No dia seguinte.— Acredita nisso, Nicholas? Aquele ordinário teve a coragem de dizer que era inocente.Escutava meu sogro desabafar sobre o julgamento do General Parker, enquanto balançava o carrinho para frente e para trás tentando fazer o pequeno dormir.— E quanto tempo acha que ele pega de prisão?— Ainda não sei, mas por mim ele morria lá!Meu celular começa a vibrar dentro do bolso, e eu o atendo sem nem verificar a tela antes.— Alô?! — Sou pouco arrogante, sem intenções. — Falo com o senhor Nicholas Cooper?— Sim, é ele, quem está falando?— Aqui é do hospital Carrington, estamos ligando para informar que Amber Bailey Petrova acordou há alguns minutos!Meus movimentos cessam e eu entro em choque paralisado.— O que foi, Nicholas, os braços já cansaram? — Zombou sem nem imaginar.— Senhor Cooper? — Chamou do outro lado da linha.— Nicholas? — Donald me cutuca. — O que foi, rapaz?De repente, saio de perto do comandante e da criança, me concentrando na cham
( Amber Petrova )— Senhorita, precisa se acalmar. Seus familiares já estão a caminho!— EU QUERO MEU BEBÊ! MEU BEBÊ!Onde ele está? Cadê ele? — Eu não o sinto. Não o sinto...Andava pelo quarto desgovernada, apalpando minha barriga com a sensação estranha do vazio dentro de mim. Por muito tempo não estive tão sozinha daquele jeito, há meses eu abrigava meu filho aqui dentro e agora não tinha nada.Meu Deus, como isso é agoniante.— Sente-se, ficará tudo bem! — Pediu a doutora, com outro médico ao lado.— Não vou me sentar, droga!O quarto estava se enchendo de pessoas conforme eu me apresentava como uma louca. Eles poderiam me dizer onde estava meu bebê, mas insistiam que eu deveria sentar e esperar. Ficar calma quando tudo que eu queria eram respostas.— Chamem os enfermeiros, por favor, ela não está bem!— Enfermeiros?Não, eles não vão me dopar!Em cima do carrinho no meio do quarto, eu pego a primeira coisa que vejo para me defender. Na hora todos se assustam quando aponto para
( Nicholas Cooper )Depois que a Isabella saiu do quarto, não demorou muito para eu conseguir a liberação do bebê. Amber cooperou com os médicos, sabendo que só poderia conhecer o filho se passasse pela junta médica. E meu Deus... Quando ela o teve finalmente nos braços, foi sem dúvidas o momento mais emocionante da minha vida. Sei que me ver entrar com aquele bebê conforto e seu filho dentro dele a desmantelou de inúmeras formas. Ela o pegou com uma delicadeza incomum, como se aquela coisinha de 47cm fosse um jarro de cristal. Não tinha noção de como os dois ficariam tão lindos juntos, nem que aquilo se gravaria tão forte na minha memória. Amber o pegou, o levantou na frente dos seus olhos analisando cada partezinha dele e lentamente o levou até seu rosto puxando seu perfume, deslizando o nariz em suas bo
( Amber Petrova )— Papai!— Oh, minha filha! — ele me cerca com seus braços assim que desço o último degrau da escada. — Você está bem?— Estou, mas e o senhor, o seu braço?— Não ligue para isso, tenho cicatrizes bem piores.— Eu sinto muito...— Não sinta. Você não estava bem e eu não deveria ter invadido seu espaço daquela forma.Logo Nicholas chega e nós nos soltamos um do abraço do outro.— Donald... — Disse, cumprimentando meu pai em um aperto de mão.— Está cuidando bem da minha filha e do meu neto?— Estou tentando.— Ele não precisa se preocupar mais com isso!Quando dou aquele aviso, os dois me olham com faces estranhas.— Como assim? — per
( Nicholas Cooper )Quatro meses depois.Amber tinha partido, e com isso, metade da minha alma foi com ela. Não estava impedido de ver o menino, mas fui eu quem cuidou dele nas noites em que Amber não estava, e não escutar seu choro todas as madrugadas, me matava por dentro. Passei quase a vida toda sozinho nessa casa, mas agora era impossível ficar dentro dela, por isso a vendi e comprei um flat pequeno, que servisse para um único homem só, sem vida, sem propósito e sem um pingo de esperança. Era o lugar ideal para esperar meus dias passarem e a morte vir me buscar.Amber não morava muito longe daqui, sua casa era imensa e sempre que estava lá, admirava a mulher que ela havia se tornado. Era engraçado porque só fazia quatro meses que tínhamos nos separado, mas nunca poderia imaginar que se tornar mãe
( Amber Petrova )— Casar? Como assim casar?— Amber, já estou sozinho há anos...— Mas você nem me disse que tinha alguém!— Como falaria? Você me afastou há meses, mal estamos nos vendo ou falando!Ele não pode estar falando sério!— Isso está errado, eu não a conheço. Não a quero na minha família, perto de você ou do Icaris!— A decisão é minha, e eu não preciso da sua autorização para tocar minha vida e tentar ser feliz.— Isso é um absurdo!— Absurdo é a minha própria filha não aceitar a felicidade do pai!É... meu pai ia se casar. Dá para acreditar nisso?Não acredito que ele queira substituir minha mãe.
( Amber Petrova )Um mês se passou depois daquele meu encontro com o Nick na minha casa, e desde então não paramos de nos ver mais. Marla foi embora com o noivo para outra cidade, e Nick tem cuidado do Icaris todas as tardes para mim, mas na maioria das vezes na casa dele, já que se recusava a ir para minha casa sobre os olhos do agente Fox. Nossa relação estava tranquila, e acho que pela primeira vez em muito tempo estávamos conseguindo ser bons amigos.— Oi?Nicholas saiu do quarto, com o suor brilhando em seu peito. Havia respingos de tinta por várias partes de seu corpo. Ele parecia ainda mais musculoso que antes. O botão da sua calça jeans estava aberto e o cabelo despenteado, com seus pés no chão. Seu cheiro inebriante era uma mistura de colônia afrodisíaca e suor.— Oi, chegou cedo! — Disse ele.
( Nicholas Cooper )— Eu amo! — Ela assume, mas não com o olhar que eu esperava.— Por que diz isso tão triste?— Porque se eu não tentar me convencer do contrário, cometerei os mesmos erros de antes. E eu não posso ser fraca agora... não mais.Amber se levanta e, enquanto tento entender o que ela quis dizer com isso, vejo-a seguir para o banheiro, ligando a água para limpar suas lágrimas.— Por que não começamos do zero? — Questiono, chegando por trás dela.— Acho que é um pouco tarde para isso, não acha? — Respondeu, me olhando pelo espelho na sua frente. — Temos um filho, e não é algo que se apaga, só para começarmos do zero.— Não estou falando do Icaris, estou falando da gente, Amber. — Falo pegando-a