Querido SHEIN
Querido SHEIN
Por: Petite Fleur
Capítulo 01

ISIS FERNANDES

Retiro o óculos do meu rosto, adentrando o meu carro. O motorista fecha a porta atrás de mim, arrancando com o mesmo para a minha empresa, chegando no local em menos de vinte minutos, afinal moro do lado da sede no Rio de Janeiro.

__Senhora.--- Abre a porta para que eu saia.

__Obrigada.--- Agradeço, saindo do carro.

Estendo minha cabeça, olhando todos de queixo erguido e um olhar, de certa forma, soberbo. Se para demonstrar o meu poder tenho que fazer isso, que assim seja.

Estou cansada das pessoas me olharem e julgar que não sou capaz de algo por um simples fato, eu sou mulher. Para chegar aonde cheguei, criar esse império e ser reconhecida mundialmente, precisei me esforçar ao máximo, afinal o mundo não está pronto para uma mulher que não aceita ordens, mas na verdade as dá.

Tenho uma linha de hotéis pelo mundo todo, em todo lugar tem um Plaza graças a mim. Tenho uma empresa que atua no marketing digital e outra que é para cuidar da carreira de artistas. As três são um grande império do qual sei administrar muito bem.

Herdei a rede de hotéis de minha mãe, é algo que já vem de família. Já as outras duas foram de meu pai e de sua família também. Quando eles morreram, na verdade foram mortos, em um acidente de avião, tornei-me a herdeira universal dos dois, afinal sou filha única.

Saio do carro, passo pela recepção do hotel e vou para o elevador, colocando a minha digital e só assim consigo subir para o meu andar, o da presidência. Todas as minhas empresas têm essa tecnologia, assim fica mais difícil de alguém, indesejado, chegar no andar principal e tentar algo.

Em poucos minutos o elevador para e sai, dando de cara com a recepção principal. Os tons são todos bege, com um balcão enorme de mármore branco e seus equipamentos, com um grande lustre de cristal no meio.

Aceno com a cabeça, um bom dia silencioso, seguindo o meu caminho. Logo vem a sala da minha secretária, igual á do início mas um pouco menor.

__Bom dia Ingrid.--- Comprimento.

__Bom dia Senhora.--- Retribuo se levantando.

__ Peça que o pessoal do jurídico venha na minha sala agora.--- Mando entrando na minha sala.

A porta de entrada para a minha sala é uma dupla de madeira, revelando a sala espaçosa e bem decorada com tons claros e uma enorme janela que dá uma vista perfeita para o mar.

Tiro a jaqueta de couro, ficando apenas com o top branco que faz parte do meu look. Por se tratar de uma sexta-feira, coloquei uma calça de tecido similar a couro preto cintura alta e colada no corpo, um top branco de couro com um blazer preto também. A sandália é um salto escuro fino.

Modéstia a parte, sou muito bonita. Nasci no Brasil e vim uma mistura da genética, com os s.e.i.o.s medianos e bem duros, as minhas nadegas são daquelas enormes, grandes e arrebitadas. Como meu pai não é brasileiro, puxei um pouco de sua genética e vim ruiva aos olhos claros. Modéstia a parte me acho linda e é o que importa.

__Senhora, queria nos vê?--- Fernando, chefe dos advogados, pergunta adentrando o meu escritório junto de sua equipe.

__Está tudo certo para a reunião de hoje?--- Indago, sentando-me em minha cadeira.

__Está sim, Senhora.--- Concorda com um leve menear de cabeça.--- estudamos todas as leis deles e estamos prontos para contra atacar qualquer coisa.

__Consigo esse contrato?--- Estreito os olhos.

__Maravilha.--- Solto um sorriso.--- Se tudo der certo, contem com a remuneração de vocês no fim deste mês.

__Já deu patroa, confia.--- Um deles, que estava calado, fala com um sorriso.

__Eu confio em vocês, sei que são competentes, por isso trabalham aqui.--- Confesso, vendo o sorriso orgulhoso deles.

__Depois dessa não sabemos nem o que dizer.--- Fernando fala por todos.

__Vão até a copa, bebam um café e me esperem na sala de reunião, já vou descer.--- Dispenso eles que agradecem com um sorriso e saem.

Não sou seca e dura com todos os meus funcionários, gosto de ser gentil e ter uma pequena relação de chefe e subordinadas, afinal em um ambiente chato ninguém gosta de trabalhar.

Tenho minhas decepções amorosas, até mesmo da vida, mas sei separar e desconto tudo em uma noite qualquer, não em quem não tem nada haver. Acho que é por isso que todas as empresas vão bem, não esquento nenhum dos meus funcionários, mas sei manter as rédeas.

Levanto-me da cadeira, indo até o meu banheiro particular. Pego um dos batons reservas, reforçando a cor vinho de meus lábios, prendendo ainda mais o grande rabo que fiz como penteado. Faço minha melhor cara séria, vendo que fico fudidamente sexy e poderosa com essa imagem de CEO.

__Você vai conseguir.--- Falo encarando a ruiva no espelho, soltando um sorriso por fora.

Quero abrir uma linha de hotéis nos Emirados Árabes, mas precisamente em Dubai, mas primeiro eu tenho que conseguir a autorização para construir a sede. Chamei os representantes da prefeitura, e mais alguns representantes que se fizeram necessário, para uma reunião aonde vou tentar a autorização.

Normalmente isso não é algo que demande muita atenção, muito menos uma equipe jurídica tão grande. O grande problema é o fato de que o país, o emirado todo, é conhecido por seguir firmemente seus costumes, com uma cultura extremamente machista. Sei que vão tentar me barrar pelo fato de ser uma CEO e não um homem.

Para não ser pega de surpresa, já separei uma equipe de advogados para estudarem as leis do país. Se eles vierem com alguma desculpa, já temos como contra atacar. Não vou deixar nenhuma outra escolha a eles que não seja me aceitarem ou então falar na minha cara um não porque tenho uma va.gi.na e não um p.a.u.

Já passei por essas questões do machismo outras vezes fazendo com que, de certa forma, eu já esteja acostumada. Procuro não arrumar uma briga muito grande, ou me vingo mostrando que triunfei ou mexer alguns pauzinhos e os faço pagar.

Eu sou um anjo com quem merece, agora não vem me atentar que me torno pior que o próprio cão.

Observo o meu relógio de pulso e vejo que já deu a hora da reunião. Saio do banheiro, visto a jaqueta levantando as mangas para dar um charme especial, pego o meu celular e saio da minha sala. Vou para o elevador e desço, quatro andares, chegando no que costuma acontecer nessas reuniões.

Chego na sala e a mesma já está devidamente arrumada, com o cheiro de que foi limpada recentemente.

Os meninos chegam logo em seguida, sentando-se ao lado direito deixando o esquerdo para os convidados. Fico de pé ao lado da minha cadeira, vendo pelo vidro a chegada dos mesmos que estavam sendo guiados pela minha secretária.

__Senhora.--- Ingrid fala, em inglês, ao entrar, dando passagem aos rapazes.

Noto um desconforto deles, principalmente pela forma com a qual fui tratada.

__Gentlemen.(Senhores)--- Comprimento, no mais perfeito inglês, com um leve menear de cabeça.

Vejo o tradutor, um dos homens que veio com eles, traduzir a minha fala para o mais alto de todos. Ele faz um gesto com a mão, dispensando o tradutor que concorda com a cabeça e se senta.

__Fico muito feliz que tenha aceitado meu convite.--- Retorno a me pronunciar, vendo que nenhum deles retribuiu ao meu comprimento.

__Você não nos deu outra escolha.--- O mais alto e de barba fala.

Jura que não vão nem se dar ao trabalho de se apresentar?

Voltando! Ele se refere ao fato de que minha secretária tentou entrar em contato diversas vezes, mas a agenda nunca tinha espaço. Entendendo que estava sendo sabotado, por assim dizer, mandei uma pequena equipe até lá e ordenei que só voltassem ao Brasil com a reunião marcada.

É bebê, quando eu quero algo consigo e isso não está em discussão.

__Tive a impressão de que o telefonema não seria eficaz.--- Solto um sorriso debochado, vendo os mesmos se mexerem desconfortavelmente em suas cadeiras.

Meu Deus do Céu, realmente não estão acostumados com uma mulher que não abaixa a cabeça.

__Não sei porque teve essa impressão.--- Um deles fala, o sem barba.

__Por que será?--- Estreito meus olhos, observando bem suas reações.

Eles falam alguma coisa em seus idiomas, aposto se tratar de um xingamento, encarando-me novamente.

Devolvo com um sorriso amarelo e sento-me na cadeira, ligando o slide para que o mesmo vá passando com todos as minhas propostas e gráficos que demonstre o quanto vai ser vantajoso para ambos. Surpreendo um total de zero pessoas, tentaram me barrar diversas vezes, mas meus advogados foram competentes e para cada "A" que eles falavam já tinha o argumento.

Observei tudo silenciosamente, manifestando-me apenas quando se fazia necessário. O sorriso vitorioso, e presunçoso não saiu de meus lábios em nenhum segundo, deixando eles ainda mais irados. No final, não tiveram outra alternativa ao não ser conceder assinalado a permissão para a construção do hotel. Os advogados leram, preciso me respaldo, a papelada toda também.

__Foi um prazer fazer negócios com vocês.--- Anúncio ao ve-los sair.

__Que seja.--- o de barba fala.

__Tente ser educado com alguma mulher, não vai te matar, eu garanto.--- Aconselho ao vê todos sair.

__Nossa, que reunião pesada.--- Alessandro, meu secretário geral, fala quando eles saem.

__Eles nem tentaram disfarçar o fato que estavam odiando ser você e não um homem nessa cadeira.--- Fernando fala visivelmente inconformado.

O Brasil pode ser a merda que for, mas, surpreendente, tem uma grande liberdade para as mulheres. Claro que o que tem não basta, já chega de mulheres recebendo menos só por ser do sexo feminino, ou normalizar o fato de ser agredida. Ainda temos muito o que melhorar, mas, pelo menos começamos, outros países nem isso fizeram.

__A minha maior vingança será prosperar demais com essa linha de hotel, aumentando o turismo da cidade. Ainda vão ter que me engolir de mais.--- Falo.

__E engolir toda a sua genialidade, sejamos sinceros, a senhora é foda de mais, os emirados não estão prontos para te ter lá.--- Alessandro fala, arrancando-me um singelo sorriso.

Amo um baba ovo, é legal!

__Nos engolir, gatinho.--- Sorrio pra ele.--- Arrume suas coisas e chame sua esposa para ir com a gente. Não sei quantos dias vamos ficar lá, também sei que vocês não se separam muito, então trás ela conosco e quando você estiver livre, dão uma volta pela cidade.

Anúncio dando de ombros, vendo o seu sorriso gigantesco e os advogados fazendo barulhos como se tivessem comemorando pelo amigo.

__Tirou a sorte grande cara.--- Fernando brinca, batendo nas costas do meu empregado.

__Embarcamos amanhã, no início da tarde. Quero descansar no domingo e segunda a gente já começa com tudo.--- Falo para ele que concorda.

__Vamos? Já acabamos o dia de hoje?--- pergunta com um sorriso e concordo.

Despeço-me do pessoal, fazendo aquele caminho todo novamente, adentrando no meu carro. Em poucos segundos estamos na frente da minha cobertura.

Alessandro foi mandando as empregadas fazerem algumas coisas, eu simplesmente subi e tomei o meu banho, colocando uma roupa mais confortável. Quando terminei, peguei o porta retrato que estou no colo de meus pais e sento na varanda, observando o mar.

__Aí mãe, pai. Confesso estar com um pouquinho de medo, afinal eu não faço ideia de como vai ser tudo em um país com costumes tão diferentes. Cuidem de mim aí de cima, minhas estrelinhas.

Solto um sorriso triste, abraçando aquele porta retratos, tentando sentir o abraço deles naquela brisa gostosa que vinha do mar.

__Deus, como sinto falta de vocês.

Fecho os olhos e é como se eu conseguisse escutar a gargalhada deles, como se eu conseguisse senti-los. Nunca vou me esquecer de como os perdi, nunca vou perdoar o culpado pela morte de meus pais.

Sendo sincera, acho que só trabalho tanto para disfarçar o vazio que sinto no peito, a solidão de ser apenas eu e milhares de notas. Daria tudo que tenho para ter eles aqui, agora, mas já que não existe essa opinião, vou fazer com que sintam orgulho de mim.

Uma coisa que aprendi; diga a quem você ama hoje, não espera nenhum segundo a mais, talvez esse segundo não venha existir de fato.

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