Capítulo 04

ÍSIS FERNANDES

Passo o batom pelos meus lábios, retocando a cor avermelhada de minha boca. Apertei um contra o outro um pouquinho. Ao terminar, gosto do que vejo e solto um sorriso para a mulher que vejo no reflexo do espelho.

Pego a bolsinha que trouxe, saindo do banheiro do restaurante, sentando-me ao lado do pessoal. Passei a manhã trabalhando no hotel, administrando algumas coisas que se fez necessário, depois vim almoçar com o meu pessoal todo. Deixei Alessandro em uma mesa separado com sua esposa, eles merecem um momento a sós.

O garçom vem até a gente, trazendo com si a conta do almoço. Pago tudo e saio com o pessoal, adentrando no carro. Passamos para deixar Ale com a sua esposa, achei melhor deixar eles saírem um pouco enquanto não começou a construção.

Paramos em frente a empresa e saio sem aquele alarme todo, caminhando tranquilamente.

__ Ola, boa tarde.--- Comprimento o recepcionista.--- Tenho uma reunião com Zayan.

__ Vou ligar para confirmar, só um momento.--- Fala e eu concordo com a cabeça.

__ Seu nome?--- Pede.

__ Isis Fernandes.

Ele liga, fala alguma coisa na língua deles e libera a minha entrada. O mesmo me acompanha até o elevador, batendo o seu crachá no identificador e só então sobe até o andar. Esse sistema é igual ao meu, gostei pois é mais seguro.

__ O recepcionista já está sabendo da sua entrada senhorita, basta apenas dar o seu nome e entrar que o chefe está a sua espera.

Concordo com a cabeça e agradeço, vendo a porta se fechar. Em poucos segundos a porta se abre novamente em uma sala oval de puro luxo, mas apenas homens trabalhando. Reparei que isso é algo muito, exageradamente normal por aqui. Não vi mulher nenhuma, apenas homem.

Fiz tudo como o menino lá de baixo falou, entrando na sala e estranhando ao vê o Sheik de terno. Imaginei que ele usasse apenas suas roupas tradicionais, mas foi uma surpresa boa, ainda mais por poder confirmar que ele malha.

__ Senhorita Fernandes.--- comprimenta com um aceno de cabeça.

__ Senhor.--- Apenas falo isso, o sobrenome dele é muito difícil.

Sua sala é uma oval enorme, com uma parede toda de vidro apenas para ver as coisas do lado de fora. A mesa é uma grande preta, seguindo bem a decoração que deixa claro que é um CEO aqui.

__ Tem alguma ideia de como vai querer o seu hotel?--- Pergunta-me com os olhos, atentos, vidrados em mim.

__ Estava pensando em algo mais moderno, seguindo os padrões da cidade.

__ Paredes espelhadas então?--- Sugere.--- Do lado de fora seria naquele tom escuro que não dá para vê nada, já de dentro teria a vista perfeita e seria algo bem confortável.

__ É uma ótima ideia, pode anotar ela.--- Ele concorda com a cabeça.

__ Deseja alguma coisa?--- Pergunta.

__ Não, obrigada.--- Agradeço.

Zayan se levanta, pega o grande papel branco e apoia no objeto específico. Ele pega uma régua e começa a desenhar.

__ Pretende algo grande? Quantos andares mais ou menos? Muito largo ou não?--- Pergunta com o olhar na folha.

__ Gostaria que tivesse, no mínimo, quinze andares. Quero que tenha capacidade para muitas pessoas.--- Confesso.

__ Já pensou aonde gostaria de fazer?--- Pergunta-me, dessa vez me olhando novamente.

__ Em frente ao mar.--- Falo em seguida.

__Poderíamos fazer um hall no meio, mais atrás um bar ou restaurante. Duas pequenas pontes, veremos melhor qual, ligado aos dois prédios que ficam um de cada lado. Não vamos ter algo muito grande, mas vai comportar bastante pessoas.--- Sugere.

__ É uma ótima ideia, gostei bastante.--- Concordo com a cabeça.

Zayan não fala mais nada, por isso me levanto e vejo que tem um bar aqui. Até penso em ir direto, mas tenho que demonstrar educação.

__ Vou pegar uma bebida no seu bar, tudo bem?--- Pergunto.

__ Fique à vontade.--- Dar de ombros.

Vou até lá, pego um vinho do porto e despejo na taça. Levo aos meus lábios e vou degustando aos poucos, ficando em uma parede encostada enquanto o observava.

Em alguns minutos, Zayan terminou de fazer o desenho e me mostrou. É mais um pequeno esboço do projeto, aquele que vai ter mais tempo. Mas ficou muito bom, ele realmente sabe o que faz.

__ Perfeito, assim pode desenvolver o projeto e depois me amostra.

__ótimo.--- Guarda a folha.

__ O contrato em que você assinou ontem só garante que vai fazer o projeto, caso contrário terá que pagar uma multa. Temos que acertar, com calma, por quanto ficará o seu trabalho.--- informo.

__ Eu vou fazendo a construção e arcando com os gastos, no final de tudo eu te dou um valor final.--- Fala vindo para perto de mim, mexendo no seu bar.

Estou ao lado do bar dele, com um pé apoiado na parede e os olhos vidrados nele.

Seu cheiro forte está por todo o local, trazendo lembranças de ontem, de tudo que aconteceu e o que quase fiz pensando nele ontem a noite. Sinto que é perigoso ficar apenas os dois.

__ O hotel é meu Zayan, eu arco com os gastos dele.--- Apoio a taça na bancada.

__ E a empresa que vai construir é minha.--- Retruca.

__ Você quer pagar por que é um cavaleiro ou por que não quer que uma mulher pague?--- Sou direta.

Ele olha na minha direção, parando o que estava fazendo para se colocar na minha frente. Prendo a respiração ao vê-lo tão perto de mim, com o seu corpo impedindo que eu saia. Estamos na mesma posição de ontem, com uma mão sua em cada lado da minha cabeça.

__ Isso importa?--- Olha-me profundamente.

__I mporta demais.--- Falo baixo, fazendo bastante movimento com os lábios, atraindo sua atenção.

Merda! Não entendo porque gosto de ser observada por ele.

__ Por que? Se for a segunda opção vai arrumar outro jeito de fuder a minha empresa?--- Desafia-me.

__ Vou arrumar um jeito de fu.der a sua vida.--- Retruco, mantendo o seu olhar que fica mais intenso com as minhas palavras.

__ Tão boca suja.--- Passa seus dedos ao redor dos meus lábios.

__ E vai fazer o que? Conheço um líquido branco que dizem limpar bastante.--- Provo, mordendo o canto inferior.

__ Não me provoque.--- Sua voz soa mais baixo e rouca.

Naquele momento eu senti meu corpo todo se arrepiar, fiquei até surpresa por tal coisa.

Levo minha mão até a sua cintura, descendo a mesma pelo seu quadril, apertando levemente a região. Desço a direita mais um pouco, enchendo bem com o seu membro.

Solto um gemido rouca ao perceber que se estivesse pra fora minhas mãos nunca iriam cobrir ele por completo.

__ Assim?--- Minha voz sai ainda mais rouca.

Sua mão segura a minha nuca e inverte as posições, colocando as suas costas na parede. Desce suas mãos e aperta as minhas nadegas com vontade, deixando o meu corpo colado ao seu na parede.

__ Você pode não gostar das consequências.--- Adverte-me.

__ Não dá conta do recado?--- Provoco.

Ficando ainda mais atiçado com as minhas palavras, vem aproximando o seu rosto do meu, mas me empurra para longe quando sua porta é aberta.

Mas que merda, o que ia acontecer aqui?

__ Senhor, sua filha não está na escola.--- O secretário avisa, olhando-me com um certo nojo.

No mesmo momento eu olho para Zayan, vendo seus olhos se tornarem o dobro do tamanho. Ele é o país dela! Não sabia quem era ontem, apenas ajudei a menina.

__ Ela sumiu?--- Sua voz quase não sai, é como se ele não quisesse ter a resposta.

__ Eu sinto muito.--- Abaixa a sua cabeça.

__Merda.--- Esbraveja.

__ Eu vou com você.--- Anúncio pegando a bolsa.

__ Não vai.

__ Não pedi a sua permissão, apenas avisei.--- Retruco.

__ VOCÊ NÃO VAI.--- Grita se virando para mim.

__ Você, nem ninguém, manda em mim.--- Falo calma, mas com o olhar estreito.

__ Eu já disse que não.--- Sai raivoso do escritório.

Vou atrás dele, acompanhando seus passos. Estou no elevador junto e vou seguindo o mesmo e sem lhe dar outra chance adentro o seu carro, afivelando o cinto. O mesmo me olha puto, mas liga o motor e sai.

Liguei para os seguranças e mandei procurar a menina, mandando uma foto dela que peguei com Zayan. Eu poderia procurar sozinha, todavia não conheço a mesma e não sei os lugares que ela gosta de ir.

Zayan liga para a sua casa procurando saber de sua filha, enquanto rodamos a cidade. Ninguém demonstrou muita importância a menina, só demonstravam estar putos pelo fato dela ter desobedecido, nem um pouco preocupados pelo fato dela ter sumido e estar correndo perigo.

__ Quais lugares ela gosta de ir?--- Indago quando ele desliga.

__ Ela não sai, só estuda.--- Fala.

__ Por isso que ela fugiu.--- Reviro os olhos.

__ Como?--- Me olha com mais raiva.

__ Criança também brinca, também se diverte.--- Falo o óbvio.--- Até mesmo uma menina.

__ Eu não vou entrar nessa briga.--- foca na estrada.

__ Acho bom. Tem algum lugar em que a mãe dela ia muito com a mesma?--- Indago.

__ A praça.--- Fala no mesmo momento, virando com o carro.

Zayan continua dirigindo rapidamente, ele se demonstra muito preocupado com a filha e fico feliz por isso.

Desço do carro e de longe consigo reconhecer suas mechas pretas em um banco perto do balanço. Corro até ela, abraçando a mesma apertada. Só a vi uma vez, mas gostei tanto dela que não sei o que faria caso ela se machucasse. Ainda mais em um país onde é permitido tudo com uma mulher.

__Aisha.--- Zayan fala duro.

A mesma olha para o seu pai com lágrimas nos olhos, abaixando a sua cabeça. Levanto o olho para o mesmo, o repreendo.

__ Meu amor, ficamos preocupados com você.--- Seguro seu rostinho entre as mãos.

__ Eu senti falta da mamãe.--- Fala com os olhinhos marejados.

__ Ela te trazia aqui sempre?--- Pergunto.

__ E ficávamos no balanço por horas.--- As lágrimas escorreram e parte o meu coração.

Pego a mesma no colo e coloco em um dos balanços.

__ Feche seus olhos princesa, sinta que é a sua mãe aqui.--- Falo para ela, começando a empurrar a mesma.

Fico balançando a pequena por um bom tempo. Em nenhum momento ela reclamou ou me pediu para parar, aceitou o seu balanço e ficou relaxando. Depois de um tempinho eu fui parando e me ajoelhei na frente dela.

__ Você já é uma mocinha, então vou falar com você como a mocinha que é.--- Anúncio e ela concorda com a cabeça.

__ Eu sei que é chato toda essa pressão que colocam em cima de você. Eles esquecem os seus sentimentos e só te cobram uma coisa, mas não te dão a atenção que você merece e necessita.--- Começo a falar e a pequena Aisha abaixa sua cabeça, mas vejo as lágrimas.

Seguro sua cabeça entre as minhas mãos, olhando no fundo dos seus olhos.

__ Eu prometo te pegar para sair, te conceder um pouco da atenção que precisa e merece. Mas eu vou precisar da sua ajuda, vou precisar que você se comporte e faça o que eles pedem.--- Dou um sorriso a ela.--- Sua família não gosta muito de mim, sabe?

__ Ah eu sei, meu tio faz questão de demonstrar isso.--- Ela fala sorrindo e acabo gargalhando.--- Não fala que eu contei isso.

__ Segredo nosso.--- Levo meu dedo na sua direção e fazemos uma pequena promessa.--- Vamos?

Ela respira fundo e sai do balanço, segura nas minhas mãos e concorda com a cabeça. Vou caminhando com ela e paramos na frente do seu pai.

__ Vamos ter uma conversa ao chegar em casa, mocinha.--- Fala de forma dura, segurando as mãos da pequena.

__ Lembra do que conversamos.--- Falo com ela.

__ Tenho até medo do que você colocou na cabeça da minha filha.--- Olha-me de forma fria.

__ Eu teria mais medo do que vocês colocam na cabeça dela.--- Rebato.--- Melhor ainda, da forma que a tratam.

Ele pega na mão de Aisha e vai guiando até o carro, prende o cinto na pequena, entra na sua porta e tranca o carro.

__ Sério isso?--- Levanto uma sobrancelha.

__ Não mandei você vir.--- Liga o carro.

__ Quando a sua empresa estiver prestes a falir não chora ta.--- reviro os meus olhos.

Saio de perto do carro e o mesmo arranca com tudo. Chamo o uber e no meio do caminho, até a cobertura que estou ficando, não me esquecia de Zayan e da forma que me olhou. Algo me diz que as coisas com a gente não serão, nem um pouco, tranquilas.

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