Caminhei por um tempo até que visse o mar. À terra sob meus pés estava acabando e minha cabeça ainda estava cheia de frustrações. Sentei-me nas pedras da praia, onde à água batia docemente em meus dedos tentando amenizar minha visão magoada.Sentia a água roçar em meus pés descalços enquanto o cheiro de sal e areia molhada batiam em minhas narinas assim como a água acariciava o monte de areia próximo das pedras.Deixei as lágrimas rolarem enquanto olhava o pôr do sol na praia e me embalava nas terríveis lembranças que Nathally havia me devolvido. Eu não estava triste por Dylan, mas sim pelas garotas por quem ele magoou, pois todas haviam passado pela mesma situação que eu e isso cortou meu coração. Também havia raiva em mim, pois quase fui enganada pelo mesmo truque barato, porque fui inocente demais a ponto de quase me deixar levar outra vez e isso me fazia desejar que as ondas batessem em minha mente lavando embora os ocorridos das últimas 48 horas.Aproveitei que à praia estava vaz
— Bom, agora que estamos resolvidos, vou cozinhar para nós. — Dylan levantou-se do chão me pegando no colo e dando um sorriso largo depois de passar longos minutos explorando minha boca e mordendo a curva de meu pescoço. Ele parecia tentar atiçar algo dentro de mim, mas cortou nosso contato antes que fossemos longe demais. — Você é levinha, sabia? Parece que estou segurando uma boneca. Uma linda bonequinha.Fiz uma careta para sua observação, pois me pareceu algo incomum de se dizer. Tudo bem que eu me vestia feito um bolo de natal com lacinhos e enfeites demais, mas boneca não, né?Dylan achou graça da minha expressão e colocou-me no banquinho do balcão para se dirigir ao outro lado. Ele estava confiante em fazer algo para comermos e eu não tinha muito o que dizer para impedi-lo. Estava morta de fome e sem ânimo algum para cozinhar.— Quer ajuda? — Ofereci, pois seria algo que eu faria sentadinha naquela banqueta. — Eu posso cortar alguma coisa.— Não! — suas mãos no ar me ordenaram
A semana se passou rapidamente e pude adiantar meu trabalho para que no último dia, antes do fim de semana, eu não ficasse até tarde organizando prateleiras.Na sexta tudo estava mais do que organizado e meu expediente na biblioteca acabou cedo devido à isso. Minha folga estava para começar e eu já me sentia relaxada antes mesmo de ter saído do prédio da universidade.O senhor Herman estava fechando as janelas da biblioteca enquanto eu desligava todo o sistema do computador para podermos ir embora.Meu celular vibrou no bolso do meu short e eu o peguei em mãos desbloqueando a tela para ler o sms que havia acabado de me ser entregue.“Estou te esperando aqui fora.Dylan.”Dei um meio sorriso e enfiei o aparelho de volta no bolso para terminar minha última tarefa. O computador já estava na tela de carregamento dos arquivos do dia, quase desligando e eu comecei a arrumar minhas coisas, colocando-as de volta na minha mochila.Tirei o casaco de frio de dentro da bolsa, mesmo estando tudo t
No quarto havia uma cama de casal próxima da grande janela escondida com cortinas azuis e desenhos abstratos brilhantes. Tinha também um dossel com cortina transparente que se prendia ao teto e cobria a cama.Dylan havia espalhado flores pelo quarto, não pétalas, mas flores pequeninas da cor branca que forravam os travesseiros e boa parte da colcha. Algo bem clichê, mas adoravelmente fofo.O quarto estava iluminado com uma luz ambiente que não clareava completamente nem mesmo o deixava escuro demais. Era uma luz avermelhada como se o pôr do sol estivesse dentro do quarto.O cheiro de pinheiro exalava pelo local misturando-se ao perfume chanel N°5. Tão bonito, tão romântico, tão perfeito que meus olhos brilhavam intensamente.Virei-me para Dylan e vi o olhar de satisfação que me lançava.— O que achou? Gostou? — Ele sussurrou no pé dos meus ouvidos e eu apenas assenti. — Se decidir ficar, não quero que se esqueça desta noite.Dei um sorriso fraco e o abracei apertado-o forte para senti
Acordei com a luz do sol invadindo meu rosto tentando penetrar meus olhos, afundei no travesseiro para afastar aquela sensação e senti o delicioso cheiro de J'adore Dior. Recordo-me que aquele perfume também estava em toda parte do restaurante que tinha ido na noite anterior e me lembrar dessa noite me fez deixar o riso bobo escapar.Apertei o travesseiro enquanto me deixava embalar pelas lembranças e com isso notei que aquele objeto era maior do que o normal. Alisei o rosto sentindo a textura diferente dele e cheguei à conclusão de que aquilo não era um travesseiro. Abri os olhos para entender o que acontecia à minha volta e minha visão foi iluminada.Lá estava meu travesseiro respirando lentamente enquanto dormia. Dylan me envolvia em seus braços e meu rosto estava na do seu pescoço. Abracei-o forte sentindo seu perfume penetrar minhas narinas mais uma vez.Era uma manhã fria e me aconchegar nos braços dele me deixava quentinha. Senti sua respiração mais forte e seu abraço mais aper
Ouvi vozes ao meu redor quando meus sentidos voltaram a funcionar. Antes disso tudo não passava de um vazio escuro e sem som, mas não demorou muito tempo para eu sentir a luz forte invadir meus olhos tentando iluminar aquela sala vazia.Deixei que a claridade me levasse para onde ela queria que eu estivesse e logo ela imundo à sala vazia tirando-me dali antes que o medo do escuro me tomasse.Já devia ser de manhã, pois aquela luz só poderia ser o raiar do dia. Senti meu corpo arder e minha cabeça latejar conforme ia despertando. À dor crescia a cada segundo e um bip constante apitava próximo de mim dando pequenas pontadas na dor que eu sentia.Abri os olhos e não reconheci o lugar onde eu estava, pois ao invés do meu quarto em tons roxos, o local era branco e azul-claro. Tinha janelas pequenas e a cama onde eu estava era fofa e confortável, mas alta demais para um ambiente comum. Havia também uma televisão LCD no alto na parede esquerda. Algo não tão moderno, mas não tão antigo e as d
Acordei um pouco dolorida. Cada fibra do meu corpo gritava para que eu me mantivesse imóvel por um tempo, como se ficar parada afastasse toda à dor que se alastrava por mim. Senti o apertar de uma mão em meus dedos enquanto meu corpo ia reagindo lentamente ao raiar do dia e o beijo cálido foi selado em minha bochecha.Eu queria me espreguiçar como fazia todos os dias pela manhã, mesmo que não fosse crescer mais nenhum centímetros, era gostoso ouvir meu corpo despertar e ainda mais gostoso poder me movimentar daquela forma, mas por causa da dor estridente eu tinha que continuar sem minha rotina por algum tempo.Ainda estava no hospital, isso já fazia uns dois dias. O que me preocupava demais, pois eu dizia constantemente que estava perdendo todo o ensaio para o show, mesmo que as pessoas tentassem me fazer pensar em outras coisas, minha preocupação sempre me levava de volta para o campus onde tudo deveria estar uma loucura com as substituições.Olhei para meu lado direito e pude ver Dy
— Como você está? — Ela me perguntou ao quebrar o silêncio.— Me sinto melhor, mãe. Como estão todos em casa? — Perguntei sussurrando, pois parecia ter batatas na minha boca que me impediam de falar mais alto. Tenho certeza que era medo de ter minha mãe ali naquele momento da minha vida.Ela me deu um meio sorriso e respirou um pouco antes de falar.— Bem querida. Todos preocupados com você também, seu pai está fazendo o possível para poder vir lhe ver, mas as ações não o deixam viajar por hora.Dei um meio sorriso escapar, era um certo alívio de não ter o patriarca da família ali para me dar mais pavor. Envolvi minha mãe em um abraço terno. O mais forte que consegui fazer naquele momento e me recordei que estava com muitas saudades daquele abraço.Me peguei lembrando da minha infância por um instante, quando eu a abraçava daquela forma a cada dez minutos, deixando-a meio irritada com tanto amor que eu a enchia. Era bom voltar no tempo às vezes. Pensar no passado me fazia não sentir t