No quarto havia uma cama de casal próxima da grande janela escondida com cortinas azuis e desenhos abstratos brilhantes. Tinha também um dossel com cortina transparente que se prendia ao teto e cobria a cama.Dylan havia espalhado flores pelo quarto, não pétalas, mas flores pequeninas da cor branca que forravam os travesseiros e boa parte da colcha. Algo bem clichê, mas adoravelmente fofo.O quarto estava iluminado com uma luz ambiente que não clareava completamente nem mesmo o deixava escuro demais. Era uma luz avermelhada como se o pôr do sol estivesse dentro do quarto.O cheiro de pinheiro exalava pelo local misturando-se ao perfume chanel N°5. Tão bonito, tão romântico, tão perfeito que meus olhos brilhavam intensamente.Virei-me para Dylan e vi o olhar de satisfação que me lançava.— O que achou? Gostou? — Ele sussurrou no pé dos meus ouvidos e eu apenas assenti. — Se decidir ficar, não quero que se esqueça desta noite.Dei um sorriso fraco e o abracei apertado-o forte para senti
Acordei com a luz do sol invadindo meu rosto tentando penetrar meus olhos, afundei no travesseiro para afastar aquela sensação e senti o delicioso cheiro de J'adore Dior. Recordo-me que aquele perfume também estava em toda parte do restaurante que tinha ido na noite anterior e me lembrar dessa noite me fez deixar o riso bobo escapar.Apertei o travesseiro enquanto me deixava embalar pelas lembranças e com isso notei que aquele objeto era maior do que o normal. Alisei o rosto sentindo a textura diferente dele e cheguei à conclusão de que aquilo não era um travesseiro. Abri os olhos para entender o que acontecia à minha volta e minha visão foi iluminada.Lá estava meu travesseiro respirando lentamente enquanto dormia. Dylan me envolvia em seus braços e meu rosto estava na do seu pescoço. Abracei-o forte sentindo seu perfume penetrar minhas narinas mais uma vez.Era uma manhã fria e me aconchegar nos braços dele me deixava quentinha. Senti sua respiração mais forte e seu abraço mais aper
Ouvi vozes ao meu redor quando meus sentidos voltaram a funcionar. Antes disso tudo não passava de um vazio escuro e sem som, mas não demorou muito tempo para eu sentir a luz forte invadir meus olhos tentando iluminar aquela sala vazia.Deixei que a claridade me levasse para onde ela queria que eu estivesse e logo ela imundo à sala vazia tirando-me dali antes que o medo do escuro me tomasse.Já devia ser de manhã, pois aquela luz só poderia ser o raiar do dia. Senti meu corpo arder e minha cabeça latejar conforme ia despertando. À dor crescia a cada segundo e um bip constante apitava próximo de mim dando pequenas pontadas na dor que eu sentia.Abri os olhos e não reconheci o lugar onde eu estava, pois ao invés do meu quarto em tons roxos, o local era branco e azul-claro. Tinha janelas pequenas e a cama onde eu estava era fofa e confortável, mas alta demais para um ambiente comum. Havia também uma televisão LCD no alto na parede esquerda. Algo não tão moderno, mas não tão antigo e as d
Acordei um pouco dolorida. Cada fibra do meu corpo gritava para que eu me mantivesse imóvel por um tempo, como se ficar parada afastasse toda à dor que se alastrava por mim. Senti o apertar de uma mão em meus dedos enquanto meu corpo ia reagindo lentamente ao raiar do dia e o beijo cálido foi selado em minha bochecha.Eu queria me espreguiçar como fazia todos os dias pela manhã, mesmo que não fosse crescer mais nenhum centímetros, era gostoso ouvir meu corpo despertar e ainda mais gostoso poder me movimentar daquela forma, mas por causa da dor estridente eu tinha que continuar sem minha rotina por algum tempo.Ainda estava no hospital, isso já fazia uns dois dias. O que me preocupava demais, pois eu dizia constantemente que estava perdendo todo o ensaio para o show, mesmo que as pessoas tentassem me fazer pensar em outras coisas, minha preocupação sempre me levava de volta para o campus onde tudo deveria estar uma loucura com as substituições.Olhei para meu lado direito e pude ver Dy
— Como você está? — Ela me perguntou ao quebrar o silêncio.— Me sinto melhor, mãe. Como estão todos em casa? — Perguntei sussurrando, pois parecia ter batatas na minha boca que me impediam de falar mais alto. Tenho certeza que era medo de ter minha mãe ali naquele momento da minha vida.Ela me deu um meio sorriso e respirou um pouco antes de falar.— Bem querida. Todos preocupados com você também, seu pai está fazendo o possível para poder vir lhe ver, mas as ações não o deixam viajar por hora.Dei um meio sorriso escapar, era um certo alívio de não ter o patriarca da família ali para me dar mais pavor. Envolvi minha mãe em um abraço terno. O mais forte que consegui fazer naquele momento e me recordei que estava com muitas saudades daquele abraço.Me peguei lembrando da minha infância por um instante, quando eu a abraçava daquela forma a cada dez minutos, deixando-a meio irritada com tanto amor que eu a enchia. Era bom voltar no tempo às vezes. Pensar no passado me fazia não sentir t
Eu finalmente me sentia bem novamente. Passada uma semana após me despedir de mamãe, minha perna já havia melhorado assim como todos os hematomas que eu havia feito na queda. Também estava de volta ao campus e mesmo sem poder participar de certas aulas, como dança e interpretação artística, eu ficava na aula vendo os alunos serem guiados pelos professores.Não vi Josh durante esses dias que se seguiram e todos acharam muito estranho ele ter sumido da forma que sumiu logo após meu acidente, mas eu não poderia fazer muito para ajudar a saber sobre o paradeiro dele a não ser que passasse seu endereço ou número de telefone o qual ele parecia ter só por enfeite já que não me respondia mais.Soube que ele queria ajudar Olga a descobrir quem havia me empurrado e que havia ameaçado Nathally de morte se ela fosse a culpada, soube também que Dylan chegou a sufocá-la com as mãos, próximo da escola, só parou depois dos conselhos de nossa amiga/policial, mas isso lhe rendeu uma suspensão de alguma
Dia vai e dia vem. O mês passou tão rápido que nem percebi que estávamos de recesso. À apresentação final chegaria dali alguns dias, mas eu poderia visitar minha família e tentar convencê-los de viajar comigo para me ver cantar.Durante os dias de aula eu pude pensar com carinho sobre meu relacionamento e percebi que meu professor já tinha tomado sua decisão sobre nós, só faltava eu. Então eu precisava me entender e falar de uma vez por todas o que éramos e o que seríamos dali em diante.Respirei fundo e o convidei para enfrentar algumas feras.O avião pousou em São Paulo às 11 horas depois de muito tempo voando. Eu e Dylan saímos do portão 13 e seguimos para o balcão próximo a porta de saída onde meu professor começou a falar com um rapaz ruivo de olhos verdes e pele clara. O jovem usava o uniforme da linha aérea que nos prestou serviço. Ele sorriu calorosamente para nós enquanto Dylan tentava falar em um português terrível com ele sobre alugar um carro. Eu não pude me conter com aqu
A casa dos meus pais estava diferente do que eu me lembrava, mesmo que minha mudança tenha sido recente, parecia que eu tinha ido anos antes e voltava finalmente para uma visita.Eles pintaram todo o ambiente de creme por dentro, isso não me fez esquecer daquelas paredes azuladas marcadas com à tinta de caneta que Sofia pegava da bolsa do meu pai para fazer desenhos sem sentido de bonecos magrelos com cabeças gigantes como o Pairolito de Apenas um Show, por exemplo.Eu me lembrava de rir e de dizer que aqueles eram nossa família em desenho. Claro que fazia e continuava fazendo desenhos ainda mais estranhos do que os dela por não saber desenhar direito, mas na universidade de artes só os fazia quando estava sem inspiração para fazer alguma música. Já que até os professores entenderam o quão ruim eu era naquilo.No centro da sala estava o grande lustre de prata que se parecia muito com o antigo que tínhamos antes, ele existia ali a onze anos e acabou se quebrando por uma brincadeira inf