Eu finalmente me sentia bem novamente. Passada uma semana após me despedir de mamãe, minha perna já havia melhorado assim como todos os hematomas que eu havia feito na queda. Também estava de volta ao campus e mesmo sem poder participar de certas aulas, como dança e interpretação artística, eu ficava na aula vendo os alunos serem guiados pelos professores.Não vi Josh durante esses dias que se seguiram e todos acharam muito estranho ele ter sumido da forma que sumiu logo após meu acidente, mas eu não poderia fazer muito para ajudar a saber sobre o paradeiro dele a não ser que passasse seu endereço ou número de telefone o qual ele parecia ter só por enfeite já que não me respondia mais.Soube que ele queria ajudar Olga a descobrir quem havia me empurrado e que havia ameaçado Nathally de morte se ela fosse a culpada, soube também que Dylan chegou a sufocá-la com as mãos, próximo da escola, só parou depois dos conselhos de nossa amiga/policial, mas isso lhe rendeu uma suspensão de alguma
Dia vai e dia vem. O mês passou tão rápido que nem percebi que estávamos de recesso. À apresentação final chegaria dali alguns dias, mas eu poderia visitar minha família e tentar convencê-los de viajar comigo para me ver cantar.Durante os dias de aula eu pude pensar com carinho sobre meu relacionamento e percebi que meu professor já tinha tomado sua decisão sobre nós, só faltava eu. Então eu precisava me entender e falar de uma vez por todas o que éramos e o que seríamos dali em diante.Respirei fundo e o convidei para enfrentar algumas feras.O avião pousou em São Paulo às 11 horas depois de muito tempo voando. Eu e Dylan saímos do portão 13 e seguimos para o balcão próximo a porta de saída onde meu professor começou a falar com um rapaz ruivo de olhos verdes e pele clara. O jovem usava o uniforme da linha aérea que nos prestou serviço. Ele sorriu calorosamente para nós enquanto Dylan tentava falar em um português terrível com ele sobre alugar um carro. Eu não pude me conter com aqu
A casa dos meus pais estava diferente do que eu me lembrava, mesmo que minha mudança tenha sido recente, parecia que eu tinha ido anos antes e voltava finalmente para uma visita.Eles pintaram todo o ambiente de creme por dentro, isso não me fez esquecer daquelas paredes azuladas marcadas com à tinta de caneta que Sofia pegava da bolsa do meu pai para fazer desenhos sem sentido de bonecos magrelos com cabeças gigantes como o Pairolito de Apenas um Show, por exemplo.Eu me lembrava de rir e de dizer que aqueles eram nossa família em desenho. Claro que fazia e continuava fazendo desenhos ainda mais estranhos do que os dela por não saber desenhar direito, mas na universidade de artes só os fazia quando estava sem inspiração para fazer alguma música. Já que até os professores entenderam o quão ruim eu era naquilo.No centro da sala estava o grande lustre de prata que se parecia muito com o antigo que tínhamos antes, ele existia ali a onze anos e acabou se quebrando por uma brincadeira inf
Acredito que minha mente parou de funcionar, no minuto em que ouvi meu pai xingar Dylan de filha puta. Dessa vez eu que havia batido a mão na mesa e gritado " o que?!".Fazia cinco minutos que tanto meu pai quanto minha mãe gritavam falando que aquilo era impossível e que eu estava doente. Claro que só começaram a briga após mandarem Sofi para seu quarto. Minha pobre irmã bateu o pé chateada enquanto meu pai estava irritado demais e a assustou com isso fazendo-a correr. Minha pobre irmã saiu para fora da sala de jantar chorosa e então os gritos começaram.Pareciam animais lutando pelo seu território de tão furiosos, houve momentos em que Dylan tentou intervir, mas era interrompido por um dos dois e eu me controlava para não perder a cabeça indo embora.Tentei acalmá-los e ter uma conversa humana, mas ali estava difícil. E quando Dylan iniciava uma fala sobre seus sentimentos, meu pai gritava ainda mais até finalmente dizer algo que fez meu sangue ferver como carvão em brasa.— Suas id
Me tranquei no quarto nos dias que se seguiram depois da desastrosa viagem. Eu queria passar um tempo com minha cabeça e meus devaneios sobre tudo relacionado a farsa que minha família era.Durante toda minha infância eu tinha ouvido eles dizerem que ninguém da nossa família seria julgado daquela forma, pois éramos unidos e feliz o bastante para nos apoiarmos e se isso não acontecesse estaríamos cometendo um grande pecado e após me ensinar tudo isso, eles ofenderam a própria filha de diversas formas. Eu estava chateada demais e totalmente decepcionada.Mas também me recordei que quando minha amiga nos contou sobre seu casamento com nosso antigo professor, meus pais acharam engraçado e me obrigaram à não me aproximar mais daquelas pessoas. Então eu tinha certeza que se fosse eu, eles teriam nos afastado e me mandado para um colégio interno.Era assustador voltar no tempo para imaginar o lado negativo da minha família. Não havia nada de bom nos meus pensamentos, apenas o ruim. Eles pode
As semanas se passaram rapidamente enquanto eu me preparava para o grande recital de fim de ano. Dylan parecia um adolescente que acabou de ganhar um enorme instrumento musical para irritar seus pais, de tão feliz que ele estava. Ter ouvido minha declaração de uma forma totalmente clara e sem nenhum tipo de dúvidas o fez bem e eu me sentia tão feliz por ter feito aquilo à alguém.Eu estava em meio a uma de minhas corridas matinais quando senti o celular vibrar na minha cintura. A legging preta colou em meu corpo com o suor quando parei e respirei fundo, senti meu peito se contrair rapidamente dentro do top de ginástica enquanto eu tentava recuperar o ar.1 nova mensagem de: Amor.Olga quer nos ver agora. Disse que descobriu quem te empurrou na escada da escola.As palavras saltaram do celular e o coloquei de volta ao suporte preso em minha cintura. Apoiei as mãos nos joelhos aliviada por finalmente poder parar de correr, afinal já deveria estar fazendo aquilo a um bom tempo sem notar.
Acordei envolvida nos braços do professor. Ele respirava calmamente com o rosto afundado em meus cabelos para conseguir sentir o cheiro do meu shampoo. Apertei seu corpo contra o meu e senti também o cheiro do seu perfume amadeirado.— Acordou. — Sussurrou ele, dando um beijo em minha testa.— Você me trouxe pra casa? — Perguntei imitando sua fala em sussurros e ele assentiu. — Podia ter me acordado quando os policiais voltaram com os dois, eu queria perguntar para Josh como ele teve coragem de ajudá-la a me machucar.— Eu não iria te deixar passar mal. Joshua chegou a delegacia aos berros parecendo descontrolado e eu tive que te tirar de lá antes que ele te convencesse de que era inocente, sendo que não é.— Mas Dyl…— Camila — ele me interrompeu com um olhar furioso. — Josh sabia de tudo e ajudou porque queria te machucar. Ele não é uma boa pessoa. Então não seja ingênua agora de achar que ninguém lhe faria mal. Porque as pessoas são cruéis e quando querem algo e não conseguem, faze
— O réu será sentenciado há dois anos de trabalhos comunitários e seis meses na prisão de jovens e reabilitados da cidade de Atlanta, agradeça à senhorita Chaves por não querer lhe colocar atrás das grades, garoto. — Falou a mulher no alto da tribuna.Josh estava sentado no banco dos réus me olhando furiosamente, mas eu não tinha culpa do seu erro e pelo menos não quis depor contra ele. Meu ex-amigo estava na cena do crime no momento que eu mais precisei e não fez nada para me ajudar. Na verdade, preferiu dar auxílio a irmã que estava fora de si para ferir uma desconhecida do que usar a parte sã de sua mente.— A ré será sentenciada há cinco anos de cárcere na prisão feminina de Atlanta sem direito à fiança — tornou a juíza de cabelos loiros à dizer. Aquilo causou um enorme rebuliço no tribunal.Senti um forte arrepio percorrer meu corpo quando a irmã do meu ex amigo me olhou profundamente, parecia que ela iria me matar à qualquer instante e só precisava de uma brecha para isso.O alí