— Esqueceu que sou seu pai, e que vi você nascer e crescer? Esse menino é a sua cara, tem o cabelo, os traços, as covinhas no rosto, levei um susto quando o vi pela primeira vez, por isso que te perguntei se talvez você tivesse tido algo com Andressa e escondeu por vergonha de expor a jovem, ainda mais nessa cidade, onde tem pessoas preconceituosas. E você não faz ideia de como essa menina sofreu nas mãos desse povo! — É, isso me deixa triste porque amo essa cidade, mas essas pessoas às vezes são pequenas de espírito, mas agora estou aqui para proteger minha amiga! — Hum... — O que foi, pai? Sabe o quanto Andressa é especial pra mim! — Sei que existe muito amor entre vocês dois; só não existe paixão por medo. Talvez uma barreira que impede de vocês se aproximarem, mas agora é quase impossível, porque você está casado! — Said Moabit também se perguntava o porquê que Gabriel era tão parecido com ele, como as semelhanças, os traços, o cabelo. Ele se perguntava quem era o verdadeiro pa
No dia em que Andressa começou a sentir as dores, indicando que o menino estava prestes a nascer, Said fez questão de contratar um helicóptero para buscá-la na cidade e levá-la até um dos melhores hospitais de Curitiba. E dois dias antes de nascer ela já estava internada aguardando o nascimento de Gabriel. Said passava a noite do lado dela como se fosse o pai. E nem ele entendeu porque estava fazendo isso. Andressa teve dificuldade para ganhar o bebê, levou dez horas quando a bolsa estourou, e a criança, nada de nascer. Muito trabalho para enfermeiras e médicos até que chegou o momento que não teve jeito: tiveram que fazer uma cesariana de emergência, porque ambos corriam risco de vida, tanto a mãe quanto o bebê. E Said Moabit não arredava o pé por nada. Ficou ao lado dela noite e dia até se sentir seguro de que tudo estava bem. E quando o menino nasceu, Andressa ficou sob efeito da anestesia aguardando até voltar ao normal. E a única lembrança foram os gritos do bebê chorando. D
Said Moabit estava desanimado porque o detetive não conseguiu localizar Helena, a qual não saía da sua cabeça. Andou de cidade em cidade à procura, e não conseguiu obter os resultados esperados. Muitas mulheres que ele via pela frente se pareciam com Helena, e por isso, “pagava mico”, pois estava ficando alucinado devido a essa busca incessante. Quando fazia amor com Vanda para sentir prazer, precisava imaginar que estivesse fazendo amor com Helena, sua amada. Muitas noites levantava de madrugada para beber água, mas na verdade, ficava excitado só de pensar nos momentos em que estivera com ela. Então, voltava para a cama e procurava Vanda imaginando que fosse Helena. E Vanda, inocentemente, acreditava que aquela disposição toda era ela por ser uma mulher linda e atraente, e de fato era, mas não a ponto de fazer seu marido se esquecer da sua amada. Said Moabit estava disposto a tudo para encontrá-la, pois sabia que seu casamento era mais por aparência do que por amor. Não am
Agora que ela estava segura de que seu segredo não seria mais revelado, não sabia se deveria apoiar a amizade de seu marido com o menino. Por outro lado, já era tarde para tomar uma posição drástica. Sentia raiva daquele menino que incomodava muito, e não achava justo ela ser casada e não poder dar um filho para seu marido, pois Andressa que estava sem marido tinha um filho lindo e inteligente. O que mais incomodava era o fato de Gabriel ter a mesma semelhança de Said Moabit, e um pouco da de Arthur. Isso a deixava perturbada. Sem demonstrar sua preocupação, ela perguntou muitas vezes se Said Moabit não tivera algum caso com Andressa, mas ele jurava que nunca teve e jamais teria. Por enquanto ela deixaria assim, pois não queria pensar, e sim, queria comemorar mais uma vitória no ar da soberba. Vanda estava se achando a dona do mundo, pois agora as coisas estavam do jeito que ela queria. Restava convencer Said Moabit para voltarem à capital. Era uma questão de tempo, não estava mais
Said, em seu escritório, sentiu uma pontada no coração sem entender o que estava acontecendo, pois ele nunca tinha sentido nada parecido. Não acreditava em pressentimentos, mas estava angustiado, sentindo falta de ar. Teve que se sentar na cadeira para se recuperar. Chamou a secretária, a qual se chamava Silvana, pedindo água com açúcar; e quando ela chegou, percebeu que ele estava pálido. — Senhor, está tudo bem? — Não sei porque, mas me deu uma tontura. Acho que vou ter que sair e fazer alguns exames médicos. Isso não é normal, nunca me senti assim! — O senhor quer que eu providencie uma ambulância? — Não precisa de ambulância! E sim, por favor, chame o motorista e tome conta daqui; vou até o hospital ver se não é a pressão que ficou alta. Não deve ser grave! A secretária seguiu as ordens do seu chefe, avisando a todos os funcionários que Said Moabit precisou dar uma saída, mas não mencionou nada sobre o que aconteceu. Era muito profissional, discreta e leal ao seu
Gabriel chegou em uma ambulância que foi chamada por um agricultor que passava por perto quando viu o garoto desmaiado, no momento em que bateu com a cabeça em uma pedra. E segundo os médicos, se o agricultor não tivesse chegado a tempo, o garoto tinha morrido, porque perdeu muito sangue. E assim que chegou ao hospital, ele foi diretamente para a UTI. Precisava com urgência de doação de sangue, e no hospital ninguém sabia quem eram os pais do menino. Quando Said Moabit chegou ao hospital, havia se recuperado do mal-estar de horas antes, e viu um tumulto protagonizado por enfermeiras e médicos, que estavam transportando alguém na maca. E estranhamente sentiu uma súbita curiosidade em saber o que estava acontecendo. Naquele momento, ele viu que conhecia a vítima do acidente. Então, ele se aproximou e viu que era Gabriel, filho de Andressa. E, no desespero, perguntou o que tinha acontecido: — Ele sofreu um acidente, perdeu muito sangue e corre risco de vida. Um agricul
Said chegou em casa exausto e fraco por ter doado sangue, e não queria brigas com Vanda. — Posso saber por onde andava para chegar em casa a essa hora? — Falou gritando, e isso o irritou muito, que nunca perdeu a cabeça, mas dessa vez ela foi longe demais. — Fui a um hospital, por quê? — Hospital? Pensa que vou acreditar nessa história absurda? — Chega, sua louca! Não está vendo que não estou bem? Sua egoísta! Estou de saco cheio de você, se não está satisfeita, a porta de saída é a serventia da casa! Vanda sentiu o sangue gelar, nunca ouviu Said Moabit agir daquele jeito, pois sempre conheceu o seu lado doce e carinhoso. Ao vê-lo agindo daquele jeito, foi como levar uma bofetada de tão amarga que foi a sua reação. Ela tremeu, pois naquele momento ela viu o lado de Said que nunca imaginou conhecer. E se perguntou: — Será que eu o conheço? Por que será que estou me sentindo excitada com essa atitude? Vanda estranhou, pois sentiu vontade de fazer amor na sala, o que a deixou pe
— Andressa pensou que fosse desmaiar ao ouvir aquela informação: O pai do menino foi o doador! Como assim? O pai do menino? Seria uma brincadeira do destino? Fernando Henrique está aqui neste hospital? E como ele soube do meu filho? O que ele quer de mim? — A senhora está se sentindo bem? — Perguntou o médico. — Sim, estou melhor. É cansaço. Acho que não me alimentei bem nas viagens! Passei a noite em claro devido ao sumiço do meu filho, mas quem é o doador? Eu preciso saber, por favor, doutor! — Por uma questão profissional eu não posso revelar quem ele é, porque foi ele quem pagou todas as despesas do hospital, a senhora sabe que o SUS não cobre as despesas aqui neste hospital. O homem é muito poderoso e não quer que aconteça nada com seu filho, mas se ele é o pai. E você, como mãe, deve saber quem é. Andressa teve que engolir aquilo sem saber como questionar, pois, como ela ia contar sua intimidade? E de ter se envolvido com Fernando Henrique, que era um homem poderoso. — Sim,