Said, em seu escritório, sentiu uma pontada no coração sem entender o que estava acontecendo, pois ele nunca tinha sentido nada parecido. Não acreditava em pressentimentos, mas estava angustiado, sentindo falta de ar. Teve que se sentar na cadeira para se recuperar. Chamou a secretária, a qual se chamava Silvana, pedindo água com açúcar; e quando ela chegou, percebeu que ele estava pálido. — Senhor, está tudo bem? — Não sei porque, mas me deu uma tontura. Acho que vou ter que sair e fazer alguns exames médicos. Isso não é normal, nunca me senti assim! — O senhor quer que eu providencie uma ambulância? — Não precisa de ambulância! E sim, por favor, chame o motorista e tome conta daqui; vou até o hospital ver se não é a pressão que ficou alta. Não deve ser grave! A secretária seguiu as ordens do seu chefe, avisando a todos os funcionários que Said Moabit precisou dar uma saída, mas não mencionou nada sobre o que aconteceu. Era muito profissional, discreta e leal ao seu
Gabriel chegou em uma ambulância que foi chamada por um agricultor que passava por perto quando viu o garoto desmaiado, no momento em que bateu com a cabeça em uma pedra. E segundo os médicos, se o agricultor não tivesse chegado a tempo, o garoto tinha morrido, porque perdeu muito sangue. E assim que chegou ao hospital, ele foi diretamente para a UTI. Precisava com urgência de doação de sangue, e no hospital ninguém sabia quem eram os pais do menino. Quando Said Moabit chegou ao hospital, havia se recuperado do mal-estar de horas antes, e viu um tumulto protagonizado por enfermeiras e médicos, que estavam transportando alguém na maca. E estranhamente sentiu uma súbita curiosidade em saber o que estava acontecendo. Naquele momento, ele viu que conhecia a vítima do acidente. Então, ele se aproximou e viu que era Gabriel, filho de Andressa. E, no desespero, perguntou o que tinha acontecido: — Ele sofreu um acidente, perdeu muito sangue e corre risco de vida. Um agricul
Said chegou em casa exausto e fraco por ter doado sangue, e não queria brigas com Vanda. — Posso saber por onde andava para chegar em casa a essa hora? — Falou gritando, e isso o irritou muito, que nunca perdeu a cabeça, mas dessa vez ela foi longe demais. — Fui a um hospital, por quê? — Hospital? Pensa que vou acreditar nessa história absurda? — Chega, sua louca! Não está vendo que não estou bem? Sua egoísta! Estou de saco cheio de você, se não está satisfeita, a porta de saída é a serventia da casa! Vanda sentiu o sangue gelar, nunca ouviu Said Moabit agir daquele jeito, pois sempre conheceu o seu lado doce e carinhoso. Ao vê-lo agindo daquele jeito, foi como levar uma bofetada de tão amarga que foi a sua reação. Ela tremeu, pois naquele momento ela viu o lado de Said que nunca imaginou conhecer. E se perguntou: — Será que eu o conheço? Por que será que estou me sentindo excitada com essa atitude? Vanda estranhou, pois sentiu vontade de fazer amor na sala, o que a deixou pe
— Andressa pensou que fosse desmaiar ao ouvir aquela informação: O pai do menino foi o doador! Como assim? O pai do menino? Seria uma brincadeira do destino? Fernando Henrique está aqui neste hospital? E como ele soube do meu filho? O que ele quer de mim? — A senhora está se sentindo bem? — Perguntou o médico. — Sim, estou melhor. É cansaço. Acho que não me alimentei bem nas viagens! Passei a noite em claro devido ao sumiço do meu filho, mas quem é o doador? Eu preciso saber, por favor, doutor! — Por uma questão profissional eu não posso revelar quem ele é, porque foi ele quem pagou todas as despesas do hospital, a senhora sabe que o SUS não cobre as despesas aqui neste hospital. O homem é muito poderoso e não quer que aconteça nada com seu filho, mas se ele é o pai. E você, como mãe, deve saber quem é. Andressa teve que engolir aquilo sem saber como questionar, pois, como ela ia contar sua intimidade? E de ter se envolvido com Fernando Henrique, que era um homem poderoso. — Sim,
Quis assim o destino? Que ela o encontrasse de uma maneira tão inusitada e sem esperar? Logo ela que já foi em tantos lugares? Frequentou igrejas, salões de bailes, churrascarias, bares, restaurantes, parques e cinema. Mas nunca imaginou que pudesse acontecer daquele jeito e da pior forma. Seria um capricho do destino? Eram tantas perguntas na cabeça de Andressa, que estava difícil se concentrar ou pensar em alguma coisa. Ela já fazia planos para dizer tudo o que sentia. Poder olhar nos olhos dele e dizer que foi o único homem que amou e que ainda amava, mesmo que ele não correspondesse os seus sentimentos ou as suas expectativas, até porque ela sabia que era um homem casado. Mas se ele dissesse que foi apenas uma aventura coisa desse tipo, como todo o homem diz, ela se esqueceria dele e apenas guardaria aquela noite mágica como lembrança. Assim, ela estaria livre e desimpedida. Seguiria a sua vida em busca de um novo amor, embora estivesse decidida a ficar solteira, se dedicaria a
Para Andressa, os dias estavam parecendo uma eternidade, devido à ansiedade de ver seu filho bem de saúde. Estava até emagrecendo por estar dormindo mal. A sua vida parou no tempo, recebia apoio dos familiares, a saudade do seu amigo, então. Nessa hora, a raiva deu lugar à humildade. E resolveu ligar para Said Moabit. — Alô! Tudo bem com você? — Alô! Está tudo bem com nosso garoto? — Está bem agora, graças a Deus. E por que não veio me visitar? Meu filho está doente! Desculpe te incomodar, sei que está ocupado, mas queria muito você perto de mim! — Desculpe, Andressa. Ligo toda hora para o hospital. Não fui ainda, porque tive medo de levar uma bronca sua por eu ter comprado a bicicleta. Estou me remoendo de remorso, não durmo à noite, estou muito magoado por ter acontecido isso com seu filho. — Esquece isso, amigo. Estou aqui ansiosa por algumas coisas que aconteceram, foi coisa do destino. Quando surgir uma oportunidade vou te falar tudo o que se resume a minha vida. — Eu també
— Senhor Said Moabit está dizendo que o menino que o senhor salvou, doando sangue, é como se fosse seu filho. Foi isso que eu ouvi? — Sim, doutor, eu e Andressa somos amigos e sempre tive o filho dela como se fosse meu filho, mas, por que a pergunta? — Marcos balançou a cabeça com uma expressão de incrédulo, e viu que não tinha mais tempo a perder. Foi direto ao assunto, e revelou detalhes de uma vez. — Mas ele é seu filho, senhor Said Moabit! — O quê? Disseram a mesma palavra Andressa e Said Moabit! — Sim, ele é seu filho, senhor Said Moabit! — Andressa e Said Moabit estavam incrédulos com o que acabaram de ouvir. Pensaram que o médico Marcos estava ficando louco. — Doutor, é impossível eu ser o pai do menino, por mais que eu queira! — Por que tem tanta certeza? — Porque há sete anos eu e minha esposa Vanda estávamos tentando ter um filho, até recorremos ao médico para fazer um tratamento, mas pelos exames feitos em Curitiba o médico constatou que sou estéril! — Marcos ficou pe
— Porque o Fernando Henrique que você amou e ama como você mesma disse agora há pouco, era eu. — O quê? O que você quer dizer? — Perguntou ela, falando gaguejando. Andressa, ao ouvir que seu amigo revelou a identidade de Fernando Henrique, sentiu uma cratera abrindo debaixo dos seus pés. Said Moabit, o amigo que ela mais amava na vida, o homem que ela mais confiava, era seu grande amor, o verdadeiro e único que ela amaria para sempre. Naquele momento, tudo virou um filme passando pela sua cabeça. A amizade dele com seu filho e a emoção que ele sentiu quando Gabriel nasceu, o qual chorava e ninguém conseguia acalmar, senão ele. Como isso era possível? Ela vendo aquela cena desejou ardentemente que ele fosse o pai, seria um sonho ter um homem como aquele ao seu lado, lamentou muitas vezes que Vanda era uma mulher de sorte. Um amigo como esse que se preocupou tanto com ela, mais do que se fosse marido ou verdadeiro pai do seu filho. Como esquecer as lágrimas quando pegou seu