— Porque o Fernando Henrique que você amou e ama como você mesma disse agora há pouco, era eu. — O quê? O que você quer dizer? — Perguntou ela, falando gaguejando. Andressa, ao ouvir que seu amigo revelou a identidade de Fernando Henrique, sentiu uma cratera abrindo debaixo dos seus pés. Said Moabit, o amigo que ela mais amava na vida, o homem que ela mais confiava, era seu grande amor, o verdadeiro e único que ela amaria para sempre. Naquele momento, tudo virou um filme passando pela sua cabeça. A amizade dele com seu filho e a emoção que ele sentiu quando Gabriel nasceu, o qual chorava e ninguém conseguia acalmar, senão ele. Como isso era possível? Ela vendo aquela cena desejou ardentemente que ele fosse o pai, seria um sonho ter um homem como aquele ao seu lado, lamentou muitas vezes que Vanda era uma mulher de sorte. Um amigo como esse que se preocupou tanto com ela, mais do que se fosse marido ou verdadeiro pai do seu filho. Como esquecer as lágrimas quando pegou seu
— Talvez a gente se amasse muito, mas éramos impedidos pelas nossas fraquezas, nossos conceitos, ou até mesmo medo de gostar mais do que já gostávamos um do outro. Esse amor existia, e sempre existiu, mas nós mesmos colocávamos barreiras. Até que um dia o destino resolveu agir em nosso favor! — É, você tem toda razão, foi preciso acontecer aquilo de usarmos máscaras, e desmascarar nossos sentimentos. Parecia bobagem, mas eu me achava pequena demais para você de tanto que eu te admirava. — Eu também achava isso, pensava que nunca seria digno de você. Talvez por isso que nossa atração física era bloqueada. Mas você aceita se casar comigo? Porque agora que sei que é a mulher que amo, não quero mais perder um minuto da minha vida! — Mas você sabe que é o que eu mais quero. Apenas precisamos dar um tempo até as coisas se acalmarem, resolva seu problema com a Vanda, se separa, e aí, sim, ficamos juntos. Embora eu seja contra a separação e antes de tomar essa decisão coloque na balança se
Mas essa parte ela queria acertar com ele, ia pagar tudo o que devia. Não queria misturar as coisas. Said chegou em casa mais cedo do que o esperado. Nunca chegava às dez horas da manhã. Sempre saía às sete horas da manhã para seu trabalho e voltava à noite. Costumava almoçar na empresa, mas naquele dia deu folga a todos os funcionários. Estava feliz e decidido a acabar com a farsa de Vanda. Estava decidido a viajar para Curitiba, não queria ter uma discussão com ela, por isso, resolveria amigavelmente. Pensou em dar a mesada que ela quisesse, desde que o deixasse em paz. Sabia que não seria fácil, então precisava de um bom advogado para garantir sua paz de espírito no futuro. Ele se casaria com Andressa o mais rápido possível. Mas enquanto esse dia não chegava, ele se perguntava: — Por que Vanda era tão carinhosa com Gabriel, seu filho? Seria peso na consciência por ter escondido esse fato de ela não poder ser mãe e passando a responsabilidade para ele? Eram tantas as perguntas na
— "Mas como ele descobriu?" — Ela não tinha coragem de perguntar e aceitou ouvir a proposta dele: — O que você pretende fazer? Perguntou ela. — Bom, vou te dar uma boa mesada, e mais um cheque generoso para você montar sua empresa, ou sei lá, faça o que quiser, vai ser independente! Não era isso que sempre quis? — Sim, mas, por que não posso ficar aqui nessa cidade? — Porque não quero ver a sua presença, você causou estragos demais na minha vida. É simples assim! Vanda nunca se sentiu tão humilhada como estava sendo. Não tinha saída a não ser aceitar e sair com o “rabinho entre as pernas”. Sabia que do que o povo da cidade era capaz. E certamente seria apedrejada, não sabia se gritava ou se chorava. Sentimentos se misturavam. Deu-se conta que subestimou seu marido e que ele não era tão ingênuo como ela imaginava, será que agora ela descobriu que era apaixonada por ele? E que Arthur não passava de uma fantasia da juventude? Tarde demais. Sua vaidade a levou à ruína, e agora ti
— Eu sei pai, mas acabei descobrindo que eu não a amava. — Eu gostaria que você se acertasse com a filha do meu amigo Dionísio, Andressa, sei que são amigos, mas não fica bem vocês andarem para cima e para baixo, já não basta esse povo falador? — Já falei que somos grandes amigos, mas vou apresentar minha nova namorada e, quem sabe, a futura esposa! — Não estou gostando nada disso! Mal se separou e já está querendo fazer outra besteira? Filho, cria juízo! — Desta eu tenho certeza que o senhor vai gostar! — Said fazia muito esforço para não revelar a surpresa, tinha que segurar até a festa. Dionísio e seus dois filhos também não se conformaram com a situação, queriam muito que Andressa se casasse com Said, assim o povo ia parar de fazer fofoca a respeito da sua filha, pois as más línguas não davam uma trégua, com relação ao fato de Andressa ser amiga de Said, que ela não tinha vergonha de ter amizade com homem casado, e que estava atrapalhando ele escolher uma moça decente. O sa
Desde criança gostei de ler e fazer palestra em que eu era coordenador de grupo de jovens. Meus pais eram católicos. E eu nasci com a devoção de ser um líder comunitário. Gostava de ouvir histórias que a minha mãe contava, até que um dia resolvi escrever um livro baseado na história que a minha mãe me contava antes de dormir. Bons tempos aqueles que eu vivia no interior trabalhando na lavoura. Com 22 anos vim pra cidade grande. Conheci um mundo diferente daquele que eu estava acostumado a viver. Tinha liberdade em tomar banho de cachoeira em águas cristalinas. Sentir o cheiro dos campos, levar a criação de gado para os matos da região. Na cidade grande conheci o paraíso, mas também o inferno quando fui feliz e sofri decepções em que perdi uma filha e a esposa quando ela ganhou a filha, e morreu não resistindo. E perdi.
Andressa era uma jovem de 22 anos, alta, elegante, com um estilo que se assemelhava a uma modelo, com cabelos castanho-claros, longos e olhos verdes. Com um olhar triste e distante através da janela do seu quarto, Andressa estava confusa, sem saber que atitude tomar naquela linda noite de lua cheia. Abriu o guarda-roupa e ficou olhando as peças que gostava de colecionar. Por ela ser vaidosa, gostava de comprar vestidos, os quais eram diferentes uns dos outros e que atenderiam a cada ocasião para a qual ela estivesse disposta a sair. Naquela noite, ela se encontrava determinada a sair de casa sem rumo e sem destino, pois estava se sentindo sufocada, e por isso, Andressa precisava fazer alguma coisa para mudar o semblante de seu rosto. Said Moabit era descendente de árabe. Ele veio do Líbano com os seus pais, e com o tempo aprendeu a dominar bem o idioma português. Said tinha um bom porte físico, tinha boa presença, era carismático, moreno, alto e que chamava a atenção das mulheres po
Said Moabit estava pronto para a festa de despedida de solteiro, e na sua mente os únicos pensamentos que dominavam era que no dia seguinte a sua vida mudaria para sempre, pois ele seria um homem compromissado, e por isso, nada seria mais como era antes, pois ele enxergava o casamento como o passo mais importante de sua vida. E para a sua felicidade, ele se casaria com a mulher que escolheu, pois sabia que Vanda era a mulher que ele amava, e quanto a isso, ele não tinha dúvidas. Naquela noite, ele mudou de visual: Fez a barba, cortou o cabelo e deixou apenas o bigode. E para se fantasiar, usou os trajes do personagem Zorro, embora ele detestasse esse personagem. Entretanto, para ninguém levantar suspeitas de que era ele, fez questão de comprar aquele disfarce, visto que ele queria se despedir da vida de solteiro com elegância e com estilo. Said Moabit sempre teve dois sonhos em sua vida, um deles era estudar e se formar em arquiteto. E após se formar, recebeu um convite para