MARIANA NARRANDO. - 7 MESES DEPOIS..Sentir o cheiro de álcool dessa sala me trazia várias lembranças, lembranças essas que por muito tempo me matou por dentro. Foi nesse mesmo hospital que eu tive a Pérola, foi nesse mesmo hospital que ela deu o último sopro de vida dela. Agora estamos aqui, Heitor e eu esperando os nossos meninos Henrique e Henry.Conseguimos chegar as 37 semanas, com 33 semanas eu comecei a ter sangramento, o meu médico me fez ter repouso total, me medicando sempre e em uma consulta de rotina com o médico, a minha bolsa resolveu estourar enquanto ele fazia a última ultrassom. Não achamos seguro fazer um parto normal, com isso decidimos a cesarea e aqui estamos nós. Eu entrei na sala de cirurgia andando, com as enfermeiras segurando a minha mão, elas me colocaram sentada na mesa e em seguida o cirurgião entrou.— Fica tranquila, tudo dará certo. — Ele me tranquilizou.— Será que eu posso abraçar alguém enquanto você me anestesia?— Claro que sim querida, estou aqui
ALERTA GATILHO!!!ALERTA GATILHO!!!ALERTA GATILHO!!!ISADORA NARRANDO ~— Carlos: Eu vou te ensinar como você vai me respeitar. — Ele disse me dando mais um tapa.Esse inferno é assim quase todos os dias..Meu nome é Isadora, tenho 22 anos e desde o dia que a minha mãe foi internada por causa daquele maldito cancêr o desgraçado do marido dela chega todos os dias bêbado.Ela esta internada a 22 dias e desde então ele que fica com o cartão que cai o dinheiro da aposentadoria dela, ele não compra comida, não paga as contas e só sabe viver drogado e bêbado.Quando chega em casa quer comida pronta, mais não tem um grão de arroz se quer no armário.— Isadora: Eu to de saco cheio de você. — Eu gritei enquanto ele me segurava pelo cabelo.— Carlos: Não tenho nada haver com isso, eu quero a porra da comida pronta quando eu chegar.— Isadora: Compra a merda da comida que eu faço.— Carlos: Você tem que dar o seu jeito, sua vagabunda, eu passei anos sustentando você.A minha mãe sempre se impor
ISADORA NARRANDO. Continuei ali do lado da minha mãe, aproveitando cada segundo ao lado dela, porque eu sabia que seria o último, e que depois de toda terra jogada em cima dela naquele cemitério, mais do que nunca, seria eu por mim mesma. Não é fácil, mas Deus sabe de todas as coisas, e é exatamente nesses momentos que encontramos com uma fortaleza que na maioria das vezes nem imaginamos que temos, e que realmente existe dentro de nós. Minha mãe estava muito diferente, bem amarela, gelada, e já nem dava mais para sentir o seu perfume, muito menos ouvi-la gritar comigo pra não sair de casa com um short tão curto. Todos esses anos depois que ela conheceu esse maldito desse Carlos, eu via o brilho dela sumindo dia após dia, e ela ia se tornando exatamente aquilo que ele queria que ela se tornasse, e em cada um desses dias, ia se distaciando um pouco mais de mim, porque segundo ele, tudo que eu contava para ela tinha um único objetivo: fazer ela terminar com ele. O amor deixa
ISADORA NARRANDO — ALGUNS DIAS DEPOIS... O inferno permanecia, só que dessa vez muito pior, porque não dava sinal nenhum de melhora, muito pelo contrário... O maldito do Carlos agora deu de trazer as drogas da rua para dentro de casa, não esperou se quer o corpo da minha mãe esfriar. Fora isso, tá trazendo também qualquer mulher que ele encontra por aí, e bêbado traz pra dormir aqui também. Passei a noite inteira ouvindo ele transar com uma mulher na sala, sem medo nenhum de que eu passasse lá e visse alguma coisa, com uma liberdade tão grande que parece que ele mora sozinho. E por incrível que pareça gemia tão alto que foi impossível eu dormir. Quando eu acordei, me troquei e sai do quarto, ele estava lá jogado no chão, uma mulher estava pelada no sofá e vários pinos de pó vazios jogados pela sala. — Isadora: Eu sinto nojo de você, maldita hora que a minha mãe te colocou dentro de casa — Eu gritei bem alto. — Carlos: Cala a porra dessa boca, não está vendo que eu to dor
ENRICO NARRANDO. Chegou a segunda - feira, dia de reunião e de mais uma tentativa de mostrar para minha equipe onde estavam errado. Confesso que só de pensar nisso minha cabeça já doía e o dia já começava daquele jeito. Celular despertou, ainda não era nem seis horas da manhã, porém preciso de tempo pra tomar o meu pré - treino que a Margareth prepara para mim todas as manhãs e depois treinar. A minha sorte é que eu treino dentro da minha casa mesmo, fiz uma academia só pra mim, e fica um pouco mais fácil. Os treinos são sempre revezados, alguns dias da semana era com personal, e outros eu treinava sozinho mesmo, aliás são tantos anos nessa mesma rotina que eu acabei me acostumando. Me levantei, escovei os dentes, vesti uma roupa confortável e um tênis que comprei por último, pra ver se é bom mesmo para depois ir correr com ele. Tomei o meu treino do dia, hoje era dia de treinar sozinho. Tudo concluído, subi para tomar um banho, tentar relaxar um pouco e chegar na empresa com
ISADORA NARRANDO ˜ Eu acordei com um barulho de celular tocando, e era o meu, com uma notificação chegando, e ia se repetindo várias vezes, quando fui ver era do banco. A transferência do site para a minha conta tinha sido feita, fiquei até um pouco impressionada com a agilidade, e fiquei também animada, porque consegui ver que realmente era uma coisa real. Sai daquela notificação e só depois olhei a hora no celular e marcava 07:16, levantei da cama, calcei o chinelo e fui para o banheiro escovar os dentes. Me olhei no espelho e eu estava péssima, em uma das situações mais críticas que já me vi, completamente cansada, com os olhos inchados de tanto chorar, o cabelo parecendo um ninho de passarinho de tão sujo que estava. Então decidi dar um jeito nisso e pelo menos tirar essa cara de quem morreu e só esqueceu de cari, tirei a minha roupa, entrei no chuveiro, fiquei ali por algum tempo deixando a água escorrer pelo meu corpo, como quem precisava daquele momento. Precisava relax
ISADORA NARRANDO ~ Atender as minhas chamadas agora estava cada vez mais difícil porque o Carlos estava me perseguindo, a porta do meu quarto estar fechada era motivo de briga ou discussão, ele é completamente louco. Pra ser mais exata, esse cara é um psicopata. Mas já eram 23:00 da noite e ele ainda não tinha voltado, então provavelmente ele não vem pra casa mais hoje, do jeito que é deve estar bêbado e drogado, jogado pela rua ou até mesmo dentro da casa de uma dessas vagabundas que ele costuma transar. Então tranquei a porta, peguei a camisola que comprei da Vanessa, coloquei a outra azul bebê que eu tinha comprado, porque da última vez usei a de brilho, e quem sabe a mesma pessoa ligasse, ia pensar que eu só tinha uma roupa. Dei uma ajeitada nos meus cabelos, passei um batom e liguei o notebook. Dessa vez eu fiquei um pouco surpresa, não demorou e a primeira chamada começou a tocar. Até fiquei um pouco feliz, as coisas estavam realmente encaminhando muito bem. Início
ISADORA NARRANDO. Depois de pagar tudo o que eu tinha comprado, antes de ir embora eu agradeci a Monique por ter me ajudado com as compras e sai da loja. Eu subi pelas escadas rolantes até o salão que ela tinha indicado. Assim que entrei no salão, eu olhei para todos os lados, isso estava tão longe de tudo o que era realidade pra mim. Nunca tinha nem pisado os pés em um salão de beleza, pra quem não tem o que comer dentro de casa, isso tudo aqui é um luxo que sempre foi colocado em último dos últimos lugares. — Isadora: Aonde eu posso encontrar a Andressa? — Eu perguntei para a recepcionista. — Recepcionista: É aquela loira, apoiada no balcão conversando. — Ela disse apontando para uma moça. Eu fui caminhando até essa moça, ela estava de costas pra mim e então eu toquei no ombro dela. — Isadora: Você é a Andressa? — Andressa: Depende de quem me procura. — Isadora: A Monique, da loja aqui em baixo pediu pra mim te procurar. — Andressa: Ahh claro, a Moni, e então