Não havia tido uma das melhores noites de sono, deitada em uma cama de solteiro com um colchão fino.
Não que estivesse reclamando, estava até contente por estar longe da casa da Jô.
Por causa disso, acabei dormindo assistindo o desenho da porca rosa, tendo meu corpo puxado para o lado.
Mesmo de olhos fechados, reconhecia o perfume de Marco, a respiração serena e as batidas ritmadas do coração.
Tudo isso, graças a noite passada. Quando tivemos que dormir quase um em cima do outro.
Sinto seus dedos massageando meu couro cabeludo, causando arrepios por todo meu corpo e formigamento num lugar que não queria acordar.
Ergo um pouco a cabeça, semicerrando os olhos, desejando ter sua boca carnuda na minha.
Tinha a visão do Paraíso bem ali na minha f
Gael continua a me olhar sem esboçar qualquer reação.– Pra entrar pro crime, tem quer ser leal. A lealdade vai acima de qualquer outra coisa – Continuo olhando para ele – Se você entrar nessa caminhada, não pode vacilar não.– Eu quero – digo sem hesitar – Faço qualquer coisa. Qualquer coisa.– Sabe dirigir? – Assinto no mesmo instante – Iria mandar o Rubinho fazer, mas como quer ser útil, vou mandar você – Mantenho meus olhos fixos nele – Vou te dar o endereço e vai trazer essa encomenda pra mim.Pelo jeito que estava falando, me fazia imaginar ser algo pequeno.Ele acaba por desenhar uma espécie de mapa, um caminho que teria que me basear para chegar no meu destino.Não era difícil. S&oac
– O carro já está pronto – diz Badá, um bom tempo depois.Levanto me apoiando na árvore, seguindo ele até os fundos do barracão, aonde terminavam de colocar a parte de plásticos das portas, pelo lado de dentro.– Chegou vazio e vai voltar cheio – comenta, batendo no capô.Aquela então era a encomenda, levar cocaína na lataria do carro.– Seja bem vinda na família – Ele estende a mão novamente. Hesitante, a seguro, soltando quase de imediato – É isso aí. Pode vazar com isso aí.Encaro o carro, caminhando até ele segurando minhas costelas do lado esquerdo.Dirijo por alguns quilômetros, até ouvir um celular tocar no porta– malas. Diminuindo a velocidade, abro o compartimento,
Deitada de costas para Gael, depois de quase uma hora de sexo, não conseguia controlar meus pensamentos que, estavam uma verdadeira confusão na minha cabeça. Misturado com insegurança e ansiedade.– O que aconteceu com a Marcela? – pergunto de repente. Minha voz soando firme e determinada no silêncio do quarto.– Quem falou pra você da Marcela?– Ela sumiu e as coisas dela continuam na Jô. Empatando de eu arrumar minhas roupas nas gavetas – Isto já tinha quase dois meses. Ninguém tomava a iniciativa de tirar aquelas roupas de lá, muito menos eu. Não antes de saber, o que deveria fazer com elas, se deveria jogar no lixo ou esperar ela voltar.– Se o problema for um guarda– roupa, mando comprar um e...– O problema não &eacut
– O que tá pegando? – Ele pergunta segundos mais tarde, ainda apoiando na parede e dentro de mim.Estreito os braços ao redor de seu pescoço, escondendo meu rosto na curvatura de seu pescoço.– Tá precisando de dinheiro? – pergunta novamente.Nego no mesmo instante, balançando a cabeça.– Não.– Então me diz o que tá pegando. A gente resolve, o que quer que seja.Inalo seu perfume, o guardando na memória, com os demais detalhes.– Gosto de você – admito baixo.Ele ri, acariciando meu rosto com as costas da mão.– Também gosto de você.– Não gosta não – digo tirando minhas pernas de em volta de sua cintura. Ele me coloca com cuidado no c
Tiro meus saltos antes de passar por Marco, caminhando em passos determinados até Gael e a mulher se roçando nele.Quando estava perto o suficiente para os dois me notar, jogo a bebida do meu copo na cara dela e seguro em seu cabelo.– Por quê tu não roça em mim?! – grito a puxando para fora dali.– Solta meu cabelo!! – Ela tenha me arranhar com as unhas comprimida, alternando entre tentar me bater.Desfiro dois socos no rosto dela, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim.– Solta ela – A voz de Gael soa em minhas costas.Olho para ele, praticamente o fuzilando com o olhar.– É assim que queria conversar?! Então vamos conversar! – Continuo puxando ela, desferindo um soco de vez em quando.A multidão abaixo do camarote, abre esp
Me mexo na cama ao ouvir o celular de Gael tocar.Ele se mexe um pouco, mantendo o nariz em meu cabelo, permitindo que sentisse sua ereção roçando em minha bunda.O celular continua tocando. Abro os olhos pegando o celular do lado da cama, vendo o nome de Rubinho estampado na tela.– Gael – chamo rouca – É o Rubinho.Gael suspira, pegando o celular da minha mão.– Fala – Ele faz uma breve pausa, franzindo o cenho em seguida – Como assim, a mercadoria foi roubada?! – Ele sai da cama, apenas vestido na cueca box, saindo do quarto.Substituo a camisa dele por minha roupa do dia anterior, indo ao seu encontro na sala.– Quero o nome desse rato até o final do dia! Tá me ouvindo? Não quero nem saber o que vai fazer pra descobrir. Quero ele
A vida era cheia de reviravoltas. Antes não acreditava muito em karma e até ria das pessoas que estavam sendo castigadas pela vida.Só não achava que a vida iria começar a fuder comigo e que me faria ser punida pelas minhas decisões.Poderia manter minhas decisões sem que Marco soubesse e sem interferir no que havia entre nós. Mas não.Ele tinha que ser amigo de Gael. A mercadoria de Gael tinha que ser roubada, para que Gael pedisse droga emprestado e eu acabasse de entrar de gaiata por estar querendo ter mais dinheiro e vencer na vida.Enfim, o mundo não dava voltas. Ele capotava.Não precisei de “mapa”.No porta– luvas do carro, estava a arma cromada de Gael.Havia tido tempo de voltar atrás, alegar qualquer coisa, mais não, en
Não conseguia me mexer e nem pronunciar nenhuma palavra.A impressão que tinha, era que havia esquecido de como fazer isso. Coisas básicas que estava sempre fazendo.Ainda parada na frente de Marco, não aceitava o que havia me dito. Ele não podia fazer isso comigo. Com a gente.– Se quiser que eu ponha você pra fora. Eu ponho – diz ríspido, trazendo novamente a vontade de dar um tiro em sua cara.Ergo o olhar, voltando a sustentar seus olhos.– Vim buscar a droga – digo por fim, pegando a arma.– Ele mandou você? – pergunta quase que abismado – Pelo jeito, confia mesmo em você – Ele pega o rádio no bolso bruscamente.– Por quê não confiaria?– Tu tá cheia de marra – diz tencionan