Heloísa Moura Os dias têm sido confusos. Às vezes, eu acordo no meio da noite, sem saber por que estou tão tensa, mas ao olhar para o lado, vejo Vittorio ao meu lado e tudo parece um pouco mais claro. Ele está ali, presente, e de certa forma, isso me dá segurança. Mas também sinto o peso das minhas escolhas, o medo do que o futuro nos reserva. Eu sempre fui alguém que procurou estabilidade, mas, agora, tudo parece incerto, até mesmo a minha relação com ele. Morar com Vittorio tem sido uma experiência em constante aprendizado. Ele tem sido atencioso, mas também muito intenso. Às vezes, sinto que ele não percebe que eu estou tentando me reconstruir aos poucos, depois de tudo o que aconteceu. Não é fácil passar por tudo o que passei e, de repente, me ver inserida em um novo cenário, em uma nova rotina que não envolve mais meu pai, minha casa, minha vida antes disso tudo. É difícil não pensar em meu pai. Ele foi o primeiro a me proteger, o primeiro a me cuidar de todas as formas. M
Vittorio Bianchi Sei que a Heloísa está sofrendo, quero que ela seja feliz, e por ela tomei uma decisão, talvez seja a última coisa que tente fazer, mas por ela vale a pena. Vou para a cozinha e encontro a Marta, ela foi minha governanta enquanto morei aqui e quando fui para Itália, a deixei responsável pelo apartamento. — Olá menino, quando vou poder ver sua esposa?— sorrio, ao escutar a Marta falar assim “sua esposa” — Logo, Martinha, só que você já a conhece muito bem. Ela precisa de repouso, pois nossa prioridade é nosso filho, vou resolver um problema e logo estarei em casa, mas caso a Heloísa acorde, prepare algo para ela. — Meu Deus menino, a menina Helô não dá descanso né? Mal soube que o senhor voltou já está fugindo para cá. — fala em tom de brincadeira. — Martinha, a Helô, não vai mais embora. Dessa vez ela veio para ficar, pois é ela a minha mulher, a mãe do meu filho. — Menino, seu Hugo deve ter infartado com essa situação. — Marta, ele não enfartou, mas
Heloísa Moura Faz um mês que estou morando com o Vittorio, para tudo ficar perfeito só falta meu pai aceitar e voltar a conversar comigo e com o Vittorio, minha mãe sempre me liga, mesmo que nunca tenha vindo até aqui me visitar ela tem seu jeito de me manter por perto. A Marta tem me ajudado bastante, e não me deixa sair da cama, sei que foram ordens médicas, mas já estou entediada sem fazer nada. O Vittorio está ocupado por conta do Passione, o espumante é um sucesso e está sendo premiado em vários lugares depois de muita insistência minha ele aceitou ajuda do Augustus, que tomou a frente e está viajando pelo mundo divulgando o espumante enquanto o Vittorio tem uma família para cuidar. Hoje na consulta, meu bebê resolveu mostrar o sexo, estou bem animada o Vittorio não sabe ainda pois estava no escritório quando a médica veio me vê. Com ajuda da Marta, montei uma linda surpresa para o Vittorio. — Oi, meu amor, como está? — ele pergunta assim que entra em nosso quarto.
Ava Moura Eu ainda estava processando a notícia maravilhosa que Heloísa e Vittorio me deram ontem. Meu coração transbordava de alegria: eu seria avó de um menino! Um menino! Um neto para mim, para nós. Passei a manhã toda imaginando como seria segurá-lo nos braços pela primeira vez, vê-lo crescer, aprender a falar, a andar… Ele seria tão amado. Mas, apesar da felicidade, um peso ainda pressionava meu peito. Hugo. Ele continuava irredutível, recusando-se a sequer mencionar o nome de Heloísa ou de Vittorio sem que a raiva tomasse conta dele. E isso estava me matando. Quando ele chegou para o café da manhã, sentei-me à mesa e decidi que precisava tentar de novo. — Você dormiu bem? — perguntei, tentando começar a conversa de forma leve. — O suficiente. — Ele respondeu sem me encarar, folheando o jornal como se aquilo fosse mais importante do que sua própria filha. Suspirei, sentindo a paciência se esgotar. — Hugo, por quanto tempo mais você vai continuar agindo assim? Ele não re
Vittorio Bianchi Continuo processando tudo. Um menino. Meu filho. Cada vez que repito isso na minha mente, sinto meu peito se encher de um orgulho que nunca experimentei antes. Desde que Heloísa me contou, tudo parece mais real. Não é mais só uma ideia ou um sonho distante. Ele está ali, crescendo dentro dela, e eu mal posso esperar para segurá-lo em meus braços. Enquanto terminamos o jantar, Heloísa segura minha mão e me encara com aquele olhar carinhoso que só ela tem. — Acho que a gente devia contar para minha mãe — ela sugere. Assinto imediatamente. Ava pode não ter demonstrado apoio total, mas pelo menos não virou as costas para a filha como Hugo fez. — Claro, amor. Liga para ela. Heloísa pega o celular e, depois de alguns toques, Ava atende. Pelo tom da voz dela, parece surpresa por estar recebendo uma ligação a essa hora. — Filha, está tudo bem? — a preocupação em sua voz é instantânea. — Está, mãe, está tudo ótimo. Eu só queria te contar uma coisa muito especial… — Hel
Hugo MouraO dia parecia se arrastar enquanto eu tentava focar no trabalho. Me tranquei na minha sala na empresa, tentando me ocupar com relatórios, reuniões e qualquer coisa que me mantivesse longe dos pensamentos que me atormentavam desde a conversa com Ava.Mas a verdade era que nada conseguia afastar aquela voz insistente na minha cabeça. O neto que eu ainda nem conhecia já tinha se tornado uma presença constante nos meus pensamentos.Soltei um suspiro pesado e apertei as têmporas, sentindo a tensão latejar. Peguei uma caneta e comecei a rabiscar distraidamente uma folha em branco quando o telefone fixo da minha mesa tocou, arrancando-me do torpor. Franzi o cenho. Ninguém me ligava diretamente ali a menos que fosse algo realmente importante.— Hugo Moura — atendi, tentando manter a voz firme.Do outro lado, uma voz masculina carregada de um sotaque italiano preencheu o silêncio.— Signore Moura, perdoe-me, mas como não obtive resposta do Signore Vittorio sobre a venda da proprieda
Liliane Ribeiro Os dias aqui na mansão do Vittorio está sendo cada dia mais entediante, essa barriga não para de crescer e o idiota do Vittorio desde que me mudei não dá as caras. Meu medo é que ele vá atrás da vadiazinha. Seguro o celular com força, sentindo o ódio dentro de mim. Seis meses. Seis meses malditos sem nenhuma notícia do Vittorio. Desde que pisei nessa mansão, ele ficou isolado, como se eu fosse um fardo que ele não quer carregar. — Até que enfim você atende, Liliane — a voz de Arthur Bernard tão impaciente do outro lado da linha. Reviro os olhos e me jogo no sofá. — O que você quer? — Quero saber o que você fez de útil. Mas, pelo visto, nada. Você é uma completa inútil! Não conseguiu nem enganar o idiota do Vittorio para assumir esse bastardo que você carrega na barriga. Minha mandíbula trabalha. Se não dependesse desse maldito, ele já estaria morto. — Eu não tenho notícias do Vittorio há seis meses. Se quiser informações, procure outro capacho. E essa c
Augustus Bernard Sempre soube que meu destino estava traçado dentro da família Bernard. Meu pai, Arthur, queria que eu seguisse seus passos, controlando os negócios, mantendo a reputação impecável da família e, principalmente, obedecendo às suas ordens sem questionar. Mas ele nunca soube quem eu realmente era. Nunca soube do peso que carreguei durante anos, amando alguém que, aos olhos da nossa família, nunca poderia ser minha. Marina Bernard. Minha prima. Minha melhor amiga. Meu primeiro e único amor. Fomos criados juntos, como irmãos. Crescemos compartilhando segredos, medos e sonhos. Mas, em algum momento, esse amor inocente se transformou em algo mais profundo, algo que nos consumia por dentro. E quando minha família descobriu, foi como se o inferno tivesse se instaurado."Isso é errado!""Vocês são sangue do mesmo sangue!""Você vai destruir a família com essa loucura!" Essas foram algumas das palavras que ouvi, sempre carregadas de desprezo e nojo. Fui afastado dela, env