Não sei se posso suportar.
Dói. Dói tanto. Que chega a tirá o meu fôlego.
Por que comigo?
Eu não sei como cheguei em casa sem causar um acidente, ou machucar alguém no processo. Só sei que as lágrimas escorreram pelo o meu rosto, e não pararam, só aumentaram a intensidade.
Só quero deitar na minha cama, e dormir e descobri quando acorda, que tudo isso foi um sonho. Ou uma alucinação, e tudo que aconteceu na última hora, não passa de um delírio da minha mente, por está com fome.
Não sei ao certo quanto tempo fico chorando no chão da minha sala de estar, mas sou despertada do meu sofrimento, quando alguém está batendo forte na porta, e eu me movo até ela.
– Ella. Estou escutando seu choro desde da rua, sua tristeza é muito grande, amiga – Isis fala, e eu abraço, e choro ainda mais.
– A casa... Ela foi vendida... – eu digo entre soluços, mas não consigo contar tudo, dói demais. Fala em voz alta o faz fica mais real, e não quero o real nesse momento.
– Ohh... amiga – ela diz me levando para dentro e juntas sentamos no sofá.
– Uma família, que não é a minha – eu resmunguei sentindo ainda mais ruim, ao imaginar, ele com sua família, vivendo feliz naquela casa. Na casa que imaginei viver com a minha família.
– Ella... Não sei o que dizer – ela fala, e eu concordo. Não tem como dizer nada nesse momento. Nada vai me confortar, e ela não sabe nem da metade.
– Eu sei... É uma porcaria – eu falei rindo ou forçando um sorriso, está mais para a segunda opção. Com certeza é a segunda opção.
– Você precisa de vinho – Isis fala e concordo.
– A essa hora da manhã? Nem é meio-dia, se é assim, pega algo mais forte – eu falo apontando para o armário onde fica as bebidas.
– Vodka! Não posso beber com você. Tenho trabalho ainda pela a tarde, só conseguir a manhã de folga, e tudo está uma loucura com os fins das aulas chegando. – ela comenta vindo com a garrafa na minha direção, e eu pego quando ela me entrega, e tomo um gole. – Você vai ficar bem?
– Sim – um dia ou nunca. Mas isso não posso dizer, simplesmente não consigo. Não gosto de preocupar a minha família. Não quero, não é de meu feitio. Mas eles vão saber.
– Volto a noite – ela diz e eu concordo.
Eu fico na sala por horas, ou minutos, mas só sei dizer que é o tempo de beber toda a vodka. E fui em direção ao meu quarto e caí na cama. No mundo dos sonhos.
Eu corro em direção a minha casa.
A casa que sempre quis, e agora ela é minha. Finalmente.
Eu sorri quando peguei o chaveiro, e subo as três escadas, e estou a centímetros de colocar a chave na fechadura, quando a porta se abre, e eu o vejo.
Ele está de pé sorrindo para mim, e quando menos espero, ele me beija até me deixa sem fôlego. E eu me sinto feliz, a mulher mais feliz do mundo, ele me puxa para dentro da casa, e aponta para o carrinho de bebê, e meu coração aquece, e eu vejo uma linda menina, com os cabelos pretos e olhos iguais do pai. Eu a pego, e ela borbulha em outra língua.
Ele vem atrás de mim, e eu sorri por está em seus braços, e então ele me guiar em direção a um espelho que apareça na sala do nada. E isso me faz dar um passo para trás, sinto que não é algo bom. Mas ele me empurra na direção do espelho.
Eu não tenho escolha, ele não me dá escolha, sou forçada a olhar no meu reflexo. E quando enfim, eu vejo, eu me encolho.
Não sou eu que estou ali. Não é a minha feição, o rosto que vejo todos os dias no espelho, quando acordo e me arrumo no banheiro. Não, é outra pessoa.
É uma mulher alta, que não sente dificuldade em olhar para ele nos olhos, é uma mulher magra, com grandes cabelos pretos, que chega à cintura. E seus olhos são escuros como a noite, e nele eu vejo tudo que ela está roubando de mim.
Não. Não. Não.
– Eu te amo. Minha esposa. Não existe ninguém mais perfeito para mim nesse mundo do que você – ele diz contra meu ouvido. Que dizer em seu ouvido. E eu fecho os olhos. Não posso ver, não quero escutar.
Mas quando o silêncio é demais para mim me faz abrir os olhos, e eu grito quando o vejo a beijando, e a empurrando para o sofá de couro, e eu percebo que estou presa no espelho e não posso fazer nada de onde estou. Estou presa.
Não. Não.
– Não – eu grito. E minha loba grita em angústia. Não posso. E tudo que posso fazer é chorar.
Não sei se vou conseguir viver assim. Os lobos ficam loucos quando seus companheiros são negados. Não sei o que fazer. E não sei se tem algo para ser feito.
O tempo está correndo, já começou a contagem.
Engoli em seco, quando vejo o quarto escuro, mas minha loba me ajuda a ver melhor, então saiu do quarto, e em cima da mesinha da sala tem um bilhete, e uma bandeja com pão, bolacha, e frutas.
Vim aqui, usei a chave que você me deu, mas você estava dormindo, resolvi não lhe incomoda, mas você precisa comer. Sei que tudo parece ruim agora, mas momentos felizes estão por vir.
Maria Isis, sua prima amada.
Eu consigo sorrir um pouco com a preocupação da minha prima, e minha melhor amiga, mas não dura muito. Não tenho motivo para sorrir nesse momento, ainda não. Não sei se um dia vou chegar lá, mas tentarei pela a minha família. Pelo o tempo que tenho.
O meu celular toca, e eu suspiro quando vejo o nome do meu pai novamente na tela, toda a minha família sabe que hoje é um dia especial para mim, e essa demora em falar com eles, deve está os preocupando.
– Oi, pai. – eu falo ao atender.
– Filha, estava começando a ficar preocupado, você sumiu o dia inteiro. – ele diz.
– A casa foi comprada… – eu começo a dizer e escuto o grito de felicidade da minha mãe, e me dói continuar, mas me forço a terminar. – Mas... Não foi por mim. Outra pessoa chegou antes.
– Ah, Não. Filha.... Rebeca. Calma. Ok. Fala com ela, mulher. – meu pai resmunga e eu sorri. Eles sempre brigam pelo celular.
– Eu posso ajudar a matá-lo. Lobas são boas em enterra. – Mamãe diz e eu sinto ainda mais vontade de chorar, mas ao mesmo tempo protegida.
– Não precisa, mas mesmo assim obrigada – eu digo limpando meu nariz com as costas da mão.
–Você quer uma noite das meninas. Eu e suas irmãs estariam aí em um pequeno pulo. – ela diz.
– Não precisa. Estou bem. Vou superar – eu falo. E eu sei que estou mentindo. E muito.
– Ok. Mas a opção de matá-lo ainda está de pé – ela diz e eu sorri. Minha mãe sempre foi capaz de me tirar um sorriso, nos melhores e piores momentos.
– Chegar dessas ideias que podem levar vocês a cometer um crime – papai fala e eu sinto que ele está sorrindo. Ele sempre está sorrindo quando mamãe fala ou faz louco. Nada é tão mais encantador que a sua fadinha. – Você vai ficar bem, minha princesinha?
– Sim, papai. Uma Evans sempre fica bem – eu falo o mantra da nossa família. Meu pai é um Evans em todo sentido da palavra, ele aceitou o nome da família da minha mãe, e não fez minha mãe mudar para o dele. Para ele sua família sempre vai ser o Evans.
– Isso mesmo. Boa noite. Te amo. – ele diz antes de desligar, e eu digo de volta para sua mente.
Eu olho para a bandeja de comida que Isis deixou e me obrigo a comer, mesmo sentindo o gosto amargo na boca. E não vem só da bebida alcoólica. O álcool não tem todo esse poder, pelo menos não nos lobos, não ficamos bêbados é uma desvantagem para mim nesse momento.
Vamos ficar bem. Eu digo para minha loba.
Sim, quando tivemos com nosso companheiro. Ela diz mostrando os dentes na minha direção.
É parecer que nós duas estamos agindo fora do normal hoje. Também pudera, o dia que devia ser o melhor das nossas vidas, se transformou no pior.
É uma merda, das grandes.
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Duas semanas!
Duas semanas que evito meu companheiro, como ele estivesse com uma braga. Duas malditas semanas que estão me matando, mas eu estou evitando demonstrar esse sentimento a minha família.
Ainda não. Não estou pronta para falar sobre isso. Talvez esse dia nunca aconteça.
Minha loba está me deixando louca, está lutando muito para me fazer ir até ele, mas eu sou mais forte quando tenho um objetivo, e no momento é ficar longe dele, mesmo que me doa.
Não tenho vida. Tudo era para a escola, para casa, e nada mais, mas agora estou de férias e fico mais tempo em casa do que fora. Melhor assim.
Mas olho para minha bolsa, e xingo quando vejo que preciso de absorventes, eu sempre esqueço de compra. Sempre corro às pressas ao mercado ou peço a Isis. Mas no momento tenho que ir ao supermercado. Isis não está em casa, ela está em fuga da polícia com seu companheiro.
Sim. Melhor amiga, encontra o amor com duas semanas de diferença. Ela está sendo feliz, e eu não, mas eu estou feliz por ela.
Meio dia.
Ninguém vai ao supermercado ao meio dia, muito menos um pai de família. Então, sem pensar muito, pego minhas chaves e bolsa, e vou ao supermercado do bairro.
Que pertencer ao meu tio Jack. Ele abriu uma franquia de supermercados na cidade é um império. Ele ama investir em comida.
E como imaginei não tem ninguém no mercado, além de mim e o caixa. Então corro para a sensação onde posso encontrar o que necessito.
E estou tão concentrada no que faço, que quando eu viro, não percebo que alguém está atrás de mim, e eu acabo esbarrando no meu companheiro.
EllaSua manipuladora! Eu brigo com a minha loba. Ela bloqueou o meu olfato.Só usei minhas armas! Minha loba recruta irritada, e eu também estou irritada com ela.Eu viro o encaro, e ele está me olhando com um olhar curioso, e seu sorriso quase me faz suspirar como uma bobona.– Desculpa – eu digo pegando meu absorvente, sem me preocupar com o que ele pode está pensando. As mulheres usam.– Tudo bem, estava tão distraído quanto você – JamesEu acordo com um sobressalto, e quando solto o suspiro cansado tento voltar a dormir, não vou muito longe nesse processo, pois a Tiana, começou a chorar. E odeio escutar seu choro. Corta meu coração, toda vez que a escuto chora.Saiu do meu quarto, e entrei no seu, que fica ao lado do meu. Não quero que ela fique muito longe. As coisas são mais fáceis assim.Eu a encontro deitada com os grandes olhos azuis presos nos meus, é igual a sua mãe. E, me dói um pouco ao pensar que ela nunca vai conhecê-la, mas vou cuidar dela, e amá-la e quando enfim ela entender as coisas, explicarei o que aconteceu. Mesmo odiando isso.Ela chegou de surpresa, eu não sabia de Capítulo 4
EllaA contagem regressiva está na minha cabeça. Tenho três dias, só isso. E só de pensar na minha burrice me deixa irritada. Mas não vou perder tempo.Tenho que seduzi-lo, o problema é que não sei como faço isso. Não posso simplesmente me jogar em cima dele. Mesmo querendo fazer justamente isso.Eu olho Tiana que acabou dormindo depois de comer, e eu olho para James, e vejo que ele está tirando o lixo. Eu sigo em direção da escada, e procuro o quarto dela, e fico feliz que é o segundo da direita.É completamente lindo, e a cara dessa princesinha. Ele tem as quatro paredes pintadas de rosa clarinho, mas a que está perto do berço, tem nuvens brancas pintadas sobre o rosa.
EllaEu corro em direção da janela, e olho para o lobo que está lá fora. Seu pelo é escuro como a noite, mas eu seguro um rosnando por ele está próximo demais de quem eu amo. Quero me transformar e tirá-lo de perto da minha casa.Eu o observo. E vejo que ele está insistindo e uiva para o lado da minha casa ou quase casa, ele está tentando cavar, sem esperar mais nada, eu passo por James que está com os olhos arregalados e Tiana chora em seu colo.Eu corro para a porta quando desço o último degrau da escada, e sem me preocupar com o frio ou com alguém que possa me ver de toalha, mesmo sabendo que isso é no mínimo incomum, já que a casa é distante da cidade, perto da floresta. EllaCoragem. Coragem. Tenha coragem James. É isso que estou pensando.E ele tem coragem, porque ele se inclina contra mim, e seus lábios descem para os meus, e quando enfim o beijo acontecer, sinto que tudo se encaixa.Eu levo meus braços em volta do seu pescoço, e ele trás uma de suas mãos para minha nuca, onde me inclina para trás, e me beija ainda mais. Tudo se transforma, e eu sei que não posso mais estar longe dele.– Acho que vou ter que me demitir – eu falo contra seus lábios, ainda recuperando o fôlego.–Não vou ter dá essa escolha. – ele diz passando o polegar pelos os meus l&aacCapítulo 7
EllaJames me olhar por alguns segundos antes de ir em direção a porta, e eu suspiro, voltando minha atenção para sua menina que ainda dorme, mas eu sinto uma forte necessidade de tê-la em meus braços, mas me controlo, pois ela está dormindo, e ninguém no mundo devia incomodá um bebê dormindo.Minha atenção vai até a porta quando vejo a mesma mulher do supermercado lá, e eu estou começando a achar que ela é uma perseguidora. Meu olhar sai dela e vai para James, onde vejo seu rosto ficar sério, e ele não parece nada feliz.Isso me faz me mover até ele, e fico atrás dele com uma mão em suas costas, que está tensa, ele conhece essa pessoa, e algo dentro de mim alerta do perigo.<
EllaNão sei ao certo o que me acorda, mas eu desperto com uma sensação de que algo está acontecendo, e quando dou conta, percebo que estou no corredor e logo depois que estou na minha forma loba.Não.Eu tento voltar ao quarto, mas minha loba me controla pela primeira vez. Eu sempre tive ela no controle, na verdade ela nunca foi difícil de dominar, pois era dócil e nós sempre queríamos a mesma coisa. Diferente da relação da minha prima Isis que tem com sua loba, elas não se dão bem.Mas agora entendo o que ela falava, como é difícil pegar o controle de volta da sua loba quando ela nos pegava de surpresa, sendo sorrateir
EllaEu acordo com um enorme sorriso no rosto quando me lembro dos acontecimentos da noite passada, mas ele morre quando não vejo ninguém ao meu lado na cama, e não é dia, na verdade, ainda é noite e a neve cai forte lá fora.Eu me olho, vejo que estou com uma camiseta que James me emprestou, e não estou nua, como devia estar se tudo que sonhei fosse verdade.Eu me levantei e saí do quarto e entro no quarto de Tiana, onde ela dorme pacificamente, então saiu do seu quarto e vou até onde seu pai está dormindo, ele me cedeu seu quarto, por achar mais aconchegante para mim.Eu o olho na cama dormindo, e isso me puxa para a realidade, tudo aquilo foi um sonho. Um sonho que eu queria muito que fosse real.