Capítulo 5

Ella

A contagem regressiva está na minha cabeça. Tenho três dias, só isso. E só de pensar na minha burrice me deixa irritada. Mas não vou perder tempo.

Tenho que seduzi-lo, o problema é que não sei como faço isso. Não posso simplesmente me jogar em cima dele. Mesmo querendo fazer justamente isso.

Eu olho Tiana que acabou dormindo depois de comer, e eu olho para James, e vejo que ele está tirando o lixo. Eu sigo em direção da escada, e procuro o quarto dela, e fico feliz que é o segundo da direita.

É completamente lindo, e a cara dessa princesinha. Ele tem as quatro paredes pintadas de rosa clarinho, mas a que está perto do berço, tem nuvens brancas pintadas sobre o rosa.

Eu beijo sua testa, e suspirei feliz quando sinto seu cheirinho de bebê. Ela deve ter quatro meses, mas ainda é tão pequena. Quero alimentar ela até crescer.

– Tiana. Você me apoia com seu pai? – eu pergunto tocando sua bochecha. E ela suspira, e eu aceito isso como um sim. – Espero que você me aceite também.

Eu viro quando escuto os passos pesados  de James, ele está correndo na direção do quarto de sua filha, e eu acabo ficando preocupada, e vou ao seu encontro e seu corpo forte se choca contra o meu. E o impacto me leva ao chão.

–Ai. – eu gemo. E olho para ele, que está com os olhos arregalados quando olha para mim. – O que foi que aconteceu?

– Sinto muito – ele se pôs logo a se desculpar, e se inclinar contra mim, e me ajuda a levantar, ele parece estar envergando. – Eu esqueci que você estava aqui, e quando não vi minha bebê, eu entrei em pânico.

– Ok. É compreensível – eu falo tirando o cabelo do meu rosto.

– Você se machucou? – ele pergunta tocando o meu ombro.

– Não. Só me assustei. Estou bem – eu falo querendo aliviar a preocupação que está em seu rosto.

– Sou um desastre. Entendo se você quiser sair. – Ele fala passando a mão pelos cabelos, enquanto desvia o olhar do meu, mas o sentimento que vejo lá não me passa despercebido. Ele está receoso.

– Não preciso. Você não foi a primeira pessoa a me derrubar. – eu digo para aliviar o clima.

– Alguém te machucou? – sua voz é fria, como o seu olhar.

– Não. Eu trabalho com crianças. Sou professora da pré-escola, e crianças às vezes são animadas – eu falo tocando no seu peito, e eu sinto a batida do seu coração contra a minha mão.

– Entendo. Me sinto péssimo. – ele diz colocando a mão sobre a minha.

– Não tem problema. Se você insistir com isso, vou ter que arrumar um jeito de calá-lo – eu ameacei, e eu quase deixo um rosnando escapar, porque pensei nos seus lábios contra os meus para isso. 

– Estou quase ficando tentado a descobrir... – ele diz, mas para quando seu celular começa a tocar e quebra o clima. – Já volto.

Eu volto para dentro do quarto de sua filha, e a olho pela última vez, e vou atrás dele, estou quase fazendo isso, quando o seu cheiro me chama atenção, e eu acabo entrando em seu quarto.

E é impossível segurar o gemido, e eu acabo indo até sua cama e me arrasto para deitar nela, e puxo seu travesseiro contra meu nariz, e eu rosno, ao sentir que preciso dele. Saiu do seu quarto com relutância, e desci as escadas, e vejo ele andando de um lado para outro na sala.

Sem querer interromper, já que ele está em uma ligação de trabalho, entrei  na cozinha, e comecei a abrir os armários. E fico um pouco chocada em encontrar só leite, dezenas de latas de leite.

– Todo esse leite é só para Tiana? – eu perguntei, e escuto ele vindo até mim, e quando viro para ver seu rosto ele concorda. – E seu jantar, almoço e café da manhã, é leite em pó?

– O quê? Não – ele responde, confuso no início, mas depois segura um sorriso.

– Você precisa ir ao mercado urgente. Sua filha vai ficar bem, mas será horrível ver seu pai morrer de fome. Por que leite é ideal só para bebês. – eu resmungo.

– Eu peço comida – ele diz, e eu posso escutar o divertimento em sua voz.

– Mesmo assim não é bom. Não tem dinheiro que dure no bolso, pedindo comida para sempre – eu resmungo. E vejo agora um largo sorriso em seu rosto. Ele está encostando no balcão.

O que amo sobre essa cozinha, é que ela tem uma divisão com a sala, mas dá para dançar tango sem se preocupar em bater nos móveis. O piso de madeira, e as paredes imitando pedra, mas só a lareira é feita de pedra. Tudo tão rústico e lindo. 

– Dinheiro não é o problema. – ele fala, com nenhuma preocupação. Bom, ele deve ter uma conta bancária boa, para se mudar para outra cidade, e comprar uma casa, mas mesmo assim, tudo nessa vida acaba.

– Então você é rico, mas você ainda precisa de comida nessa casa – eu volto para a mesma tecla que estava comentando. Eu sou como um cachorro com osso. Não largo de forma alguma.

– Não sou rico Ella, você não faz ideia de quem eu sou – ele diz segurando um sorriso e seu olhar parecer feliz.

– Não. Parecer que não. Quem é você James Rodríguez? – eu recrutei cruzando meus braços sob o peito.

– Eu sou, melhor, eu era o dono da maior empresa alimentícia dos Estados Unidos e do Canadá. Grande parte das herança deixadas pelos meus pais e outra eu mesmo ganhei. Vendi tudo quando Tiana apareceu na minha vida, eu precisava de uma nova vida. Uma vida que eu fosse feliz. Não sou simplesmente rico Ella, sou milionário. Não conseguiria gastar tudo que tenho nem se quisesse – ele diz, e eu arregalei os olhos. Lembro vagamente de um colega de trabalho falando que uma grande empresa foi vendida, e gerou bilhões.

– Caralho – eu xingo em português, o palavrão que a tia Hannah me ensinou. Ela é a esposa do meu tio Luca. 

– Sim. Não tenho problema com dinheiro.

– Eu vejo. Você é podre de rico. – eu falei. Ainda chocada com a descoberta.

– É um problema para você? – ele diz, como se não importasse com minha reação, mas sei que ele está escondido.

– Não. Pelo menos, meu salário está garantido. – eu digo. E ele acaba dando uma gargalhada. E eu amo o som, é gostoso, e eu quero que isso aconteça mais vezes.

– Vou lhe garantir que com o valor, você pode comprar a casa dos seus sonhos. – ele fala brincando.

– Infelizmente, nenhum valor que você possa me dar, vai fazer que eu tenha a casa dos meus sonhos. – eu resmunguei meio triste. Mesmo ele sendo meu, e sei que vou morar com ele nessa casa, vamos construir nossa família, e vamos dar irmãos e irmãs a Tiana. Ainda me dói, saber que não terei o prazer de comprar essa casa, o dinheiro que trabalhei tanto para ter.

– Por que? – James pergunta, e eu vejo que ele está realmente curioso.

– Alguém comprou ela antes. Mas não quero falar sobre isso. – Eu falo saindo da cozinha e subo as escadas, já que Tiana acordou, e está pronta para gritar por atenção.

– Como você sabia que ela estava acordada? – ele pergunta quando vê ver pega a nossa menina. Isso não tem como eu pensar de outra forma em relação a ela. É uma parte de James, e por esse motivo que já sinto como minha, mas ela podia ser simplesmente adotada, ainda seria de James, no caso minha também.

– A babá eletrônica –  eu digo rapidamente quando a tirei do seu berço, e sinto o cheirinho nada agradável vindo desse minúsculo corpinho.

– Ela está aqui no quarto – ele afirma apontando para cômoda. 

– Só senti – eu resmungo. E a deito no trocador, e começo a limpar a bagunça, fico admirada que um serzinho tão pequeno podia fazer tanta merda.

– Acho ela precisa de um banho – disse ele, parando ao meu lado.

– Tenho que concordar com você – trago ela para os meus braços, e o sigo quando ele indica o banheiro mesmo sabendo onde é, mas antes de chegarmos à porta, ela faz xixi em mim. – Parecer que ela não vai ser a única a tomar banho.

– Oh Deus – ele diz tirando ela dos meus braços, mas não ajudou em nada. O estrago já tinha acontecido. – Nem sei o que dizer.

– Está tudo bem. Isso acontece... – eu tentando confortá-lo o olhando já começando me incomoda com o xixi contra o meu corpo. Não é agradável.

–Você pode tomar banho no meu banheiro. Enquanto eu lavo essa princesa aqui. – ele fala olhando para mim.

–Ok. – eu digo sorrindo. E vou ver ele enchendo uma banheira rosa, que está do lado do box.

Eu entro no seu quarto e mais uma vez seguro o gemido pelo o cheiro do quarto, mas vou até o banheiro, e tiro minhas roupas e vejo que nenhuma delas tem salvação, todas estão sujas.

Entro no box e sorri quando encontro seu sabonete e shampoo e fico feliz de sentir sua fragrância em mim. Mas eu queria mais que isso. Tudo no seu tempo, eu me lembro, e suspiro feliz por ter encontrado.

Não sei ao certo quanto tempo fico, mas o necessário para me sentir limpa novamente, mas não fiquei incomodada com o ocorrido. A aquela menina é um sonho.

Sorrindo eu procuro uma toalha e não encontro, e me xingo por esquecer de pegar. Mas depois meu sorriso fica maior, vou deixar o destino escolher, se ele vai me ver nua agora ou quando enfim estivemos prontos para acasalar. 

Eu saio, procuro uma toalha, e entro em cima de uma cadeira e sinto o seu cheiro, e no momento que coloco em volta do meu corpo, ele entra no quarto, e para repentinamente e me olha, e eu vejo desejo. Luxúria.

– Não encontrei uma toalha. Imagino que essa é sua. – eu falo mordendo o lábio rapidamente e depois solto.

– Sim. Não preciso dela no momento. Mas quando precisar creio que você me dará de volta.– ele fala, e eu tento esconder minha luxúria. Ele também sabe provoca.

– Certamente – eu concordei,  e ele está pronto para dizer algo, mas um uivo de um lobo nos chama atenção.

E eu não reconheço, ele não é da matilha.

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