Capítulo 3

Luiza Ramos

Eu não dormi naquela noite meu pai era tudo para mim ele era minha única família e não queria aceitar que ele tinha partido e só consigo chorar, estou sozinha na casa onde cresce estou deitada na cama do meu pai a dona Maria e a Gabriela estão cuidando de tudo para o velório do meu pai, eu não tinha forças para lutar, mas neste momento vejo uma carta em cima da mesa de cabeceira e vejo que era para mim, eu logo reconheci a letra do meu pai juntei minhas forças para começar a ler:

"Querida achei que você deveria saber, que eu estou com pressa,  

eu tenho que ir para o norte, mas é apenas temporário, 

quando eu olho para você minha menina eu vejo além da sua beleza. Mas agora minha princesa vai me perder, 

não querida eu não quero ir eu não quero partir, mas eu tenho,  

esse tipo de câncer é grave, eu acho que é a hora de eu ir 

Mas meu anjo o céu não é longe, e sei que um dia você vai me visitar, eu não achava que seria assim, eu só queria ter mais um minuto,  

eu não posso deixar meu anjinho sozinho, mas cada respiração está ficando mais difícil, eu não posso ver as lágrimas da minha filha caindo, mas eu sei querida, que você vai ficar bem porque você pode falar comigo a qualquer momento, me desculpe minha menina eu não deveria mentir, mas está ficando pesado, não você não pode vir comigo desta vez, você tem seu próprio destino,   e eu sei que um dia você vai me visitar, agora que eu não tenho mais vida  eu tenho que ver você de  longe. Querida eu achei que você deveria saber que eu estou com pressa eu tenho que ir, mas é temporário."

Ler aquela carta me fez chorar, ele se despediu de mim como sempre fez, eu não sabia que seria assim não queria perde-lo, mas ele também não queria ir, essas horas eu lhe pergunto, o que eu fiz errado para perder todas as pessoas que eu amo, me diz Deus se é loucura se é verdade tanto horror perante o céu, por que pai por que levar ele de mim?

As coisas não pareciam fazer sentido, a casa estava vazia, eu nunca vi a minha casa tão sem vida como naquele momento, parecia não fazer sentido aquele lugar, pelos corredores imagem surgem na cabeça lembro do dia em nos mudamos para esta casa era véspera de natal, era o primeiro Natal sem a minha mãe e estava tão triste:

Lembrança

-Sabe meu anjo eu sei que é difícil para mim também está sendo, mas é temporário, logo todos nós vamos nos encontrar-me abraçando em volta da lareira enquanto eu segurava uma foto da minha mãe.

-Papai por que ela tinha que ir eu não entendo? - falei chorando

-Chegou a hora dela, todos nós temos uma hora, mas você vai crescer e vai viver a sua própria história entendeu você tem a sua vida você vai brilha muito minha menina - ele alisava meus cabelos.

- Papai, será que o papai Noel vai passar aqui em casa? - perguntei - eu acho que ele não sabe que a gente se mudou - meu pai sorriu

- Ele sabe de todas as coisas, agora já para cama mocinha, se não ele pode não vir - o meu pai me pegou no colo e me coloco na cama.

- Eu te amo muito - falei para ele e ele sorriu.

- Eu também te amo minha princesa - ele falou depositando um beijo na minha testa.

Fim da Lembrança

Peguei uma foto nossa e me sentei no sofá da sala.

- Pai por que você não me contou que estava doente? por que você tinha que ser tão forte por nós dois? eu não sei se posso ser forte por mim mesma, minha vida parece estar derretendo, lembra que a gente fazia aqueles bonecos inverno, todo ver que a primavera chegava a gente fica triste porque ele se derretiam, eu não quero nem imaginar não te ter aqui, pai eu me sinto tão sozinha por que não me levaram também? - estava chorando novamente no silêncio, neste momento eu vejo nosso piano lembro-me do dia que ele me deu era um piano que ele tinha achado no lixo a gente o pintou todo de Rosa eu desenho umas flores ele se tornou o melhor presente do mundo, sentei naquele piano e simplesmente deixei as emoções fluírem.

"Você pode chamar minha linha da vida, porque eu desisto eu vou levantar uma bandeira branca desistir, porque eu mal estou respirando, eu não tenho motivos para voltar, eu estou apenas tentando ser real, gostaria de poder ligar o interruptor e deixa tudo, e esse maldito diálogo acabar"

Eu não sei que horas eu acabei adormecendo na banheira, acordei com a Gabi me avisando que chegou a hora, tomei um banho e me vestir, e fomos andando até a igreja do bairro assim que entramos tinha umas pessoas do trabalho dele, os vizinhos. 

A dona Maria não saiu do meu lado as pessoas vinham me abraçava e assim só aumentava a vontade de chorar a dona Maria foi a primeira falar sobre o meu pai não consegui ouvir sinto que alguém sentou ao meu lado e o seu perfume me lembrou o do rapaz do hospital.

Eu estou chorando assim parece mais real, eu realmente perdi o meu pai a pessoa ao meu lado me ofereceu um lenço que aceitei e quando olhei par ele para mesmo do hospital mesmo com a vista embaçada sei que era o mesmo rapaz do hospital, ele me abraça e não sei porque , mas ali é um lugar seguro, e assim ficamos depois que a dona Maria falou foi a vez do amigo do meu pai e com como as pessoas iam se despedindo eu continuava ali manchando a camisa de um cara que eu não conhecia com as minhas lágrimas, mas  estava passando a segurança que eu precisava naquele momento.

A Gabi tocou no meu braço dizendo que era minha vez respirei fundo, não sabia como podia ser difícil sair dos seus braços, caminhei em passos lentos até o meu pai, olhei para ele e naquele caixão ele parecia estar dormindo, respirei fundo antes de falar.

-O que falar do meu pai, eu ainda não acredito que eu o perdi, meu pai foi melhor homem que já conheci, mas eu não consigo me despedir - falo tentando segurar o choro, olho para ele novamente, e as lágrimas escorrem. -Meu pai já sabia que ia morrer, a última vez que eu o vi ele sorriu para mim como sempre e disse filha me abrace como se este fosse o último, se eu soubesse que aquele era o último jamais teria o soltado - falei olhando para ele e quando a minhas pernas perderam as forças, senti braços me puxando e voltei a abraça, aquele homem.

Ele ficou do meu lado o tempo todo, me acompanhou até o cemitério não saiu de perto nenhum segundo toda vez que eu pensava que ia desmoronar ele me puxava para se, e eu não queria que ele saísse de perto, e tão estranho como ele conseguia fazer eu me sentir tão segura ao seu lado, todos foram para casa e me envia ali sozinha com um desconhecido, mas eu não queria deixá-lo ir eu precisava dele.

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