Capítulo 3 Ela não vai mais voltar
Ao ouvir a palavra "morar separados", Natália sentiu um apertou no coração, um pouco amargo, e levemente dolorido.

Depois de casarem, Douglas contava nos dedos as vezes que voltava para Jardim Gardênia, então não fazia diferença estarem morando separados.

- De qualquer forma, restam apenas três meses, acho que não é necessário morarmos juntos. – Ela disse.

Douglas a encarou por alguns segundos e zombou com um sorriso irônico:

- Se é necessário ou não, quem decide sou eu. Hoje, vou pedir ao Leandro para te dar duas horas de folga e você vai voltar com suas malas.

- Eu...

As palavras de recusa de Natália foram interrompidas por uma batida na porta. Leandro estava do lado de fora, lembrando:

- Presidente Rocha, a reunião está prestes a começar.

Douglas prendeu novamente os botões dos punhos de camisa que havia tirado, depois disse:

- Saia.

Natália não se abalou e continuou firme:

- Douglas, eu não vou voltar.

Douglas não deu a mínima, perguntando:

- Quantas vezes você já disse isso antes?

Não era a primeira briga deles, nem a primeira vez que Natália saía de casa, mas depois de um curto período de tempo, ela sempre voltava sozinha.

Agora, Natália sabia que ele não acreditava nela. Ela não queria mais gastar saliva, afinal, com o tempo ele entenderia. Desta vez, ela realmente não voltaria.

Após sair do escritório, Natália foi ao banheiro retocar a maquiagem e notou que o local no queixo em que ele a apertou estava roxo.

Após terminar de retocar a maquiagem, ela se preparava para levar sua carta de demissão ao departamento de pessoal quando alguém a chamou:

- Natália, a impressora está sem tinta. Vá trocar logo, estamos esperando para usá-la.

Ela ouvia esse tipo de ordem todos os dias. Como assistente de vida do Douglas, seu trabalho se resumia em cuidar das necessidades diárias dele. Mas Douglas não a valorizava, delegando tudo para Leandro. Assim, Natália gradualmente se tornou uma espécie de faz-tudo do 36º andar.

- Natália, te mandei trocar a tinta. - Chamou Deise, a secretária que sempre a menosprezava. Ela também foi quem zombou da separação de Natália com o namorado rico. - Mesmo que você esteja se demitindo, ainda precisa ter um pouco de ética profissional, não é? Ainda nem saiu oficialmente!

- Minhas responsabilidades incluem seguir as ordens do Presidente Rocha e cuidar de suas refeições. E então? Agora você está assumindo o papel de dar ordens em nome do Presidente Rocha?

Apesar de ser apenas um cargo de assistente pessoal, ainda assim era um emprego muito disputado.

Essa pessoa à sua frente estava ansiosa para se livrar dela e assumir o seu cargo.

Deise a olhou como se estivesse vendo um ser bizarro:

- Natália, você enlouqueceu hoje? Cuidar das refeições do Presidente Rocha? Quando você o viu comer as refeições que você pediu?

Ao pensar nas refeições que foram jogadas no lixo, Natália sentiu uma pontada no coração.

No segundo seguinte, ela sentiu uma dor no peito. Foi porque Deise jogou os documentos em seus braços e disse com arrogância:

- Imprima vinte cópias antes das duas horas. Assistente Natália, as pessoas precisam ter consciência de si mesma.

Natália franziu a testa. Ao ouvir um barulho atrás dela, ela se virou e viu Douglas e Leandro saindo do escritório. O olhar dele se encontrou com o dela...

O homem curvou o canto dos lábios de forma irônica, deixando claro que ele queria dizer: “Você não consegue nem lidar com essas tarefas simples, como pode ter coragem de mencionar divórcio para mim?”

Natália riu ironicamente e jogou os documentos de volta para Deise, na frente de Douglas.

Deise ainda não havia reagido quando os papéis caíram no chão. Natália se virou e se afastou, sua voz ecoando à distância:

- Secretária Deise, além de ter consciência de si mesma, você também precisa ter ouvidos para ouvir os outros. Não vou trocar a tinta e nem imprimir os documentos. Se você for capaz, vá até Douglas e me denuncie. Ah, e tem mais... Ele gosta de mulheres burras e peitudas, você é burra o suficiente, mas está faltando um pouco no peito.

Afinal, ela estava prestes a sair do emprego, então não tinha medo de ofender as pessoas. Antes de partir, ela ainda poderia falar mal dele por aí. Valia a pena!

O rosto de Douglas ficou instantaneamente sombrio, seus lábios finos se apertaram em um arco descontente.

Mais tarde, Natália foi ao departamento de recursos humanos entregar o pedido de demissão. O gerente de RH deu uma olhada e disse:

- Assistente Natália, pegue esse pedido de demissão de volta. Você é a assistente pessoal do Presidente Rocha, precisa da assinatura e aprovação dele antes que o departamento de RH possa processar.

Natália não aceitou e falou sem rodeios:

- Amanhã eu não vou mais vir. Se vocês vão considerar como falta ou licença, tanto faz.

O gerente de RH ficou atordoado, dizendo:

- Isso é quebra de contrato. Mesmo que você esteja saindo, precisa de um período de pelo menos duas semanas para esclarecer o seu trabalho para a próxima pessoa.

Era realmente necessário esclarecer os deveres para um cargo que consistia em cuidar das refeições diárias daquela pessoa? Esclarecer o que? As coisas que ele não gostava de comer?

Se fosse assim, provavelmente Douglas morreria de fome, porque ela já havia experimentado pedir para ele todos os pratos possíveis.

Natália simplesmente ignorou:

- Então mande Douglas me processar.

Depois de sair do Grupo Rocha, ela recebeu uma ligação de sua melhor amiga, Raquel Valente, a chamando para beber, provavelmente porque viu as notícias de ontem e estava preocupada com ela.

Natália estava um pouco cansada e recusou, voltando para o hotel e dormindo sem sequer jantar.

Em meio ao sono, ela foi acordada pelo som de alguém batendo na porta. Olhou para o relógio, eram 19h50.

Natália se levantou para abrir a porta e viu o gerente do hotel, que sorria e dizia:

- Olá, Srta. Natália. Acontece que há um problema com o seu quarto e precisamos fazer algumas manutenções.

Natália não procurou por problemas e respondeu:

- Então me dê outro quarto.

Dizendo isso, ela se preparou para voltar ao quarto e arrumar suas malas.

Mas o gerente respondeu:

- Desculpe, não temos mais quartos disponíveis. O dinheiro já foi reembolsado em seu cartão, e como foi nossa culpa, também foi pago o valor da penalidade por quebra de contrato.

Natália parou por um momento. Douglas havia ordenado que ela retornasse à mansão antes das oito horas, e o gerente já estava aqui às sete e cinquenta para expulsá-la. Se ela não entendesse a razão por trás disso, seria realmente uma idiota.

- Foi o cachorro do Douglas que deu essa ordem? Eu não concordo em sair!

Ela perdeu o controle por um momento e explodiu em palavrões.

O gerente não se esquivou:

- Srta. Natália, nós somos apenas um pequeno negócio, por favor, não me cause problemas.

Um pequeno negócio que valia mais de catorze milhões?

Mesmo que Natália discordasse de sair, não havia nada que pudesse fazer. O hotel estava determinado e disposto a pagar a penalidade por quebra de contrato. Os trabalhadores que vieram para fazer a manutenção estavam parados na porta, dizendo que havia um problema com a fiação elétrica e que, se não fosse consertado a tempo, poderia causar um incêndio.

No final, Natália saiu do hotel com sua mala, e o carro da família Rocha já estava esperando do lado de fora. O motorista Álvaro a viu saindo e desceu para ajudar com a bagagem, dizendo:

- Senhora, o Presidente Rocha me pediu para vir buscá-la.

Natália se esquivou de sua mão e disse:

- Diga a Douglas que eu não vou voltar.

Dito isso, ela se virou e foi para um hotel nas proximidades.

Álvaro não a impediu, e logo Natália descobriu por que ele não o fez.

O recepcionista de um hotel nas proximidades devolveu seu cartão e disse:

- Desculpe, mas seu cartão acabou de ser bloqueado. Você pode trocar por outro?
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