Assim que a porta se abriu, Eduardo apareceu na entrada vestindo um pijama cinza claro. Maria imediatamente perguntou: - Você não estava dormindo? Viu a mensagem que eu te enviei?- Vi.- Então por que você não respondeu? - Maria reclamou rapidamente, mas sem tempo para discutir, disse apressadamente - Eu acabei de ver quatro carros estacionando lá embaixo, esses carros se parecem muito com os que nos perseguem, e então cerca de uma dúzia de homens parecendo seguranças desceram deles. Você acha que podem ser os assassinos que estão atrás de nós?- São.- Então o que vamos fazer? Eles nos alcançaram tão rápido, e são tantos, e também...- Maria, você não está cansada?Maria ainda não tinha terminado de falar quando Eduardo, franzindo a testa, a interrompeu.Ela ficou surpresa: - Cansada... Sim, estou cansada, mas esses assassinos...- Por que você se preocupa com eles? Eles também são humanos, também precisam se hospedar e dormir, e este apartamento é completamente à prova de invasões
Embora estivesse irritada, ela ainda precisava considerar o quadro geral. Ainda que os assassinos não conseguissem escalar até eles, não se podia garantir que não tentassem arrombar a fechadura durante a noite.Além disso, ela realmente não queria preocupar Eduardo.Afinal, ele teria de dirigir durante o dia.A princípio, ela havia se oferecido para alternar a direção com ele, mas Eduardo não concordou.Eduardo explicou que, como havia assassinos os perseguindo, e que as habilidades de condução dela não eram tão boas quanto as dele, ele temia que, se fossem atacados, ela não teria capacidade de escapar.Maria refletiu sobre isso e concordou, decidindo não insistir mais.Eduardo ainda estava acordado, encostado na cabeceira da cama, mexendo no celular.A luz amarela e suave do abajur iluminava o quarto, conferindo a ela uma atmosfera preguiçosa e relaxada, diferente de sua usual postura séria e distante.Maria, segurando o cobertor, parou na porta por um momento, percebendo o silêncio
Maria puxou a ponta da camisa de Eduardo e sussurrou:- Pergunte a ela como o Pedro está?Eduardo agiu como se não tivesse ouvido, ignorando ela completamente.Mas José ouviu sua voz.- Papai, a tia está aí ao seu lado?Maria imediatamente selou os lábios, em silêncio. Eles estavam deitados na mesma cama, e serem vistos pelas crianças, daquela maneira, seria inapropriado, não seria?Eduardo olhou para Maria, que balançava a cabeça freneticamente para ele.Eduardo sorriu meio sem jeito e disse a José:- Não, ela não está aqui.- Ah, então devo ter ouvido errado. - Disse José, antes de continuar. - Vou ligar para a tia, estou com muitas saudades dela.- Tudo bem.Maria ficou surpresa, ainda tentando processar a situação. De repente, seu celular tocou. Era uma solicitação de vídeo de José.Ela se sentou rapidamente, mas sentiu um calor súbito.Em pânico, se apoiou no colchão, mas acidentalmente aceitou a chamada.Os rostos sorridentes de José e Ana apareceram de repente na tela.Atrás d
Maria permaneceu tensa, relutante em se mover.O homem se aproximou e, não fazendo mais nada, simplesmente ficou ao lado dela.Maria se manteve tensa por um longo período, observando que ele permanecia imóvel e sua respiração era uniforme, até que finalmente ela começou a relaxar.Ele era como uma bola de fogo, encostado às costas dela, provocando a ela um calor intenso, a ponto de seu corpo inteiro começar a se abafar.O aquecimento do quarto não estava elevado.Quando ela havia acabado de entrar, ainda sentia um leve frio.Mas naquele momento, ela só sentia calor.Ela não pôde evitar de se mover ligeiramente para o lado. Porém, já na beirada da cama, se ela se movesse mais um pouco, acabaria caindo no chão.Sempre que ela se movia um pouco, o homem se aproximava imediatamente.Maria ficou sem palavras, e começou a suspeitar que o homem estava fingindo dormir.O ambiente estava tranquilo, e o único som no quarto era a respiração deles.Maria fixou o olhar na cortina, que brilhava vaga
O peito dela subia e descia violentamente, a testa dela estava coberta de suor.Sem se preocupar com mais nada, ela saltou da cama e correu para fora, como louca.O café da manhã tinha acabado de ser entregue. Eduardo estava a descobrir a bandeja quando a viu correndo para fora, naquele momento, ele não pôde deixar de chamar:- Você acordou na hora certa, venha tomar café.Maria, porém, agiu como se não tivesse ouvido aquelas palavras, correndo diretamente para a porta a fim de verificar a fechadura.Eduardo franziu a testa levemente:- Maria, está doente? Por que foi verificar a fechadura tão cedo?Maria ainda estava imersa no pesadelo que acabara de ter.Ela mexeu na fechadura e disse a Eduardo:- Sonhei que assassinos arrombavam a fechadura e que todos invadiram, cada um com uma faca apontada para nós, foi terrível. O pesadelo foi tão real que até me lembro como era a faca do assassino.Eduardo se recostou na cadeira e soltou uma risada fria:- Isso é apenas um medo excessivo. Você
Maria perdeu o apetite pelo café da manhã e falou com seriedade para Eduardo:- Eu acho que, se forjássemos juntos nossas mortes, eles acreditariam mais.Eduardo riu com desdém:- Você tem certeza de que consegue atuar bem nessa morte fingida? Tenho medo de que você morra de verdade. - O homem olhou para ela com um tom leve. - Você não é tão habilidosa quanto eu; se ficarmos juntos, você só vai me atrapalhar.Ao ouvir isso, Maria ficou sem palavras.Ela apertou o pão que tinha nas mãos, sentindo uma inquietação intensa.Eduardo deu uma olhada para ela e disse:- Coma logo, depois eu te levo para a estação. Se eu não estiver enganado, assim que sairmos do hotel, aquelas pessoas vão nos seguir. A estação é movimentada; vou aproveitar a multidão para te deixar lá, muito provavelmente eles não irão perceber.Maria colocou o pão de volta na mesa e disse para ele:- Você me disse para te esperar em Alma Verde, mas você precisa me dizer um tempo específico. Eu não posso te esperar para sempre
Maria observava o perfil tenso dele, sem saber como responder àquela pergunta.Ela sentia que, naquele momento de tensão e crise, não era o momento adequado para discutir tal questão.Ela não respondeu, e o homem também não insistiu.O carro logo chegou a um cruzamento com semáforo.Quando o semáforo estava amarelo, prestes a virar para vermelho, Eduardo acelerou bruscamente e passou direto.Maria sabia que ele queria se livrar brevemente daqueles quatro carros, para que ela pudesse descer na estação de ônibus sem ser notada.À medida que se aproximavam da estação, Maria ainda não tinha respondido à pergunta, e o humor dela ficava cada vez mais perturbado.Ela puxava o zíper da mochila repetidamente, como se isso pudesse aliviar a ansiedade e o desconforto.Havia muitas pessoas na estação, e assim que passaram pelo cruzamento, Eduardo parou o carro em um beco na entrada da estação.Era um local especialmente movimentado, e também um ponto de entrada para os ônibus de vários vilarejos.
Contudo, para a decepção dela, a mensagem recebida não se passava de um spam.Ela observou a caixa de diálogo com Eduardo por um instante, onde somente a mensagem que enviara se fazia presente, seguida por um vasto vazio.Suspirando sutilmente, ela voltou seu olhar para a janela.Após aguardar mais de dez minutos no ônibus, algumas pessoas começaram a embarcar.Maria colocou sua máscara e apanhou seus fones de ouvido para escutar uma música.Às dez horas, o ônibus finalmente iniciou sua viagem, já quase lotado.Sentado à frente dela se encontrava um casal jovem.A moça se aconchegava carinhosamente no ombro do rapaz, numa cena de paz e serenidade.Tal visão fez Maria se recordar, involuntariamente, de sua juventude.Houve uma vez, quando a escola organizou um acampamento de verão, Eduardo, que era alguns anos mais velho, decidiu participar também, alegando desejar se divertir e experimentar algo novo.Naquela viagem, ela e Eduardo acabaram por se sentar juntos no ônibus, quase por um m