CAPÍTULO 3

Zahir

Era quatro de novembro e chovia quando cheguei em Londres. Desembarquei em seu jato particular e entrei direto no hotel que Nahan providenciou.

O meu hotel era ao lado ,do qual trabalhava Katherine.

Pensei até em mandar um investigador, já que possuía muitas coisas para resolver nos Emirados, mas resolvi, de última hora, ir pessoalmente averiguar de perto.

Estava com Amir, um de meus homens de confiança.

-Aqui senhor, tudo pronto, a suíte esta a disposição.-disse Amir.

Assim que desembarquei do jato, desci pelo elevador privado direto para a minha suite. Entrei e me acomodei. Depois de conversar com Nahan através de uma ligação resolvi tomar um banho quente. A Inglaterra fazia muito frio, diferente do meu país, que possuía um clima muito quente. Após o meu banho fiz uma refeição e fui descansar.

****

Ao acordar já beirava por volta das quatro da tarde, me levantei e caminhei me aproximando da enorme janela. Observava o trânsito da cidade, carros e algumas pessoas passando. O serviço de quarto já tinha trazido o meu café da tarde. Me serviu com uma xícara de chá bem quente e voltei para a janela para apreciar a vista.

Eu gostava de janelas, quanto maiores e mais ampla a vista, melhor. Alguns pensamentos intrusivos pairavam em minha mente , enquanto contemplava a vista, eis que minha atenção foi despertada quando avistei uma bela jovem saindo do hotel ao lado do qual eu estava hospedado ,era muito desajeitada por sinal, mas fora isso era linda, possuía uma beleza incomum, cabelos loiros, o que me despertou uma estranha curiosidade em conhecê-la. Era o biótipo que eu mais apreciava nas mulheres, cabelos loiros.

"Muito parecida com quem eu estou procurando."

Pensei.

Liguei para Amir e pedi que ele a seguisse para reconhecê-la através da fotografia que eu tinha.

Meia hora depois ,Amir retorna.

-Senhor, é ela mesma.

Os meus olhos brilharam tanto que parecia chamas de fogo e meus lábios se contorceram em um sorriso.

Pela fotografia não havia reparado, mas era bem mais bonita do que tinha deduzido. Senti um sentimento de vingança me invadir, mas resolvi pensar e agir com cautela.

****

Era mais uma noite que tentava mas não conseguia dormir, meu sono mais uma vez foi inundado por pesadelos. Já passavam das quatro da manhã quando fui despertado com uma ligação de Nahan.

-Nahan? Aconteceu alguma coisa? - Atendi com pressa.

-Senhor obtive mais informações.

-Quais são Nahan? Diga.

-James Cooper e Kaled falsificaram documentos, mataram dois dos funcionários e se passaram por eles para efetuar o rombo. Infelizmente, Shafiq e Khali já não estão mais vivos. Essa informação chegou para mim a esse exato momento, por isso não consegui entrar em contato com eles para testemunhar. Estavam desaparecidos, senhor.

-Mas como Nahan?Só agora deram falta deles?.- estava muito assustado e ao mesmo tempo desconfiado.

-Senhor , eu não sei ao certo o que aconteceu, mas os corpos de Shafiq e Khali foram encontrados soterrados dentro de sua propriedade, e a polícia ainda está averiguando as câmeras de vigilância para saber ao certo o que aconteceu naquela noite. Mas senhor, se me permite dizer, creio que alguém com plenos poderes dentro da sua empresa poderia ter arquitetado isso sem ninguém saber. - Nahan jogou uma indireta.

-Esta querendo dizer que Omar está por trás disso tudo?

-É uma hipótese senhor, caso contrário, que explicação teríamos para desvendar um crime quase perfeito? Assim que o senhor regressar poderá analisar bem e tirar as próprias conclusões?

-Mas por que? Me pergunto por que ele faria isso?Não faz sentido. Omar não precisa disso.

-Eu também não faço ideia, pior isso vou continuar investigando até aparecer novas pistas eu o manterei informado senhor.

-OK Nahan.

Após desligar não consegui assimilar a confusão que pairava dentro de mim mesmo.

Tentava encontrar em meu interior várias explicações para todos os meus questionamentos, mas era tudo em vão. Por mais que pensasse mais e mais, não conseguia entender por qual motivo Omar faria toda essa covardia.

Omar eu ainda não sei ,mas James Cooper e Kaled, esses vão me pagar.

Poderia estar sendo ingênuo quanto a Omar, mas tenho muitas dúvidas. O sheik Omar Al-Kadar é tão poderoso quanto eu, possuí muitas posses e patrimônios. Realmente isso está muito esquisito, mas se eu descobrir que ele esta nessa, também o cobrarei.

Depois meus pensamentos se voltaram para aquela jovem, que talvez não merecesse, mas James iria pagar no que mais lhe doía.

Sua filha.

-Amir!!! -gritei.

-Chamou senhor?

Se prepare com o carro e chame outros homens para irmos.

-Perdão, senhor, mas irmos? Para onde?

Lancei um olhar severo para ele, fazendo-o engolir um seco.

-Não me questione , pois você já vai saber e fará tudo o que eu disser.

****

Keith

Saía de casa com o meu guarda-chuva a caminho do ponto de ônibus, haviam poucas pessoas nas ruas. Também, com esse sereno, não há vontade de desgrudar da cama mesmo.

Fazia o meu trajeto rotineiro e enquanto isso pensava em meu pai, esperei dois dias como Brenda disse, mas até então nada.

Havia combinado com ela que em nosso horário de almoço, nós duas, iriamos à delegacia dar queixa do desaparecimento. Eu estava muito preocupada, e a cada dia mais passava sem notícias de meu pai, mais ansiosa e nervosa ficava. Sabia que se perdesse o meu pai ficaria sozinha definitivamente.

Ao atravessar a rua vi um homem que parecia estar confuso se aproximando de mim, o que me deixou bastante apreensiva.

-Bom dia moça?- percebi que o seu inglês era compreensível, mas pelo sotaque deduzi que ele era estrangeiro. Notei também que as suas feições eram parecidas com a de um esteriótipo árabe.

"As vezes ele só está perdido." Pensei.

-Ah ...Bom dia senhor, precisa de alguma ajuda?- permiti a aproximação tentando ser gentil.

-Eu não conheço nada por aqui, como se chama esse bairro e essa rua? Por favor?

Me preparava para responder educadamente quando....

-O que é isso gente?? O quê meu Deus ?SOCORRO????Me larguem.... - Senti alguém me agarrar por trás e falhando ao tapar a minha boca, rapidamente comecei a gritar.

O guarda-chuva caiu no asfalto daquela rua que estava deserta. Não havia uma alma sequer para me socorrer.

Então comecei a me debater desesperadamente a todo tempo, me molhando com o sereno, cada gota molhava o meu rosto misturando com as lágrimas que começavam a surgir. O desespero e medo me invadiram de uma forma avassaladora.

Estava gritando por ajuda quando tamparam a minha boca, e mesmo assim eu resistia com dificuldade até ser enfiada à força dentro de um carro preto com vidros escuros, onde estava sentado mais um homem imóvel que me observava, e que eu não pude reparar o rosto , pois ele estava com óculos escuros.

Não demorou muito para eu ter a minha respiração abafada, e ver tudo escurecer.

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