Yurichdesço do carro deixando a mala no bagageiro, o dia amanhecendo ilumina a mulher enrolada em um lençol branco encostada na parede de vidro, seu olhar analisa cada pedaço do meu corpo com curiosidade. As perguntas silenciosas escondidas sob o azul intenso dos seus olhos. Em cada passo para dentro do lugar, senti o coração bater forte e descompassado, a mentira se formando como uma chuva fina que rapidamente vira tempestade. Porém, não existe nenhum remorso em meu peito por matar o traidor.Suspiro logo que abro a porta fazendo sua testa se franzir, Lyana parece prever o desastre ao se aproximar segurando uma ponta do tecido para não enrolar em seus pés pequenos. "Você não estava em casa quando acordei." O rosto pequeno se avermelha, enquanto os lábios ficam se apertando demonstrando toda a sua insegurança. "Recebi uma ligação importante." Enfio as mãos no bolso da calça jeans. O silêncio entre nós chega a ser louco quando consigo ver as dúvidas se formando em seu rosto. Num m
Lyana Com a cabeça apoiada no vidro do carro, não consigo cortar o silêncio entre nós, na verdade a minha mente não se desfaz das memórias.Lembro da infância no Rio de Janeiro, correndo pela praia enquanto o meu pai corria atrás de mim. No dia em que segurou o assento da bicicleta para ensinar a andar e logo em seguida levei a primeira queda, foi ele que comprou duas rodinhas para que pudesse aprender e aos poucos retirou mesmo com as feições aflitas pelo medo de me ver cair. Estar em volta da mesa para ceia de natal ou ficar acordada até de madrugada para ver um filme da Xuxa na televisão. Minhas lágrimas voltam com tudo caindo sem parar, relembrando as noites que fiquei acordada ao lado da minha mãe na expectativa de esperar ele retornar do trabalho. Um momento e tudo muda, uma frase para dizer que uma vida se foi. Sinto a mão firme e quente contra a coxa apertando suavemente. "Estou aqui por você." Consigo abrir um sorriso pequeno para a voz grave, limpo o rosto marcado pel
YurichAndo de um lado para o outro dentro de casa como a porra de um animal enjaulado, Lyana está dormindo a algum tempo quando Nureyev chega com a mulher de cabelos escuros e olheiras roxas ao redor dos olhos.Seu olhar segue pelo apartamento até retornar aos meus olhos."Onde está a minha filha?"Em passou firmes na direção dela, nossa diferença de altura ficou ainda maior."Nós vamos conversar primeiro.""Não vai me intimidar com isso, já passei coisas demais nos últimos anos." Da de ombros. "Sei bem o tipo de vocês.""Nem por um momento ouse me comparar com aquele merda do Nabukov." Afirmo no meio da fúria segurando a sua mandíbula. "Eu não sou um maldito traidor e do mesmo jeito que me livrei dele posso me livrar de você."Observo o medo em seus olhos se transformar em algo parecido com gratidão, o que acende um alerta na minha cabeça."Vou fazer o teatro que seu irmão falou, pois se matou Nabukov então, tenho uma dívida com você." Fala assim que solto seu rosto. "Mas, se Lyana
LyanaCaminhando pelo amplo terreno do cemitério admiro as lápides que são adornadas de maneira requintada, pessoas que claramente foram bastante amadas em vida com seus nomes limpos e flores dentro de pequenos jarros fazendo companhia ao descanso alcançado. Ao contrário do planejado, não consegui subir ao palco da igreja, por isso fugi para andar e suspirar sozinha em meio a dor da perda. Acho que Yurich não ficou muito feliz, talvez esteja à minha procura nesse momento.Aproveitei o instante no qual conversava com uma roda de homens todos integrantes da empresa do meu pai, fizeram questão de vir e trazer seus cumprimentos.Paro na frente do local em que a terra está escavada e a lápide pronta com o nome brilhando entalhado na pedra, cruzo as mãos em cima da barra do vestido segurando a bolsa pequena, finalmente as lágrimas que tanto desejavam escapar caem sem a menor preocupação em estar diante dos outros."Ainda não acredito que ele se foi."Pulo assustada com a voz próxima demais,
YurichEstaciono descendo do carro dando a menor importância para quem vem depois, vou direto para o elevador encontrando olhar azul dela entristecido, mas não é suficiente para aplacar a porra da minha raiva, desço um andar antes da cobertura observo o apartamento que montei para resolver os problemas da máfia próximo o suficiente dela e longe dos seus ouvidos. O ódio que enche meu peito é cego e cheio de veneno, a memória dos olhos dela brilhando para aquele filho da puta fazem a minha boca se encher com o amargor e preciso segurar a vontade de vomitar pela primeira vez na vida, avanço contra um quadro começando a jogar tudo contra o chão e as paredes, quebrando a televisão e as portas de vidro da varanda, quebro o aparador e uso os pedaços de madeira para bater contra a parede fazendo gessos descascar contra a fúria que sinto."MALDITO!" grito em meio ao ódio. "MALDITO!"Eu vou matar aquele infeliz, vou fazer com que sinta na pele as consequências de entrar no meu caminho, a maneir
Yurich Quando as mãos pequenas tocam o meu corpo com firmeza, suspiro no meio da loucura que é entre a minha mente e o meu coração perdendo a batalha contra essa mulher. "Diga de novo." "Eu te amo Yurich." Fala com um sorriso nos lábios. "Eu sou sua, somente sua Lyana Romanov." A porra do meu sobrenome saindo dos seus lábios finos desenhados é como uma canção, envolvo sua cintura em uma pegada firme, com o corpo latejando por ela , não dou a menor importância para onde estamos ou como veio para cá, a giro entre os meus braços fazendo com que grude o corpo contra o tecido das cortinas e puxo o ziper do vestido que usa, ficando enlouquecido ao ver a pequena peça entrando no meio do rabo grande, a puxo pelo antebraço, ela sorri retirando as mãos dos seios que saltam pesados, as aureolas exibindo os mamilos durinhos, desço com a lingua lambendo a pele exposta até colocar a boca em um dos biquinhos e sugar com tanta força que ela grita apertando as pernas. Coloco a mão em cima do ponto
Lyana Acordo com a cabeça embaralhada em meio a dor nas coxas e um suspiro pesado, as lembranças começam a voltar com tudo. Depois do enterro, cheguei em casa sentindo que minha cabeça iria explodir, deixei a minha mãe sozinha e fui para o quarto buscando controlar a vontade de ir atrás do Yurich. Os olhos dele tempestuosos ainda estavam assombrando minha mente. Foi quando a dor profunda, obrigou-me a apoiar as mãos contra a parede fria deixando a cabeça rodar. Corri para o banheiro, vomitando de tanta dor enquanto os flashes de memória vinham com tudo. Os toques de Rafael, sua boca beijando lentamente a minha pele e fazendo promessas de que tomaria tudo para si quando nos casarmos. A maneira como sorria feliz acariciando seus fios, dizia que o amava. Até quase enlouquecer com uma lembrança obscura das mãos de Yurich sujas de sangue, seu olhar sombrio e o meu coração dolorido pelo medo. Senti que estava asfixiada presa dentro da cabeça que havia liberado algumas coisas tão específ
LyanaConfiro a roupa na frente do espelho pela terceira vez, solto o ar com força frustrada por não gostar de como fiquei. Confiro cada uma das peças, até achar uma calça de flanela verde limão com um cropped off white, escolho uma calcinha de duplo fio para não marcar. Depois de vestida, confiro o resultado no espelho, abro um sorriso imenso ao perceber que irei colocar uma botinha de cano médio e ainda ficará lindo. Acho o sapato, sento no banquinho e ao erguer o corpo, meus olhos brilham mordo o lábio nervosa."Droga, talvez deva mudar de roupa." "Nada disso está linda." "Ahhh" Grito de susto com mamãe rindo, encostada na porta do closet. "Não te vi entrar." Acuso ao fazer um beicinho."Está concentrada em achar uma roupa para o almoço." Diz rindo ao caminhar na minha direção.Mamãe segura-me pelos ombros olhando bem a roupa, minhas mãos estão ficando suadas de nervosismo."Essa roupa está linda, só falta um detalhe." Murmura ao puxar o me