Lyana Acordo com a cabeça embaralhada em meio a dor nas coxas e um suspiro pesado, as lembranças começam a voltar com tudo. Depois do enterro, cheguei em casa sentindo que minha cabeça iria explodir, deixei a minha mãe sozinha e fui para o quarto buscando controlar a vontade de ir atrás do Yurich. Os olhos dele tempestuosos ainda estavam assombrando minha mente. Foi quando a dor profunda, obrigou-me a apoiar as mãos contra a parede fria deixando a cabeça rodar. Corri para o banheiro, vomitando de tanta dor enquanto os flashes de memória vinham com tudo. Os toques de Rafael, sua boca beijando lentamente a minha pele e fazendo promessas de que tomaria tudo para si quando nos casarmos. A maneira como sorria feliz acariciando seus fios, dizia que o amava. Até quase enlouquecer com uma lembrança obscura das mãos de Yurich sujas de sangue, seu olhar sombrio e o meu coração dolorido pelo medo. Senti que estava asfixiada presa dentro da cabeça que havia liberado algumas coisas tão específ
LyanaConfiro a roupa na frente do espelho pela terceira vez, solto o ar com força frustrada por não gostar de como fiquei. Confiro cada uma das peças, até achar uma calça de flanela verde limão com um cropped off white, escolho uma calcinha de duplo fio para não marcar. Depois de vestida, confiro o resultado no espelho, abro um sorriso imenso ao perceber que irei colocar uma botinha de cano médio e ainda ficará lindo. Acho o sapato, sento no banquinho e ao erguer o corpo, meus olhos brilham mordo o lábio nervosa."Droga, talvez deva mudar de roupa." "Nada disso está linda." "Ahhh" Grito de susto com mamãe rindo, encostada na porta do closet. "Não te vi entrar." Acuso ao fazer um beicinho."Está concentrada em achar uma roupa para o almoço." Diz rindo ao caminhar na minha direção.Mamãe segura-me pelos ombros olhando bem a roupa, minhas mãos estão ficando suadas de nervosismo."Essa roupa está linda, só falta um detalhe." Murmura ao puxar o me
LyanaSinto o sangue fugindo do rosto conforme o carro começa a andar pelas ruas e Yurich mantém o olhar firme, a frieza ao redor da iris escuras faz algo dentro de mim se revelar ao mesmo tempo em que sinto culpa."Por que deveria ter algo errado?" Questiono com a voz firme. "Não gostei da maneira como falou Yurich.""E eu odiei como você foi para o banheiro e voltou como um fantasma sem dar a menor importância para o que estava tentando conversar com você."Suas palavras duras são como um tapa forte no rosto, a culpa se mistura com o fogo dentro do meu peito. Admiro a visão dele bagunçando os fios que estavam perfeitamente alinhados, o terno aberto exibindo a camisa social que gruda contra o peitoral firme."Estava pensando." Admito baixinho uma meia verdade e ergo a mão antes que pergunte. "Alguém poderia nos ver lá debaixo ontem?""Está preocupada se aquele homem nos viu Lyana?" Sua face se avermelha e o ciúmes é nítido nos olhos dele."Falei que não queria que ninguém visse Yuric
Lyana Dentro do apartamento abro um sorriso falso para a minha mãe, seu olhar curioso ficou na sala, enquanto corria apressada para o quarto, fugi do closet cheio e entrei no banheiro trancando a porta.Enfiando a mão no bolso, retirei um chip. O pequeno objeto parecendo com uma enorme âncora que a qualquer momento será jogada do navio. Algumas perguntas não querem calar dentro da minha mente como um mar de dúvidas causando o risco de afogamento. Por que Rafael precisa de um chip para falar comigo? De onde vem essa lembrança na qual Yurich está sujo de sangue?Quem está mentindo e quem está falando a verdade? A sensação de que a minha vida pode mudar por causa de um pequeno objeto é enlouquecedora. Com as mãos trêmulas derrubo o celular no chão duas vezes antes de conseguir encaixar o chip novo. Fecho os olhos deixando o aparelho na bancada, enquanto puxo o ar com força. Preciso ter coragem de encarar a realidade. com esse pensamento pego o celular, no primeiro momento não apa
LyanaEstou em prantos com uma garotinha linda segurando o urso enquanto a mãe dela, fala sobre como foi importante ter uma boa médica para o tratamento dela contra o câncer ósseo. O meu coração se enche de alegria em saber que fui essa médica.Olho para o lado procurando por Yurich, ele não está em lugar nenhum. Suspiro, voltando a curtir um pouco mais dessa sensação em ser reconhecida e saber que fiz coisas boas pelas pessoas.Quando vejo uma linda mulher usando um terninho feminino, a calça vai até a panturrilha e a parte de cima deixa seu corpo perfeito. Os fios loiros balançam ao caminhar em cima dos saltos. Acompanho seus passos olhando para onde está indo, direto para Yurich, sentado em um dos bancos de madeira próximo ao fundo da piscina com o celular na mão, completamente alheio ao redor.Uma das pacientes está falando, mas não consigo ouvir, estou concentrada na mulher que estende a mão e toca o ombro dele, Yurich se ergue estendendo a mão em um aperto, noto os sorrisos dela
Lyana O olhar de Yurich se transforma como da água para o vinho, com as sobrancelhas juntas, os lábios formam uma linha fina enquanto o aperto ao redor dos meus quadris se torna ainda mais forte causando dor. "Diga de novo Lyana." Sua voz vibra de maneira autoritaria. A fúria consome cada pedaço da minha mente entre as lembranças do passado misturadas as mensagens que recbi de Rafael junto aos ciumes em ver a maneira como aquela mulher estava se oferecendo para ele, acabei falando mais do que deveria, porém não posso voltar atrás agora. "Não posso confiar em um mafioso mentiroso como você Yurich." Seguro nos punhos dele numa tentativa falha de afastar suas mãos. "Você lembrou." "Do que importa? "Tento outra vez empurrar ele. Ao invés de me soltar Yurich ergue a mão prendendo os dedos entre os meus fios na nuca. Ofego com raiva. "É só mais uma das suas mentiras, tenho certeza de que se envolveu com aquela mulher" Solto um riso irônico. "Você realmente sai para trabalhar ou é só
YurichPego a garrafa de vodca de dentro do frigobar, dando a volta na mesa de vidro e sentando na cadeira de couro, não tive paciência ou força para tentar explicar algo a Maria, honestamente, depois da discussão com Lyana percebi que estou muito mais na merda do que imaginava.Estou quase na metade da garrafa quando Nureyev chega, abrindo a porta do meu escritório com uma camisa preta de gola alta franzo o cenho."Que merda aconteceu com você?"Ele dá de ombros pegando um copo e sentando na cadeira, se servindo com a minha bebida."Marcas de amor.""Você voltou a se drogar?""Talvez acabe voltando."Desfaço o nó na gravata jogando o tecido no chão e desabotoando a camisa social, a irritação e frustração crescentes."Vamos lá, você não está com paciência para bancar o irmão mais velho agora e eu preciso ocupar a minha mente.""Pelo visto a organização não tem te ocupado o suficiente."Ele da de ombros virando o copo na boca de uma vez."Nem para você, as coisas estão calmas demais pr
YurichNão consigo virar para encarar seus olhos, a desconfiança fala muito mais alto dentro da minha mente. Fico paralisado segurando a porta com força."Queria muito poder acreditar em você, mas não consigo."Sou sincero com ela, por mais louco que seja ou de todas as maneiras erradas nas quais venho agindo desde que a sequestrei, sinto um profundo respeito por Lyana.Com um único olhar, foi a primeira a alcançar um espaço desconhecido dentro do meu coração e saber que estou a um passo de a perder está destruindo por dentro."Yurich" A voz chorosa quebra um pouco mais por dentro. "Olhe para mim por favor.""Lyana, acho melhor irmos dormir." Tento argumentar lembrando das palavras do meu irmão sobre acalmar os ânimos.Acabo ficando preso em pensamentos acordando com o toque suave e indeciso das mãos pequenas."Eu... eu... sinto algo por você." Confessa baixinho quase como senão quisesse me deixar ouvir.Fecho os olhos com força sentindo a mente borbulhando, puxo o ar e conto os segun