YurichNão consigo virar para encarar seus olhos, a desconfiança fala muito mais alto dentro da minha mente. Fico paralisado segurando a porta com força."Queria muito poder acreditar em você, mas não consigo."Sou sincero com ela, por mais louco que seja ou de todas as maneiras erradas nas quais venho agindo desde que a sequestrei, sinto um profundo respeito por Lyana.Com um único olhar, foi a primeira a alcançar um espaço desconhecido dentro do meu coração e saber que estou a um passo de a perder está destruindo por dentro."Yurich" A voz chorosa quebra um pouco mais por dentro. "Olhe para mim por favor.""Lyana, acho melhor irmos dormir." Tento argumentar lembrando das palavras do meu irmão sobre acalmar os ânimos.Acabo ficando preso em pensamentos acordando com o toque suave e indeciso das mãos pequenas."Eu... eu... sinto algo por você." Confessa baixinho quase como senão quisesse me deixar ouvir.Fecho os olhos com força sentindo a mente borbulhando, puxo o ar e conto os segun
LyanaCaio no chão de joelhos com as lágrimas caindo sem parar, a dor irradiando por todo corpo como uma força desleal ao observar suas costas batendo a porta do quarto com força sinto como se estivesse desmoronando em dor, a porta é aberta e por um único momento sinto um pingo de esperança que se esvai com o olhar dolorido da minha mãe. Suas mãos envolvem os meus ombros buscando acalentar o choro que se torna cada vez mais alto, a iris escura perdendo o brilho ao se encher de desapontamento e uma pontada de dor da qual não conseguiu esconder.Por que doi tanto?Yurich mentiu, manipulou os fatos para se beneficiar e de uma maneira horrivel sinto-me como uma traidora alguém que jogou fora todos os pequenos detalhes de cada gesto apaixonado por um momento fugaz no qual recordei o passado."Ah meu amor.""Foi só um beijo mãe."Ela acaricia os meus fios puxando o meu corpo para dentro do seu abraço."Para homens como ele, um olhar seria o suficiente para mata-la, você beijou outro homem L
YurichIgnoro a maneira estranha como encontro Nureyev bebendo pensativo contra a janela panoramica do apartamento ao abrir a porta com raiva, lento demais seu olhar se volta para o meu atravessando a sala do seu lugar percebendo que algo está errado. Por um momento agradeço estar tão absorto quanto eu, pois preciso de espaço.Vou direto para o escritório, abrindo uma garrafa de bebida e quase rindo de ódio ao olhar para a mesa e maldita cortina ainda quebrada deixando a luz da lua entrar pelo vidro, a memória com as sensações do corpo de Lyana em meus braços se misturando aos ciumes que estava sentindo como se fosse uma premonição de que algo assim poderia acontecer a qualquer momento.Como pude baixar as minhas defesas dessa maneira?É como se fosse um garoto tolo sendo traído pela primeira vez, quantas e quantas vezes matei homens por menos para agora estar sofrendo pela maneira como Lyana quebrou cada uma das muralhas que haviam ao redor do meu coração. Agarro a garrafa como uma t
Yurich Entro no box rapidamente deixando o alcool se esvair dos meus pensamentos conforme fico preocupado com sua situação, envolvo os braços ao redor dela querendo abraça-la para que volte a realidade. "Abra a mão e solte isso Lyana." Ordeno pois mesmo a segurando, Lyana não solta o registro como se estivesse com a mão enrijecida. "Não." Resmunga balançando a cabeça enquanto o choro aumenta fazendo as lágrimas se misturarem com a água. O aperto firme dos dedos dele contra o meu punho me obriga a solta o ferro estremecendo o meu corpo. "O que está sentindo?" "Tudo doi, Yuri, tudo doi.." Respiro rapido com o panico. "minhas memórias voltaram com tudo." Somente consigo olhar para ela com pena por sua dor, entendendo que o real motivo é ver a mãe viva quando acreditava que ela estava morta. Caminho pela casa saindo de dentro da suíte completamente atordoado, lembrando de como foi aquele encontro desastroso que fiz ao sequestra-la."Yurii, eu.. eu.." Sua voz soa fraca e dolorida.
LyanaAcordo com o bipe irritante da máquina o teto branco causa um enjoo terrivel, viro o rosto de lado prestes a vomitar quando uma lixera aparece, seguro com as duas mãos deixando o liquido amarelo e verde fugir pela garganta." O médico disse que poderia ter alguma reação a anestesia."Pisco atordoada para a voz que não é a qual desejo ouvir, sinto o quanto estou assustada detestando a maneira como o bipe infernal entrega o coração acelerado. Aceito o lenço branco limpando a boca antes de jogar a cabeça de lado para encarar os olhos escuros iguais ao do irmão, o sueter abraçando os musculos e os fios maiores caindo sob a testa." Por que levei uma anestesia?" Questiono finalmente recuperando a voz meio rouca." Alguma coisa sobre os tiros que levou, a cirurgia na qual os seus órgãos ficaram de fora." Ele faz uma pausa se aproximando depois de soltar a lixeira e jogar o lenço nela. "Uma cirurgia fetal para o que o útero suporte a gravidez."Abro e fecho a boca com a porra do apito
Lyana "Não precisará repetir." Digo com firmeza mesmo que a desconfiança esteja presente em seu olhar. "Não precisa repetir o que?" A voz de Yurich repercute pelo quarto atraindo os nossos olhares para o homem. A tensão parece vibrar entre nós três enquanto o silêncio recai, quero pensar em algo mesmo que a minha mente esteja ocupada demais analisando cada detalhe dele como se não o visse a anos. "Os cuidados que médicos, ela acabou de vomitar a anestesia." Nureyev quebra o silêncio atraindo o olhar do irmão. "Chamou a enfermeira?" "Não, ele disse que era uma reação comum." Observo Yurich abrindo e fechando a mão irritado. "Sendo uma reação comum ou não, vá chamar a porra da enfermeira, ela está grávida porra." "É uma reação comum Yurich." Minha voz finalmente resolve aparecer. Seus ombros ficam tensos quando pronuncio seu nome, o olhar escuro é vazio e sem o brilho de adoração que me deixava hipnotizada. "Eu não dou a mínima se recuperou as suas memórias de médica, é o meu
LyanaAbro um sorriso fraco quando a segunda enfermeira retorna, a reconheço como uma amiga mas infelizmente perdi seu nome na memória."Não lembra meu nome não é?""Só lembro que é minha melhor amiga."Ela finalmente abre um sorriso triunfante puxando a poltrona para mais perto do leito, seus olhos verdes são um belo contraste com a pele morena e os cachos que recaem sobre seus seios fartos."Carla.""Lyana." Retruco a fazendo soltar uma risada baixinha."Acho que nunca te dei a minha opinião sobre o Rafael."Suspiro revivendo nossas conversas entre os plantões, uma amizade sincera que apesar de vários momentos distantes se manteve firme durante os anos em que nos conhecemos, sempre determinada e forte em nenhum momento ela engoliria sua opinião para deixar em paz algum tolo desavisado. Seu temperamento forte a obrigava a retrucar e bater de fernte com as consequências mesmo que essas fossem negativas.Carla era a única junto com Rafael a frequentarem o meu pequeno apartamento próxim
YurickEnfio as mãos pelos fios de cabelo bagunçado, completamente irritado pela situação ,fico parado diante da janela com vidro transparente, as coisas parecem se complicar a cada minuto, agora com um filho a caminho e por nenhum momento fui capaz de questionar a paternidade, queria magoa-la da mesma maneira como sinto estar despedaçado por dentro. Solto o ar com força abrindo os olhos para a realidade que preciso enfrentar.Me livrar do Rafael e resgatar o irmão perdido da Lyana, ainda mais com o trauma que ela deve estar lidando ao recuperar a memória percebendo que a mãe está viva, do lado de fora encontro com Nureyev discutindo com uma mulher baixinha vestida de enfermeira, aperto os olhos até identificar seu rosto arredondado, é uma amiga/colega de trabalho da Lyana. Ignoro os dois porquê no momento quase não consigo lidar com os meus problemas, enquanto meu irmão se manter no controle de si mesmo, não tenho um motivo real para interferir.Depois de três dias internada e a noss