Yurich Entro no box rapidamente deixando o alcool se esvair dos meus pensamentos conforme fico preocupado com sua situação, envolvo os braços ao redor dela querendo abraça-la para que volte a realidade. "Abra a mão e solte isso Lyana." Ordeno pois mesmo a segurando, Lyana não solta o registro como se estivesse com a mão enrijecida. "Não." Resmunga balançando a cabeça enquanto o choro aumenta fazendo as lágrimas se misturarem com a água. O aperto firme dos dedos dele contra o meu punho me obriga a solta o ferro estremecendo o meu corpo. "O que está sentindo?" "Tudo doi, Yuri, tudo doi.." Respiro rapido com o panico. "minhas memórias voltaram com tudo." Somente consigo olhar para ela com pena por sua dor, entendendo que o real motivo é ver a mãe viva quando acreditava que ela estava morta. Caminho pela casa saindo de dentro da suíte completamente atordoado, lembrando de como foi aquele encontro desastroso que fiz ao sequestra-la."Yurii, eu.. eu.." Sua voz soa fraca e dolorida.
LyanaAcordo com o bipe irritante da máquina o teto branco causa um enjoo terrivel, viro o rosto de lado prestes a vomitar quando uma lixera aparece, seguro com as duas mãos deixando o liquido amarelo e verde fugir pela garganta." O médico disse que poderia ter alguma reação a anestesia."Pisco atordoada para a voz que não é a qual desejo ouvir, sinto o quanto estou assustada detestando a maneira como o bipe infernal entrega o coração acelerado. Aceito o lenço branco limpando a boca antes de jogar a cabeça de lado para encarar os olhos escuros iguais ao do irmão, o sueter abraçando os musculos e os fios maiores caindo sob a testa." Por que levei uma anestesia?" Questiono finalmente recuperando a voz meio rouca." Alguma coisa sobre os tiros que levou, a cirurgia na qual os seus órgãos ficaram de fora." Ele faz uma pausa se aproximando depois de soltar a lixeira e jogar o lenço nela. "Uma cirurgia fetal para o que o útero suporte a gravidez."Abro e fecho a boca com a porra do apito
Lyana "Não precisará repetir." Digo com firmeza mesmo que a desconfiança esteja presente em seu olhar. "Não precisa repetir o que?" A voz de Yurich repercute pelo quarto atraindo os nossos olhares para o homem. A tensão parece vibrar entre nós três enquanto o silêncio recai, quero pensar em algo mesmo que a minha mente esteja ocupada demais analisando cada detalhe dele como se não o visse a anos. "Os cuidados que médicos, ela acabou de vomitar a anestesia." Nureyev quebra o silêncio atraindo o olhar do irmão. "Chamou a enfermeira?" "Não, ele disse que era uma reação comum." Observo Yurich abrindo e fechando a mão irritado. "Sendo uma reação comum ou não, vá chamar a porra da enfermeira, ela está grávida porra." "É uma reação comum Yurich." Minha voz finalmente resolve aparecer. Seus ombros ficam tensos quando pronuncio seu nome, o olhar escuro é vazio e sem o brilho de adoração que me deixava hipnotizada. "Eu não dou a mínima se recuperou as suas memórias de médica, é o meu
LyanaAbro um sorriso fraco quando a segunda enfermeira retorna, a reconheço como uma amiga mas infelizmente perdi seu nome na memória."Não lembra meu nome não é?""Só lembro que é minha melhor amiga."Ela finalmente abre um sorriso triunfante puxando a poltrona para mais perto do leito, seus olhos verdes são um belo contraste com a pele morena e os cachos que recaem sobre seus seios fartos."Carla.""Lyana." Retruco a fazendo soltar uma risada baixinha."Acho que nunca te dei a minha opinião sobre o Rafael."Suspiro revivendo nossas conversas entre os plantões, uma amizade sincera que apesar de vários momentos distantes se manteve firme durante os anos em que nos conhecemos, sempre determinada e forte em nenhum momento ela engoliria sua opinião para deixar em paz algum tolo desavisado. Seu temperamento forte a obrigava a retrucar e bater de fernte com as consequências mesmo que essas fossem negativas.Carla era a única junto com Rafael a frequentarem o meu pequeno apartamento próxim
YurickEnfio as mãos pelos fios de cabelo bagunçado, completamente irritado pela situação ,fico parado diante da janela com vidro transparente, as coisas parecem se complicar a cada minuto, agora com um filho a caminho e por nenhum momento fui capaz de questionar a paternidade, queria magoa-la da mesma maneira como sinto estar despedaçado por dentro. Solto o ar com força abrindo os olhos para a realidade que preciso enfrentar.Me livrar do Rafael e resgatar o irmão perdido da Lyana, ainda mais com o trauma que ela deve estar lidando ao recuperar a memória percebendo que a mãe está viva, do lado de fora encontro com Nureyev discutindo com uma mulher baixinha vestida de enfermeira, aperto os olhos até identificar seu rosto arredondado, é uma amiga/colega de trabalho da Lyana. Ignoro os dois porquê no momento quase não consigo lidar com os meus problemas, enquanto meu irmão se manter no controle de si mesmo, não tenho um motivo real para interferir.Depois de três dias internada e a noss
LyanaSinto que o coração está prestes a se despedaçar depois da declaração tão acalourada e uma simples resposta dele, como se nenhuma das minhas palavras tivesse conseguido passar pela sua muralha orgulhosa, por isso só consigo acenar e desviar o olhar segurando lágrimas que desejam cair. Acho que dessa vez vou culpar a gravidez e os hormônios por estar tão sensivel, não quero realmente ficar triste quando já imaginava algo assim.Yurich não é o principe encantado que estava ao meu lado durante todos esses dias, mesmo que tenha agido como tal, em vários momentos perdeu a compostura exibindo um fragmento do animal que realmente habita seu coração. Ele é um homem da máfia moldado para matar e não para perdoar. Giro o corpo pegando a bolsa de colo com algumas coisas de higiene enquanto ele coloca a mala por cima do ombro como senão pesasse nada, dando um passo para o lado deixando que ande na sua frente para fora do quarto encontrando o corredor branco com luzes fortes e alguns colegas
LyanaMinha voz quebra ao perguntar."Você odeia tanto estar comigo que me mataria grávida para se livrar de mim?"É como se a cortina de sentimentos nos quais estava envolvida dentro daquele quarto de hospital se desfizesse em meio a uma dor profunda perfurando o coração, se comparando a dor que sinto toda vez que penso nas mentiras dos meus pais. Os meus olhos pesam com a força das lágrimas brotando esmagando a garganta com a voz presa."Lyana, não quero ter essa conversa no carro."A raiva permeia as minhas veias fazendo o corpo estremecer em tremores dos quais não tenho o menor controle, principalmente quando as palavras saem da boa."NÃO, VOCÊ NÃO VAI FUGIR DISSO!" grito furiosa quebrando o silêncio dentro do carro. "Eu sou uma maldita traidora para você, alguém que não merece fazer parte da sua vida? Tudo bem Yurich, não ficarei ao seu lado, mas colocar a minha vida em risco sabendo que carrego a vida do nosso filho em meu ventre, isso eu não aceito, você não vai colocar essa cr
LyanaEngulo seco a sensação de repulsa ao encarar a mulher que acreditei estar morta durante os últimos dez anos. Nossa relação sempre foi ótima, agora sentada no sofá da sala com as mãos no colo enquanto observo Yurich conversando com Nureyev, meu estômago se retorce diante do enjôo.Não consigo encontrar nenhum motivo que justifique ela ter me abandonado."Filha.." Sua voz trêmula atrai minha atenção."Não sei se quero ser chamada assim por você, uma mãe que abandonou a filha."Seus olhos brilhando de lágrimas mal contidas até machucam o meu peito, porém a dor que sinto é tão grande, quase nao consigo respirar."Sei que tem motivos de sobra para ficar com raiva de mim, mas preciso que escute o meu lado."Cruzo os braços recostando o corpo contra o estofado, ergo o olhar percebendo que os homens não estão mais no corredor. A aflição toma conta do meu coração, preciso esfregar o peito para recuperar um pouco.As paredes em tons de marfim com janelas cobertas por cortinas douradas, a