Michel
Não sei ao certo quando parei de pensar em Thomas, talvez tenha sido quando me senti mais confortável em relação a minha relação com Christophe, ou quando comecei a me sentir mais confortável comigo mesmo. O que posso dizer é que provável tenha sido uma junção de ambos, e no fim, eu estava me sentindo mais feliz, as consultas com a psicóloga estavam mais espeçadas, visto que antes eu a visitava duas vezes por semana, e já não sentia nenhuma necessidade dos medicamentos para melhorar meu humor, finalmente, eu conseguia tirar a felicidade das pequenas coisas em meu cotidiano: o gatinho que adotei após encontrar perdido na rua, a estabilidade no meu trabalho, ou apenas em ficar próximo a Christophe enquanto estudávamos juntos.
E aquele era um desses dias em que passava o fim de semana em sua casa. Ele estava sentado no chão da sala com algumas pilhas de provas ao seu redor, e quanto a mim, estava sentado ao seu lado, lendo um livro e
Azarya... O dia do batizado finalmente havia chegado, acordei cedo com uma ligação de Lia e ri baixo quando a ouvi questionando se havia desistido encima da hora. Neguei rapidamente, explicando que depois de ter feito todos os cursos que precisava e comprado o vestido combinando com o da minha sobrinha, não poderia desistir. Terminei de preparar a pequena mala que havia começado a arrumar na noite anterior, chequei se havia pegado tudo que precisaria, aproveitando para enfiar meu caderno de anotações também e a câmera fotográfica, sentindo que poderia tirar mais algumas inspirações daquela viagem. Fiz um grande esforço para pensar apenas em minha família e antigos amigos, porém, o gosto amargo das lembranças ruins ainda surgia em minha boca. Uma única pessoa era a verdadeira responsável pelo inferno que a minha vida havia se tornado anos atrás quando decidi vir embora, eu não sabia se ela ainda morava em Abilene, desejava que não, mas lá no fundo, eu sabia qu
– Soube que você está fazendo outra faculdade... – Anna contou-me, parecendo ter acabado de se lembrar daquela fofoca. – Pelo visto parece que realmente não quer mais trabalhar na educação infantil, não posso nem te culpar.– Não é bem assim... – Respondi soltando um suspiro, me sentindo culpada por causar aquela impressão, mas logo percebi que apenas ficar fazendo aquele drama não me ajudaria em nada. – Sabe, eu sempre gostei de artes, então decidi seguir minha paixão que é a escrita.Anna arregalou seus olhos escuros, parecia surpresa, mas sorriu concordando com um balançar da cabeça positivamente, então, aproximou-se, abraçando-me com força, e ao me soltar, seus olhos estavam marejando, ela estava fazendo a mesma expressão de quando contei que iria embora, a qual, na é
MichelDepois de conversar com meus pais, retomando um pouco o vínculo que tínhamos, comecei a me sentir completo finalmente. Eu estava muito feliz, ao ponto que as lembranças daqueles momentos difíceis tinham se tornado somente símbolos das minhas conquistas e superações. Muitas coisas haviam acontecido naqueles dias, e conhecer a filha de Christophe não foi sua única surpresa pois, alguns dias depois, ele mandou-me mensagens, chamando-me para viajar ao interior para conhecer sua família, aparentemente, ele e o irmão sempre a visitavam pelo menos uma vez por mês.Novamente, ele apenas me contava as coisas de forma abrupta, e como um tonto, eu apenas concordei sem pensar direito no que aquilo significava. A dimensão daquela viajem recaiu sobre mim no momento em que entrei no carro, entendendo que eu estava prestes a conhecer minha sogra e cunhado, fato que me fez arregalar os olho
Estar com a família de Christopher fez com que eu pensasse cada dia mais sobre a minha, quando eu cheguei em casa naquele dia, depois de ir para o trabalho, sentei-me no sofá pensando se Noah dormiria na casa do namorado aquela noite. Não conversamos muito, fazemos as tarefas domésticas que separados para cada um, e organizamos as contas, mas tirando isso, quase nunca temos contato. Fiquei meu celular, tomando coragem para m****r mensagem novamente para o meu irmão, e depois de algum tempo, finalmente mandei uma mensagem para Matteo, perguntando como ele estava, e para a minha surpresa, a resposta foi imediata novamente, dessa vez, fazendo uma ligação. De repente, como uma epifania, percebi o quanto fui imaturo e cruel, tomando coragem para atenção a chamada, afim de me desculpar corretamente, mas antes, desatei em lágrimas como um idiota. – Eu percebi que você apagou as fotos com Thomas, vocês brigaram? Matteo questionou sua voz tomando um tom séri
Azarya...Os desmaios não são como nos filmes, durante os quais se fica desacordado por horas, pelo contrário, foi muito mais rápido do que imaginei, e quando voltei a mim, ainda estava na igreja, sendo amparada pelo marido de Neuza, que inclusive não consigo recordar o nome de jeito nenhum, ele me segurava com cuidado, seu rosto lívido de preocupação enquanto a minha irmã – tão apavorada quanto ele –, usando um pano embebido em álcool, tentava me acordar.Senti-me no chão, atordoada e precisei de alguns minutos para enfim, processar o que estava acontecendo à minha volta. Minha estava chorando alto, sendo amparada pela minha mãe que ostentava uma expressão lívida, como se seu cérebro tivesse travado, não sei se por causa do escândalo com a tão “cristã” mãe de família e coordenadora do gr
DylanO dia estava escaldante naquela manhã de verão, e para piorar a situação, eu ainda precisava ficar a postos no estacionamento perto dos carros, sendo que a lataria quente deixava tudo ainda pior. Olhei ao entorno, sentindo que estava apertando a mandíbula involuntariamente, procurei por um cigarro em meus bolsos, mas não encontrei nenhum, o que apenas me deixou ainda mais ansioso. Gale, há alguns metros de distância, parecia me observar em silencio, o que estava em sua mente era óbvio: ele não confiava em mim.Eu estava ciente disso desde a primeira vez que o vi, porém, dessa vez, ele não estava fazendo o menor esforço para esconder.Fui tirado dos meus devaneios quando uma chave foi jogada em minha direção, voltei meus olhos para Scar que havia acabado de sair de dentro do galpão e esperei suas ordens, já podendo imaginar que tratava-se de
Azárya Depois de três dias, tendo me acertado com meus pais e reencontrado alguns dos meus antigos educandos, percebi que precisava retomar minha vida acadêmica, ou acabaria reprovando, então, depois de uma choradeira e promessas de que passaria o natal com eles, voltei para Nova York, sendo recebida na rodoviária por um abraço caloroso de Mari. – Tenho tanto para te contar... – Murmurei sorrindo enquanto a acompanhava, ajeitei a alça da mochila sobre o ombro e suspirei feliz. – Sinto que tirei um peso das minhas costas depois de conversar com a minha mãe, agora ela e meu pai já sabem de tudo, e resolvi minha situação com Neuza também. Mari ouvia tudo, balançando a cabeça em concordância, e ao ouvir sobre meu desfecho de novela mexicana com a ex-diretora, soltou alguns palavrões, mas ainda assim, continuou ouvindo e rindo com meus comentários. – Cadê minha pipoca? Ela questionou retoricamente, ainda divertindo-se muito com o que ouvia,
Devo ter desmaiado em algum momento pois, quando acordei estava dentro de um galpão escuro, ouvia choros, havia muitas mulheres que pareciam jovens ao meu redor, o ambiente estava muito quente, e a única luminosidade vinha de uma porta de metal entreaberta. Quando meus olhos finalmente se acostumaram à penumbra, percebi a presença de Sophia, fazendo meu sangue ferver.Gritei me estatelando no chão empoeirado, e a xinguei de todos os nomes que me vieram à cabeça, como meus braços estavam amarrados para trás, a única coisa física que consegui fazer foi chutar as grades que nos prendiam. Estávamos dentro de uma maldita gaiola.As outras moças começaram a chorar ainda mais, fitei seus rostos joviais por sobre a penumbra, percebendo que eram muito novas, e fiquei ainda mais enojada por uma mulher ser capaz de participar de algo tão hediondo.– Não gas