- A... Entrevista. – ela falou confusa e um pouco receosa.
- O que você quer saber sobre mim para publicar, Beatrice?
- Eu... Vou gravar. – ela falou, pegando o celular.
- Não. Você vai escrever. – eu disse firmemente. – Eu não posso de forma alguma ser exposta. Nem a minha voz.
- Mas... Eu jamais exporia a entrevista desta forma... Ou mesmo a sua voz, Alteza.
- Não... Como meu pai sempre diz: “pela minha segurança”. Foram 17 anos me escondendo do mundo para agora correr risco de colocar tudo a perder por uma entrevista.
- Eu... Entendo, Alteza. Será como preferir.
- Então estou pronta.
- Eu gostaria de saber como vossa Alteza vê a questão do casamento arranjado, com uma pessoa que não conhece, sabendo apenas de fato que ele também é da realeza.
- Eu vejo como algo normal para alguém na minha
Terminei o dia no jardim e quando o sol se pôs eu entrei e fui para o meu quarto. Eu não me sentia bem com o que havia acontecido com Alexander e aquilo estava acabando comigo. Eu não contaria para que Léia e Mia não sofressem, mas também não poderia continuar andando num carro com ele, me levando para todos os lugares sendo que não confiava nele. Então decidi que na manhã seguinte eu falaria com meu pai sobre isso. Não contaria a verdade, mas pediria para tirar Alexander do cargo de guarda costas. Ele não era a pessoa ideal para me proteger. Poderia ser qualquer pessoa, menos ele.Na manhã seguinte estava calor. Então tive que usar um vestido e um lenço no pescoço para tapar as marcas daquela noite terrível. Qualquer um percebia que eu não me vestia daquela forma. Jamais fiz uso de lenço ao redor do pescoço, mas não tinha out
Passei os dedos nervosamente sobre a capa e ouvi uma batida na porta. Logo em seguida apareceu Mia, sem esperar que eu mandasse ela entrar. Mas sempre foi assim. Mia teve passagem livre para o meu quarto a vida inteira. Então por que naquele momento eu me senti um pouco invadida? Procurei esconder o diário de minha tia. Por sorte ela não notou. Simplesmente me olhou e disse:- Alteza... Você está absolutamente perfeita.- Obrigada, Mia. Você também está fabulosa.- Alexander está nos esperando lá embaixo.- Eu... Já estou descendo. – avisei.Por sorte ela virou as costas e saiu. Onde eu colocaria aquilo para que não fosse encontrado? Óbvio, no mesmo lugar que encontrei. E foi isso que fiz, devolvi o diário ao lugar onde achei. Uma última olhada no espelho e saí. Não houve um guarda real que conseguiu não virar para me ob
Senti os lábios dele subindo no meu pescoço e depois sua língua quente tocou minha orelha e eu me arrepiei. Nunca senti àquilo ao toque de alguém. Eu tinha desejos loucos e pervertidos dentro da minha cabeça. Mas eu era na verdade uma virgem que nunca tinha feito nada a não ser beijar homens sem nenhum tipo de sentimento. Por isso me senti tão violada quando Alexander fez o que fez comigo no meu quarto. Mas eu não queria pensar naquilo novamente. Eu tinha que esquecer o que houve... Nem todos os homens eram como ele.Virei-me e encontrei os olhos de Samuel Leeter, vendo neles todo o desejo que ele tinha por mim. Ele era a promessa de uma noite perfeita e sem arrependimentos. Também não me parecia o tipo de homem que depois ficasse correndo atrás da mulher ou se apaixonar tão facilmente. Resumindo: ele era o que eu precisava. E eu não tinha sentimentos por ele a não ser de
Samuel demorou a responder. Depois de um tempo, disse:- Como eu posso confiar em você? Eu não a conheço.- Eu também não conheço você, Samuel Leeter.- Primeiro você me dá as informações. Depois eu decido se são importantes o bastante para que eu a leve comigo até a Coroa Quebrada.- Qual seu medo?- De você ser uma espiã do rei.Eu ri alto:- Olhe para mim... Tenho cara de espiã do rei?- Tem... Por mais rica que você seja, nunca vi uma garota com um segurança pessoal tão empenhado quanto o seu.- E eu lhe confessar que isso envolve sentimentos por parte dele, o que diria?Ele riu ironicamente:- Eu diria que é óbvio que já percebi.- Ele é só uma pedra no meu sapato.- E inexperiente... Completamente inexperiente. Se deixou dopar
Eu nunca tive um diário, mas sempre passou pela minha cabeça que fosse escritas diárias, onde teria data e descrições do que a pessoa fez naquele dia. E por este motivo quando abri a primeira página fiquei um pouco decepcionada ao ver que não teria nada daquilo. Dizia “Momentos que vivi para recordar depois que eu morrer.” Como assim recordar depois de morrer? Minha tia Emy talvez não estivesse bem quando começou a escrever.Algumas coisas sem importância, embora revelassem sobre o que ela gostava ou não. Fui até a estante e peguei uma caneta marca texto para grifar o que eu achasse mais interessante. E lá estava a primeira revelação: “Sempre aceitei o casamento com naturalidade, pois mesmo não o conhecendo sabia que meu pai jamais me prometeria a um homem que não fosse adequado. Até porque ele sabe que sou futura rainha d
Ela me olhou impressionada. Eu sorri e tentei lhe mostrar o meu lado mais doce e gentil, que ultimamente pouco existia dentro de mim.- Beatrice, como você sabe, meu pai deixou que eu explorasse Avalon por cinco meses... Agora menos, pois o tempo passa muito rápido. Em breve eu me casarei, conforme foi decidido pelo melhor de nosso reino.- Eu sei disto...- E... Eu estou gostando muito de viver a vida como uma pessoa normal.- Estou tentando entender como você pode estar gostando, mas continue.- Como assim?Ela riu e balançou a cabeça:- Você só está gostando da vida lá fora porque nunca esteve lá, Alteza. Avalon não é bem como você imagina.Beatrice... Você pode me ser talvez mais útil do que eu imaginei.- A que exatamente você se refere? – perguntei curiosa.- Nada... Esqueça.- Quem s
Desci rapidamente até a sala de jantar íntima. Não demorou muito até meu pai e Beatrice se juntarem a mim. Ela estava linda de vermelho, eu não podia negar. E eu via a forma como meu pai olhava para ela. Era puro desejo... E acho que até... Carinho. Stepjan Beaumont era capaz de ter sentimentos verdadeiros por alguém? Seria ela capaz de amolecer o coração frio do meu pai, o rei mais temido de todos os tempos?- Como tem passado, Satini?- Bem, dentro do possível. Tentei encontrá-lo pessoalmente, mas me foi negado falar com o senhor.- Eu estava bastante ocupado.Eu poderia alegar que ele estava ocupado somente para mim e não para Beatrice. Mas para que começar aquela discussão se em nada mudaria para mim? Pelo contrário, havia risco de perder o pouco que eu tinha: minha liberdade provisória. A quem eu estava tentando enganar? Ele talvez nunca me
Observei o homem moreno, alto, magro e bem conservado curvado à minha frente. Os cabelos não eram muito curtos e estavam penteados para trás, não muito alinhados. Tinha o rosto triangular, lábios finos e dentes perfeitos. Seus olhos eram claros e ele era muito bonito. E eu nunca o tinha visto no castelo.- Obrigada. – eu disse.- Sean...- Majestade. – ele curvou-se para meu pai, havendo cometido a gafe de primeiramente curvar-se a mim e depois a meu pai.No mínimo curioso para um homem que provavelmente estava há bastante tempo no castelo e conhecia muito bem as mesuras e reverências corretamente. Por um momento me pareceu de propósito.- Apresento-lhe a princesa de Avalon, Satini Beaumont, na certeza de ter sua total discrição e honra em manter o segredo sobre sua identidade.- Com certeza, Majestade. Fiz meus votos no momento em que entrei para a guard