Início / Romance / Pra ficar / CAPÍTULO 2.2
CAPÍTULO 2.2

Meu Deus, o que foi isso? Enquanto me preparo pra dormir não posso parar de pensar em tudo que houve hoje à noite. Aquele é o cara dos sonhos de qualquer mulher, mas ele me intimida. Poucas pessoas conseguem me intimidar nessa vida. Mas ele, definitivamente, me intimida. Seus olhos são exploradores. Fixam-se nos meus de um modo que eu fico presa e vulnerável. Não consigo desviar o olhar do dele. E não consigo me afastar. Eu o desejei como nunca desejei ninguém nesse mundo. E me sinto uma traidora. Eu sou noiva, meu noivo não é nenhum santo, eu nunca o peguei no flagra, pessoalmente, mas também é só o que falta. Porque, por mais que ele negue, eu sinceramente não confio mais nele. Porque já o flagrei nas situações mais comprometedoras, já o peguei na mentira, e nunca consigo pôr um fim nesse relacionamento. Meus pais nem sonham que ele faz o que faz, mas no fundo eu sei que ele não é fiel a mim. Mas, independentemente do que Will faça ou deixe de fazer, isso não me autoriza a fazer o mesmo.

Meus pais são extremamente conservadores e conhecem a família de William há muitos anos, foi meu primeiro namorado e foi com ele que tive minha primeira relação sexual. E foi apenas com ele. Nesses seis anos que estamos juntos eu nunca consegui ter um orgasmo, no início eu achava que era porque eu estava nervosa, mas o tempo foi passando e eu fui deixando pra lá e William não está muito preocupado com isso. Depois passei a fingir. E que ele nem sonhe com uma coisa dessas. Ele é de uma família de políticos locais e pretende disputar um cargo de deputado estadual nas próximas eleições, e segundo ele, eu sou a mulher perfeita pra ser a esposa de um homem público como ele se autointitula. Mas, eu não estou certa se quero isso pra minha vida. E depois dessa noite, estou mais confusa do que tudo. Não que eu ache que Jake esteja interessado em ter algo mais sério comigo, pelo contrário, estou certa de que ele quer apenas sexo e depois disso tchau, mas quando ele me beijou, ou mesmo quando ele acariciou minhas mãos embaixo da mesa eu fiquei tão excitada que chego a me perguntar, como posso me condenar a uma vida tão sem sensações sabendo que pode ter outra pessoa ainda que não seja esse Jake, claro, que pode me fazer sentir mais do que William me fez em todos esses anos? Ah, e por falar em William preciso checar meu celular pela manhã, tenho certeza de que tenho diversas mensagens dele e de um monte de gente. Desde que cheguei aqui só enviei uma mensagem via W******p para minha mãe avisando que cheguei bem e depois disso praticamente esqueci que tenho um celular. Mas agora eu só quero dormir. Depois de um banho rápido, vou pra cama e custo a dormir pensando em um par de olhos azuis penetrantes, lábios exploradores e luzes piscando.

Acordei um pouco assustada e demorei um pouco para perceber onde eu estava. Não foi um sonho, eu estou em Nova York. Rapidamente me levanto, arrumo minha cama. Vou ao banheiro, tomo um banho. Coloco uma bermuda Jeans, colada no corpo, mas longa, não costumo usar roupas muito curtas. Ela vai até pouco acima do joelho e vesti blusa com devote V, justa nos seis, mas solta logo abaixo, na cor preta. Em seguida vou checar meu celular e percebo que ele está descarregado. Conecto à tomada ao lado da cama e me sento pra chegar minhas mensagens e e-mails no celular. Eu tenho um monte de mensagens no W******p, eu ignoro todas para dar atenção a uma em especial. É dele, Jake Grenn.

“Não consegui dormir pensando em você. Estou ansioso por nosso encontro de hoje. Tem algo especial que você gostaria de fazer? JG.”

Não acho que seja uma boa ideia ficar alimentando qualquer tipo de relação com ele. Melhor acabar logo com isso antes que eu me arrependa de algo que eu possa vir a fazer. Assim decido recusar seu convite.

“Jake, eu continuo achando que não seria uma boa ideia sairmos juntos. Você não precisa fazer isso. Eu não posso te oferecer o que você deseja. Eu agradeço sua gentileza, mas não é necessário. SM”

Poucos minutos depois chega uma nova mensagem sua:

“estarei na sua casa as 7:00 pm Vamos jantar. Tem um lugar que eu gostaria que conhecesse. JG”

“Que parte do “EU NÃO VOU SAIR COM VOCÊ” você não entendeu. Sinceramente Jake, não quero ser rude com você. SM”.

“Então não seja. Estarei aí as 7:00 pm e se você não descer, eu subirei até você. Não se preocupe, sua amiga já foi bastante clara ontem. Vou me comportar. JG”

“Percebo que além de direto e intimidante você pode ser bastante mandão. É uma pena, pois sinto informar que eu não gosto de receber ordens. SM”

Demora uns cinco minutos até que ele responda minha última mensagem e eu me vejo ansiosa até ouvir o sinal de alerta de mensagem.

“Até mais tarde baby, não me faça ir te buscar no seu apartamento com qualquer roupa que esteja vestindo, ou mesmo sem nenhuma, se for assim que vou lhe encontrar. JG”

Decidi não responder. Estou tão tentada a ir com ele como estou tentada a desafiá-lo. Não gosto de receber ordens. Menos ainda de alguém que eu nem conheço. Quem ele pensa que é? Baby? Que história é essa de baby? Bom, estou faminta e vou deixar pra responder as outras mensagens depois. Vou até a cozinha e encontro Carol preparando o nosso almoço.

─ Bom dia amiga, quer uma mãozinha aí? – pergunto.

─ Senta aí e me faça companhia, já estou quase terminando. ─ A cozinha do apartamento é grande, uma enorme bancada em mármore pálido separa a cozinha da sala de jantar. E em frente a esse balcão quatro bancos na cor preta estão dispostos. Sento-me em um desses bancos e fico assistindo Carol cozinhar.

─ Então, amiga, quais são seus planos pra hoje? – questiono e pelo sorriso exagerado estampado em seu rosto, já sei que tem algo a ver com Christian.

─ Christian me chamou pra jantar hoje e eu aceitei. Mas vou passar o dia com você, ele só vem me buscar por volta de 7:00 pm

─ E então, amiga, o que está rolando entre vocês?

Ela dá de ombros – Tudo que eu sei é que eu gosto dele e que ele gosta de mim. Estamos sempre juntos, nos damos bem, mas a verdade é que ele nunca fez nenhuma investida mais ousada. Então, pra falar a verdade eu não sei o que pensar.

─ Quem sabe não vai ser hoje. Olha Carol eu estou te estranhando, em outros tempos você já teria perguntado qual era a dele. Será que Christian é a sua kriptonita?

─ É possível. Mas te juro, amiga, se ele não tomar uma iniciativa hoje eu vou falar. Pode esperar. – diz ela, com uma cara decidida.

─ Eu também recebi um convite pra jantar. Nunca pensei que recusar um convite seria tão difícil. Ele simplesmente não aceita um não como resposta. – Carol franze a testa em resposta e eu sinto a necessidade de explicar. – Ele disse que se eu não descesse na hora marcada, ele subiria e me arrastaria com o que eu estivesse vestindo.

─ Nossa! Quanta intensidade, não? Diz Carol enquanto prepara a mesa para a nossa refeição.

─ Intenso. – Experimento a palavra na minha boca ─ Essa é a palavra que melhor define Jake Grenn, pelo menos até o momento, tendo em vista que eu não conheço absolutamente nada sobre ele.

Almoçamos juntas e passamos toda a tarde conversando e assistindo tv. Muito bom poder ficar de bobeira com a minha melhor amiga depois de mais de dois anos morando em países diferentes. Por volta das 4:00pm Carol foi para o quarto descansar um pouco e se preparar para a noite. Decidi fazer o mesmo, mas antes resolvi checar minhas mensagens. Vi que tinha diversas mensagens de William, querendo notícias sobre minha chegada à Nova York e questionando a minha demora em responder. Envio uma mensagem de volta, pelo W******p:

“Oi, William, a viagem foi longa mas correu tudo bem. Eu mandei uma mensagem pra mamãe assim que desembarquei no JFK, estava muito cansada e precisava desfazer minhas malas e me acomodar no apartamento. Desculpe pela demora em responder.”

Sigo respondendo outras mensagens. Minha irmã, Bia, mandou várias mensagens curtas exigindo detalhes de Nova York. Eu estava lendo as mensagens da minha irmã quando chegou uma resposta de William:

“Sam, já estou morrendo de saudades de você. Que bom que correu tudo bem na viagem. Estava aflito por não ter tido notícias da minha noiva. Ainda estou me acostumando com esse novo título. Te amo, gata. Se cuida.”

Respondo:

“se cuida também. Beijos.”

Estou muito ansiosa para conseguir dormir, então vou até o armário escolher uma roupa para a noite. Ocorreu-me que eu não sei para onde vamos e não tenho ideia do que usar. Estou tentada a enviar uma mensagem para Jake perguntando, por fim decido não enviar. Vou tentar seguir o padrão de ontem, um vestido e sapatos.

Optei por um vestido que comprei especialmente para estrear em Nova York. Trata-se de um vestido nude com um tecido de renda preta sobreposta. O nude se destaca na renda evidenciando o desenho formado por ela. Coloco meu scarpin na cor nude com saltos baixos combinando com o vestido e uma bolsa-carteira preta. Separei tudo e fui tomar um banho, como tinha bastante tempo disponível passei uma loção no corpo inteiro e esperei um tempo até que o meu corpo absorvesse toda a loção, em seguida me vesti, passei um pouco de batom e rímel apenas, deixei o cabelo solto. Dei uma última olhada no grande espelho do meu quarto e fui ver como estava a produção de Carol.

Ela estava linda com um vestido vermelho de corte reto sem mangas, seus cabelos soltos apenas em um lado do rosto. – Uau, se Christian não tomar uma iniciativa hoje, Carol, com certeza não faltarão pretendentes. – Pego meu iphone ─ Acho que merecemos uma selfie, não acha? – E então registramos o momento e envio para o meu I*******m. Meu celular acusa o recebimento de uma mensagem de Jake:

“Oi, estou esperando você no hall. Prefere que eu suba?”

Me apresso em responder-lhe antes que ele venha até o apartamento:

“Não é necessário, já estou descendo.”

─ Estou indo – digo a Carol – Jake está lá embaixo.

─ Vou com você, Christian deve chegar em breve. – Ela diz. Então descemos juntas. Quando as portas do elevador se abrem no hall do prédio, um Jake impressionado vem em minha direção, sem desviar o olhar nem por um segundo, pega minha mão e beija ainda com os olhos fixos.

─ Oi. – diz pra mim e em seguida se dirige a Carol e repete o gesto. – Olá Carol, você vai nos acompanhar? – perguntou.

─ Oh não Jake, tenho outros planos para essa noite. – Percebi um pouco de alívio emanando de Jake ao perceber que seríamos apenas eu e ele esta noite. Mas Carol continua – Mas eu fiz questão de descer junto com Sam apenas para lembrar que é a segunda noite dela aqui e eu preciso que cuide muito bem dela, você me entendeu.

─ Claro, não se preocupe, cuidarei muito bem dela. – e seu olhar é cheio de promessas.

Dou um abraço em Carol e sigo para a saída, ele vem logo atrás com uma mão na base das minhas costas e um arrepio percorre todo o meu corpo com esse pequeno contato. Em frente ao prédio, um motorista abre a porta traseira de um Bentley preto, ele faz um gesto para que eu entre e dou espaço para que ele entre logo atrás de mim e o motorista fecha a porta do carro. Jake tem o corpo voltado na minha direção, pega minha mão direita e leva aos seus lábios. Em seguida me olha fixamente por alguns segundos e diz:

─ Você está linda Samanta – e, sem mais nem menos, me beija. Eu tento me esquivar do seu beijo, mas suas mãos seguram o meu rosto, e eu finalmente me entrego ao seu beijo e correspondo. Sinto um latejar entre as minhas pernas, meu corpo reage a cada investida da sua língua na minha boca, por fim ele mordiscou meu lábio inferior e em seguida encostou sua testa na minha. Eu estou ofegante, com olhos fechados, não quero encará-lo agora. Ficamos assim por alguns segundos, quando ele quebra o silêncio. – Precisava disso, precisava tocar em você, te beijar novamente. Não consegui pensar em outra coisa desde que nos separamos – E volta a me beijar. Dessa vez seu toque é suave, terno, sua boca degusta a minha com muito cuidado. Em seguida ele distribuiu pequenos beijos no caminho que vai da minha boca até o pescoço. Embora esteja completamente fascinada com ele, sei que preciso colocar um fim nisso tudo.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo