CAPÍTULO 3.1

Segunda-feira, 08 de julho de 2013

            O dia já estava claro quando acordei, o quarto estava iluminado com a luz do sol invadindo o ambiente. Demorei um pouco para me dar conta de onde eu estava. E um sorriso escapou dos meus lábios quando percebi que dois braços fortes me envolviam por trás. – Bom dia, Sam. – Ele falou no meu ouvido.

– Bom dia, Jake – respondi-lhe.  – Eu preciso ir, esqueci-me de mandar uma mensagem pra Carol avisando que ficaria aqui.

─ Calma, eu só tenho que estar no escritório às 9:00am. Há tempo suficiente para tomarmos um banho e tomarmos café da manhã juntos. Depois te deixo em casa.

─ Eu posso pegar um taxi.

─ Não. Você não vai pra casa de taxi. Quero te acompanhar até em casa e isso não está em discussão – ele diz enquanto se levanta e segue em direção ao banheiro – Eu adoraria tomar banho com você agora, mas se eu entrar naquele banheiro com você não vou trabalhar hoje. Sendo assim, muito a contragosto eu vou tomar banho sozinho e em seguida você vai.

Enquanto ele segue para o banheiro e fico pensando em tudo que aconteceu nesses dois últimos dias. Nova York tá se revelando uma aventura pra mim. Tudo muito fora do meu padrão de controle. Estou na cama de um homem sobre o qual eu não sei nada. Tudo que eu sei é que ele é obscenamente rico e que tem uma irmã que mora em Londres. Ele não falou sobre os seus pais e se mostrou desconfortável quando eu lhe fiz perguntas. Preciso me lembrar de procurar saber mais sobre ele. Quem é esse homem, afinal?

Alguns minutos depois ele aparece no quarto, com uma toalha em torno dos seus quadris e com a pele ainda úmida. Eu devo ter ficado muito perplexa com a imagem porque ele me deu um sorriso todo convencido. – Você sabe o quanto é difícil pra mim vestir um terno enquanto você está completamente nua e linda na minha cama? – Ele pergunta enquanto avança na minha direção. Então eu devolvo a pergunta – e você sabe o quanto é difícil sair dessa cama e me vesti enquanto você está usando apenas uma toalha? Vista logo seu terno que eu vou tomar um banho. Quando eu fico de pé ele está na minha frente e beija meu pescoço. – Eu quero muito ter você agora, primeiro porque só de olhar pra você eu fico louco e também porque estou com medo de que você escorregue por entre os meus dedos.  – Eu não digo nada, como posso dar-lhe qualquer garantia se eu nem mesmo sei o que eu vou fazer da minha vida. Além do mais eu o conheci agora, que garantias eu tenho? Qual o futuro dessa “coisa” que a gente está tendo?

─ Eu não sei o que eu vou fazer, Jake. Eu estou muito confusa com tudo isso. Quando eu vim pra cá, pra Nova York, eu não imaginava que as coisas iriam ficar tão complicadas assim. – Dou um longo suspiro – Mas eu não quero falar sobre isso agora. Vou tomar meu banho.

Ele me beija – Porque é que eu tenho a sensação de que você vai fugir de mim – Eu apenas dou de ombros ─ ele me abraça, depois dá um beijo na minha testa e muda de assunto – Vou me vestir e te espero lá embaixo para o café da manhã. – Ele me larga e eu vou para o banheiro. Quando retornei, ele já não está no quarto, mas o seu cheiro está por toda parte. Pego minhas roupas que estão espalhadas pelo quarto e visto. De volta ao banheiro encontro um pente em uma das gavetas. Arrumo meus cabelos e vou ao seu encontro no andar de baixo. Quando chego à cozinha Jake está sentado em um dos bancos à mesa de café da manhã. Há uma senhora de meia idade na cozinha, ela era loira e quando me viu deu um largo sorriso – Bom dia, senhorita Miller – Que ótimo, ela sabe meu nome – Bom dia – Respondo-lhe. Jake está olhando pra mim encantando – Oi – Eu digo timidamente pra ele, que me responde enquanto puxa o banco para que eu me sente ao seu lado. – Oi, o que você gostaria de comer no café da manhã?

─ Quero apenas uma xícara de café, mais tarde eu como alguma coisa – digo sorrindo.

─ Você não vai sair daqui sem comer nada, senhorita. Gosta de ovos e bacon?

─ Você é muito mandão. Não estou acostumada com ninguém me dando ordens, além de meus pais, é claro.

─ Sra. Davis, por favor, a senhorita Miller gostaria de ovos e bacon. – Virando-se pra mim ele fala – Então quer dizer que seus pais lhe dão ordens.

─ Ah, com certeza.

─ Então, me diga o que você costumava comer no café da manhã no Brasil?

─ Pela manhã eu sempre comia “pão com alguma coisa” e café, depois do suco. Alguns dias eu comia cereal com leite. Outras vezes eu comia algo mais “da terra”. Tem dia que eu como apenas alguma fruta.

Ele sorri, divertido com meu jeito de falar – O que seria “alguma coisa”?

─ Alguma coisa é ovos, ou queijo com presunto, ou tudo isso misturado ou apenas com manteiga, geralmente eu tomo um copo de suco de laranja em jejum, depois como o “pão com alguma coisa” e café. O pão era quase sempre do mesmo dia, meu pai acorda muito cedo pra caminhar na beira-mar, então quando ele volta da caminhada para na padaria e compra pão quentinho. Assim, todos os dias eu comia pão fresco, com raras exceções.

─ Interessante. Seu pai é bem doméstico, não? – Eu dou uma gargalhada imaginando meu pai como doméstico.

─ Na verdade meu pai é juiz aposentado. Mas desde que eu me lembro, essa é a sua rotina, ele acorda cedo, caminha, passa na padaria, compra o pão e traz pra casa. Quando ele ainda estava no tribunal, ele fazia isso mesmo, só que ao chegar em casa ele tomava banho, vestia seu terno elegante, tomava café da manhã conosco, deixava eu e a minha irmã no colégio e depois ia para o tribunal. Era sempre assim. – Falo com saudades.

─ Você parece ter sido bem feliz com a sua família. – A Senhora Davis coloca um prato na minha frente com ovos e bacon e eu agradeço.

─ Ah, eu sou.  – Acho que é uma boa hora pra saber mais sobre sua família – E você?

─ Eu o quê?

─ Você era feliz com a sua família?

─ Coma pra não esfriar.

─ Você não quer falar sobre a sua família?

─ Não. Eu não quero – Ele diz aborrecido – Meu rosto cai com a sua resposta e pior com a forma como ele me respondeu. Ele percebe e levanta uma mão para acariciar meu rosto – Desculpe, outro dia falamos sobre isso.

─ Tudo bem. – Respondo secamente e me ocupo em comer meu café da manhã. Ficamos em silêncio.

Depois do café da manhã fomos para a garagem, onde o Bentley está estacionado. O motorista com cara de segurança está de pé do lado de fora do carro e abre a posta para mim, Jake dá a volta e entra pelo outro lado. Quando o carro se põe em movimento eu pude vislumbrar um pouco do trânsito de Nova York numa segunda-feira pela manhã. Estou distraída olhando pela janela, quando ele pega a minha mão e leva aos lábios. ─ Vamos almoçar hoje?

─ Jake, eu...

─ Não. Não fuja, por favor.

─ Não estou fugindo, Jake. Mas gostaria de ter um tempo pra pensar sobre tudo. Tenho que resolver as coisas do meu jeito. Até por que isso não tem nada a ver com você. Nós não temos nada em concreto. Conhecemo-nos há dois dias e tivemos uma noite maravilhosa, mas é isso. Nem você pode me dar garantia e, por favor, não me entenda mal, eu não estou pedindo nada de você e nem poderia. Tampouco eu posso dar-lhe. – Eu olho pra o homem no banco do motorista, mas ele não está olhando pra gente, mas como eu sei que é impossível ele não ouvir eu decido falar em português: ─ Essa noite foi incrível, a única pessoa para a qual eu me entreguei em toda a minha vida foi incapaz de me dar aquilo que você me deu mesmo tendo acabado de me conhecer. Então, você tem ideia do quanto ontem foi especial pra mim. ─ Ele beija minha mão ─ Foi como se ontem tivesse sido a minha primeira vez e não deixa de ser uma primeira vez. Mas eu não posso tomar uma decisão tão séria, que vai mudar toda a minha vida, me baseando em algo que talvez só exista na minha cabeça. Eu sou uma pessoa centrada. Eu fiz mais loucuras nesses últimos dois dias do que eu já fiz na minha vida toda. Eu fui pra cama com um homem que eu acabei de conhecer em um país estrangeiro e, eu sou NOIVA.Fecho os olhos e balanço a cabeça negativamente. Se isso não é loucura, eu não sei mais o que é. – percebi que o carro parou na frente do meu prédio ─ Olha, Jake, eu preciso pensar um pouco. Só me dê um tempo.”

Ele respira profundamente, pega uma mecha do meu cabelo e coloca atrás da minha orelha e fala em um português cheio de sotaque – Ontem foi especial pra mim também, mas do que você pode imaginar. Eu não sei explicar, muito menos em portuguêsE faz uma careta pra indicar que o seu português não é perfeitomas desde que eu a vi, eu soube, não me pergunte por que, mas eu soube que seria minha, que teria que ser minha. Eu entendo a sua angústia, eu só quero que você saiba que por mais que pareça absurdo o que eu vou dizer, tendo em vista que nos conhecemos a menos de dois dias, você significa algo pra mim, embora eu não consiga dizer ainda ao certo o que é.

─ Tudo bem. Vou deixar você ir trabalhar. – Ele pega meu rosto entre as mãos e me beija possessivamente, quando ele se afasta eu estou sem ar, trêmula. Ele desce do carro, dá a volta e abre a porta pra mim. – Você sabe que eu não estou acostumada com essas gentilezas, não é?

─ Pois se acostume, porque é assim que eu sou.

─ Vou tentar. Tchau, Jake.

─ até logo, Samanta.

Fui até a entrada do prédio. Parei, olhei de volta pra ele que estava parado na porta esperando que eu entrasse – Seu português não é tão ruim?

Ele dá um sorriso largo – Se isso foi um elogio, obrigado. – Então eu solto um beijo pra ele e entro no prédio.

Espero que esteja gostando desta história. Não esquece de me seguir e curtir cada capítulo. Isso nos incentiva a escrever mais, pois sabemos que você está gostando.

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