O The Musics Bar estava lotado. Um sábado noite quente de céu estrelado. A Alpha, a Irmãos do Soul e algumas outras bandas fariam um show no evento que denominaram "Virada Cultural". Seria repleto de apresentações que iriam do entardecer ao raiar do dia, tudo idealizado pelos donos do lugar para inaugurar o espaço externo recém-construído.
Este novo espaço era tomado por um extenso gramado com puffs em tons escuros e mesas de uma madeira clara envernizada que estavam por todos os lados, porém, cuidadosamente dispostos.
A maior parte das luzes vinha do novo palco, que era bem maior que o do ambiente interno e que por estar ao ar livre era coberto por uma estrutura em metal e toldo branco. Também haviam postes que imitavam aqueles que encontramos em praças e algumas cortinas de pequenas luzes, parecidas com essas que enfeitam as casas em véspera de Natal. Um ambiente casual e aconc
Eu não costumava acordar cedo, contudo, naquele dia algo me fez despertar. Chequei as mensagens para confirmar meu pressentimento, mas não havia nada além das últimas que trocara com Briana antes de ela dormir.Bom dia linda! ♥️ 08h40Enviei o sms na esperança de que ela estivesse acordada para podermos conversar, também queria saber se ela havia melhorado do mal-estar da noite anterior, só que não tive resposta.Minha mãe havia saído para ir à missa como fazia todo domingo, então sem companhia e finalmente sem compromissos aproveitei a folga e voltei a deitar em minha cama. Estava quase cochilando quando ouvi um bater de palmas, meio sonolento demorei para entender ser na minha casa que batiam, estava acostumado com o som da campainha do meu antigo apartamento e tambémera uma situação inusitada, raramente tínhamos visitas
Sentado bem em frente ao quarto de Briana, do lado de fora, em um dos vários bancos de plástico branco espalhado pelo corredor estava ele: Léo.Chorava como criança em primeiro dia de aula, soluçando e fazendo barulho, resmungando frases incompreensíveis. Em sua frente estavam Lilian e Naty, prostradas uma de cada lado da porta fechada do quarto, com os braços cruzados e cara amarrada.Foi questão de minutos para eu me dar conta que já estava em cima dele, esbofeteando com vontade seu maldito rosto, contradizendo a mim mesmo e quebrando as promessas que fizera minutos antes.Eu não fazia o tipo brigão. Na verdade, era bem o oposto. Na época de escola era até zoado por preferir ficar na minha e não arrumar encrenca com os caras que me tiravam. Eu achava a violência uma perda de tempo, afinal para quê gastar sua energia física e mental com soc
Enquanto aguardava na sala de espera, já com a roupa apropriada para a situação, que se resumia a uma touca, calças e camiseta de um azul-claro, além do protetor para os sapatos, Briana já estava se preparando para o triste parto. Logo me chamariam para me juntar a ela e presenciar aquele show de horror.Se me dissessem algum tempo atrás que estaria vivendo tudo isso eu riria até não aguentar mais. Não passava pela minha cabeça que minha vida poderia mudar tanto em tão pouco tempo. Eu que não estava nem aí pra ninguém, que só queria curtir a vida e fazer minha música longe e sozinho, estava agora completamente apaixonado por uma garota e prestes a assistir o nascimento do filho dela, uma criança que eu estava pronto para defender e que nem sequer era minha.Fiquei ali me perguntando o porquê de tudo ser sempre tão complicado. No fun
Era uma quinta-feira, acabara de chegar em casa depois de um dia todo em uma cidade próxima para fechar contrato com uma artista solo que seria uma das primeiras da região a gravar com a Boomb. A cozinha estava limpa e minha mãe já estava deitada. Fui até meu quarto e para minha surpresa Briana não estava lá. Sentei em minha cama me perguntando o porquê de tal espanto já que aquela era mesmo a minha casa e não a dela.Com a correria na produtora e todos os últimos acontecimentos, não havia parado para refletir com clareza sobre nosso relacionamento. Passávamos cada vez mais tempo juntos, tanto na produtora como na minha casa. Ela dormir comigo se tornara algo cada vez mais frequente, pois, já não suportava o clima na casa da mãe que apesar de ausente dava sempre um jeito de pegar no seu pé, muito mais por conta da pressão dos familiares d
Acordei com o cheiro forte de café que exalava pela casa. Minhas mãos apalparam a cama a procura de Briana, mas ela não estava lá. Abri os olhos e notei que a porta do quarto estava entreaberta, olhei para o relógio que marcava 9h33min.A peste e sua mania de estar sempre adiantada.Eu reclamava, porém, devo confessar que esse hábito era bem conveniente, principalmente para pessoas atrasadas e desorganizadas como eu. Vislumbrei um futuro onde ela implicaria com esse meu defeito, que eu ignoraria só pra irritar e poder logo em seguida acalmá-la beijando cada parte do seu corpo.Levantei ainda sonolento, era estranho e do mesmo modo reconfortante despertar pelo simples fato de sentir falta de sua proximidade. Quando não dormíamos juntos eu demorava a pegar no sono. Do mesmo jeito, sempre que ela se levantava não demorava muito para eu acordar. Até tentei voltar a dormir, por&e
Ouvia vozes ansiosas, luzes coloridas estavam à minha frente, mas não conseguia distinguir nada. Só queria saber onde estava, onde estavam Briana, Peter, Davi...No fundo eu sabia o que estava acontecendo. Pude ver, mesmo que muito rápido o puta caminhão a nossa frente. O susto de Peter e sua tentativa falha de desviar. Meu subconsciente me dizia que eu estava em uma maca, numa ambulância talvez, ou ainda no carro, não conseguia ter certeza. Minha visão não me ajudava, era tudo muito confuso e então, mais silêncio.Quando consegui abrir os olhos de fato, para enfim enxergar tudo à minha volta, já era tarde. Sei lá quanto tempo havia se passado, parecia que dormira por uma eternidade. Bernardo estava sentado na poltrona ao lado da cama onde eu estava todo ligado a aparelhos que monitoravam minha frequência cardíaca. Uma agulha estava enfiada numa veia do meu bra&
Podemos comparar o encontro de duas pessoas, com o que acontece quando duas substâncias químicas entram em contato: caso ocorra uma reação, ambos se transformam. Para sempre.***— Andrew, Andrew!!! — Briana gritava desesperada quando o garoto ao seu lado começou a tremer sem parar, depois de reclamar de sono e dor de cabeça.Em questão de segundos o corpo do rapaz deslizou do leito em que estava junto da moça, indo direto para o chão sem que ela tivesse chance de fazer alguma coisa para ajudá-lo. Primeiro por conta do seu peso, ele era muito mais forte; segundo porquê seu corpo doía inteiro, a costela recém fraturada e todos os arranhões não permitiam que fosse tão veloz quanto gostaria. O desespero tomou conta da garota tão logo percebeu o que estava acontecendo. Ela não queria acreditar, n&a
Era mais um desses finais de tarde de verão típicos do interior, com céu alaranjado, ar quente e abafado, com os grilos e cigarras anunciando a chegada da noite. A brisa que batia era suave e fresca por conta das árvores que cobriam boa parte do espaço onde ficava situada a maior praça de Lachesis, localizada bem no centro da pequena cidade.Lachesis, nome derivado da cobra popularmente conhecida como surucucu,cujo nome científico batizou a cidade que era relativamente pequena, reconhecida por ser a segunda maior produtora de tomate do Estado, também por suas lindas paisagens com cachoeiras e trilhas naturais e que segundo antigos moradores locais contam, fora construída sobre a carcaça de uma enorme cobra que protegia a cidade de qualquer estrangeiro que tentasse destruir suas belezas naturais.Sentado em um dos bancos de madeira que mesmo antigo continuava com o verniz brilhante, ao