Soube ser Briana pela roupa que ela usava, o que de longe parecia uma saia, na verdade, era o mesmo vestido de algumas horas atrás. Sua silhueta também já tinha se tornado inconfundível para mim assim como os longos cabelos pretos, mesmo estando escondidos por debaixo do capuz da blusa de moletom com o logo do Acdc bem no centro.
Já eram 4h da manhã, por que ela estaria ali e sozinha, chorando desesperada daquele jeito? Imediatamente o motivo se pintou em minha mente, Léo. O que era um pouco óbvio, já que ele não fez questão nenhuma de esconder sua perfídia.
Pensei em seguir meu caminho e deixar que ela ficasse ali sozinha, na sua intimidade, com seus dissabores. Pensei que pudesse não gostar de ser vista daquele jeito, muito menos por mim, por termos nos desentendido mais cedo, mas é claro que não consegui. Já havia andado um pouco, por&e
No mesmo dia, um pouco mais tarde, acordei com o celular tocando. Atendi rápido sem nem mesmo observar o contato que aparecia na tela, na esperança de que fosse Briana, mas era apenas Bernardo.— Tá sabendo que o Léo quase foi preso, mano? — Ele disparou assim que atendi.— O quê? Porquê? — Perguntei, sem saber se gostaria de ouvir a resposta.— Chateação né, a famosa impertinência. Briana não quis atender e ele ficou lá gritando e socando a calçada até os vizinhos chamarem a polícia. — Ouvi seu riso do outro lado da linha — Eu sei que é feio pra banda e o Grecco ta puto com isso, mas ele merece, aquele pau no cú. Devia ter rodado mesmo.— É né... — Respondi ainda organizando as palavras que saiam da minha boca, sonolentas. Não havia termo melhor para definir o
Não foi muito fácil convencer Bernardo a me acompanhar, sua ficante misteriosa não fazia exatamente o tipo liberal. Tive que tecer um longo texto sobre relacionamentos, apesar de não saber nada sobre um para além das teorias porque nunca namorara. Contudo, eu sabia que se estivesse em um relacionamento não seria assim: uma prisão. As únicas correntes seriam as da confiança. Não fazia pra mim o menor sentido estar com alguém em quem não se confia e privar-se e privar o outro de fazer suas próprias escolhas.— Nossa, velho, quanta filosofia. Você apaixonado tá chato pra caralho. — Disse ele depois de aceitar o meu convite. Venci mais pelo cansaço do que por argumentos.Quando chegamos na casa da garota não precisamos apertar a campainha, Bernardo parecia estar acostumado a visitar Nati, o que me deixou surpreso, pois, de todas as pessoas
Depois da conversa com Bernardo fiquei pensativo. O que ele havia dito fazia muito sentido, até mesmo sua preocupação. Eu podia tentar enganar todo mundo, mas não a mim mesmo. Eu a amava, eu a queria. Passara a planejar tantas coisas para que pudéssemos estar juntos quando eu finalmente tivesse que voltar para São Paulo. Tentava não levar tão a sério as sensações e vontades que ela me despertava, mas era quase impossível, e se não fosse recíproco, se ela decidisse reatar com o ex-namorado, eu ficaria na merda por amor pela primeira vez na vida, completamente sem saber o que fazer, sem rumo e porra... como isso era estranho e desconfortável. Ficar vulnerável é uma tremenda bosta. Eu nunca havia me permitido sentir nada além de carinho pelas pessoas que passavam pela minha vida. Também nunca ninguém havia me despertado mais do que isso. Antes de ela aparecer eu gostava mesmo é de não ter um rumo pré definido, tinha adoração a liberdade, mas agora não impo
Três dias se passaram. Três dias sem mensagens ou ligações de Briana.Só três e eu já sentia sua falta. Uma bela de uma merda estar apaixonado, eu pensava saber de tudo, que esse sentimento de saudade era impossível de existir, que esse lance de se apegar era questão de vontade, que qualquer um poderia controlar se quisesse, mas estava completamente enganado.Neste mesmo terceiro dia, Grecco me ligou pedindo para que eu fosse até o hospital para ajudar Candy a se inteirar de tudo o que ela havia perdido com relação à banda. A garota já estava a par de muita coisa, recebia visitas todos os dias, principalmente de colegas da banda, porém o pedido contava com ajudá-la também na parte prática.A moça teria alta dali a alguns dias e queria muito participar conosco da fase estadual do Fenm. Ela e Grecco não haviam se comu
—Você e a Briana são bem próximos né? — Ele começou, saindo do degrau em que estava sentado e vindo em minha direção.— Como assim? — Perguntei, dando a deixa para que ele dissesse mais.— Você é tipo o melhor amigo dela, certo? Vocês vivem conversando e tal, sei que ela gosta muito da sua amizade, que vocês conversam bastante sobre essas coisas de música e tal. Talvez coisinhas a mais, coisas de menina. — Ele riu me dando um tapa nas costas.Apenas levantei as sobrancelhas, passei uma das mãos na boca e ri forçosamente, devolvendo os tapas nas costas e dizendo:— Cê é muito engraçado mesmo, hein cara...Ele não podia ser mais idiota. Se tivesse noção do papel de trouxa que fazia.— Tô zoando. Sei que é uma grande amizade, tô liga
Sempre que assistia a filmes de romance, o que aconteceu poucas vezes, me perguntava de que mundos vinham aqueles casais todos melosos, alegres e saltitantes. Que andavam de mãos dadas, aos beijos e abraços.Era como se não tivessem problemas, como se existisse mesmo felicidade só por estar com uma pessoa qualquer. Que idiotice, pelo menos até esse momento.Porquê agora eu fazia parte de uma dessas cenas. De um jeito menos tosco, mas ainda assim fazia.E descobri o quão incontrolável é se sentir assim, quando você vê,já era. Está rindo à toa e lembrando dos momentos com aquela pessoa, mesmo com ela do seu lado.Nos filmes geralmente as partes boas se sobressaem às ruins, por isso parece tão surreal. Parece simples se apaixonar, se entender e interpretar o outro. As merdas que a gente pensa e faz pra chegar a sentir e
— Não quero sua companhia. — Briana respondeu Léo com uma indiferença dolorosa. Para ele claro.O cara insistiu o quanto pôde e seguiu-a até onde pôde, mas o rumo para suas casas era completamente inverso. Continuamos eu, Briana, Candy, Bernardo, Nati e Lilian pelo mesmo caminho até chegarmos à casa de Candy onde eu e Bernardo paramos um pouco com a desculpa de ajudá-las a organizar alguns equipamentos que Grecco havia deixado por ali minutos antes.Entramos na casa toda feita de madeira e perfeitamente organizada e perfumada. Briana atravessou a porta principal como um raio e como alguém que já é de casa se jogou no grande sofá preto da sala.Bernardo foi com Candy até o quarto dela carregando algumas maletas e a mochila da garota. Eu estava com a minha mochila e a de Briana nas costas e as coloquei em cima da mesa de centro também feita de madeira
De imediato fiquei paralisado com a revelação. Corpo e mente completamente congelados. Meus pensamentos ora silenciavam, ora brigavam entre si por um lugar em minha voz, embaraçando todos os fios do meu universo particular.— Mas como? — Perguntei alguns minutos depois, vencido por um dos pensamentos, o mais idiota de todos. Um dos meus dedos da mão deslizou do nariz até a testa, numa tentativa de a tensão da minha mente que buscava por respostas.— Eu acho que sabe como essas coisas acontecem... — Disse ela sem jeito.— Não. — Precisava entender, mas o quê? — Quer dizer, eu sei, só... — Como a vida da gente pode mudar em questão de horas? Eu já deveria estar acostumado com isso.— Quase 14 semanas.Não era meu. Eu sabia que isso seria impossível, só tínhamos passado uma noite juntos, hav&iacu