Continua Capítulo Dois

Parte 2

Miranda e Flor conversaram com ele um pouco enquanto Juliana acertava detalhes com o padre e no começo ele se sentiu sendo sabatinado, mas gostou das garotas.

_ Agora podemos ir e conversar - ela se aproximou deles.

_ A gente se fala depois então - Miranda a beijou no rosto _ Que peão é esse? - disse baixinho rindo.

_ Vamos, sua doida - Flor a puxou _ A gente se vê - sorriu _ Boa noite.

_ Boa noite - ele respondeu _ Suas amigas são legais. Gostei delas.

_ Não vá gostar demais - apontou.

_ O que? Ciúmes? - riu.

_ Não sou ciumenta... Um pouco, talvez - pegou a chave do carro na bolsa _ Só que agora você é meu futuro marido. Cuidado com o fogo - deu uma risadinha.

Ele riu balançando a cabeça e andou com ela até o carro. Juliana parou e se encostou, deixando a bolsa de lado no capô.

_ O que queria de tão urgente?

_ Hã... - puxou o ar _ Não era nada demais, realmente.

_ Vitor...

_ É que fui jantar com seus irmãos e... Bem, fiquei sem jeito. Eles me perguntaram de você e não sabia onde estava... Acho que eles meio que colocaram pulgas atrás de minha orelha... Não deveria ter vindo. Desculpe.

_ Tudo bem - deu de ombro _ Eu sei como isso funciona. Meus irmãos são bem insistentes e se cismam com algo, já viu como é - alisou seu braço _ Eu gostei que tenha vindo.

_ Mesmo? - mexeu no cabelo.

_ Mesmo. Agora você sabe de outro segredo meu.

_ Faz isso há muito tempo?

_ Não - brincou com o botão da camisa dele _ Só há dois meses.

_ E como seus irmãos não sabem?

_ Não falei... Quer dizer, eu falei com o Jessé sobre vir aqui ajudar - torceu a boca _ E como sempre ele disse que eu esperasse para quando ele tivesse folga.

_ E você não esperou - segurou seus ombros, rodando o polegar em seu pescoço.

_ Não - disse firme _ A fome não espera, Vitor. Essas pessoas precisam de ajuda.

_ Eu gostei disso, achei muito bonito de sua parte.

_ Eu me sinto bem ajudando. Mas não acho bonito - abaixou a cabeça _ Tenho pena deles e fico revoltada.

_ Te entendo - deu um passo à frente.

_ Não vá contar a eles que eu venho aqui - levantou a mão até seu peito _ São só duas noites no mês. O tempo é dividido entre os que são voluntários.

_ Não vou contar - esfregou seu pescoço de leve _ E venho com você de novo.

_ Vem mesmo? - sorriu animada.

_ Venho sim. Só me lembre antes, posso esquecer.

_ Pode deixar, eu lembro - olhou para a boca dele _ O que está fazendo, Vitor?

_ Eu? Nada - fez uma cara de inocente.

_ Vitor...

_ Tem gente passando. Não combinamos de fingir que somos apaixonados?

Ela não ia reclamar se ele a beijasse ali mesmo. Até tinha pensado nisso quando ele resolveu ficar e ajudar.

Vitor desceu o rosto devagar e tocou a boca dela.

_ Você está cheirando a sopa.

Ela riu e subiu os braços para seu pescoço, o puxando mais perto.

_ Sabe que sua cara é de faminto?

_ É? - ele riu _ Por que será?

E uniu as bocas em um beijo que ele queria provar há um bom tempo, desde o último. E com a ideia de nada de sexo entre eles, ele tinha até começado a ficar preocupado como faria dali em diante.

Só que naquele momento ela parecia aceitar de boa seu beijo e ele aproveitou.

A imprensou contra o carro e se esfregou em seu corpo enquanto sua mão segurava seu pescoço e o beijo seguia.

Conseguia ouvir o barulho dos carros e das pessoas que passavam, mas não estava se importando com isso. Só com ela.

O beijo continuou até mais do que eles mesmos esperavam e apenas quando um carro buzinou alto e repetidamente, eles pararam.

_ Acho que é melhor eu ir pra casa - ela disse, engolindo em seco.

_ Também acho. Eu te sigo.

Ela entrou no carro e ele foi até o dele parado do outro lado. Esperou que ela passasse e fez a volta, a seguindo.

Juliana estava em dúvida. Sua mente queria uma coisa, seu coração queria outra e agora seu corpo queria outra mais diferente.

“Como diabos vou sair dessa”?

Ela olhou pelo retrovisor e viu o carro dele vindo atrás do seu.

Quando chegassem em casa eles se separariam. Já passava de onze horas e com certeza seus irmãos iriam querer saber onde esteve e porque Vitor não estava com ela.

Vitor queria ficar com ela e não ir para casa. Bateu no volante com força.

Estava mesmo agindo de forma natural, como um amigo que estava se tornando, mas tinha mais coisa envolvida. Como a forte atração entre eles e que ela queria esconder.

Buzinou e piscou os faróis. Ela entendeu e parou o carro no acostamento.

_ O que houve? - ela perguntou ao vê-lo parar o carro ao lado.

_ Servimos tanta comida que me deu fome. O que acha de parar em uma lanchonete aqui perto e comer?

Ela apertou o volante. Deveria ir para casa e não ficar enrolando. Mas ao mesmo tempo queria ficar com ele mais um pouco.

Era estranha essa vontade. Já se conheciam há muito tempo e só depois da noite em que tudo começou a mudar isso surgiu.

_ Pode ser, mas algo rápido.

_ Certo. Eu vou na frente.

Ela o deixou passar e seguiu seu carro, pensando em como as coisas haviam mudado entre eles.

Vitor parou em frente da lanchonete, que já estava fechada.

_ É, acho que vamos ter que comer algo em casa mesmo - disse a ela pelo celular.

_ Tudo bem - suspirou _ Então vamos?

_ Não quer... Ir a outro lugar antes?

_ Vitor... Não é bom...

_ Juliana, não somos crianças... Você mesma repete isso - tentou mudar seu pensamento _ Será que não podemos deixar essa ideia tosca de não ter sexo pra lá?

Ela sabia que isso seria um problema entre eles. Não podia negar que seria bom ter esse tipo de intimidade com ele, mas e depois? Sexo é algo que sempre fica entre as pessoas. E nem todas sabem como lidar.

Suspirou alto, pensativa.

_ Juliana? - bateu no vidro dela.

_ Ai, credo... Que susto, homem.

_ Você demorou a responder - fez um gesto para abaixar o vidro _ O que foi? Passou mal por acaso? Só perguntei.

_ Eu sei, eu sei...- gemeu baixinho em reclamação e abaixou a cabeça contra o volante _ Eu só não sei o que fazer, Vitor.

Ele torceu a boca e meneou a cabeça. Ficar ali parado àquela hora não era ideal.

_ Tudo bem, vamos para casa e a gente conversa melhor lá.

Voltou para o carro e esperou que ela saísse, indo atrás. Estava ansioso pela resposta.

Ela foi dirigindo pensando nessa ideia e a estrada nunca pareceu tão longa. Sua cabeça dizia uma coisa, seu corpo outra e seu coração outra mais.

Ia ficar doida de verdade.

*******

_ Não sei se devemos.

Ela andava pela pequena sala anexa ao quarto dele.

Chegaram devagar e estacionaram perto da ala dos empregados. Vitor desceu e a levou pela mão até o quarto onde começaram a conversar sobre retirar a proibição do sexo.

_ Essa história de não ter sexo envolvido não vai dar certo, Juliana.

_ E por que não? - se virou para ele sentado no pequeno sofá.

_ Porque eu tenho desejos, vontades, sou normal... Gosto de sexo.

_ Bem... Você tem duas mãos e tem imaginação, não tem?

Ele parou um pouco analisando o que ela disse e depois caiu na risada.

_ Não seja tonta, Ju... Eu quero uma mulher de verdade.

_ Ahh... Se a gente se envolver dessa forma, ficaremos ligados.

_ E qual o problema nisso? - levantou.

_ Não sei - abriu os braços _ Mas sempre dá algo errado.

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