Quase duas semanas haviam se passado, e nada de novo havia acontecido, tudo estava bem, bem demais para o meu gosto, a paz que reinava naquela casa era estranha.
O tráfico estava indo bem, havia um novo carregamento chegando, tudo indicava que os negócios com Dominic estavam quase fechados, tínhamos novos compradores de armas interessados nas nossas cargas, quem olhasse jamais acreditaria nas coisas que passamos desde que iniciamos aquela união.
Mas naquela manhã, a tensão era grande, finalmente nossa carga de drogas chegaria, e Jason colocou na cabeça que iria ele mesmo fazer a escolta do caminhão antes que passasse a fronteira. Era arriscado, mas nada que alguém falasse iria fazê-lo mudar de opinião.
Já na delegacia, estava eu, algemada, sentada em uma sala espelhada, apenas com um guarda me encarando, fazendo a supervisão. Ninguém aparecia para falar comigo, já fazia tempo que eu estava ali, não sabia onde o Jason estava e nem com quem, assim que chegamos naquele lugar, o levaram para um lado, e eu para o outro. O que mais me preocupava era o motorista do caminhão, ele sabia demais, e como não era a primeira vez dele, poderia me prejudicar muito mais, mesmo usando um nome falso para o comprador de várias cargas, seria prejudicial caso soubessem mais a fundo sobre aquilo tudo.Meus pensamentos foram interrompidos pela porta se abrindo e um policial entrando por ela. Se sentou à minha frente tendo atrás deles mais dois companheiros, um homem e uma mulher.
— Mas, me conta de você também. Sou curiosa… Vou te fazer a mesma pergunta, e a sua mãe?— Não tem muito o que dizer, minha mãe, assim como a sua, é uma mulher incrível. No momento ela está morando com meus dois irmãos na Inglaterra, ela se separou do meu pai quando viu que essa vida estava os levando a ruína, o casamento já não era o mesmo, quando fiz dezenove anos e tomei as rédeas, ela achou que era o ponto final, pegou meus irmãos mais novos e foi embora. Atualmente ela está com os meus avós por lá, mas está louca pra ir pro Canadá de novo, ela gosta muito daquele país.— Também estou curiosa sobre a Melissa… Quando me disse que ela era sua namorada, eu me espantei. Não é qualquer mulher que aceitaria ver o homem que ama se casa
Jason McKaneRichel não se cansava de me agradecer, e ao mesmo tempo brigava comigo por não ter contado antes sobre aquilo, por um momento fez com que eu me sentisse mal por fazê-la esperar tantos dias, por não ter dito nada, mas ao mesmo tempo, dizia que me perdoava porque aquele foi o melhor presente que alguém poderia ter dado a ela em toda sua vida.Quando vi sua felicidade, me peguei pensando, como eu pude cogitar a ideia de não fazer aquilo? Como eu poderia ser tão frio de tirar dela toda aquela alegria? Eu tive medo, não nego, mas ao vê-la daquele jeito, não me arrependia de nada, mesmo que pudesse nos trazer algum problema.— Vamos lá? Eu quero vê-la. — Nicolas? Seu irmão que foi embora pra longe um pouco antes do seu pai ter o infarto, porque não queria cuidar do tráfico e deixou pra você? — Jason me olhava confuso, e eu apenas assenti, tentando entender as palavras do meu irmão. — Sabe onde ele está?— Eu não sei Jason, a meses não tenho contato com ele.— Estou tentando rastrear, mas isso pode demorar muito. — Christian não tirava seus olhos do notebook.— Vai ser quase impossível, Nicolas passou a vida toda dele estudando pra ser um gênio da computação, e arrisco a dizer que ele pode ser melhor que você. — O olhar que recebi dele, congelou até a alma.Capítulo 22
— Mandou me chamar?— Preciso de um favor. — Christian me olhou, após entrar no escritório e se sentar. — Consegue rastrear o celular da Richel?— Consigo, vai levar um tempo, mas sim, posso rastrear. Porque? — Ele me olhou, estranhando meu pedido.— Ela está muito estranha desde que leu aquele e-mail, saiu daqui dizendo que iria ver o pai dela, mas eu não acreditei. Pedi que dois seguranças a seguissem discretamente, mas ela conseguiu despistar.— Então você acha que…
Olívia se mantinha intacta, olhando pela janela do quarto com seus braços cruzados. Eu a olhava com pena, o que de tão grave havia acontecido para que Evan chegasse tão longe? Era horrível olhar todos aqueles hematomas, Olívia era branquinha, era quase impossível esconder todos aqueles machucados.— Porque ele fez isso com você? — Ela me olhou hesitante. — Olívia eu não vou sair daqui sem que você me diga o que aconteceu!— A morte da avó dele o abalou muito, Evan bebeu mais do que devia e recebeu outra notícia ruim relacionada aos negócios nesse meio tempo. Ele quis vir embora na mesma hora, mas eu não queria, eu queria ficar com a Alice por mais alguns dias e insisti nisso, Evan se descontrolou, ficou furioso, foi quando deu o prime
Antes que eu falasse ou fizesse alguma coisa, notei que ele estava acompanhado da menina, que segurava sua mão e no outro braço abraçava sua boneca favorita. Fiquei um tanto confusa por vê-los ali, e sem a Olívia; claro, ele não a tiraria de casa naquele estado em que a havia deixado.Guardei a arma na cintura e senti a mão de Jason em meu ombro, parecia aliviado por ver a pequena com o Evan, sabia que eu não faria nada com ela ali.— Me desculpem vir sem avisar e também por trazer a minha filha. Olívia teve que ir ao médico, a babá está de folga e eu não deixaria ela com os seguranças.— Claro, um ótimo pai. — Jason apertou levemente meu ombro quando sentiu m
Dentro do carro durante o caminho até a casa da Olívia, eu ficava pensando em como iria contar a ela, se a preparava ou jogava tudo de uma vez no ventilador. Pela segunda vez eu estava naquele dilema, calma ou pressa?Ao chegar na casa, os seguranças me deixaram entrar e a empregada na porta não se recusou a dar passagem. Olivia apareceu descendo as escadas, completamente diferente de dias atrás, nem sequer parecia que tinha acontecido algo, estava com apenas alguns arranhões e marcas roxas minúsculas que certamente passariam despercebidos por qualquer pessoa. Eu apenas as notei porque sabia do ocorrido e olhei curiosa cada canto onde continha hematomas na primeira vez que a vi machucada.— Como? — Ela sorriu sem vida.