Arturo dormia pesadamente diante da lareira, seus músculos tensos finalmente relaxando enquanto eu terminava de limpar a bagunça da noite. Olhei para ele, sentindo uma tempestade de emoções que não conseguia controlar. O ataque dos lobos tinha sido brutal, violento, e eu sabia que ele havia se ferido gravemente para me proteger.
No entanto, eu não entendia nada do que estava acontecendo.
— Por que esses lobos vieram atrás de mim?
Eu me sentei no chão, encostada na parede, tentando organizar os pensamentos. Meus olhos continuavam a vagar em direção a Arturo, mesmo quando eu tentava olhar para qualquer outro lugar.
Ele era tão... poderoso.
Mesmo agora, com as roupas rasgadas e os ferimentos ainda visíveis em sua pele, a força que emanava dele era quase palpável. E era isso que me assustava. Eu sabia que deveria estar mais preocupada em sair daqui,
— A lua?Quis rir, mas a seriedade em seu rosto impediu o som de sair. Tudo dentro de mim gritava que aquilo era loucura. Mas então, um arrepio percorreu minha espinha, como se algo no ar ao nosso redor estivesse reagindo às palavras dele.— Quem é o seu povo?— Nós somos lobos e a lua é a fonte do nosso poder, nossa rainha. Minha cabeça girou. Nada disso fazia sentido.— E o que você é, Arturo?Ele se virou lentamente para me encarar, e quando seus olhos encontraram os meus, eu senti um arrepio percorrer minha espinha.— Eu sou parte disso. Sou o Alfa máximo da minha Alcateia, sou o guardião dessas terras. E você, Mirella, é a lua.A sala pareceu girar ao meu redor.As palavras dele atingiram meu peito como uma onda, deixando- me sem ar. Guardião? Eu era a lua? Eu não sabia se queria rir ou gritar. Isso era ridículo. Era impossível.E, no entanto, havia algo em seu tom, em seu olhar, que fazia tudo parecer... verdadeiro
Eu o encarei, esperando que ele recuasse. Mas Arturo não se mexeu. Ele se manteve ali, próximo a ponto do calor de seu corpo irradiar, como uma brasa prestes a incendiar tudo o que estivesse ao nosso redor.Minha respiração acelerou, e por mais que eu tentasse, não consegui desviar o olhar dos seus olhos prateados.Havia algo ali, algo que me puxava para ele como um ímã.O ar parecia se tornar mais denso, carregado de uma energia que fazia minha pele se arrepiar. Meu coração martelava em meus ouvidos, abafando todos os pensamentos racionais.“Não posso,” minha mente protestou, mas meu corpo se inclinou, se aproximando, quase sem perceber. Ele ergueu a mão, como se fosse me tocar, e todo o meu corpo se enrijeceu em antecipação. Eu prendi a respiração, meus lábios se entreabriram sem que eu me desse conta. O calor de sua palma se aproxim
Eu fiquei olhando para Amber, esperando ela começar a falar. Mas a verdade é que eu não sabia se queria ouvir. Depois de uma noite caótica tudo o que eu queria era fazer as malas e dar o fora daqui para poder escrever artigos sobre panos do século XVIII.— Acho que tudo isso é muito para absorver no seu primeiro dia... Amber me olhou com compaixão e segurou em meu ombro, levando-me até a poltrona. Eu sentei, cruzei os braços em um gesto automático de defesa.— Não consigo acreditar em nada disso. Estou em negação.— É claro que está em negação, esteve distante da sua natureza a vida toda que ouvir a verdade entrou em choque...— Como assim distante da minha natureza, Amber? Ela sorriu de forma compreensiva.— Sua tia-avó Karen uma vez me disse que a primeira e última vez que você esteve aqui, quando bebê para receber o batismo da lua, chamou a atenção de todos os lobos a pelo menos 1000km de distância.— Espera, batismo da lua?— Uma Ômega precisa ser apresentada à sua lua de origem,
O sol mal havia nascido quando acordei. Meu corpo permanecia pesado pelos eventos da noite anterior. Eu sentia as consequências da luta contra os lobos Spinelli, as dores surdas nos músculos me lembravam de que eu havia cruzado a barreira sagrada da montanha da lua para proteger Mirella.— Alfa? — Kaelan deu algumas batidas na porta do meu quarto.— Oi, entre.— Tem certeza de que não precisa de um médico?— A dor que sinto não é apenas pelos ferimentos — sentei na cama e o encarei. — O que foi?— Temos... visitas.Eu levantei e me movi lentamente pela casa. Parte minha, que sentia o cheiro daquela teimosa, desejava que fosse ela.— Obrigado — acenei para Vaulkner que me entregou uma xícara de café quando sentei na poltrona. — Ora, ora, ora, vejam só quem decidiu aparecer diante de mim...Encarei quatr
No início da madrugada com a lua crescente cintilando acima de nós no céu eu me vi no topo da montanha, caminhando entre as árvores, um passo atrás de Arturo enquanto ele liderava o caminho. Confesso que me sentiria mais segura e à vontade com Amber aqui, mas ela passou o dia na livraria-café da cidade, enterrada nos livros e anotações da sua mãe para entender como me ajudar.Ficar sozinha com Arturo me deixava inquieta.Odiava admitir, mas a presença dele era tão intensa que fazia o ar ao nosso redor parecer mais denso, dificultando até respirar. Eu estava nervosa, ansiosa e um pouco irritada por estar diante do desconhecido, pela primeira vez pensei se não era melhor o meu destino ser ficar sentada numa mesa de escritório escrevendo artigos que ninguém queria ler.— Pronta para começar? — Ele perguntou quando chegamos diante da vel
Meus lábios tremeram.— Só precisa permitir que seu poder se manifesta e se lembrará da sua natureza, confie em mim. Deixe a lua te envolver.Seu olhar era tão sincero que eu senti um nó se formar em minha garganta. Como um homem daqueles era capaz de dizer isso? Uma parte de mim ainda queria resistir, queria se esconder. Mas a outra parte, a parte que ele estava chamando, queria confiar, queria sentir essa conexão que ele dizia estar ali.Respirei fundo, reunindo toda a coragem que me restava. Meu coração bateu tão forte que parecia ecoar no silêncio ao nosso redor.— Vou tentar.— É tudo o que precisamos.— Pode ficar de costas? Olhar para outro lugar?Arturo assentiu, recuando um pouco para me dar espaço.Seus olhos nunca deixaram os meus, como se estivesse garantindo que eu sabia que ele estava ali, me apoiando. At&eac
A noite na montanha estava tranquila, diferente da floresta em que a mansão de Arturo estava. Ele me deixou numa clareira a certa distância de sua propriedade e voltou a sua forma humana, os olhos prateados fixos em mim, procurando algum sinal de como eu estava.Confesso que não esperava sentir uma conexão tão profunda com ele, mas aconteceu. A forma como ele me olhou e as coisas que me disse, mexeram profundamente comigo.— Como está se sentindo?— Bem.— Vista suas roupas — ele disse e pegou as suas, vestindo-as de forma apressada. — Fique perto.Conforme caminhamos em direção à casa, percebi que a floresta ao redor estava em chamas. Uma luz alaranjada dançava entre as árvores e a parte do fundo da mansão que era feita de madeira, tinha brasas altas e um fumaceiro que deixou todo o céu ao redor coberto.— Arturo...
Após todos os incidentes — o incêndio, o uso inesperado dos meus poderes, a reverência dos lobos —, Arturo me levou para casa em suas costas, na forma de lobo.O colar que Amber havia me dado estava em meu pescoço, e mesmo com todo aquele caos que naturalmente teria me deixado maluca da cabeça, eu sentia uma sensação de calma e poder. Assim que atravessamos o portão de ferro, saltei de cima dele e encarei a lua lá no céu, na esperança de que ela me fornecesse algum poder, mas não aconteceu.— Vai conseguir dormir depois disso tudo? — Ele perguntou.— Não sei. Vou ficar em alerta, com medo de outro ataque.— Vou deixar quatro alfas protegendo o seu portão e alguns betas nos arredores para interceptar qualquer perigo.Assenti, um pouco aliviada.— Quer passar a noite comigo?Assim que perguntei isso s