O sol mal havia nascido quando acordei. Meu corpo permanecia pesado pelos eventos da noite anterior. Eu sentia as consequências da luta contra os lobos Spinelli, as dores surdas nos músculos me lembravam de que eu havia cruzado a barreira sagrada da montanha da lua para proteger Mirella.
— Alfa? — Kaelan deu algumas batidas na porta do meu quarto.
— Oi, entre.
— Tem certeza de que não precisa de um médico?
— A dor que sinto não é apenas pelos ferimentos — sentei na cama e o encarei. — O que foi?
— Temos... visitas.
Eu levantei e me movi lentamente pela casa. Parte minha, que sentia o cheiro daquela teimosa, desejava que fosse ela.
— Obrigado — acenei para Vaulkner que me entregou uma xícara de café quando sentei na poltrona. — Ora, ora, ora, vejam só quem decidiu aparecer diante de mim...
Encarei quatr
No início da madrugada com a lua crescente cintilando acima de nós no céu eu me vi no topo da montanha, caminhando entre as árvores, um passo atrás de Arturo enquanto ele liderava o caminho. Confesso que me sentiria mais segura e à vontade com Amber aqui, mas ela passou o dia na livraria-café da cidade, enterrada nos livros e anotações da sua mãe para entender como me ajudar.Ficar sozinha com Arturo me deixava inquieta.Odiava admitir, mas a presença dele era tão intensa que fazia o ar ao nosso redor parecer mais denso, dificultando até respirar. Eu estava nervosa, ansiosa e um pouco irritada por estar diante do desconhecido, pela primeira vez pensei se não era melhor o meu destino ser ficar sentada numa mesa de escritório escrevendo artigos que ninguém queria ler.— Pronta para começar? — Ele perguntou quando chegamos diante da vel
Meus lábios tremeram.— Só precisa permitir que seu poder se manifesta e se lembrará da sua natureza, confie em mim. Deixe a lua te envolver.Seu olhar era tão sincero que eu senti um nó se formar em minha garganta. Como um homem daqueles era capaz de dizer isso? Uma parte de mim ainda queria resistir, queria se esconder. Mas a outra parte, a parte que ele estava chamando, queria confiar, queria sentir essa conexão que ele dizia estar ali.Respirei fundo, reunindo toda a coragem que me restava. Meu coração bateu tão forte que parecia ecoar no silêncio ao nosso redor.— Vou tentar.— É tudo o que precisamos.— Pode ficar de costas? Olhar para outro lugar?Arturo assentiu, recuando um pouco para me dar espaço.Seus olhos nunca deixaram os meus, como se estivesse garantindo que eu sabia que ele estava ali, me apoiando. At&eac
A noite na montanha estava tranquila, diferente da floresta em que a mansão de Arturo estava. Ele me deixou numa clareira a certa distância de sua propriedade e voltou a sua forma humana, os olhos prateados fixos em mim, procurando algum sinal de como eu estava.Confesso que não esperava sentir uma conexão tão profunda com ele, mas aconteceu. A forma como ele me olhou e as coisas que me disse, mexeram profundamente comigo.— Como está se sentindo?— Bem.— Vista suas roupas — ele disse e pegou as suas, vestindo-as de forma apressada. — Fique perto.Conforme caminhamos em direção à casa, percebi que a floresta ao redor estava em chamas. Uma luz alaranjada dançava entre as árvores e a parte do fundo da mansão que era feita de madeira, tinha brasas altas e um fumaceiro que deixou todo o céu ao redor coberto.— Arturo...
Após todos os incidentes — o incêndio, o uso inesperado dos meus poderes, a reverência dos lobos —, Arturo me levou para casa em suas costas, na forma de lobo.O colar que Amber havia me dado estava em meu pescoço, e mesmo com todo aquele caos que naturalmente teria me deixado maluca da cabeça, eu sentia uma sensação de calma e poder. Assim que atravessamos o portão de ferro, saltei de cima dele e encarei a lua lá no céu, na esperança de que ela me fornecesse algum poder, mas não aconteceu.— Vai conseguir dormir depois disso tudo? — Ele perguntou.— Não sei. Vou ficar em alerta, com medo de outro ataque.— Vou deixar quatro alfas protegendo o seu portão e alguns betas nos arredores para interceptar qualquer perigo.Assenti, um pouco aliviada.— Quer passar a noite comigo?Assim que perguntei isso s
Pessoal, vocês estão gostando do meu novo livro de lobisomens? Estou triste :( ninguém se manifestou ainda. Não sei se devo continuar a história, está ficando boa? :(---------------------------------------------------------------------------------------A casa estava em profundo silêncio enquanto Amber e eu caminhávamos em direção ao porão. Eu ainda estava emocionada depois da ligação com a minha mãe. Tudo o que ela me disse ficou ecoando na minha cabeça, fiquei completamente dividida pela raiva por ter sido mantida no escuro por tanto tempo, mas também a amava por ter respeitado minha decisão de ter vindo aqui e ter dito que estaria lá para quando eu retornasse.Amber parou no fim da escada do porão e me entregou uma lanterna, mesmo que a luz do lugar estivesse ligada.— O que exatamente estamos procurando aqui embaixo?— Olha isso — ela terminou de descer os degraus e foi até uma mesinha, onde pegou um pequeno caderno.Em sua primeira página estava escrito:“Chame pela montanha e e
A fronteira norte estava fria e úmida, com cheiro familiar de neve e pinho preenchendo o ar. Kaelan e eu passamos a noite viajando para chegar.Entrei no forte que construímos próximo à fronteira e fui recebido com reverência pelos meus lobos. Conferi como cada um estava e os estragos que os Spinelli havia cometido.A lua ainda não estava cheia, mas o ar estava pesado, com cheiro de morte e violência.Draven veio até mim, estava muito bem vestido, afinal de contas, ele era o meu representante nessas terras.Mesmo olhando-o de longe, percebi que estava preocupado. Meu irmão raramente demonstrava emoções fortes, mas seus ombros estavam tensos e a mandíbula rígida.— Alfa.— Irmão — segurei em seu ombro. — Como estão as coisas por aqui?— Os Spinelli deixaram um rastro de destruição e fugiram
Dois dias depois, antes da lua cheia, eu estava de volta. As coisas haviam se acalmado e nada mais aconteceu. Os Spinelli sequer se aproximaram da fronteira e nenhum outro evento ocorreu na minha ausência.E isso anda me deixava preocupado.Sempre que o silêncio se prolongava, era sinal de que algo pior estava por vir. Mas naquele momento, assim que pisei os pés em Port Angeles, só consegui pensar numa única coisa: Mirella.Ao chegar em sua casa, vi que estava no jardim. O colar que Amber havia lhe dado brilhava em seu pescoço, sob a luz suave do fim da tarde.Seus olhos castanhos se voltaram para mim assim que entrei no terreno e, por um momento, uma brisa passou entre nós. Não importasse o tempo que ficássemos distantes, a conexão silenciosa que compartilhávamos continua inegável.Não havia necessidade de palavras ou outras conexões; eu sentia o desejo
O dia havia chegado.A lua cheia brilhava no céu, prateada, vibrante, parecia pulsar com energia própria. O colar que Amber havia me dado começou a brilhar intensamente mesmo sem tocar a luz lunar. Havia passado os últimos dias estudando tudo o que eu podia sobre esse poder, mas era como matemática: eu via os números, as operações e problemas, nada fazia sentido em minha cabeça.Então Arturo veio me buscar, em sua forma de lobo. Sob a lua cheia ele parecia maior e mais poderoso do que nunca, sua presença me preenchia com uma sensação de segurança e poder.Seus olhos, prateados como a lua se fixaram em mim e ele aguardou até que eu saísse de casa e andasse em sua direção.— Está pronta? — sua voz ecoou como um sussurro em minha mente.Eu inspirei até encher meus pulmões, senti o ar géli