Dante mal tocava na comida. A mão repousava sobre a mesa, os dedos às vezes encontrando os dela de forma instintiva. Ele não precisava mostrar autoridade ali, ele era a autoridade. Durante uma proposta mais agressiva de expansão internacional, um dos sócios sugeriu um “acordo menos ortodoxo” com uma das concorrentes russas. Foi nesse momento que Unirian, serena, olhou para o homem: — Quer propor um acordo com quem tentou sequestrar a equipe de segurança da sede de Berlim mês passado? O silêncio foi absoluto. O sócio engoliu em seco. — Eu… não sabia que a senhora… — Não sou sua senhora. Mas sou mais bem informada do que parece. Dante sorriu. Lento. Letal. — Ela não está aqui só para comer, senhores. Ela está aqui para ouvir… e lembrar. E se for preciso, decidir. Depois disso, ninguém ousou questioná-la novamente. E quando o almoço terminou, todos apertaram a mão de Dante com respeito… mas olharam Unirian com temor. Não pelo que ela dissera — mas pelo que ela representava.
A casa estava silenciosa naquela noite. Unirian descansava sozinha na sala de estar, enrolada em uma manta fina, os pés descalços apoiados no tapete macio, uma das mãos pousada instintivamente sobre a barriga. Pequeno V chutava suavemente, como se respondesse à tranquilidade do ambiente. Ela sorriu. Pegou o celular para ver mensagens, nada de especial. Algumas notificações de compras, uma ou duas mensagens sem importância. Mas então... algo diferente. Um número desconhecido. Sem foto de perfil. Sem nome. Apenas uma única mensagem: “Você sabe quem ele é?” Unirian franziu o cenho. Sentiu um arrepio subir pela nuca. Com hesitação, clicou. A mensagem se expandiu, revelando um arquivo de vídeo. Por um segundo, pensou em apagar. Mas seu dedo hesitou. Algo na frase cutucou uma parte esquecida do seu instinto — algo errado, muito errado. Ela clicou. O vídeo começou sem som. Câmeras de segurança, ou talvez uma gravação feita de forma clandestina. A imagem tremia levemente, o foco
A ligação chegou às 21h12. Uma voz grave, distorcida. Fria. — Marchesi, você perdeu algo. Silêncio. — Ela está aqui. Comigo. E ainda… intocada. Por enquanto. Dante não respondeu. Não gritou. Não respirou. A única coisa que se ouviu foi o estalo do copo quebrando em sua mão. *Horas antes.* Unirian tentava desesperadamente se soltar das amarras apertadas no banco traseiro de uma van. O ar era abafado, cheirava a couro velho e gasolina. As luzes do interior piscavam. Jack Morales estava no banco da frente, rindo ao telefone, como se tudo fosse um jogo. — Você devia se orgulhar — ele disse, olhando-a pelo retrovisor. — Vai fazer história. A virgem do diabo... nas mãos do inimigo. Ela estava com as pernas amarradas, o vestido rasgado no ombro. Lutou com tudo que pôde. Arranhou. Bateu. Gritou. Mas ninguém ouviu. Ninguém chegou. A cada curva da estrada, ela sentia o medo crescer. Não por ela. Mas por aquele bebê. O filho de Dante. O pequeno V. Em algum lugar da cid
A sala estava cheia de vozes. Monitores piscavam, mapas cobriam as paredes, e os homens de Dante falavam todos ao mesmo tempo. Mas ele não ouvia nada. Estava ali, parado no meio do caos, o olhar fixo na porta, o coração batendo como um tambor desgovernado. Então... — Senhor Marchesi! Dante virou com os olhos de um animal prestes a matar. O assistente respirava com dificuldade, segurando o celular com mãos trêmulas. — Acharam ela. Num galpão velho, nas docas. Jack a moveu várias vezes… mas agora sabemos exatamente onde. E ela ainda está viva. Dante sentiu as pernas fraquejarem por um segundo. O mundo ao redor pareceu silenciar. Ele olhou para o celular como se aquilo fosse a própria salvação. Estava tremendo. Mas não disse nada. Apenas girou nos calcanhares, pegou a arma da gaveta e a chave do carro. Antes de sair, murmurou: — Preparem o helicóptero. Eu não vou perder mais um segundo. Quando chegaram ao galpão, era noite. O vento assobiava forte, e a estrutura enferrujada rang
Unirian não largou o pescoço de Dante de jeito nenhum. Seus braços agarrados a ele como se fosse sumir a qualquer momento. Foi apenas um dia, mas de completo terror. Dante sabe e ela também. Ela percebeu que ele precisava ser como era, o mundo era perigoso e cruel. Na casa, estava tudo silencioso, Dante entrou com ela ainda carregando ela no colo. — No seu quarto— disse ela, sem o soltar e completamente frágil. — Tem certeza? Ela assentiu levemente. “Se entrar já não sai” pensou. Ela nunca tinha entrado no quarto dele. O quarto de Dante era como ele: intenso, impenetrável, obscuro e sofisticado. As paredes eram cobertas por painéis escuros, quase negros, envoltas por uma penumbra estratégica que mantinha o ambiente misteriosamente acolhedor. Não havia excessos. Apenas o essencial — mas cada detalhe era escolhido com precisão milimétrica, refletindo controle, luxo e poder. A cama, imensa e de estrutura baixa, ocupava o centro do espaço como um trono silencios
Jack voltou para casa, tomou a péssima decisão de voltar pra casa, depois de tudo o que causou em Dante, achou que em casa estaria seguro, mas estava enganada. No lado de fora da imponente mansão da família Morales, parecia tudo normal, os homens de preto que vigiavam ao redor eram os mesmo, e entrou como se nada fosse, como se nada tivesse feito. — Jack— falou Dante, sua voz estava grave, e carregada de ódio. Depois de Unirian dormir profundamente Dante saiu a socapa, se ela acordasse não o deixaria sair, e nem ele aguentaria deixa-lá. Foi um esforço enorme deixar ela dormir sozinha m, então prometeu ser rápido. Ao ouvir a voz familiar, o homem não se deixou abalar, mas ao ver a cena logo após se virar, seu rosto vencedor mudou para sério. Sua família toda estava no meio da sala, amordaçados, formando um círculo. Na poltrona de couro Dante sentava com as pernas cruzadas, todo de preto, era sua cor de eleição. Em sua mão um isqueiro que ele abria e fechava fazendo um som que ap
— Porque você é a única coisa que ainda me mantém são. E a mesma que pode me destruir. Ela o beijou na bochecha, bem perto dos lábios, com carinho, com intensidade — e uma confiança absurda. Depois encostou a testa na dele, sentindo o peito dele subir e descer contra o seu. — Não precisa fugir de mim, Dante. Eu não vou quebrar. E você... você não precisa se conter pra me proteger. Apenas… me ame. Do seu jeito. Mesmo que seja só com o olhar. Dante a envolveu com mais força, mas não avançou. Não cruzou a linha. Ficou ali, afundado naquele momento, naquele amor que o consumia… e que ele jamais deixaria que o queimasse sozinho. Porque ela também estava pegando fogo. E, juntos, ardeu mais bonito. A luz suave do fim da tarde invadia o quarto de hóspedes onde Unirian se refugiava. Dante tinha saído por algumas horas, e o silêncio da casa pesava mais do que ela esperava. Com o celular em mãos, ela deslizou os dedos pela tela até ver o nome: *Jay*. Chamou em vídeo. — Amiga! Finalmente
— Quero te levar para jantar essa noite— falou Dante, acariciando seus cabelos de forma dócil. — É seguro? — sua voz soou fraca, com um toque de medo talvez. — Se estás comigo, estás seguro— Dante beijou ela no topo da cabeça. Os dois que estavam deitados na cama se levantaram para se arrumar. Dante Marchesi, mesmo cercado por luxo, poder e o caos silencioso do submundo que controla, raramente era pego de surpresa. Mas naquela noite... ele foi. Vestindo um terno preto impecável, gravata afrouxada apenas o suficiente para demonstrar o domínio sobre si mesmo, Dante estava encostado casualmente ao carro de luxo que os esperava para o jantar. O relógio reluzia sob a luz suave do estacionamento coberto, seus olhos escuros fitavam o celular distraidamente — até que o som de saltos ecoando no mármore interrompeu sua concentração. Ele ergueu o olhar. E ali estava ela. Unirian. Grávida de 6 meses já. De salto preto. Vestido vermelho como pecado. Os cabelos caíam c