— Quero te levar para jantar essa noite— falou Dante, acariciando seus cabelos de forma dócil. — É seguro? — sua voz soou fraca, com um toque de medo talvez. — Se estás comigo, estás seguro— Dante beijou ela no topo da cabeça. Os dois que estavam deitados na cama se levantaram para se arrumar. Dante Marchesi, mesmo cercado por luxo, poder e o caos silencioso do submundo que controla, raramente era pego de surpresa. Mas naquela noite... ele foi. Vestindo um terno preto impecável, gravata afrouxada apenas o suficiente para demonstrar o domínio sobre si mesmo, Dante estava encostado casualmente ao carro de luxo que os esperava para o jantar. O relógio reluzia sob a luz suave do estacionamento coberto, seus olhos escuros fitavam o celular distraidamente — até que o som de saltos ecoando no mármore interrompeu sua concentração. Ele ergueu o olhar. E ali estava ela. Unirian. Grávida de 6 meses já. De salto preto. Vestido vermelho como pecado. Os cabelos caíam c
— Esse lugar é incrível… Parece de revista. Aposto que tem um estúdio aqui, né? Ou um piano escondido. O piano estava bem ao pé da janelas enormes, mas ela fingia procurar. Natália já na cozinha, como se fosse anfitriã. — Vou fazer o chá. Posso? Só preciso de uma chaleira e folhas… Unirian um pouco desconfortável.— Eu… eu faço. Está tudo no armário de cima. Dante reaparece com uma camisa trocada, ainda observando tudo em silêncio. — Pode parar de mexer nas coisas. Alice finge surpresa — Oh, desculpa… é o costume. Sabe, depois que meu pai foi preso, a gente se mudou tanto... Não é sempre que sinto uma casa como lar. Unirian baixa os olhos, tocada por uma lembrança do passado. Natália sorrindo com o chá nas mãos— E eu pensei… se vocês não se importarem, talvez venhamos ajudar com algumas coisinhas nos próximos dias. Não vamos atrapalhar, juro. Só… cuidar um pouquinho da nossa Unirian grávida. Unirian olha para Dante.— Por uns dias só. Seria bom… ter alguém por perto. Você s
A Estratégia da Serpente.Alice e Natália, humilhadas com classe, mudam de estratégia. Percebem que dominar o espaço físico não funcionará — então partem para o emocional e psicológico. A ideia é clara: se infiltrar por outro caminho — pela fraqueza aparente de Dante. Mas o que elas não sabem... é que ele não tem fraquezas. Exceto Unirian.No Quarto de hóspedes. Noite, logo após a cena da porta do bebê.Alice entra com os saltos nas mãos, o rosto frustrado mas ainda maquiado. Natália fecha a porta com cuidado, como se o ar da casa estivesse envenenado de tensão. Ela se joga na poltrona com um suspiro dramático. Alice com os olhos fixos no reflexo no espelho.— Ele me ameaçou, mamãe. Como se eu fosse… uma qualquer. E na frente dela. Daquela sonsa.Natália com calma, já começando a maquinar. — Ele é um predador. Mas mesmo os predadores têm rituais— ela faz uma pausa— E se ele protege tanto... é porque ela é a fraqueza.Alice arqueia uma sobrancelha.— Você está dizendo pra ir por ela?
Sala da mansão – fim da tarde Unirian está sentada lendo um livro. A música suave do piano toca ao fundo em modo automático. Alice entra com uma bandeja com frutas e água. Alice sorridente, gentil. — Trouxe algo leve pra você. Estava pensando… você quase nunca sai do quarto, deve estar exausta. Unirian fechando o livro, educada. — Obrigada, Alice. Mas estou bem, realmente. Alicia se senta ao lado com delicadeza. — Eu sei que errei no passado. Não estou aqui pra reviver isso— olha para a barriga de Unirian com um sorriso terno— É só que… ver você assim… tão forte… me faz pensar no quanto eu gostaria de estar ao seu lado agora. Como prima. Como amiga. Unirian analisa o tom dela com cuidado. — Você não me devia nada, Alice. Mas a confiança… essa, se conquista com tempo. Alice com ar doce — Então me dá esse tempo. Me deixa te ajudar. Com o bebê, com a casa... com Dante — ela faz uma pausa— Ele parece carregar o mundo nos ombros. Aposto que às vezes, você também sente o peso
Alice tranca a porta e se aproxima de Natália, que está sentada na poltrona, revisando as mensagens do celular. A filha, pálida, ainda tomada pelo impacto do que ouviu, senta-se na beirada da cama. Alice voz baixa, intensa. — Mãe... eu ouvi as empregadas falando coisas. Coisas horríveis. Natália sem tirar os olhos do celular. — Horríveis como o quê? Roubo de joias? Roupas trocadas? Por favor, Alice... Alice encarando a mãe. — Magda, a filha de um ministro russo. Queimada com ácido. Na frente de cem pessoas. Liza... teve a cabeça cortada e enviada para o pai. Por causa da Unirian. Porque queriam machucá-la. E o Dante... o Dante fez isso. Natália ergue os olhos, rindo, descrente. — Você anda assistindo muito filme. Isso aqui é uma mansão, não uma novela mexicana. Alice com voz trêmula. — Elas disseram que antes de ficar com a Unirian, ele fazia mulheres ficarem parecidas com ela. Loiras, cirurgias plásticas, roupas...E ele chamava todas de "cópias imperfeitas". Mãe..
Dante assentiu.— Ótimo. A casa deve permanecer pura. Qualquer desvio... será eliminado.Petrov entrega a Dante um pequeno pacote.— Encontramos isso no quarto delas. Fotografias. Anotações. Elas estavam mais envolvidas do que imaginávamos.Dante observa o conteúdo, seus olhos escurecendo ainda mais.— Que isso sirva de lição. Ninguém toca no que é meu impunemente.Ele se vira e sobe as escadas, cada passo ecoando como um aviso.Na – manhã seguinteUnirian entra na cozinha vestindo uma camisola de cetim, os cabelos ainda levemente bagunçados da noite anterior. A casa está calma, estranhamente calma. Ela olha em volta e franze o cenho.Unirian em voz baixa. — Onde estão Natália e Alice?Ela caminha até a bancada, onde Dante prepara café. Ele está de costas, com as mangas da camisa social dobradas e o rosto impassível.— Dante?Dante sem se virar de imediato.— Foram embora esta manhã.Unirian surpresa. — Foram? Assim, de repente? Sem nem se despedirem?Dante finalmente se vira com duas
Dante a carregou no colo, na banheira, ele controlava seu desejo de entrar. Depois de uma noite intensa inteira, Dante dormiu ao lado de sua amada. A manhã amanheceu calma, com a luz suave atravessando as amplas janelas da mansão Marchesi. Dante ajustava os punhos da camisa preta frente ao espelho de seu closet, cada movimento marcado pela precisão de alguém que estava prestes a comandar mais que uma sala — comandar um império. Unirian entrou silenciosamente no quarto, com um vestido justo de malha cinza que abraçava sua silhueta com elegância. Apesar dos oito meses de gravidez, sua barriga parecia de apenas seis — pequena, delicada, como se até o próprio bebê soubesse ocupar espaço sem exageros. Seus pés nus cruzaram o chão de madeira até ele. Dante a viu pelo reflexo no espelho, e sorriu de lado — aquela visão, mesmo simples, sempre o parava. Dante olhando-a de cima a baixo. — Você está linda. Mas o que está fazendo acordada tão cedo? Unirian com um brilho sapeca nos olhos.
Todos olharam para ele de relance, mas ele fez um sinal dizendo que estava bem.Seu corpo traía cada centímetro de autocontrole que jurava possuir. A respiração levemente acelerada. A gota de suor escorrendo discretamente pela têmpora. E os olhos — os olhos negros dele estavam mais escuros do que nunca.Unirian, ainda em silêncio absoluto, sabia o que estava fazendo. Sabia que ele não se moveria. Que não reagiria. Que só sentiria. Porque ela o conhecia como ninguém.Ele era o furacão que aterrorizava todos ao redor. Mas agora… era só um homem tentando resistir à mulher que amava.Mais uma vez, ela ousou brincar com o limite dele. E foi nesse momento, quando seus dedos desafiaram o último fio do autocontrole dele, que a mão de Dante apertou a borda da mesa com tanta força que o som da madeira rangeu pela sala.— Senhor Marchesi… — chamou outro sócio, preocupado. — Está tudo bem?Ele ergueu o rosto, com a expressão carregada de tensão.— Está.Mas até sua voz soava como um rosnado abafa