capítulo 03

Ele fez isso mesmo!

   Eu me levanto e volto ao meu lugar, minhas pernas tremeram, parecia que seus olhos me seguiam, seu olhar me tocava, eu estava me sentindo vulnerável.

         Assim foi com todas as outras mulheres, todas foram servir café para eles, mais como eu sem querer estava o observando, notei que ele não tirava os olhos dos papéis enquanto elas os serviam. Não sei porque, mais parecia que  a tensão era grande naquela sala.

        Alguns minutos depois de Carmen nos a analisar e ver nossos papéis, ela se levanta:

----Senhorita Leslie Charly, está contratada. As outras podem se retirar.----Ela foi tão direta, que parecia um trator passando por cima de todas as outras que estavam ali.

     O Sr. James não mostrou nenhuma reação, simplesmente olhou para a nova  assistente de sua irmã e disse:

----Parabéns -----E assim estendeu sua mão para apertar a da moça contratada.

      A moça parecia  bastante contente com o que acontecera, enquanto eu e as outras tentávamos assimilar a resposta seca que levamos.

     A moça Leslie com as bochechas rosadas, enchia a sala com seu sorriso de satisfação, já eu e as outras andávamos em direção ao elevador. No caminho me lembrei de como eu estava feliz na noite passada para concorrer a vaga de emprego e como estou me sentindo uma perdedora neste momento, por ter sido dispensada assim, tão rápido, sem poder mostrar meu potencial.

      Estou tão distraída que quando escuto meu celular tocar ao som de Sam Smith, dou um pulo e paro antes de entrar no elevador. Atendo o telefone e para minha supresa era minha mãe, eu aposto que Lucinda havia falado para ela sobre a entrevista na Jordan Vision. Antes que eu falasse qualquer coisa, mentalizei a imagem de seu rosto quando eu disse que não iria para lá no natal este ano. O universo não estava a meu favor com certeza.

     Tentei segurar as lágrimas quando ela disse:

----E então filha, como foi a entrevista?

     Minha garganta estava seca, eu não sabia o que responder, até que palavras foram chutadas da minha boca:

----Foi tudo bem mamãe.

-----Conseguiu?----Eu podia ouvir o som de incerteza na sua voz.

  

      Ainda bem que o corredor estava vazio no momento.

----Não.----Dei uma breve pausa----Eu não consegui.-----As palavras saíram arranhando minha garganta.

       Por um curto momento o telefone ficou mudo, eu não ouvia nada se não o vento passando do outro lado da linha.

----Então você não vem para o Natal?

        Eu não podia dizer que não embora fosse verdade, eu apenas respirei fundo e continuei:

----Eu vou sim, a Lucinda e eu temos algumas economias guardadas nós vamos sim não se preocupe tá?

----Tudo bem filha, Jady e eu estaremos esperando. Mas se algo der errado me ligue, eu te mando um dinheiro tudo bem?

   Eu disse:

----Não mãe fique tranquila, você ja gasta MUITO com o tratamento da Jady..... vai ficar tudo bem.---- Involuntariamente lágrimas caem dos meus olhos.

----Keny eu tenho que desligar filha, tenho que desligar tá? Amanhã te ligo.

----Ta mãe, TCHAU... manda um beijo para a Jady e diz que a amo. Amo as duas. Beijo.

   Ela logo desliga o Telefone, as lágrimas caem COMO uma cachoeira em meu rosto, Keny, era assim que mamãe me chamava quando era pequena, na verdade, todos que me conheceram na infância me chamavam assim.

   Eu começo a escutar passos após desligar o celular, alguém está vindo. Aperto o botão para abrir a porta do elevador, as bailarinas se agitam na minha barriga, tenho uma suspeita de quem deve estar vindo.

     Quando entro no elevador, me viro e vejo que não é ninguém menos que James Walker Jordan, ele vem e parece que o tempo para a cada passo seu, como se o universo o quisesse vê-lo em câmera lenta.

Droga Sophia, enxugue essas lágrimas.

    Limpo o rosto rapidamente, não quero parecer uma boboca na frente dele, como uma criança mimada que não conseguiu o que queria e agora está chorando. Não vou dar esse gostinho a ninguém aqui.

        Ele entra e um cheiro gostoso o acompanha, um perfume Forte , amadeirado, entra pelo meu nariz, me faz querer grudar em seu pescoço e cheira-lo.  Ele fica parado ao meu lado nem me cumprimenta. Mas porquê deveria? ele me me viu na sala a poucos minutos, e mesmo assim aposto que nem deve se lembrar mais de mim, há tantos funcionários aqui que aposto que ele nem sabe o nome, e se sabe, no mínimo é o de uns 3.

      Aquele som do elevador me trazia um pouco de paz, um plim soa do meu celular, é uma mensagem de Lucinda perguntando como fora a entrevista hoje, a cada vez que me perguntam isso , um nó se dá em minha garganta, olho a mensagem e sem perceber digo:

----Bem diferente do que eu esperava.----Acabei esquecendo que o senhor charmoso estava do meu lado.

      Uma voz grossa logo toma conta do ambiente:

----Está tudo bem?

   Estranhei e olhei para o lado, o senhor charmoso estava falando comigo, mais não olhava para mim,  estava com os olhos fixos em uns papéis que estavam em suas mãos.

----Estou ótima----Eu disse, tentando esconder meus verdadeiros sentimentos.

    Ele parecia não acreditar no que eu estava falando e disse:

----Seu pai não te disse que é feio mentir?

   Oi? Como ele ousa falar assim comigo?

   Suspiro, tento encara-lo, mais não consigo, ele ainda esta com os olhos voltados para os papéis.

----E quem disse que estou mentindo?----Toma essa. Minha bailarina salta.

   Ele olha para mim, o que me assusta, ele é tão intimidador..

----Seus olhos...seus olhos vermelhos dizem que esta mentindo.----Ele diz.

      Assim que as portas do elevador se abrem ele sai andando. Eu estava tão perplexa com suas palavras que até havia esquecido de mencionar seu olhar sobre minha bunda quando fui lhe servir o café.

      Estou saindo do prédio, mais o que não sai da minha cabeça são as palavras que aquele homem havia me dito. Suas palavras ficaram gravadas na tábua da minha memória. De longe eu o vi entrar em um carro preto. Sua presença fazia plena diferença na multidão, ele tinha um ar de mistério, de segredo, coisas do tipo, e isso era tão excitante.

        Eu logo me deixei levar pelos meus pensamentos, e no caminho para casa, fiquei pensando em como Lucinda e Wesley reagiriam quando eu dissesse que não consegui, no mínimo ficariam decepcionados como minha minha mãe mostrará a uma hora atrás.

     Mais se existe uma coisa que pai me ensinou, é nunca desistir.

     Eu estava no sofá sentada olhando para a Tv esperando Lucinda chegar para dar a notícia ruim a ela. Eu não sei o porque, mais o universo tinha algo contra mim, eu não conseguia entender. As coisas eram tão fáceis para Lucinda mais QUANDO se tratava de mim parecia que tudo era impossível.

    DEPOIS de me entupir de salgadinhos e refrigerante, eu fui para meu quarto, deitar e pensar um pouco na minha vida de merda.

   As vezes acho que Wesley tinha razão, ele dizia que eu era muito estressada, e que a razão disso poderia ser a falta de sexo. TALVEZ fosse. Eu nem lembro mais quando foi a última vez que tive um corpo em cima de mim.

Ha lembrei, há quase um ano atrás.

    Eu estava atordoada, inquieta, ansiosa, estava brava, cansada ,eram tantos sentimentos dentro de  um corpo só que achei que uma hora iria explodir.

     Fui para a cozinha, tomei um copo de água e voltei para o quarto, ja passavam das dez da noite, acho que Lucinda esqueceu de avisar que dormiria na casa de Wesley.

   Voltei para o quarto na esperança de cair em um sono profundo e acordar só amanhã a noite.

      A luz do meu notebook começa a piscar, eu vou até ele para ver o que havia acabado de chegar. TALVEZ seja um e-mail  da Lucinda avisando de última hora que sua necessidade de transar é tão grande que vai me deixar passar a noite sozinha. Isso é ótimo. Assim não tenho que olhar para a cara dela quando disser que não fui contratada.

    Eu me sento na cama e vejo que o e-mail é de um endereço estranho. Quem mais teria me mandado mensagem uma hora dessa?

   Para minha supresa, a mensagem continha o nome de alguém que eu ja havia conhecido pela manhã.

Sr. James Jordan!

     O que esse homem queria comigo?

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