Harvey deixou para trás o lugar onde havia deixado Ann, com um profundo pesar no coração. Ele queria ter ficado com ela, confrontado seus agressores e protegido-a do mal.Não pôde deixar de evocar a imagem da bochecha dela avermelhada pelo golpe que havia recebido, embora ela tivesse negado. Ele não era tolo para não notar, e o incomodava o fato de que ela estivesse passando por essa injustiça.No entanto, achou melhor falar com sua mãe, pois ela precisava ajudá-lo a tirar sua parceira e futura Luna de lá.Quando alcançou seus amigos, seus rostos refletiam uma mistura de diversão e curiosidade com seu retorno repentino.—Harvey, onde está sua donzela? —brincou Ian ao vê-lo chegar sozinho.—Você praticamente nos trocou por ela e nem sequer a apresentou —protestou Leonardo, com um sorriso malicioso no rosto.—Ela ficou em sua mochila —murmurou Harvey, esquivando-se dos olhares curiosos. O peso da separação esmagava seu peito.—O que ela significa para você? Já a deixou? Ou ela é apenas
Harvey exalou pesadamente, observando a expectativa nos olhos das pessoas ao seu redor, aguardando suas palavras. Ele revirou os olhos enquanto respondia:—Acho que o fato de ser filho de reis faz de mim um príncipe —disse ele com uma mistura de sarcasmo e resignação.A garota à sua frente deu um sorriso divertido, como se fossem velhos amigos, e agarrou-se ao braço dele com familiaridade. Harvey franziu a testa, tentando se soltar sutilmente, mas ela apenas o segurou com mais força.—Vou levá-lo para consertar os pneus —declarou ela com determinação, como alguém que não aceita um "não" como resposta.—Não é realmente necessário... —Harvey começou, mas antes que pudesse terminar a frase, ela já havia saído do caminho com um movimento ágil e decisivo.—Bem, como posso ajudá-lo? Se é porque está desconfiado de minha identidade, vou me apresentar. Meu nome é Rania, sou filha do Alfa da matilha Moon Shadow.Harvey parou em seu caminho, virou-se sutilmente para ela e, embora seu olhar exal
O palácio estava silencioso e majestoso, envolto em luto. As bandeiras estavam hasteadas a meio mastro, e uma procissão de figuras encapuzadas passou por seus portões, com as cabeças abaixadas em sinal de respeito.Brad seguiu o sombrio fluxo de alfas que chegavam de todos os lados, juntando-se à despedida do monarca caído.—Um verdadeiro líder —alguém murmurou quando ele passou. Brad assentiu, sentindo o peso da herança em seus ombros.—Brad —a voz de Raul, o alfa da matilha Moon Shadow, quebrou o murmúrio sepulcral.Eles se conheciam desde filhotes, com seus caminhos entrelaçados por jogos e desafios passados.—Raul —Brad deu um aperto de mão firme, a formalidade do momento impedindo qualquer efusividade.—Sinto muito —disse Raul, seu tom carregando anos de batalhas e sabedoria. —Seu avô era um pilar.—Obrigado —respondeu Brad. —Agora é minha vez, e espero estar à altura de seu legado. Tenho muito a ensinar ao meu filho.—Um bom garoto, a propósito —Raul assentiu com um sorriso comp
A floresta era um borrão de cores ao seu redor, enquanto Harvey, ou melhor, King, com seu pelo escuro e olhos brilhantes, corria livre do peso de sua humanidade. Suas patas batiam na terra úmida, o musgo e as folhas sob suas patas forneciam um tapete vivo para sua corrida frenética.A conexão com seu lobo, King, estava mais forte do que nunca. Desde que se lembrava, sempre sentiu a presença dele, como se fossem um só. Agora, em sua forma lupina, essa conexão era ainda mais palpável. King falava em sua mente, alertando-o sobre os perigos que o cercavam.—Não confie em Rania, Harvey. Ela não é o que parece. Seu verdadeiro companheiro precisa de nós. Precisamos voltar para aquela matilha o mais rápido possível —King sussurrou em sua mente, sua voz soando com autoridade.—Você sabe que eu a quero, porque não confio nela, tenho medo do que ela pode provocar —perguntou Harvey em sua mente, aguçando os sentidos que se expandiam além da floresta.—É por isso que devemos ficar atentos, pois os
Harvey olhou fixamente para Raul, mantendo a compostura apesar da pressão que sentia sobre os ombros. Ele sabia que precisava ser cuidadoso com suas palavras, mas também estava determinado a defender o destino que a deusa Luna havia traçado para ele e sua companheira.—A pessoa a quem me refiro chama-se Ann —disse Harvey, com voz firme e confiante—. Ela é uma ômega que trabalha nesta matilha. Ela não é filha de nenhum alfa, mas isso não importa nem muda o fato de que ela é minha companheira, futura lua e rainha dos lobos.Raul franziu a testa, parecendo confuso com a revelação de Harvey.—Não conheço nenhuma Ann aqui —respondeu ele, com o tom de voz carregado de ceticismo—. Não há nenhum ômega trabalhando na matilha com esse nome, sinto muito... a garota pode ter mentido para você e zombado de você.Harvey cerrou os punhos, sentindo a frustração crescer dentro dele. Como era possível que Raul não soubesse quem era Ann? Será que ele estava escondendo alguma coisa? Imediatamente, as lem
Raul e sua esposa trocaram um olhar tenso, com os cantos dos lábios tremendo, antes que ele finalmente falasse com um tom de voz sereno, mas determinado.—Sinto muito, Yara, Brad —disse Raul, sua voz soando com autoridade—. Mas Roxana não está mais aqui. Ela se foi há algum tempo.As palavras atingiram Yara e Brad como uma pedra, e eles trocaram olhares de descrença e preocupação. A ideia de que Roxana havia desaparecido sem deixar rastros era difícil para eles aceitarem.—Como puderam deixá-la ir embora sem nos avisar? —exigiu Yara, sua voz tremendo de angústia—. Estão tentando nos enganar?Raul e sua esposa se entreolharam, tentando não se envergonhar; estavam determinados a convencer os reis de suas palavras.—Não estamos tentando enganá-los, Yara, Brad —respondeu a esposa de Raul, com um tom suave, mas firme—. Estávamos apenas ganhando tempo para ver se encontrávamos Roxana antes de informá-los.Brad franziu as sobrancelhas, refletindo sua crescente irritação com a resposta evasiv
As lágrimas de Roxana escorriam por seu rosto, cada gota era um reflexo do amor dilacerado que ainda pulsava em seu peito.O vento açoitava seus cabelos enquanto ela corria, impulsionada por uma dor tão profunda que só podia desejar o fim de seu tormento. Não havia como voltar atrás, nem mesmo uma pausa para olhar o que ela estava deixando; a traição e a desolação eram fortes demais.—Não mais! —gritou para o vazio, mas o eco de sua própria voz era o único que respondia no silêncio do deserto.A terra sob seus pés cedeu à sua corrida frenética, as pedras caíram criando um rastro de fuga desesperada. E então, o penhasco. Ela parou por um momento na beirada, com o coração batendo como se quisesse sair do peito. Mas não havia medo em seus olhos, apenas uma determinação sombria.—Quero... que isso acabe de uma vez por todas —murmurou, e sem pensar duas vezes, entregou-se ao vazio.O ar frio cortou sua pele enquanto caía, e quando a água gelada a atingiu, foi como se mil agulhas perfurasse
Ilan estava passeando pelo rio, com o murmúrio da água acalmando seus pensamentos, quando algo quebrou sua calma.Ele olhou para a margem e viu uma garota, com o corpo em um estado impossível de transição, metade humano, metade lobo. Sem hesitar, correu até ela, com seus instintos protetores aflorando.Quando chegou ao lado dela, tentou acordá-la, mas ela não reagiu. Ele a levantou em seus braços, e sua pele, fria e manchada de pelos bege, começou a escorrer. Ela era pouco mais do que um saco de ossos.—Ajuda! —gritou ele ao entrar no hospital da matilha, irrompendo pela porta como uma rajada de vento.Os enfermeiros se afastaram, abrindo caminho para ele até a maca mais próxima, onde cuidadosamente colocou a garota.—O que aconteceu? —perguntou o médico de plantão, aproximando-se rapidamente.—No rio —foi tudo o que Ilan conseguiu articular, apontando para o curso d'água que havia deixado para trás. Seu peito subia e descia com o esforço da corrida.—Espere lá fora —ordenou o médico