Clara
Acordo animada, voltar a trabalhar me traz um sentimento de liberdade que eu já sentia falta. Ficar em casa é uma delícia e ver a minha família foi maravilhoso, contudo eu precisava voltar ao que dá sentido aos meus dias, eu amo o que faço e não me canso de me dedicar a isso.
Revirei-me na cama ainda preguiçosa, lembrei das férias, a única coisa ruim que havia acontecido era o filhote Fernandes ter voltado, mas só havia visto ele naquele dia e fiquei satisfeita com a sensação de que não o veria mais. Levantei e fui ao banheiro, tomei um banho relaxante, quando sai sequei meu cabelo agradecendo por ele ser liso e eu não precisar ter tanto trabalho assim, me maquiei e fui vestir a roupa que tinha separado na noite passada, após me perfumar desci e tomei café, sai alguns minutos depois, pronta para iniciar o dia. Saí com o carro da garagem e avistei o Rafael um pouco mais a frente, mas desta vez decidi que não pararia, havia ficado com receio depoClaraFico em silêncio no caminho para a casa dos Fernandes, percebo que eles conversam animados e não quero interrompê-los, quando chegamos vou para a cozinha, pois sei que Betina está lá, preciso tanto de seu abraço que assim que a vejo alcanço-lhe e sorrio ela me conhece e me abraça imediatamente, fico com ela ajudando na cozinha já que ainda não chegou nenhum convidado e isso me deixa mais aliviada, pois não quero ver ninguém quero apenas a minha casa, mesmo estando com medo de ir para lá. Assim que terminamos na cozinha vamos encontrar os meninos.— Muito obrigada pelo convite Betina, mas vim apenas lhe dar um beijo preciso ir para casa. - Ela me encara, tento desviar o olhar, mas com ela é mais difícil.— Aconteceu alguma coisa filha? - Pergunta atenciosa. Imagino se deveria falar, contar que tem alguém me perseguindo, mas não desejo preocupá-la, então me limito a sorrir.— Não, só estou cansada. - Sorrio. — Muito tempo em casa. - Complemento. Ela me anali
ClaraAcordo animada levanto-me e escovo os dentes, em seguida pego uma calça preta no guarda-roupa e uma blusa vermelho vinho com a manga cumprida e com a gola grande, então a deixo caída do lado direito e coloco um sutiã tomara que caia, gosto desse estilo acho mais despojado uma vez que a blusa é um pouco grande então cobre o meu quadril.Coloco uma bota preta, cano médio e com salto alto e cadarço na frente. Deixo o meu cabelo solto e coloco um brinco tamanho médio, para finalizar passo uma maquiagem leve e um batom roxo, mas um que não fique muito forte.Assim que me sinto pronta me sento no sofá e espero Bernardo chegar com o motorista, nós saímos muito cedo, então só saio do prédio quando ele chega, não vi aquele homem misterioso novamente, mas ainda sinto receio.Cumprimento o Sr. Azevedo enquanto o motorista coloca minha mala no carro, fico em pé na calçada aguardando, pois eu gosto do ar e o aprecio enquanto bate em meus cabelos, penso que
ClaraQuando acordo sinto-me relaxada, olho no relógio e percebo que ainda está cedo, noto rapidamente que Bernardo não está na cama e isso me deixa intrigada.Passo minhas mãos pelo lençol lembrando detalhadamente de tudo o que ocorreu na noite anterior, sinto-me ao mesmo tempo culpada e satisfeita, mas fico um pouco assustada com o rumo que levou o nosso contato.Penso em quanto tempo estava sozinha, esperando conhecer o cara ideal, será que era ele? Eu não fazia ideia, mas sabia como me sentia e tinha certeza que não esqueceria aquela noite nunca.Olho para o resto do quarto e estranho ao perceber que ele não está lá, levanto-me e vou ao banheiro, tomo um banho tranquilo, ensaboo cada parte do meu corpo, sentindo como o creme faz efeito já que minha pele está macia, isso me deixa satisfeita.Ao terminar o banho passo hidratante em todo o meu corpo, depois seco o cabelo fazendo um penteado que me deixa com uma aparência mais séria, assim q
ClaraQuando abro os olhos sinto-me atordoada, lembro vagamente que dia é hoje e respiro fundo, faz uma semana desde que eu dormi com o Bernardo e não falamos nisso em nenhum momento, na verdade eu passei algumas coisas sobre a minha função na empresa e ele foi fazer treinamento em outro setor, ele precisa realmente aprender tudo. Não nos falamos fora da empresa e acredito que assim é melhor, sinto-me feliz por meu relacionamento com Estevão estar como sempre foi, ele e Betina são os que realmente importam para mim.Hoje é sexta feira o dia que irei com Cassandra para algum lugar que deixei ela escolher, pois não sei para onde poderia sair, então falei para ela nomear, mas o que realmente me deixa nervosa é que domingo haverá um almoço na casa do Sr. Fernandes e ele faz questão que eu vá, mas pela primeira vez eu não quero ir, não quero ter que encarar o Bernardo, acho que levarei a Cassandra comigo se ela aceitar, pelo menos com ela ao meu lado não estarei sozinha.&n
ClaraDomingo chegou rápido e eu me sinto ansiosa, no sábado Bernardo foi embora pela manhã, sei que foi ficar com a Bianca e esse pensamento fez com que eu realmente me sentisse errada.Não sei por que veio atrás de mim, mas no final ele volta para ela, eu me odeio por aceitá-lo, mas em algum lugar do meu coração, provavelmente o mais carente sentiu que gostaria de ser amada por ele, mas isso passou logo, ele não me amaria, eu era apenas a funcionária do pai dele que provavelmente era interessante para ele brincar.Aproveito a manhã para organizar a minha casa, coloco uma música bem alta para escutar, afinal um bom rock não se escuta baixo, assim que a música começa a tocar eu começo a arrumar as coisas.Por sorte eu consigo manter a minha casa limpa, então não tenho muito que fazer, e essa sensação faz com que eu arrume o que fazer. Tenho algumas prateleiras de livros no meu quarto, vou até elas e os tiro de lá, limpo-as e começo a colocá-los em or
ClaraAbro os olhos lentamente à luz me interrompe, pois está muito forte, então fecho-os de novo imaginando onde estou e quem são essas pessoas, escuto palavras que não entendo o que significam, não sei exatamente o que eles dizem, sinto tanta dor em meu corpo que só queria pedir um remédio, mas tenho a impressão de que a minha voz não vai sair se eu falar, pois tem algo envolta da minha garganta que me sufoca.Não sei para onde estão me levando, mas posso senti-los correndo, eles estão com pressa e eu rezo para pararem, só queria que me olhassem e me entregassem um remédio, pois necessito de algo que faça a dor parar, quando tento me recordar do motivo de estar ali, minha cabeça volta a doer, deixando a dor cada vez mais insuportável, de repente eles param, tento abrir os olhos de novo, mas algo me impede, eu não tenho controle sobre o meu corpo, nada se mexe, porém a dor parou e respiro melhor agora.Eles mexem em meu corpo não sei o que fazem e depois de minuto
ClaraFecho os olhos tentando dormir mais um pouco, o medicamento me ajuda a relaxar e isso me deixa tranquila, viro-me de lado e olho para a janela que está aberta possibilitando que eu veja claramente lá fora. O tempo muda drasticamente e sei que vai chover, posso sentir isso pela umidade e pelo vento que parece devolver a vida a minha pele, inspiro e fico atenta ouvindo os trovões.Eles falam tão alto que posso ouvi-los brigando comigo, talvez pela minha ingenuidade, mas não sei dizer por quê. A chuva inicia fazendo com que suas gotas caiam cada vez mais fortes e mais rápidas eu as vejo e as sinto e sei que estão devolvendo a vida e a energia para vários lugares.Eu levanto da cama e fecho o vidro, pois o vento traz a chuva para o quarto, percebo-a tão forte que sei que machucaria se caísse em mim, mas não me importo. Gostaria de estar lá fora sentindo sua força e sua vida serem derramadas enquanto eu permito que caiam limpando o meu corpo e a mi
ClaraAcordo sentindo-me mais calma, ainda com os olhos fechados consigo sentir a luz imaginando que deve estar sol lá fora, tento me concentrar em um som que está tão baixo, mas consigo ouvir claramente assim que me concentro.É a música Patience do Guns N’ Roses sinto forte emoção conforme a escuto, pois ela me traz lembranças boas e dolorosas ao mesmo tempo, lembro-me vagamente de quando era pequena, eu devia ter uns dez anos sempre que eu tinha dificuldade para dormir e isso era algo constante, o meu pai cantava essa música para mim, sua voz era doce e ele cantava tão bem, ouvir sua voz fazia com que todo o medo fosse embora e eu me sentia segura o suficiente para dormir, meu sono se tornava tão leve e aconchegante, acredito que meu gosto musical tem a ver com ele, com tudo o que me ensinou.Hoje ele não pode mais cantar para mim em minhas noites difíceis, mas sei que sempre está comigo. Abro os olhos lentamente e vejo que estou sozinha, o Bernardo não vo