Clara
Abro os olhos lentamente à luz me interrompe, pois está muito forte, então fecho-os de novo imaginando onde estou e quem são essas pessoas, escuto palavras que não entendo o que significam, não sei exatamente o que eles dizem, sinto tanta dor em meu corpo que só queria pedir um remédio, mas tenho a impressão de que a minha voz não vai sair se eu falar, pois tem algo envolta da minha garganta que me sufoca.
Não sei para onde estão me levando, mas posso senti-los correndo, eles estão com pressa e eu rezo para pararem, só queria que me olhassem e me entregassem um remédio, pois necessito de algo que faça a dor parar, quando tento me recordar do motivo de estar ali, minha cabeça volta a doer, deixando a dor cada vez mais insuportável, de repente eles param, tento abrir os olhos de novo, mas algo me impede, eu não tenho controle sobre o meu corpo, nada se mexe, porém a dor parou e respiro melhor agora. Eles mexem em meu corpo não sei o que fazem e depois de minutoClaraFecho os olhos tentando dormir mais um pouco, o medicamento me ajuda a relaxar e isso me deixa tranquila, viro-me de lado e olho para a janela que está aberta possibilitando que eu veja claramente lá fora. O tempo muda drasticamente e sei que vai chover, posso sentir isso pela umidade e pelo vento que parece devolver a vida a minha pele, inspiro e fico atenta ouvindo os trovões.Eles falam tão alto que posso ouvi-los brigando comigo, talvez pela minha ingenuidade, mas não sei dizer por quê. A chuva inicia fazendo com que suas gotas caiam cada vez mais fortes e mais rápidas eu as vejo e as sinto e sei que estão devolvendo a vida e a energia para vários lugares.Eu levanto da cama e fecho o vidro, pois o vento traz a chuva para o quarto, percebo-a tão forte que sei que machucaria se caísse em mim, mas não me importo. Gostaria de estar lá fora sentindo sua força e sua vida serem derramadas enquanto eu permito que caiam limpando o meu corpo e a mi
ClaraAcordo sentindo-me mais calma, ainda com os olhos fechados consigo sentir a luz imaginando que deve estar sol lá fora, tento me concentrar em um som que está tão baixo, mas consigo ouvir claramente assim que me concentro.É a música Patience do Guns N’ Roses sinto forte emoção conforme a escuto, pois ela me traz lembranças boas e dolorosas ao mesmo tempo, lembro-me vagamente de quando era pequena, eu devia ter uns dez anos sempre que eu tinha dificuldade para dormir e isso era algo constante, o meu pai cantava essa música para mim, sua voz era doce e ele cantava tão bem, ouvir sua voz fazia com que todo o medo fosse embora e eu me sentia segura o suficiente para dormir, meu sono se tornava tão leve e aconchegante, acredito que meu gosto musical tem a ver com ele, com tudo o que me ensinou.Hoje ele não pode mais cantar para mim em minhas noites difíceis, mas sei que sempre está comigo. Abro os olhos lentamente e vejo que estou sozinha, o Bernardo não vo
ClaraO vento forte bate na janela e eu o escuto com atenção, ele pode ser tão suave quando quer, mas essa noite está barulhento. Penso em tudo o que aconteceu e toda vez que vejo onde estou sinto-me nervosa.Eu o imagino lá fora esperando o momento certo para se aproximar e tento descobrir como estarei pronta para isso, viro para o lado oposto da janela tentando conciliar o sono, mas não consigo ao olhar a hora percebo que já são 02h45min da manhã, penso que ficarei cansada o dia todo e não posso deixar isso acontecer.Coloco o celular em cima da mesa de cabeceira e escuto ele vibrar quando o pego vejo que tem uma mensagem do Bernardo.Clarinha, você já dormiu?Tento me lembrar de quando que aprovei esse apelido, mas não me recordo. Acho engraçado a forma que ele me chama e não deixo de sorrir, mas respondo prontamente.Oi Be, ainda não. Engraçado né?Coloco o telefone de lado e imagino que ele não me mandará ma
ClaraCom um suspiro quase caio da cama, acordo sentindo que tem alguém no quarto, acendo o abajur e olho em volta não vejo ninguém, mas me surpreendo ao ver a janela aberta, pois me lembro de tê-la trancado levanto e acendo a luz do quarto olhando melhor em cada canto e não encontro ninguém.Ainda com o coração acelerado caminho lentamente para a janela imaginando que ele está escondido e vai me atacar a qualquer momento respiro fundo e me aproximo, olho em volta e vejo tudo em completa escuridão, olho para baixo agradecendo por estar no segundo andar vejo as árvores que se escondem quando não a luz.É muito difícil de encontrar alguém ali, quando não consigo enxergar e fico ainda tão assustada, então vejo algo vindo rapidamente em minha direção, é tão pequeno e parece que foi arremessado assim que se aproxima cubro o rosto com as mãos e caio no chão, sinto a batida forte em meu corpo ao tocar o piso, mas nada cai em mim e quando abro os olhos encaro um lind
ClaraSinto seus braços em volta de mim e abro os olhos lentamente, não queria ter que sair dali, mas era melhor antes que alguém aparecesse viro-me para ele e analiso o seu rosto, dorme tão tranquilamente que me faz sorrir passo a mão pela sua face desejando que fique sempre bem, em seguida levanto e vou para o meu quarto sentindo-me extasiada.Apesar de toda escuridão que enfrentamos a noite havia acabado bem e eu me sentia animada com isso só precisava encontrar uma maneira de ajudá-los a superar isso. No quarto escolho a roupa que vou usar e me troco, pego uma calça de moletom preta e uma regata azul, após me trocar abro a janela e olho para o jardim percebendo que não a ninguém, mas não posso evitar de me sentir vigiada, por algum motivo eu o sinto e percebo que devo me preparar.Vou para o banheiro e escovo os dentes, depois de lavar o rosto começo a pentear o meu cabelo. Não consigo deixar de lembrar o que aconteceu ali mais cedo, sinto-o em cada parte
ClaraPego as coisas que Cassandra trouxe para mim rapidamente e coloco a blusa de frio que havia deixado em cima da cabeceira, visto-a ligeiramente e calço as botas, sentindo minha respiração ficar cada vez mais acelerada tenho medo de perder o controle, mas acho que por enquanto estou reagindo bem, após terminar de colocar a bota pego a tesoura e a coloco entre a meia e a bota deixando-a fácil para que eu puxe quando precisar ando um pouco pelo quarto para me certificar de que não irá me machucar e volto para a cama.Faço um coque em meu cabelo e prendo-o de uma forma que não soltará com facilidade, coloco os anéis em uma de minhas mãos e na outra enrolo uma corrente entre os meus dedos, depois cubro-os com a faixa preta, quando decido que estou pronta abro o guarda-roupa e pego a arma verifico se está carregada e vou até a Atena.— Chegou nosso momento, na hora certa quero que você a leve para mim. - Ela me encara e sei que me entendeu. — Atena não falarei a hor
ClaraMe estico na cama e sinto Atena deitada ao meu lado e a abraço ainda com os olhos fechados, faço carinho em seus pelos brandos, sinto que acordei de um pesadelo real e percebo que estou animada por tudo aparentemente ter acabado. Espreguiço-me e vejo quando ela acorda, pois olha curiosa para mim.— Bom dia Atena. - Sorrio e faço carinho em seu rosto deixando que o meu nariz encoste no dela. Sinto-o tão gelado que me encanto. Levanto e abro o guarda roupa procurando o que vestir nesse dia. Escolho uma blusa branca apertada e um short social preto com um cinto preto junto, coloco uma sapatilha preta e vou ao banheiro.Olho-me no espelho e me sinto diferente, tem algo em meu olhar que eu não via há muito tempo, sinto-me livre. Escovo os dentes e lavo o rosto, passo maquiagem e penteio o cabelo, quando volto a me olhar no espelho sinto-me bonita de uma forma que nunca havia sentido.Volto para o quarto e ligo no seguro do meu carro, Estevão havia acionad
ClaraSinto-o fazendo carinho em meus cabelos e abro os olhos lentamente sorrio ao vê-lo pensando que é a minha melhor visão do dia, ele sorri para mim e beija os meus lábios.— Bom dia preguiçosa. - Murmura fazendo-me sorrir de novo.— Bom dia Be. Que horas são? - Pergunto, ele me encara por um momento e depois olha no celular.— Já passa das dez. - Diz. Eu o encaro e o abraço sentindo que este é o melhor lugar para estar, me sinto tão bem quando o abraço.— Acho que já tenho que me levantar. - Digo ainda abraçada a ele.— Por quê? Fica na cama comigo hoje. - Pede e eu sorrio.— Não posso, mas isso é uma ideia excelente. Se eu fizer isso deixarei o Sr. Forbes irritado. - Sorrio. — Vou na delegacia dar o meu depoimento e volto para cá. Tenho que arrumar minhas coisas ainda. - Informo e sinto que me abraça mais forte.— Tem certeza que quer ir embora? Se sentir que não é seguro, posso ficar com você por uns dias. - Eu sorrio vendo o que está insinuando.