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Passos na Escuridão
Passos na Escuridão
Por: Jhonatan Alves
Capítulo I: Andando em círculos

Em minha vida sempre existiu uma chama acesa que me levava para lugares onde muitos se

desviavam ao passar perto. Afinal eu nunca acreditei em tamanha besteira em toda minha

vida. Espíritos, almas, monstros de outros mundos, tudo nunca passou de pura e mera besteira para mim.

Era noite. Eu estava em meu trabalho de sempre.

Investigando casos que muitos julgavam ser sobrenatural. Mas

eu estava lá para provar o contrário. Estudei parte da Teologia,

mas meu único foco era provar que não existia nada além da

nossa morte.

Digamos que eu era bem conhecido, quando se pronunciava

meu nome, todos sabiam de quem se tratava. Virgel Martinez

Martins.

Já estou com quarenta anos e até hoje nunca descobri nada

de anormal em nosso mundo. Isso se não contarmos com as

pessoas insanas e doentes que causam estragos e danos em

nossa sociedade que já se encontra em caos.

Hoje eu entrei na casa dos Jacksons, uma família muito

supersticiosa. E que não era muita adepta a igreja. Diziam estar

sofrendo com aparições e algumas manifestações do além.

Estou aqui desde cedo, a família está hospedada nos vizinhos.

Não gosto de ter alguém por perto nessas horas. Um a mais

sempre atrapalha.

Contudo nada de estranho ou incomum havia acontecido por

enquanto. Nem algo que explicasse o que fora descrito por eles.

Com o tempo adormeci.

Quando meu sono se avançava eu comecei a sonhar. Estava

na mesma casa, porem estava tudo escuro, não tinha luz

alguma. Enquanto vagava pelos corredores percebi mais alguém

na casa. Fui procurando e seguindo os sons de risos que me

levaram até uma porta trancada no porão. Parecia algo comum

para um sonho. Despertei por volta das três da manhã. Havia

ouvido um barulho alto. Certamente tinha alguém ali. Saquei 

minha arma e procurei por alguém, mas nada. Desci no porão e

também não encontrei ninguém.

Mas a havia uma porta ali. Era idêntica a do meu sonho.

Eu não me lembrava de ter descido ali em baixo. Mas tentei

abri-la.

Sem sucesso.

Estava trancada. Procurei uma chave, mas não tinha nenhuma

por ali. Resolvi quebrar.

O prejuízo seria meu de qualquer jeito.

Quando consegui fazer com que a porta se abrisse tive uma

enorme surpresa.

Era uma mulher. Estava amarrada e amordaçada. Parecia sido

espancada e abusada.

Fui em direção a ela e lhe retirei a mordaça.

- Quem fez isso com você? – Perguntei a ela.

Mas ela parecia estar em choque não falava nada. A levei para

cima e chamei a polícia, que certamente teria alguma coisa a

informar, e depois tomaria as devidas precauções.

Enquanto ela não chegava eu deixei a mulher no sofá, mas

não chamei a família ainda. Eles poderiam tentar fugir, ou fazer

algo pior.

Fiquei a olhando fixamente durante vinte minutos. Foi

quando ela me disse seu nome:

- Dayse.

- O que?

- Meu nome, é Dayse.

- E o que fazia lá em baixo Dayse?

- Eles me colocaram lá, faz dois meses.

- Eles quem?

- O homem que mora aqui e o filho mais velho dele.

- Tudo bem. Fique calma que vai dar tudo certo.

- Eu tentei sair, mais eles não me deixaram ir embora, eu era

amiga da Sophia.

- A Sra. Jackson?

- Sim, eu vinha aqui de vez em quando, ela sempre pedia para

vir fazer uma sessão com ela, eu sou médium e ela regularmente

fazia algumas leituras comigo, mas um dia eu vim e ela não

estava em casa ainda. O marido dela me pediu para entrar e

esperar, mas eu percebi que queria algo de mim. Foi quando ele

me atacou me prendeu lá em baixo, ele junto com o filho.

Ficavam falando entre si. Como se tivessem feito um pacto de

silencio. E depois eles...

- Não precisa detalhar nada pra mim Dayse. A polícia vai

chegar logo e eles vão pagar pelo que te fizeram. Pode ficar

tranquila.

Me levantei e vi que a viatura estava na porta. Pedi para que

primeiro prendessem os dois que estavam na casa vizinha para

evitar qualquer fuga, e deixei a mulher com uma das policiais

que vieram, pois uma ambulância também estava a caminho.

Fui para fora e detalhei o que ouvi para o policial.

- Virgel Martinez, o que manda dessa vez?

- Um clássico caso de sequestro. Atacaram e violentaram-na.

Prenderam no porão e de certo iriam mata-la e descartar o

corpo para que ninguém descobrisse.

- E nada de sobrenatural outra vez.

- Sim, nada de sobrenatural. Além da moça que diz falar com

espíritos.

- Uma médium? Quem diria, mas pode deixar com a gente

agora. Vamos cuidar para que eles sejam presos e levados a

julgamento.

- Eu espero que sim. Foi desumano o que eles fizeram com

ela. E interrogue a Sra. Jackson também, elas eram amigas.

- Tudo bem.

Sai e fui até o Sr. Jackson que estava na viatura. Seu olhar de

medo era compreensível, pois pegaria uma bruta pena pelo que

eles fizeram.

Cheguei perto dele e lhe disse:

- Ali está seu fantasma Sr. Jackson, nada mais do que medo e

intranquilidade pelo que você e seu filho haviam feito. O medo

de ser pego pela policia, ou de que a esposa descobrisse seus

atos sórdidos com outra mulher. Isso tudo estava te causando

alucinações e desconfortos. Os sons de que sua esposa me falou

eram certamente dessa mulher que a todo custo tentava

escapar daquele lugar. Daria um ótimo livro, mas dispenso a

oportunidade. Passar bem. E boa estadia na prisão para o senhor

e para seu filho.

Ele não me disse nada, mas seu olhar furioso já era o bastante

para saber que mais uma vez eu estava certo. O ser humano cria

seus demônios para esconder seus erros e por a culpa em outra

pessoa.

E por fim tudo acabou bem. Pelo menos para aquela mulher.

Sai dali e fui para casa. Onde finalmente eu pude descansar.

No dia seguinte fiquei pensativo quanto ao sonho que tive na

noite anterior.

Ultimamente eu estava tendo sonhos recorrentes com locais

sombrios, escuros e meio enevoados. Há muito tempo eu não

tinha sonhos assim.

Pelo que me lembre, já faziam mais de quinze anos.

Mas o que é um sonho bobo perto da vida que eu tinha

salvado?

Fiz meus afazeres do dia e fiquei em casa para descansar da

noite mal dormida que tive.

Quando o dia começou a se avançar eu decidi sair um pouco e

mais tarde ir ao escritório que tinha.

Já eram seis da tarde soube que havia um novo delegado na

cidade. Infelizmente o ultimo tinha se enforcado na sua própria

sala. Nunca descobrimos o porquê. O dia estava quente e as ruas

lotadas, e eu já estava no meu escritório apenas esperando um

telefonema para poder sair e provar o quanto o sobrenatural

não passava do normal disfarçado de mentiras e medo de que se

não haja mais nada para nós após essa breve estadia na Terra.

Tudo não passava de algo encoberto para esconder a verdadeira

natureza humana, uma natureza fria e cruel.

E para minha surpresa recebi um telefonema dele.

- Alô. – disse ao atender.

- Virgel vem tenho um caso pra você, de estrema

importância.

- O que ouve? Alguma casa mal assombrada por ratos de

novo?

- Não dessa vez não. Mas será melhor se você vier aqui no

seu escritório, por que não vai te agradar muito essa noticia.

- Esta bem, dentro de meia hora eu estarei ai.

Desliguei o telefone e me fiquei a perguntar qual era o caso

desta vez. Como detetive paranormal, eu não sou muito dos

convencionais, pois, sou ateu e não acredito nessas bobagens, e sendo assim

acho incrível o que uma pessoa perturbada pode fazer para se

mostrar e ganhar atenção, a forma como o ser humano se usa e usa as demais pessoas para

satisfazer bels prazeres e desejos que muitas vezes são mais grotescos que a imagem do

inferno em que os cristões acreditam.

Diversos desses casos levaram muitos a loucura, outros a cadeia, contudo eu me vejo apenas

andando em círculos em meio a essa loucura toda em que se tornou a humanidade em que

vivemos. Isso me enoja.

Era como uma roda, onde nao importasse para onde eu va, sempre via as mesmas coisas, as mesmas cenas e o mesmo horror em que o ser humano se tornou.Desprezível 

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