— Já percebi que não gostou. — Ele fala rindo. — Não se force a comer princesa, coma somente o que te agrada. Vou avisar a Sra. Foster que ervilha está fora do seu cardápio.Deixando o purê horrível de lado, aprecio a crocância do peixe frito. Esta uma delícia. Enquanto como, minha mente vaga para as lembranças maravilhosas que tenho com meus pais. Nos na praia observando o pôr do sol, enquanto as ondas estouram no horizonte espetacular. O quiosque que amávamos. Toda temporada de litoral, era lá que pedíamos o melhor peixe da região. Até do camarão que não suportava, me vi sentindo falta, somente porque era o preferido dos meus pais. Eles comiam tanto camarão que quando voltávamos para casa, não queriam nem ouvir falar sobre. Mas durava poucos dias, e já começavam a planejar a próxima viagem.Sentia uma falta absurda deles.Me sentia tão sozinha.Quero ser o orgulho dos meus pais, de onde eles estiverem. Por isso, logo vou recuperar minha vida. Não desisti dos planos que fiz enquanto e
O restante da noite é leve, dou muita risada com as histórias dos meninos. Eles aprontaram muito quando jovens. Não que agora não aprontem. Oliver conta que é advogado — muito renomado por sinal — e que já cometeu diversas gafes com clientes no início da carreira. Devo admitir que isso me causa certo alívio. Se o mais renomado já cometeu erros, quando eu finalmente começar a exercer minha profissão, não vou me julgar tanto se tiver algum engano.Archie ficou mais quieto pós a chegada do amigo, percebo que está muito observador. Acompanhando minha conversa com Oliver com um semblante pensativo.É nítido a diferença entre eles, mas, eles ainda assim são complementos um do outro. Tipo gêmeos siameses. Fico impactada em como são companheiros, Oliver começa uma frase e sem nem perceber, Archie complementa. Observando os dois, me pego novamente refletindo sobre minha vida. Eu tive vários colegas, na escola, na faculdade. Durante meu processo de luto, alguns ficaram próximos. Mas nenhum dele
— Bom, talvez você tenha razão. Mas não deixa de ser surpreendente. — Ela continua com sua teoria mirabolante. — E por favor, me chame de Liv. Vamos ser melhores amigas!Rindo do seu jeito leve, me levanto da cama e me direciono até o banheiro.— Precisa de ajuda? — Ela pergunta muito solícita.— Consigo sozinha, mas não vejo a hora de tirar essa tala que está na perna, é muito incomoda. E hoje é apenas o segundo dia fora do hospital. — Suspiro.— Logo vão retirá-la, você precisa se recuperar para conhecer Londres com uma cidadã local. Vai amar isso aqui. Nem acredito que logo vou ter companhia.— Calma Liv, vamos aos poucos. Ainda preciso localizar um local bom para morar e arrumar um emprego.— Deixa de besteira Pand, enquanto estiver aqui, pode repousar tranquilamente que nada vai te faltar.— Não vou abusar da hospitalidade do seu irmão e do Oliver.Ela solta um murmúrio irritado, mas não contraria minha afirmação.Liv não entende minha situação, ela ao contrário de mim, é mimada
Com o coração quentinho e transbordando felicidade, me solto pela primeira vez na presença de todos eles e entro no embalo com Liv, já elaborando todos nossos planos de viagem e cronograma de aulas.Vai ser divertido passar um tempo com ela.Até que surge o assunto do elefante na sala.— Então Pandora, o que a trouxa a Londres? — A dra. Amelia questiona. Olho ao redor e percebo que todos ficaram quietos, aguardando minha resposta. Engulo em seco. O que eu faço agora?— E-eu precisava de ... uma mudança de ares. — Murmuro contida. — Nada melhor do que o país natal da minha mãe.— Ó, sua mãe é inglesa? — Questiona dona Charlotte.— Era. — Resmungo baixinho.— Minha querida, eu sinto muitíssimo.— Já faz um tempo... eu os perdi em uma fatalidade. — Resolvo esclarecer de uma vez.O silêncio na mesa é incomodo, não queria que se sentissem mau por mim.— Mas o sonho da minha mãe era que eu conhecesse Londres. Então, aqui estou eu. — Sorrio, tentando esboçar uma felicidade que no momento não
Me presenteava quando menos esperava, me ligava para saber se acordei bem, se tinha almoçado. Esperava eu dormir, antes de desligar o telefone. Era um relacionamento puramente clichê, mas me fazia feliz. Quando transamos a primeira vez — minha primeira realmente — ele foi tão carinhoso, atencioso. Preocupado com tudo. Foi gostoso. Diferente do que todos diziam de suas primeiras vezes, a minha foi mágica. Doeu lógico, mas ele soube remediar isso com carinho. Beijos e carícias suaves. Me senti amada. Pena que não durou.— Imagino. — Liv responde suspirando com os olhos brilhantes. Outra boba, igual eu era.— Bom, foi mágico no início. Meu pai quase pirou quando soube sua idade. Era inadmissível que ele permitisse que sua filha se relacionasse com alguém mais velho que ele. Mas eu era tola, estava iludida com seu jeito galanteador, preocupado, carinhoso. Não poupei argumentos, até que mesmo relutante, ele cedeu. Minha mãe falou que era melhor com eles sabendo, do que se eu me rebelasse e
Que porra é essa?Como essa garota passou por tudo isso e ainda consegue sorrir como se o mundo fosse um lugar digno para sí mesma? Ela emana luz, luz essa que foi abusada por tempo demais por um idiota qualquer.Vou localizar esse otário nem que seja a última coisa que eu faça.Vislumbro Archie com o mesmo semblante homicida que sei que carrego no rosto nesse momento, ele me dá um sinal imperceptível, deixando claro que quer conversar comigo assim que possível.Meu ódio é tanto, que nem percebo que Pandora me encara com um vinco na testa, tentando compreender o que se passa comigo já que não falei nada por longos minutos.— Aqui você está a salvo e não precisa mais se preocupar com esse imundo. Vamos cuidar de você. — Falo olhando para ela. — Ele nunca mais vai se aproximar.Ela solta a respiração que estava prendendo e volta a sorrir.Meu coração dispara. Seu sorriso ilumina a casa toda, é encantador.Depois do jantar seguimos para a sala, onde as meninas se juntaram no sofá com a m
— A Pand vai comigo no salão de beleza amanhã. — Liv diz animada. Porra, era só que faltava. E eu pensando que tinha tempo para ajeitar tudo, esqueci da furação Olivia. Ela sempre inventa coisas de última hora. — Tio Alexander disse que não havia problemas, desde que avisássemos ao cabelereiro para não puxar muito os fios de Pand, evitando que ela tinha uma dor de cabeça forte.— Você vai sair com a perna imobilizada? — Pergunto a Pand.— Qual o problema? Consigo andar. — Pandora retruca.— Certo.— Pand, vá de carro com um de nossos seguranças, vou avisá-lo que vai sair amanhã. Olivia, durma aqui. — Archie fala.— Mas...— Sem mas Olivia, durma aqui e vão juntas amanhã. — Ele corta o início de questionamento da irmã e não deixa abertura para discussões.Olivia encara Archie com cara feia, mas logo substitui por um semblante sereno quando Pandora a chama para dormirem juntas e conversarem mais sobre o que farão nos cabelos amanhã.Mulheres.Sorrio com a alegria que irradia de Pand quan
1 mês depoisOs dias passaram tão rápido, que quando notei, já se foram 30 dias desde que cheguei em Londres e conheci Oliver e Archie, sua família, fiz amizade com a Liv. É uma diferença tão grande de como eu me sentia antes, que estou começando me acostumar com a rotina. Ainda mais agora que já não tenho mais nada me impedindo. Finalmente recebi alta do ortopedista, do fisioterapeuta e do neuro.Mas conhecendo o Dr. Alexander, nunca vou estar 100% de alta, até por que, ainda moro na casa do filho dele. Ele me informou que eu precisava evitar bater a cabeça por pelo menos 03 meses pós acidente. Lógico que ia seguir à risca o máximo possível para não voltar ao hospital.Comecei a buscar por apartamentos para alugar nos arredores de Londres, precisava me movimentar logo e não ficar dependendo dos meninos. Não podia tocar nesse assunto com eles que ficavam bravos, alegando que não havia necessidade de me mudar, sendo que a casa deles era enorme e comportava nós 03 muito bem. O que eles