— Bom, talvez você tenha razão. Mas não deixa de ser surpreendente. — Ela continua com sua teoria mirabolante. — E por favor, me chame de Liv. Vamos ser melhores amigas!Rindo do seu jeito leve, me levanto da cama e me direciono até o banheiro.— Precisa de ajuda? — Ela pergunta muito solícita.— Consigo sozinha, mas não vejo a hora de tirar essa tala que está na perna, é muito incomoda. E hoje é apenas o segundo dia fora do hospital. — Suspiro.— Logo vão retirá-la, você precisa se recuperar para conhecer Londres com uma cidadã local. Vai amar isso aqui. Nem acredito que logo vou ter companhia.— Calma Liv, vamos aos poucos. Ainda preciso localizar um local bom para morar e arrumar um emprego.— Deixa de besteira Pand, enquanto estiver aqui, pode repousar tranquilamente que nada vai te faltar.— Não vou abusar da hospitalidade do seu irmão e do Oliver.Ela solta um murmúrio irritado, mas não contraria minha afirmação.Liv não entende minha situação, ela ao contrário de mim, é mimada
Com o coração quentinho e transbordando felicidade, me solto pela primeira vez na presença de todos eles e entro no embalo com Liv, já elaborando todos nossos planos de viagem e cronograma de aulas.Vai ser divertido passar um tempo com ela.Até que surge o assunto do elefante na sala.— Então Pandora, o que a trouxa a Londres? — A dra. Amelia questiona. Olho ao redor e percebo que todos ficaram quietos, aguardando minha resposta. Engulo em seco. O que eu faço agora?— E-eu precisava de ... uma mudança de ares. — Murmuro contida. — Nada melhor do que o país natal da minha mãe.— Ó, sua mãe é inglesa? — Questiona dona Charlotte.— Era. — Resmungo baixinho.— Minha querida, eu sinto muitíssimo.— Já faz um tempo... eu os perdi em uma fatalidade. — Resolvo esclarecer de uma vez.O silêncio na mesa é incomodo, não queria que se sentissem mau por mim.— Mas o sonho da minha mãe era que eu conhecesse Londres. Então, aqui estou eu. — Sorrio, tentando esboçar uma felicidade que no momento não
Me presenteava quando menos esperava, me ligava para saber se acordei bem, se tinha almoçado. Esperava eu dormir, antes de desligar o telefone. Era um relacionamento puramente clichê, mas me fazia feliz. Quando transamos a primeira vez — minha primeira realmente — ele foi tão carinhoso, atencioso. Preocupado com tudo. Foi gostoso. Diferente do que todos diziam de suas primeiras vezes, a minha foi mágica. Doeu lógico, mas ele soube remediar isso com carinho. Beijos e carícias suaves. Me senti amada. Pena que não durou.— Imagino. — Liv responde suspirando com os olhos brilhantes. Outra boba, igual eu era.— Bom, foi mágico no início. Meu pai quase pirou quando soube sua idade. Era inadmissível que ele permitisse que sua filha se relacionasse com alguém mais velho que ele. Mas eu era tola, estava iludida com seu jeito galanteador, preocupado, carinhoso. Não poupei argumentos, até que mesmo relutante, ele cedeu. Minha mãe falou que era melhor com eles sabendo, do que se eu me rebelasse e
Que porra é essa?Como essa garota passou por tudo isso e ainda consegue sorrir como se o mundo fosse um lugar digno para sí mesma? Ela emana luz, luz essa que foi abusada por tempo demais por um idiota qualquer.Vou localizar esse otário nem que seja a última coisa que eu faça.Vislumbro Archie com o mesmo semblante homicida que sei que carrego no rosto nesse momento, ele me dá um sinal imperceptível, deixando claro que quer conversar comigo assim que possível.Meu ódio é tanto, que nem percebo que Pandora me encara com um vinco na testa, tentando compreender o que se passa comigo já que não falei nada por longos minutos.— Aqui você está a salvo e não precisa mais se preocupar com esse imundo. Vamos cuidar de você. — Falo olhando para ela. — Ele nunca mais vai se aproximar.Ela solta a respiração que estava prendendo e volta a sorrir.Meu coração dispara. Seu sorriso ilumina a casa toda, é encantador.Depois do jantar seguimos para a sala, onde as meninas se juntaram no sofá com a m
— A Pand vai comigo no salão de beleza amanhã. — Liv diz animada. Porra, era só que faltava. E eu pensando que tinha tempo para ajeitar tudo, esqueci da furação Olivia. Ela sempre inventa coisas de última hora. — Tio Alexander disse que não havia problemas, desde que avisássemos ao cabelereiro para não puxar muito os fios de Pand, evitando que ela tinha uma dor de cabeça forte.— Você vai sair com a perna imobilizada? — Pergunto a Pand.— Qual o problema? Consigo andar. — Pandora retruca.— Certo.— Pand, vá de carro com um de nossos seguranças, vou avisá-lo que vai sair amanhã. Olivia, durma aqui. — Archie fala.— Mas...— Sem mas Olivia, durma aqui e vão juntas amanhã. — Ele corta o início de questionamento da irmã e não deixa abertura para discussões.Olivia encara Archie com cara feia, mas logo substitui por um semblante sereno quando Pandora a chama para dormirem juntas e conversarem mais sobre o que farão nos cabelos amanhã.Mulheres.Sorrio com a alegria que irradia de Pand quan
1 mês depoisOs dias passaram tão rápido, que quando notei, já se foram 30 dias desde que cheguei em Londres e conheci Oliver e Archie, sua família, fiz amizade com a Liv. É uma diferença tão grande de como eu me sentia antes, que estou começando me acostumar com a rotina. Ainda mais agora que já não tenho mais nada me impedindo. Finalmente recebi alta do ortopedista, do fisioterapeuta e do neuro.Mas conhecendo o Dr. Alexander, nunca vou estar 100% de alta, até por que, ainda moro na casa do filho dele. Ele me informou que eu precisava evitar bater a cabeça por pelo menos 03 meses pós acidente. Lógico que ia seguir à risca o máximo possível para não voltar ao hospital.Comecei a buscar por apartamentos para alugar nos arredores de Londres, precisava me movimentar logo e não ficar dependendo dos meninos. Não podia tocar nesse assunto com eles que ficavam bravos, alegando que não havia necessidade de me mudar, sendo que a casa deles era enorme e comportava nós 03 muito bem. O que eles
Eu enrijeço o corpo toda vez que estou perto de um e o outro chega, involuntariamente fico preocupada deles quererem que eu escolha algum deles e não consigo fazer isso. Nunca tive esse problema, nunca fui questionada, mas sempre espero esse momento chegar, por que eu sei que alguma hora irá chegar. Esses dois homens fantásticos em algum momento podem exigir mais do que temos agora e isso vai impactar a amizade que construí com ambos.É desesperador.Por isso, sigo nas pesquisas de um apartamento urgente, assim vamos modificar nossa rotina e a nossa amizade vai prevalecer.Só preciso me preparar para a falta que vou sentir deles.Estava distraída no notebook que ganhei de Oliver, quando ouvi como se tivessem entrado na casa, mas não ouvi as vozes dos meninos nem de Liv, estranhei. Eram os únicos que podiam aparecer no meio do dia durante a semana para visitas surpresas porque alegavam que sentiam minha falta. Isso me aquecia por dentro, me fazia sentir importante.Como não identifique
— O que está havendo? Senhorita, está bem? — Um dos seguranças questionou vindo na minha direção e entrando na frente me protegendo.— Por que está perguntando isso para ela? Ela é a invasora que te falei. — Emilly ralhou com o segurança. — Não mora nessa casa seu idiota, está tentando dar um golpe nos seus chefes, mas isso acaba agora. Saia de perto dela.Não notei seu próximo movimento tamanha agilidade que foi utilizada, de alguma forma, ela conseguiu passar pelo segurança que me protegia, me puxou novamente pelos cabelos e me arrastou até a beirada da varanda de entrada, ficando bem na ponta próximo dos degraus. Agora eu entendia a preocupação do Dr. Alexander, minha cabeça já estava doendo muito por causa da primeira seção de puxões e agora, estava começando a latejar muito forte. Comecei me debater tentando me livrar das garras da maluca, mas não fui ágil o suficiente, quando consegue me desvencilhar, ela me empurrou da varanda. Eram poucos degraus, mas não consegui evitar a pa