**Sabrina Andrade** Sempre soube que havia algo especial entre meu irmão e Milly, algo que eles próprios não enxergavam. Lucas sempre falava dela como se fosse uma irmã mais nova, e Milly, por sua vez, nunca deu sinais de que o via de outra forma. Para qualquer um de fora, eles eram apenas amigos muito próximos, mas eu via além disso. Algo na maneira como se olhavam, na cumplicidade silenciosa, sempre me fez pensar que havia mais entre eles. Mas, por muito tempo, considerei essa ideia como uma loucura. Afinal, eles nunca demonstraram nada além do que sempre afirmaram ser: irmãos de consideração. Essa convicção minha se manteve firme até o dia em que Milly me ligou, a voz carregada de uma mistura de nervosismo e alívio. Ela se entregou ao Lucas. Naquele momento, senti que tudo que eu acreditava sobre os dois finalmente estava se confirmando. Algo havia mudado entre eles, e essa mudança era para sempre. Hoje, enquanto olho para Milly segurando Benício, percebo o quanto isso é verd
**Lucas Andrade** Olho para minha mulher e minha irmã juntas, conversando animadamente, e sou instantaneamente transportado ao passado. Eu tinha acabado de entrar na adolescência, enquanto as duas ainda eram crianças, inseparáveis e sempre rindo juntas. Lembro-me claramente do momento em que olhei para Camilly de um jeito diferente, um olhar que não tinha nada a ver com a amizade ou fraternidade que sempre nos uniu. Naquele instante, senti uma confusão dentro de mim. Como eu poderia ver Camilly dessa maneira? Ela era quase como uma irmã para mim, e ainda assim, havia algo mais. Rejeitei esse pensamento, me forçando a ignorá-lo, como se simplesmente afastá-lo fosse suficiente para fazê-lo desaparecer. Sempre que ela estava com a Sab, eu encontrava uma desculpa para sair, para fugir, na esperança de que esses sentimentos se dissipassem por conta própria. Quando terminei o colegial, decidi ir embora. A França parecia uma fuga perfeita, um lugar distante onde eu poderia me reinventar,
Camilly Paiva A viagem de volta à cidade parecia mais longa do que o normal, mesmo com Lucas ao meu lado, segurando firme a minha mão. O som suave da respiração de Benício dormindo no banco de trás, a presença tranquilizadora de Sabrina ao seu lado, e a força do aperto de Lucas eram tudo o que eu precisava para me manter calma. Cada quilômetro percorrido era uma mistura de ansiedade e expectativa, como se o destino guardasse algo grandioso para nós. Quando a entrada da cidade apareceu no horizonte, meu coração bateu mais forte. Era como se estivesse prestes a enfrentar o mundo de novo, mas desta vez eu não estava sozinha. Lucas estava comigo, e essa era a diferença que me dava coragem. *Será que eles vão nos entender? Aceitar?* penso aflita, pois faz pouco tempo que fiquei viúva e o Matheus na verdade era meio-irmão do Lucas. Lucas me olhou de lado, como se pudesse ler meus pensamentos, e esboçou um sorriso leve. — Vai ficar tudo bem. Nós estamos juntos nisso, Camilly. To
Camilly Paiva Mas, como tudo na vida, o momento de puro êxtase começou a se dissipar, dando lugar à realidade que precisávamos enfrentar. A primeira a se afastar foi minha mãe, que, limpando as lágrimas do rosto, esboçou um sorriso acolhedor.— Vamos entrar, minha filha. Tenho certeza de que todos nós precisamos de um bom café e uma conversa tranquila.Ela fez um gesto convidativo em direção à porta, e nós a seguimos. O interior da casa parecia mais aconchegante do que eu lembrava. Talvez fosse o peso que havia saído de meus ombros ou a simples presença de todos ali, mas tudo parecia mais vivo, mais vibrante.Lucas e meu pai foram os últimos a entrar, trocando algumas palavras que não consegui ouvir. Mas, pelo sorriso no rosto de Lucas, sabia que estavam em sintonia. Havia tanto respeito e confiança entre eles que era quase palpável.Sabrina se adiantou e começou a preparar o café, enquanto eu me sentava no sofá com Benício em meu colo. Ele estava começando a despertar completamente
Lucas Andrade Meu coração se alegra ao saber que tia Penélope e tio Fábio me aceitaram com a Camilly, depois de tudo que fiz, quando magoei a Camilly e fugi. Meus pais também estão em uma felicidade sem tamanho a alegria é contagiante, estou no jardim da casa dos meus pais brincando com o Benício quando alguém surge quando levanto o olhar vejo ser a Sra Norma, ela me olha e não fala nada. Me levanto e chamo por ela que me olha com um olhar entristecido. — Sra. Norma, quer entrar? — Não, Lucas, obrigada, mas nada aí me pertence. Não quero atrapalhar em nada, tenho que seguir meu caminho. — Não vai se despedir do Benício, nem da Camilly ? — Não, eles estão onde deveria estar desde o princípio. Eu me levanto do banco no jardim, ainda processando a presença inesperada da Sra. Norma. Benício, alheio à tensão no ar, continua brincando, rindo de alguma coisa que encontrou no gramado. Meu coração se aperta ao ver o olhar entristecido de Norma, um peso que ela carrega em seus om
Lucas Andrade Minha vida tomou um novo rumo, e mesmo que ainda não tenha me casado com Camilly, sinto como se já estivéssemos unidos de uma maneira que vai além de qualquer documento ou cerimônia. Essa sensação de pertencimento, de finalmente ter encontrado meu lugar, é algo que nunca imaginei experimentar novamente. Camilly preencheu um vazio em mim que eu nem sabia que existia. Mas, apesar desse sentimento de plenitude, há questões práticas que não posso ignorar. Ainda preciso resolver o divórcio com Marcelle. Nunca tivemos uma relação de verdade, e quando a Camilly voltou a entrar na minha vida, já estávamos colocando um ponto final em tudo pois isso é necessário para seguir em frente. Além disso, a transferência da empresa para a Flórida precisa ser concluída, e eu preciso retornar à França para lidar com essas pendências. O que me preocupa não é a logística de tudo isso, mas como falar para Camilly. Não quero que ela pense que estou me afastando ou que há algo mais que esto
Camilly Paiva Era difícil fingir que estava tudo bem, mesmo sabendo que a partida de Lucas era temporária. Ele precisava ir à França para resolver algumas pendências, e, por mais que eu soubesse que ele voltaria, a sensação de que ele estava indo embora novamente apertava meu peito. Talvez fosse o medo irracional de perdê-lo outra vez, de vê-lo se afastar como antes, quando nossos caminhos se separaram por tantos anos. Sabrina percebeu minha inquietação. Sempre atenta, minha melhor amiga e agora cunhada, nunca deixava nada passar despercebido. Estávamos na cozinha, e ela observava enquanto eu mexia distraidamente no café, perdida em pensamentos. — Camilly, o que está acontecendo? — perguntou ela, sua voz suave mas carregada de preocupação. Suspirei, sentindo o peso das palavras que precisavam sair. — Eu sei que ele vai voltar, mas não consigo evitar essa tristeza, como se ele estivesse indo embora para sempre. É irracional, eu sei, mas é assim que me sinto. — Minha voz vaci
Camilly Paiva Eu não sabia dizer se era o frio ou a emoção que fazia minhas mãos tremerem levemente enquanto caminhávamos pelas ruas de Paris. A cidade parecia ainda mais bonita à noite, com as luzes refletindo nas ruas úmidas. Lucas estava ao meu lado, e seu braço envolvia meus ombros de forma protetora, como se soubesse que eu precisava de um pouco mais de segurança naquele momento. Conversávamos sobre coisas triviais, tentando nos adaptar a essa nova fase juntos, mas a cada passo que dávamos, eu sentia um misto de ansiedade e felicidade. Era surreal estar ali, ao lado dele, sem o peso das incertezas que sempre nos acompanharam. Eu finalmente me permitia acreditar que talvez as coisas estivessem, de fato, se ajeitando. De repente, um carro passou por nós, desacelerando de forma abrupta. O som dos pneus cantando no asfalto me fez olhar na direção do veículo, que parou alguns metros à frente. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, uma mulher saiu do carro e co