2. Caçar

Jammes disse que sairia para caçar, segundo ele a temporada de caça acabou mas ele precisa caçar para comer. Pelo que parece toda a proteína que esse homem come é fruto do seu trabalho, ou caça. É sexy com certeza!

Acordei no meio da madrugada e fui com ele caçar. Já estive em algumas aulas de tiro, mas nunca tinha colocado minhas mãos em um rifle, por isso não dispensei a tarefa de atirar.

Esse era meu terceiro dia e o senhor seriedade se quer falou comigo direito. Percebi seu olhar cheio de deboche quando fui até uma parte do terreno onde havia algumas madeiras para virarem lenha. Foi uma tarefa difícil e a senhora Ross se divertiu com meu mau jeito.

Mesmo assim me diverti em cortar a lenha. Quero fazer isso, quero aprender e viver como eles vivem. Foram apenas dois troncos, suficientes para me deixarem cansada e as minhas mãos que não estão acostumadas a pegar num machado ficaram feridas.

Estamos indo para qualquer lugar na imensidão branca levados por um trenó. Ele carrega um rifle preso as costas e uma pistola na cintura, fora a faca que está presa perto da canela direita. Eu tenho uma pistola também, presa no coudre que está amarrado a minha perna. Segundo Jammes tenho que ter algo para me defender, caso um urso resolva nos atacar, eu particularmente adoraria brincar um pouco com a faca que ele carrega.

Jammes não confia em mim. Não parece satisfeito em me levar para suas caçadas e essas coisas legais que ele deve fazer. Ele me olha como se eu fosse uma criança e estou disposta a mostrar que não é bem assim. Me decidi que quero ele, a menos que tenha compromisso

Ele grita fazendo um barulho estranho e os cachorros param. O lugar é cercado de árvores altas, pinheiros eu acho. Um lago está logo a frente, congelado provavelmente. É tudo tão bonito e branco.

Enquanto olho em volta admirando o lugar e paisagem o homem prende o trenó, pega uma mochila e caminha a minha frente. Ele não me chamou ou foi gentil comigo, ele nunca é.

Enquanto a senhora é super simpática e me trata bem, ele parece não me querer por perto. - Dane-se. - Só quero poder viver as experiências que tanto desejo. Um braço está esticado a minha frente, paro e olho para o homem grande e forte ao meu lado.

_Não faça barulho! - ele sussurra. - Delícia de voz! Já disse que quero esse homem?

Não respondo, obedeço apenas.

Vejo ele mirar em alguma coisa e depois de um tempo resmungar um xingamento. Não posso mentir ele é bonito e me atrai. Principalmente quando se quer está me olhando, não é o que geralmente acontece...

Caminhamos mais para dentro das árvores, vamos devagar. O lugar está cheio de neve e meus pés afundam, a neve cobre até meus joelhos e está ficando difícil caminhar.

É cansativo.

Estou bufando de tão cansada, quero pedir para que ele pare e espere um pouco até que eu tome fôlego. Se o fizer talvez ele não aceite me trazer novamente, então eu fico calada e me esforço ainda mais.

Depois de duas horas de caminhada e algumas poucas paradas ele para mira em algo abaixo de nós. Um cervo. Ele está abaixado, assim como eu. Reparo em sua concentração e em sua respiração controlada.

Ouço o som alto ao meu lado e me assusto. A bala corta o ar e atinge o animal alguns metros de nós. O homem sorri de lado e se ergue, ele caminha a minha frente em silêncio, vejo ele pegar o animal e colocá-lo sobre os ombros e depois voltar até onde estávamos.

Caminhamos de volta até o trenó. Ele coloca o animal morto em um outro trenó que é ligado ao nosso. Depois de cobrir o bichinho ele me faz subir no trenó e voltar para casa.

Não trocamos muitas palavras e as vezes eu gosto disso.

A noite aqui é bonita. A Aurora boreal brilha no céu. É a coisa mais linda que já tive a oportunidade de ver. Estou apaixonada com esse lugar.

Seus tons de verde são exuberantes.

Na casa há um corredor feito de vidro que leva até uma piscina aquecida. A senhora Ross disse que ligaria o gerador e deixaria a piscina pronta para uso no dia seguinte, não estava muito afim de esperar. Por isso, fui até o lugar. A água não estava quente e também não chegava a estar fria. Uma temperatura razoável eu diria.

Vestida com um maiô preto eu pulei na água. Estava passando meu tempo ali quando percebi que alguém também estava parado lá. Jammes.

_Oi... - digo me sentindo um animal acuado. - a senhora Ross disse que eu poderia nadar...

_Não costumo ligar o aquecedor da piscina nessa época. - ele fala enquanto caminha em volta da piscina. - talvez seja uma boa experiência.

Vejo o homem tirar seu casaco e então a calça, e a camisa, o homem é ainda mais bonito sem toda aquela roupa, ele entra na água e me olha um longo tempo. Estou me sentindo um pouco estranha, intimidada.

_Quantos anos você tem? - essa é a primeira vez que ele começa um diálogo, por isso, e só por isso respondo a pergunta.

_Vinte. E você?

_Trinta e cinco. Porque escolher o Alaska? Poderia estar em algum lugar quente, com sol, areia, água de côco talvez...

_Gosto de aventura. Sempre tive curiosidade para conhecer esse pedaço do mundo, então... - dou de ombros. - Por que não?

_Pensei que fosse desistir ou ficar com medo hoje durante a caçada. - olhos azuis curiosos estão presos em mim quando ele se aproxima. - Tenho que admitir você tem coragem. - dá de ombros.

_Obrigada!? - minha voz sai mais como pergunta zombeteira.

_Não é para agradecer... A coragem as vezes é sinônimo de burrice. - ele cospe as palavras.

_Wow!!! - acho que o problema dele de mal humor é mais sério do pensei. - estava tentando um diálogo aqui! - tem humor na minha voz - pensei que fossemos ser amigos, estavamos indo bem. - pisco pra ele.

Ele sorri e que sorriso!

_Você é muito bonita, seu namorado não acha ruim que viaje sozinha? - Opa! Temos alguém interessado aqui!?

_Não tenho namorado, se tivesse ele não me impediria de viajar. Gosto da liberdade. - esclareço.

_Claro. A liberdade. - outra vez sua voz sai amarga.

O homem passa mim, sobe as escadas, pega suas roupas e vai embora sem dizer nada.

Que diabos foi isso?

Eu estou louca ou ele é bipolar?

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