Paixão Sob Encomenda
Paixão Sob Encomenda
Por: Samanta Marinho
Capítulo 1

VALDIR

Entro no estabelecimento carregando uma maleta contendo uma pasta verde, vestindo o meu mais novo e muito bem cortado terno.

- Agente Federal Juliano Holtz. - Mostro a minha falsa carteira de agente. A secretária segurou na mão por alguns instantes e depois me devolveu.

- Pois não, agente, em que posso ser útil? - A moça me sorriu sedutora.

Dou uma olhada para os lado e dou graças por não ter pessoas no local, sorrio para a secretária e digo:

- Quero uma reunião com seu chefe, agora. - Falo firme.

- Aguarde alguns minutinhos agente, irei informar a sua presença. - Ela pega o telefone para ligar, mas, eu cuidei para que não funcionasse. - Espere-me aqui por gentileza agente.

A secretária foi em direção ao corredor que a levaria ao escritório principal.

Dou mais algumas olhadas ao redor e para a minha satisfação ainda não tem ninguém. Entro rapidamente no cantinho da secretária e escondo a pasta verde em um local que ela não veja tão facilmente. Volto para a minha posição e alguns segundos depois ela retornou.

- Será um prazer para o senhor Steven recebê-lo, agente. - Me sorri e eu a sigo rumo ao escritório do tal Steven. 

***

- Mais um trabalho cumprido, parabéns Valdir! - Meu chefe parabeniza-me assim que relatei o sucesso de minha missão.

- Acabou de chegar mais um trabalho, Valdir... Um pouco diferente do que você está acostumado, mas, vai lhe render muito bem. - Faz suspense. 

- O que vai ser dessa vez? Por acaso terei de me disfarçar de terrorista? - Sentei-me rindo na cadeira em frente a mesa de Richard ancioso para essa nova aventura.

                            ***

Valdir:

É, por essa eu não esperava. Os clientes conseguem me surpreender, é uma encomenda mais bizarra que a outra.

- Eu não sou um prostituto, Richard! - Me defendi assim que meu chefe encomendou o trabalho.

Richard revira os olhos e em seguida se senta em sua poltrona de patrão, me observando com ironia.

- Você também não é modelo meu amigo, muito menos um bandido francês! - Richard zomba rindo enquanto balança as mãos.

Realmente eu não sou um modelo e nunca fui, mas me inscrevi em uma agência de modelos e roubei um pendrive para um cliente. Não sou um bandido francês, mas me infiltrei em uma máfia e coletei provas para um advogado. Eu sou um ator secreto. Aquele que os clientes contratam para fazer o trabalho sujo, nada do tipo torturar pessoas ou matar, mas, roubos eu já fiz, é o meu serviço e eles me pagam muito bem. Entrei nesse ramo através de uma academia de artes marciais, há uns treze anos atrás eu era apenas um garoto lutando por medalhas e quem sabe ser alguém na vida, um dos clientes da agência que eu trabalho atualmente uma vez assistiu uma de minhas lutas, se interessou no meu perfil e me encomendou um trabalho, ele ofereceu o que eu estava acostumado a receber em um ano, é claro que fiquei extasiado e animado com a proposta, nem me importei quando eu soube que o trabalho era eu ter que simular um assalto na casa do prefeito, e foi assim que eu entrei na ASI(Ator Secreto Infiltrado). Somos cinco atores e duas atrizes. Estou acostumado com a adrenalina e com o perigo. Por isso eu não estava nem mesmo cogitando na possibilidade de eu aceitar aquele trabalho que Richard me atarefou. Mas o que ele disse está certo, eu não sou nada, mas também posso ser tudo. Ou seja, eu posso ser um prostituto. Merda.

Bom, não que eu não goste de me deitar com as mulheres, mas, não gosta da ideia de ter que fazer isso de formas erradas, envolvendo mentiras.

- Que porra Richard, mas e o Jef? Por que não manda ele? - Richard pôs as mãos na cabeça pensando, mas eu sei que é pura encenação, ele faz isso sempre.

- Jef é casado, você sabe Valdir, e também você é mais bonito que ele. - Richard é um enorme de um gay com um metro e oitenta de altura, magrelo e o cabelo arrepiado, um viado muito legal e atraente, se eu fosse gay ele seria o meu tipo. Mas nesse momento eu desejo muito que ele fosse hétero. - Não podemos falhar nessa encomenda, você tem que fazer com que a vadia te beije e vá para a cama com você, fui claro? E óbvio, não se esqueça de filmar. - Eu realmente pareço um prostituto recebendo ordens do seu cafetão. Quase esmurrei ele. E para completar, ele não para de me cantar com os olhos. 

Saio dali o mais rápido possível, ele é legal às vezes, como todo gay, mas como todo chefe ele também é um pé no saco.

Volto para minha casa muito frustrado por ter que fazer essa merda de serviço.

Espero que ela seja bonita pelo menos, para o cara ter que pagar para alguém dar em cima dela ela deve ser feia pra caralho.

Felícia:

- Júlia, o que eu faço amiga? Eu o odeio demais Julia, me ajuda a sair dessa? - Supliquei pela quinta vez nessa semana para minha melhor amiga, e como toda vez ela me dá a mesma resposta:

- Felícia, venha para a minha casa já que você não quer ir para a casa de seus pais! É simples, quer que eu vá te buscar ai agora? - Meu coração dispara com a possibilidade de eu ser livre e feliz.

- Eu queria tanto Ju... - Ela fica muda do outro lado da linha. - Mas você sabe o que isso faria com meu pai, meu Deus o que eu faço Julia? Diz-me o que fazer? - De novo eu fiz a mesma pergunta para a coitada da minha amiga, que desta vez reagiu diferente:

- Você quer saber o que você deve fazer? Seja mulher de verdade! Assuma o que você tem em baixo de suas pernas! - Me assustei com a ousadia dela, fazia tempo que ela não me dava um pito.

- Co-como assim Julia? - Perguntei temerosa, sentindo medo do que poderá me acontecer seja qual for a ideia que a Ju teve.

- Hoje já está tarde, mas amanhã de manhã às sete horas eu estarei ai na sua casa. E eu não quero nem saber se Lucas vai achar ruim ou não, vamos sair. Preciso desligar ok? Tchau até amanhã cedo.

Dessa vez Júlia me deixou surpresa! O que será que ela está planejando para amanhã? Será que ela vai me ajudar a fugir? Levar-me para outra cidade à força? Julia é muito louca às vezes e eu a deixei mais louca ainda, mas também com quem eu iria me desabafar e reclamar do Lucas?

- Está pronto o jantar? - Lucas apareceu de repente, assustando-me.

Ele está incrivelmente mais assustador do que o normal.

- Sim, já pode jantar Lucas, seria mais fácil você ir até a cozinha conferir se a nossa cozinheira teria terminado, não concorda? - Soltei essa patada estressada, mas logo me arrependi quando levei um tapa ardido na cara que me derrubou no chão. 

Eu sou muito idiota mesmo, por que inventei de responder ele? Eu nunca aprendo! 

Nossa... Como dói.

- Para você se lembrar de quem eu sou! E da próxima vez que me tratar assim você irá ficar dois meses sem ver os seus pais, eu fui claro? - Lucas me ameaçou e cuspiu em mim, me deixando caída e com o rosto vermelho pelo tapa forte que eu já tinha me esquecido por uns três meses de como era.

Espero que Júlia tenha planejado me levar da cidade, pois o mais longe que eu ficar deste demônio é o melhor para mim.

Eu não aguento mais! 

Está insuportável viver assim.

É, provavelmente ser feliz não é para mim...

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