DAVID
Cinza.
Tudo que consigo pensar é em como os olhos daquele sujeito se encaixam com os do garoto que tirou sua virgindade. Eu não gostei de vê-los tão próximos quando saí do elevador, ainda não consigo definir meus sentimentos, mas ela parecia desconfortável com a presença dele e algo dentro de mim, quis protegê-la. O rosto é tão familiar, tenho certeza que o conheço de algum lugar, talvez se eu tivesse o olhado com mais atenção poderia ter chegado em um nome. Meus dedos queimam contra o couro do volante de tanto que os pressiono, mas é isto ou parar o carro em plena avenida e exigir a identidade do garoto.
DAVIDEu não sou um homem bom. Não mais, pelo menos.Então quando ela me diz esse tipo de coisa, eu tenho pensamentos errados e possessivos. Sendo sincero, eu me sinto louco.— Minha mente é toda errada e já criou vários cenários com essa sua declaração, linda. Foram longos dias sem sentir esse seu cheiro, tocar sua pele e te beijar. — Não peço permissão quando mordo suavemente seus lábios e mergulho minha língua dentro da sua boca. Minhas mãos ganham vida própria e decidem por si só onde querem tocar, mas como o dono, elas são possessivas e exploram todos os lugares do corpo da minha menina. — Eu tinha planos para você essa noite. — Provoco sua orelha com os dentes, puxando até ou
NELLYTenho ciência de que não deveria está bisbilhotando por aí, explorando os cômodos de sua casa sem uma autorização, mas estou sendo impulsiva, guiada pela minha sede por ele. Volto meu olhar para o corredor onde fica seu o quarto para ter certeza de que ele não está vindo, pressionando meus lábios um no outro por saber o quão irritado vou deixá-lo se for descoberta aqui, bem de frente a porta proibida, o único lugar da casa onde eu ainda não estive. Testo a maçaneta e me surpreendo ao encontrá-la destrancada, checo novamente o corredor, minha saliva descendo com força pela minha garganta seca.Cristo.Isso é sobre seu passado, algo íntimo.Mas... simplesmente não posso retroceder agora, preciso entender sua mente, conhecer seus fantasmas para chegar até seu coração.Deslizo para dentro do quarto, dando de cara com a escuridão. Fecho a porta devagar, evitando o máximo fazer qualquer barulho. Meus pés estão descalços contra o piso frio, no meu corpo uma blusa limpa sua. Minha respi
NELLYDavid guardou o teste como um segredo. O último entre eles e sufocou a dor em seu peito, se torturando dia após dia por não conseguir fazer nada.Meu pobre homem perverso. Todo esse tempo sofrendo sem falar com ninguém. Posso entender sua aversão por um novo relacionamento agora, ele ainda não superou o antigo, o futuro que eles devem ter planejado juntos.Eles teriam um bebê.As lágrimas caem dos meus olhos e alcançam o veludo negro, eu choro por ele, por Lígia, por Luís Miguel e pelo bebê que nunca teve a chance de viver. Choro por todas as vítimas inocentes que morreram por culpa de motoristas irresponsáveis, idiotas alcoolizados que só pensam em si e no quão bêbados podem ficar. Choro enquanto guardo tudo de volta no lugar, continuo permitindo que as lágrimas caiam enquanto deslizo a fita adesiva e fecho as caixas, mas estremeço quando ouço passos vindo, enxugo as lágrimas com o pulso da camisa que visto e largo o trabalho pela metade, andando na ponta dos pés e apagando a l
NELLYDeixar o apartamento de David para voltar pra casa me pareceu a decisão correta após o café da manhã silencioso, o clima ficou estranho depois que a fatídica frase saiu dos meus lábios e mesmo não esperando uma resposta recíproca e agindo de acordo com meu coração, seu distanciamento e notório desconforto me deixaram mal. A minha submissão à ele já não é nenhuma novidade, mas sinto que quebrei alguma barreira mágica ao confessar meu amor naquele momento íntimo, com a sua porra ainda escorrendo de mim, sou transparente quando estamos juntos, minhas ações são como os primeiros passos de uma criança e já deixei mais do que claro o quão antigo é esse sentimento. Qual é, at&e
DAVID— Você realmente não quer que eu te acompanhe até o hospital? — Aperto o ombro do meu sócio e amigo, compreendendo a intensidade da dor que ele está sentindo. Anos atrás era eu, o mesmo olhar e semblante perdido.Porra, é como olhar no espelho.Só que ainda há esperança para ele.— Não, eu liguei para os pais dela. Eu...ãn. — Seu olhar encontra o meu, atordoado e posso ver o amontoado de lágrimas em seus
NELLY— Suponho que me expressei mal, sinto muito. Nosso tempo acabou? — Não espero por sua confirmação, apenas me apresso em pegar minha bolsa de alça curta e levantar do pequeno sofá em formato de L e cor cinza.— Na verdade, ainda temos quinze minutos. — O homem diz, encarando o relógio dourado em seu pulso com uma expressão imparcial.— Mesmo? — Minha voz sai forçada pela tentativa de parecer descontraída, meus olhos sendo atraídos para a porta todo instante. Ele nota, toma a minha frente e avança rumo a mesa retangular de madeira q
NELLY— Eu me importava com você, Nelly.— ele suspira, sua expressão murchando. — Ainda me importo.— Você está mentindo, aquilo foi um plano seu e de Carlota.— Não, minha irmã não sabia sobre a gente até a nossa primeira vez. Eu mesmo cuidei para que ela não soubesse, fiz isso porque eu realmente gostava de você e sabia que Carlota nunca aceitaria.— Não acredito em você.
NELLYQuando percebo já estou do lado de fora do restaurante, puxando o braço da minha melhor amiga e a afastando de Eduardo. A expressão em seu rosto é a mesma que a minha, incredulidade.— Nelly. — Meu nome sai como um sussurro incerto de sua boca e não consigo parar de piscar. Isso só pode ser um sonho.— Você está aqui...— Falo, ainda sem acreditar. — Como você está aqui? Como eu não sabia que você voltou? — A bombardeio de perguntas, pegando uma mecha solta de seu cabelo e avaliando a nova tonalidade. Platinado, q