NELLY
Gatilho.
Eu não entendi o significado dessa palavra até ter idade suficiente para compreender que o aperto no meu peito não era uma doença física, mas um desconforto causado por determinadas situações e palavras. Precisei conversar com psicólogos diferentes para entender que haviam traumas cravados em mim, li livros buscando por autoconhecimento e aceitação sem entender o núcleo principal da minha ansiedade, então tentei lidar com esses traumas por meio de cirurgia estética, tentando eliminar os problemas pela raiz, mas não fui até o final e…
NELLY—Não fique sem jeito, menina.— Não estou. Hordéllis Bragança estala a língua, abanando a mão no ar. — É claro que não. — comenta com um sorriso de canto, e me pego pensando na mulher como uma espécie de bruxa, porque é impossível que ela saiba tanto sobre mim.Aperto meus olhos para ela.
DAVIDO perfume conhecido serve como despertador, intrigado com a fragrância feminina abro um olho de cada vez, permitindo que a claridade me guie, ainda sonolento inspiro o cheiro tentador com certa fome. Fazem mais de vinte dias que ela não ousa chegar perto de mim, então o que ela está fazendo na minha casa, no meu quarto, tão cedo?Quando meu cérebro recém acordado começa a processar com racionalidade o que está acontecendo, vasculho o cômodo de canto a canto a procura da responsável pela minha ansiedade e a encontro na porta do banheiro, me olhando com seu típico ar inocente, mordendo os lábios como se soubesse exatamente do que planejo fazer com ela. — Como entrou? —Questiono, ouvindo as batidas do meu próprio coração. Que porra, ela é só uma garota. Para de bater desse jeito, caralho!—Você me trouxe. —Diz, retirando o apoio do seu corpo da porta do banheiro e caminhando até mim. Abro a boca para questionar sua afirmação, porque eu não faço a mínima ideia do que ela está fala
DAVID— Cuidado, talvez eu não esteja mais disponível quando você resolver superar o passado e viver o presente. — A frase familiar me faz olhá-la desconfiado. — Essa frase…— Começo, mas sou interrompido pela imagem dela evaporando.Me acordo de sobre salto com o pau levemente duro, entendendo exatamente o que acabou de acontecer, foi um sonho, apenas mais entre tantos que passei a ter e todos acabam exatamente iguais. A Nelly repete as exatas mesmas palavras que minha mãe me disse antes de partir para seu cruzeiro com meu pai, talvez, apenas com algumas mudanças. Ela usou o primeiro pronome do singular, não pude deixar de perceber. Eu. Mal humorado, saio da cama e vou direto para o banheiro. Tomo uma ducha rápido e sigo minha rotina já estabelecida de ir para a empresa. Adentro o prédio minutos depois com um copo de café na mão e um óculos escuros no rosto para disfarçar minha expressão de merda. — Sr. Bragança, com licença...— Leyla se antecipa assim que me vê e balanço a cabeç
NELLYA águia é um animal com uma característica bastante interessante, ela possui a capacidade de enxergar um determinado alvo mesmo estando a quilômetros de distância, mas Kaciana Álvares, minha progenitora, vai além e enxerga com qualquer ser humano com apenas uma olhada rápida, ela é especialista em sacar as fraquezas de alguém com poucos minutos de conversa e consegue em poucos segundos dizer se estou mentindo ou não, embora que sou uma péssima atriz a ajude muito. Escondi todas as embalagens de doces num saco plástico e coloquei embaixo da minha mesa, mas conhecendo bem minha mãe sei que dará um jeito de descobrir. — Onde estão? —
NELLYEnvolvo meu corpo com meus braços e tento apaziguar o frio da noite com o calor do meu toque, arrependida por optar por um vestido longo de alças finas, de algodão, ao invés do conjunto de moletom quentinho com mangas longas, caminho pela rua de casa na força da necessidade. Hoje realmente não é meu dia.Menstruação e confusão mental.Eu acho é pouco. DAVIDA última vez que senti tanta adrenalina percorrer meu corpo, foi quando vivenciei minha primeira experiência no mundo do BDSM, aquela noite foi um março para mim. Uma desconstrução de tudo que eu conhecia e achava que gostava, foi como libertar meu verdadeiro eu e experimentar da minha própria essência. Só que nesses dois anos que fiquei vivo, nenhuma mulher conseguiu mexer como meu psicológico e me deixar tão necessitado como aquela menina. Foi só um beijo, o segundo entre nós, aliás, mas foi se fizéssemos isso todos os dias, o encaixe foi perfeito, havia necessidade e desejo mútuo. Eu senti.Capítulo 26
NELLYBalanço o copo de bebida sem álcool completamente arrependida de ter deixado o conforto do meu lar para voltar a este lugar, não que eu tenha algo contra boates, mas esta especificamente está arruinando com meu humor e nem posso culpar meu estado atual de vítima da ovulação, eu odiaria o barulho em qualquer. Mas fui eu quem ligou para Kiara e interrompi seu momento dominatrix, minha mente ficou tumultuada após encontrar Eduardo na farmácia e precisava relaxar, com Alice fora do país, não tenho ninguém além da minha colega de trabalho para pedir ajuda e aqui estou, pagando a chata antissocial enqua
DAVIDA verdade pode ser deturpada de muitas maneiras, agora, por exemplo, a garota que diz está sóbria caminha por todo o quarto como se estivesse familiarizada com o meu mundo, quando, na verdade, ela só está sendo movida pelo álcool em seu sistema. Ela age como se não tivesse acabado de acordar de um desmaio dramático. E por mais que ela tente disfarçar, eu sei que Nelly Álvares nunca estaria confortável comigo sóbria, ainda mais em um quarto feito exclusivamente para foder. Ela tropeça no tapete e cai sobre a cama, rindo alto quando tenta se erguer e n&ati