DAVID— Cuidado, talvez eu não esteja mais disponível quando você resolver superar o passado e viver o presente. — A frase familiar me faz olhá-la desconfiado. — Essa frase…— Começo, mas sou interrompido pela imagem dela evaporando.Me acordo de sobre salto com o pau levemente duro, entendendo exatamente o que acabou de acontecer, foi um sonho, apenas mais entre tantos que passei a ter e todos acabam exatamente iguais. A Nelly repete as exatas mesmas palavras que minha mãe me disse antes de partir para seu cruzeiro com meu pai, talvez, apenas com algumas mudanças. Ela usou o primeiro pronome do singular, não pude deixar de perceber. Eu. Mal humorado, saio da cama e vou direto para o banheiro. Tomo uma ducha rápido e sigo minha rotina já estabelecida de ir para a empresa. Adentro o prédio minutos depois com um copo de café na mão e um óculos escuros no rosto para disfarçar minha expressão de merda. — Sr. Bragança, com licença...— Leyla se antecipa assim que me vê e balanço a cabeç
NELLYA águia é um animal com uma característica bastante interessante, ela possui a capacidade de enxergar um determinado alvo mesmo estando a quilômetros de distância, mas Kaciana Álvares, minha progenitora, vai além e enxerga com qualquer ser humano com apenas uma olhada rápida, ela é especialista em sacar as fraquezas de alguém com poucos minutos de conversa e consegue em poucos segundos dizer se estou mentindo ou não, embora que sou uma péssima atriz a ajude muito. Escondi todas as embalagens de doces num saco plástico e coloquei embaixo da minha mesa, mas conhecendo bem minha mãe sei que dará um jeito de descobrir. — Onde estão? —
NELLYEnvolvo meu corpo com meus braços e tento apaziguar o frio da noite com o calor do meu toque, arrependida por optar por um vestido longo de alças finas, de algodão, ao invés do conjunto de moletom quentinho com mangas longas, caminho pela rua de casa na força da necessidade. Hoje realmente não é meu dia.Menstruação e confusão mental.Eu acho é pouco. DAVIDA última vez que senti tanta adrenalina percorrer meu corpo, foi quando vivenciei minha primeira experiência no mundo do BDSM, aquela noite foi um março para mim. Uma desconstrução de tudo que eu conhecia e achava que gostava, foi como libertar meu verdadeiro eu e experimentar da minha própria essência. Só que nesses dois anos que fiquei vivo, nenhuma mulher conseguiu mexer como meu psicológico e me deixar tão necessitado como aquela menina. Foi só um beijo, o segundo entre nós, aliás, mas foi se fizéssemos isso todos os dias, o encaixe foi perfeito, havia necessidade e desejo mútuo. Eu senti.Capítulo 26
NELLYBalanço o copo de bebida sem álcool completamente arrependida de ter deixado o conforto do meu lar para voltar a este lugar, não que eu tenha algo contra boates, mas esta especificamente está arruinando com meu humor e nem posso culpar meu estado atual de vítima da ovulação, eu odiaria o barulho em qualquer. Mas fui eu quem ligou para Kiara e interrompi seu momento dominatrix, minha mente ficou tumultuada após encontrar Eduardo na farmácia e precisava relaxar, com Alice fora do país, não tenho ninguém além da minha colega de trabalho para pedir ajuda e aqui estou, pagando a chata antissocial enqua
DAVIDA verdade pode ser deturpada de muitas maneiras, agora, por exemplo, a garota que diz está sóbria caminha por todo o quarto como se estivesse familiarizada com o meu mundo, quando, na verdade, ela só está sendo movida pelo álcool em seu sistema. Ela age como se não tivesse acabado de acordar de um desmaio dramático. E por mais que ela tente disfarçar, eu sei que Nelly Álvares nunca estaria confortável comigo sóbria, ainda mais em um quarto feito exclusivamente para foder. Ela tropeça no tapete e cai sobre a cama, rindo alto quando tenta se erguer e n&ati
DAVIDA culpa se tornou meu juiz e fui sentenciado essa manhã, quando acordei com o corpo dolorido, comprimido no pequeno sofá que mantenho no quarto. Fui dado como culpado porque não consegui mandá-la embora após ter minha roupa suja com seu vômito, fui condenado quando cuidei dela e roguei seu sono ao invés de colocá-la em um táxi para casa. Sou culpado, pois desejo uma mulher que não é a minha e pela primeira vez depois da morte de Lídia quero a companhia de alguém, não, eu não quero, preciso estar na presença dela como um louco. Ontem a noite após ficar claro que ela ingeriu mais álcool do que me confessou, chamei uma das meninas que trabalham na boate e a pedi que ajudasse Nelly, a garota lhe deu banho e a ajudou com a roupa extra que fornec
DAVID — O que está fazendo?— refaço a pergunta. — Desculpa. É que...bom, vou falar de uma vez, assim evitamos mal entendido. — Ela diz, corando de uma forma que mexe com a porra da minha cabeça doente. Assinto. — Prossiga. — Carrego comigo uma curiosidade antiga. — Morde o lábio inferior em aparente nervosismo. — Como funciona o uso do chicote? Tusso. — Curiosidade? — Meu tom é uma fina camada de surpresa e excitação. — Fetiche. — Esclarece e meu pau ganha vida, a lembrança de que ela está nua por debaixo da blusa surge e me controlo para não jogá-la na cama e realizar todas as suas curiosidades. — Fetiche por chicotes, anotado. — Volto a caminhar, rumo ao meu celular na mesinha de cabeceira com o foco de ligar para a recepção da boate e perguntar onde estão nossas roupas. — Por que você anotaria isso? — Para meus passos e a encaro. Minha língua coça para lhe dar uma resposta que a deixaria vermelha dos pés a cabeça, mas não é o momento ainda. — Não sei, foi só jeito de