Brasil — Alexia
— Amiga! Que saudades! Diz Meire me abraçando forte assim que abri a porta do apartamento.— Aí amiga, muita saudade! Digo sorrindo e apertando ela também.— Me conta tudo! Quero saber de todas as coisas! Diz ela me puxando pro sofá e caímos sentadas.— Calma mulher! Digo rindo… Eu vou te contar tudo.— Me fala, como você tá? E seus pais? Como foi pra eles saberem que você se separou? Ela pergunta.— Ah amiga, você sabe, eles são contra a separação, mas eu não tô nem um pouco arrependida e não vou voltar atrás, eu cansei amiga, de ser deixada de lado sempre por causa do trabalho dele, e também, eu não deveria ter me casado depois de tudo que aconteceu, já não tinha mais aquele amor todo, e eu fui uma covarde que não tive a coragem de assumir os meus erros e terminar de vez com o casamento pensando que ainda tinha chance de ser feliz com o Leandro, mas estava completamente enganada… eu digo.— Todo mundo aqui já está sabendo da separação de vocês e todos ficaram passados, mas você sabe que tem as invejosas que torciam pra que não desse certo só pra correrem atrás do Leandro né… disse ela.— Eu imaginava amiga, as que procuram casamento por interesse, mas pra felicidade delas ele já está livre e eu não pretendo brigar por nada que seja dele… digo.— Tá certa amiga, mas me fala, como foi esse ano que você ficou lá em Londres? E aquele assunto, você está bem depois de tudo? Pergunta ela e eu fico um pouco triste, não tem como lembrar do que aconteceu e não ficar.Lembrança de Alexia: Aquela voz ecoando na minha cabeça, me chamando depois de passar horas desacordada depois de sentir uma dor horrível no pé da barriga.Aquela voz eu nunca mais vou esquecer, ela me dizia que eu havia sofrido um aborto espontâneo e que tinha perdido o meu bebê, que eu já amava mesmo que ele fosse uma pequena sementinha crescendo dentro de mim, e as lágrimas que rolavam do meu rosto sem esforço, fora a dor que eu sentia no peito, por saber que perdi o ser que seria dali pra frente a razão da minha vida.— Aí amiga, me desculpa, eu não deveria ter perguntado sobre isso… diz Meire segurando minha mão.— Não, tudo bem… digo respirando fundo e forçando um sorriso… — Ainda dói, mas eu já aprendi a aceitar que não era a hora.— Imagino amiga, e ainda passar por tudo isso sozinha, eu sinto tanto não poder ter estado lá com você… diz ela.— Não amiga, eu estou bem, doeu muito, mas eu aprendi a superar tudo, as lembranças ainda me veem à mente as vezes, mas eu já aprendi a lidar com isso, lembro com a esperança de que um dia eu ainda terei a chance de ser mãe de novo… digo e sorrio.— Aí, vamos falar de fofocas? Senão daqui a pouco eu vou começar a chorar aqui… diz Meire e eu rio.— Vamos vamos, me conte tudo, me conte sobre todos aqui vai… digo.Ficamos conversando a tarde toda, Meire me contou todas as fofocas possíveis e eu fiquei passada com tudo.Mas, o que mais me deixou passada foi saber que Pablo estava morando na Colômbia, que havia mesmo abandonado a vida aqui no Brasil e se mudado pra lá a 1 ano, e que Graziela não estava bem de saúde, mas que não queria que ninguém soubesse e muito menos o Pablo.Nossa, ele mudou mesmo de vida, de país, deixou tudo pra trás… no fundo sinto uma pequena inveja, esquecer tudo, viver como se nada tivesse acontecido, queria eu ter essa sorte.Mas enfim, vou visitar a Graziela assim que eu puder, ela sempre me tratou tão bem desde criança e quero ver a real situação.Depois de conversarmos muito, Meire foi pra casa, e eu fiquei sozinha.E enquanto eu tomava banho, me lembrava de uma parte da conversa com Meire, sobre o bebê que eu perdi, foi tão difícil pra mim me acostumar com a ideia que de perdi uma parte de mim, sem falar no que eu teria que enfrentar sabendo que, tinha a possibilidade dele não ser filho do Leandro, e na verdade alguma coisa me dizia que não era, que era do Pablo, seria mais difícil ainda lidar com essa situação, mas eu enfrentaria isso, por ele, mas não deu tempo, não deu tempo nem de comprovar… enfim, essa etapa da minha vida já passou, foi a mais dolorosa depois que me casei, mas passou, e depois dela tudo só piorou, mas graças a Deus eu consegui me libertar, e agora quero viver em paz, só pensando no agora, no presente, o futuro a Deus pertence.Rio de Janeiro — Rulian— Tá tudo bem mano, relaxa, eu tô cuidando dela muito bem… digo ao telefone.— E ela não desconfia que eu sei? Ele pergunta.— Não, ela não sabe de nada, e eu sigo fazendo o que ela quer, não dizendo nada a você, mas relaxa, ela está bem, é só uma pneumonia que está controlada, se caso piorar eu te aviso e você vem… eu digo.— Beleza, se você diz eu acredito, confio em você mano, qualquer coisa me liga imediatamente… diz ele.— Certo, até mais! Digo e desligo.Vou até o quarto de Graziela, abro a porta devagar e ela está dormindo, então fecho a mesma e saio descendo pra sala.Pablo me deu a missão de cuidar dela enquanto ele não está aqui, e ela ficou doente mas não quer que ele saiba, claro que eu contei pra ele, mas disse que ele não precisava se preocupar que eu estaria de olho em tudo e qualquer coisa diria a ele, ela pensa que ele não sabe e ele pode ficar tranquilo que eu o avisarei qualquer coisa.Depois que nos encontramos de novo, retomamos aquela amizade de infância, éramos muito unidos, como irmãos, e agora eu cuido de parte dos negócios dele aqui no Rio, como por exemplo, as boates e casas de stripper, mas claro, sem ninguém saber.Pablo se tornou um dos caras mais respeitados da Colômbia, tipo um magnata daqueles bem ricos que tem vários negócios que dão muito dinheiro, a diferença é que ele não faz negócios sujos, mas fora isso.E eu, eu tava lá trabalhando como prostituto até que soube que ele era o novo dono da boate, então desde aí voltamos a ser amigos inseparáveis.Fiquei muito feliz em encontrar ele de novo, me tirou daquela vida e ainda me deu a chance de ser o braço direito dele.Dia seguinte — Alexia Saí bem cedo pra resolver a questão do meu trabalho e depois eu iria até a casa da Graziela saber notícias dela, aposto que ela já está sabendo que eu voltei e terminei o casamento, então quem melhor que eu mesma pra explicar toda a situação.Assim que cheguei toquei a campainha, e um homem alto, forte, loiro dos olhos verdes lindos atendeu, quando o vi abri um sorriso enorme, e ele retribuiu, da onde saiu esse Deus grego? Essa Graziela, sempre cercada de homens bonitos.Ele ficou tão sem jeito, eu quis rir da situação.— Oi, bom dia, eu gostaria de falar com a Graziela, sou Alexia Fontes… eu disse.— Oi, pode entrar… disse ele e eu entrei em seguida… A Graziela não está muito bem de saúde, está no quarto, mas vamos até lá… disse ele apontando a escada.Subi e ele subiu em seguida, ambos sem dizer uma palavra, acho que estávamos mortos de vergonha pelo clima. Andamos pelo corredor e fomos até o quarto de Graziela, ele abriu a porta e eu entrei, e ela estava sen
Anoitecer — Rulian Aquela mulher não saia da minha cabeça, aquele sorriso… eu tava encantado com ela, com sua história, com tudo que ela passou. E olha que eu voltei pro Rio de Janeiro com a intenção de trabalhar e não me envolver com ninguém como me aconselhou o Pablo, mas depois de conhecer ela, não dava pra não pensar nisso. Não que eu esteja pensando em me prender, mas o que é um ficada? É só uma ficada e pronto, que pode se tornar mais ficadas, sem compromisso algum, claro, se ela quiser.Eu não tive a coragem de contar a ela o que eu realmente fui e o que eu fazia, na verdade hoje esse passado me envergonha, eu não quero mais isso pra minha vida, eu quero ter a mesma visão que o Pablo, ter muitos amores, sem me envolver seriamente com ninguém, e poder aproveitar o melhor da vida, só não quero mais me vender.Cheguei em casa, tomei um banho e vesti apenas um short, fui pra sala com o notebook pra falar com Pablo pelo Skype.— Fala meu mano! Diz ele atendendo, todo sorridente,
Naquela noite — Alexia.Termino de passar o batom e arrumo meu vestido brilhoso na frente do espelho, jogo pra trás os cabelos e sorrio.A muito tempo eu não me arrumava assim pra sair a noite, eu tava me sentindo até outra pessoa, mas na verdade eu era, uma nova Alexia. Eu encontraria Meire em um barzinho com nossos amigos que estudamos na faculdade.Então peguei meu celular e uma bolsa pequena, coloquei tudo que precisava dentro e sai em seguida pedindo um táxi até lá. Chegando eu cumprimento a todos e vou para o lado da Meire.— Amiga, viu como os meninos te olharam? Hoje você não termina a noite sozinha… diz ela rindo e eu rio também.— Não começa Meire… digo discretamente.— Alexia, peguei pra você… Diz Lucas, um dos nossos amigos me entregando um drink.— Obrigada… sorrio e pego o drink dando um gole pelo canudo.— Um brinde a sua volta! Diz ele erguendo seu copo e eu ergo o meu também, sorrimos.— Eu disseeeee… diz Meire me cutucando.— Para mulher! Digo toda sem jeito. Bebe
Colômbia — Pablo.Estávamos em uma balada, quando Liz me pediu pra ir pra casa, um idiota que ela estava ficando, apareceu lá com outra mulher e ela não se sentiu bem com aquilo, então eu a levei pra casa.— Tudo bem agora, está mais calma? Pergunto a ela que está no sofá sentada.— Sim, eu só não queria ficar no mesmo ambiente que ele e aquela vagabunda… disse ela.— Se você tivesse deixado eu dava um jeito nele… eu disse sentando do lado dela.— E pra que Pablo? Não ia dar em nada, e também, ele só faz o que você também faz, fica com as mulheres e depois sai fora… disse ela firme.— Mas pelo menos eu deixo isso claro desde o início Liz… digo.— Pelo menos… diz ela.— Você acha que eu tenho a intenção de magoar as mulheres que eu fico? Claro que não, e é por isso que eu sou bem sincero… digo.— Não tô pedindo explicações suas Pablo, tá bom? Só me deixa aqui, com meus pensamentos… diz ela chateada.— Caramba! Tudo bem… eu digo me levantando e saindo pra varanda. Caminho até a sacada
Naquela manhã — RulianAcordei tentando abrir os olhos, mas não conseguia, estavam tão pesados.Senti um peso sobre meu braço e me assustei, abri os olhos rápido e vi Alexia ali dormindo de conchinha comigo.Meu Deus! Eu pensei.E lembrei de tudo que aconteceu ontem. Me levantei devagar deixando ela dormir, coloquei minha cueca e minha calça e fui até o quarto, peguei um lençol da cama e voltei pra sala, cobri o seu corpo, mas antes, admirei mais uma vez suas curvas e sorri sozinho mordendo os lábios.Depois fui pra cozinha fazer alguma coisa pro café, e não tinha nada de mais, mas ao menos tinha café e torrada, então eu tentei fazer uns ovos mas eu não era nada bom na cozinha, consegui deixar os ovos uma porcaria.— Droga! Eu digo pegando a frigideira e colocando dentro da pia, em seguida abrindo a torneira.— Oi, bom dia… Diz Alexia atrás de mim, me virei assustado e ela estava vestindo a minha camisa, eu sorri quando a vi daquele jeito.— Oi, bom dia… eu respondi secando as mãos n
Alexia Cheguei em casa, tomei um banho demorado de banheira, lavei os cabelos, fiz hidratação, fiz tudo que eu tinha direito, estava feliz, me sentia viva de novo, me sentia desejada outra vez, a minha auto estima estava lá no céu.A tempos eu não me sentia assim, desde que… droga, esses pensamentos de novo não, Rulian não merece isso.Voltei pro quarto, me vesti pra ir até a casa dos meus pais, e depois sai indo até lá, hoje era sábado e eu queria falar logo com eles pra poder ficar livre mais tarde. Chegando, eu me assustei com o carro que estava estacionado na frente da casa deles, era o carro que o Leandro usava aqui no Brasil. Será que ele estava aqui? Desci do táxi e corri pra porta, toquei a campainha e esperei atender. — Filha, que bom que chegou! Diz minha mãe atendendo a porta.— Oi mãe… digo a abraçando… porque o carro do Leandro tá aqui? O papai tá usando? Pergunto.— Não minha querida, ele está aqui, acabou de chegar… diz ela enquanto entrávamos e íamos até a sala on
Rulian— Como você está Liz? O Pablo me disse que você estava chateada, o que aconteceu? Perguntei a ela.— Nada de mais não maninho, é só o de sempre, tenho que controlar os meus sentimentos ao máximo pra não acabar fazendo uma besteira… diz ela.— ah mana, eu acho que seria muito melhor pra você contar a ele o que sente… digo.— E pra que Rulian? Que ele já sabe, não tenho dúvidas, mas pra que me declarar se vai ficar por isso mesmo? O Pablo não gosta de ninguém, ou melhor, ele gosta sim, ele ainda tá completamente apaixonado por aquela mulher que partiu o coração dele, aquela de quem ele não fala, que não sabemos nem o nome, mas que ainda está lá, dentro do coração dele, tomando conta de tudo, mas ele não admite que precisa se livrar do fantasma dela.— Você acha Liz? Acha que ele ainda gosta dela? Pergunto.— Claro que sim, ele procura por ela em todas essas mulheres que ele fica e como ele não encontra uma como ela, ele se distrai com todas essas e quer se distrair comigo também,
Rulian— Você trabalha com o que? Alexia me pergunta fazendo pipoca, enquanto estou na sala procurando um filme pra vermos. — Eu cuido dos negócios do meu amigo, fiscalizo tudo e mantenho ele informado de tudo… eu digo.— Hum, coisa importante viu… diz ela vindo pra sala com o pote de pipoca e senta ao meu lado.— E você? O que faz? Pergunto.— Eu trabalho pra várias revistas com edição de fotos, sabe aquelas modelos super maravilhosas, zero defeitos que você vê nas revistas, sim, eu edito todas elas, tiro as estrias, celulites, cubro as imperfeições, levanto os bumbuns e seios, etc etc etc… diz ela e eu caio na gargalhada.— Sério? Caraca que maneiro, então dá pra você pegar alguém tipo eu e colocar um galã de novela? Pergunto.— Tipo você não precisa, você já parece um… diz ela pegando uma pipoca e colocando em sua boca, e mastigando com aquela carinha linda, sorrio e lhe dou um selinho.— Você é que não precisa dessas coisas, é perfeita demais! Digo fazendo um leve carinho em seu