Capitulo5
LAIKA

Comecei a correr pela floresta. Se eu fosse morrer, não morreria sem lutar. Enquanto corria, o som das folhas farfalhando virou para passos pesados atrás de mim. Lágrimas escorriam pelas minhas bochechas, e eu arfava enquanto corria. Olhava para trás de vez em quando para ver se conseguia avistar o que quer que fosse, mas estava escuro e eu não conseguia. A visão de loba estava prejudicada por toda a tortura que eu passava. Joy, minha loba, estava exausta e se trancava de mim na maior parte do tempo.

Apertei a carta com força na palma da mão enquanto corria. Mesmo que fosse morrer, eu não deveria perder aquela carta. Quando virei novamente para olhar meu perseguidor, meu pé esquerdo pegou um galho e se enroscou, me desequilibrando. Caí, incapaz de me segurar, bati a cabeça no tronco de uma árvore. O impacto foi tão forte que vi estrelas. Caí para a minha morte. Era a parte em que eu morreria, porque parecia que minha cabeça tinha sido arrancada e, assim que caí no chão, seria despedaçada pelo bandido que me perseguia.

Mas, antes que eu perdesse o controle da realidade e caísse para a minha morte, senti pedras fortes me envolverem, só que não eram pedras, eram braços fortes. Não conseguia perceber nada, meus olhos estavam cobertos pela escuridão, meus lábios estavam secos de medo. Era como se todos os meus sentidos tivessem se tornado insensíveis, exceto pelo meu cérebro, que detectou aqueles braços. Caí nos braços poderosos. Senti-me sendo levantada do chão e finalmente desmaiei.

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“Acorde!”

Alguém sussurrou no meu ouvido e meus olhos se abriram, percebendo que era Joy. Minha visão estava turva por um tempo, mas vi fracas luzes amarelas ao meu redor e pisquei várias vezes para tentar ter uma visão mais clara.

— Joy, onde estamos? — Perguntei à minha loba, mas ela não respondeu. Era como se ela tivesse me acordado e se trancado de volta.

Minha cabeça doía como o inferno, e parecia que alguém estava martelando um prego nela. Franzi o rosto de dor e tentei me sentar, mas a dor que me atravessou fez com que eu caísse de volta sobre o que quer que fosse o pelúcio macio em que eu estava deitada. Talvez eu estivesse morta. Eu devia estar, porque como poderia estar deitada em pelúcia macia e sedosa assim? Pisquei várias vezes e a névoa nos meus olhos começou a desaparecer aos poucos.

Quando minha visão clareou, me deparei com um teto de tenda muito decorado. Ainda estava escuro e as luzes no ambiente brilhavam em tom amarelo, dando à tenda um aspecto bonito. Certamente era a vida depois da morte. Virei a cabeça e quase tive um infarto quando vi o Alfa sentado numa cadeira ao meu lado, a carta em suas mãos, os olhos fixos nela e a mandíbula apertada. Me levantei rapidamente da pelúcia e seus olhos deixaram o pedaço de papel e se fixaram em mim.

Tremi de medo enquanto seus olhos verdes ficavam sobre mim. Abri a boca, mas ela ficou aberta porque nenhum som saiu da minha garganta.

— Você está acordada. — Ele finalmente disse.

Foi só então que percebi que estava na tenda dele e na sua PELÚCIA! Tentei saltar para baixo o mais rápido possível, mas ele me impediu estendendo a mão para mim.

— Não saia dessa pelúcia. — As palavras dele foram tão firmes que minha coluna se endireitou. Ele olhou para a carta e para mim novamente e assentiu. — Você tem um amante.

Eu nem sabia o conteúdo daquela carta. Não sou curiosa, então não li a carta do filho da senhora Lena. Então, fui acusada com base naquela carta. Seria ele o que estava na floresta? Me salvou uma segunda vez ou foi ele quem estava me perseguindo?

— Eu...

— Não me importo. — Ele interrompeu. Havia uma rigidez na sua voz dele que reverberou pela tenda. — Você tem um desejo de morte? — Ele perguntou, dessa vez com uma ponta de raiva na voz. Balancei a cabeça freneticamente. — Você se importaria de explicar o que estava fazendo naquela floresta sozinha naquela hora da noite? Para encontrar seu amante?! — Ele latiu.

Isso me atingiu. Se ele foi quem me carregou pela floresta, provavelmente me levou até sua tenda pela matilha e as pessoas devem ter visto. Eu estava morta se isso chegasse até a Madame Theresa e a filha, e isso era o que mais me preocupava naquele momento.

— Alguém te viu me carregando até aqui? — Falei, surpresa comigo mesma.

As sobrancelhas dele se franziram e ele me encarou com uma mistura de confusão e raiva, mas me surpreendeu quando respondeu.

— Algumas pessoas. Por que?

— A senhora Theresa e a Erika... Elas... elas te viram?

— Não prestei atenção...

Pulei da pelúcia, não me importando com a dor que senti e a tontura que tomou conta de mim. Me curvando rapidamente.

— Obrigada por me salvar, Alpha Karim, me desculpe, mas eu preciso ir agora.

— Fique. — Ele ordenou.

Fiquei parada, mas minha cabeça balançava freneticamente. Estava arriscando o desobedecer novamente, mas temia a tortura que meu corpo passaria se eu ficasse ali mais um tempo.

— Eu vou morrer se ficar aqui por mais tempo. Me desculpe, Alpha Karim. Com essas palavras, saí correndo da tenda, não esperando que ele me desse outra ordem.

Estava pronta para enfrentar o castigo dele mais tarde, mas precisava visitar o meu inferno e saber se eu sobreviveria para enfrentar o dele. Eu o havia defraudado duas vezes e sei o que isso faz com o ego dele. Sei que certamente serei punida por isso. Se não fosse por isso, seria pela segunda vez, porque claramente desobedeci. Corri em direção à tenda da minha senhora e a vi junto com a filha dela parada em frente a ela, esperando por mim. Sempre que elas esperassem do lado de fora, não era coisa boa.
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